Título: It May be You

Autora: Eu (como vivo mudando de nick's sem parar mesmo, decidi não colocar o atual, rs)

Rated: M.

Resumo: Acabar grávida de seu melhor amigo não estava nos planos dela, engravidar sua melhor amiga também não estava nos planos dele. Mas, enquanto levam isso aos altos e baixos, eles podem acabar diante de outra coisa que também não estava nos planos: se apaixonarem.


Olá olá olá! Como vão? Cá estou eu, pagando de autora por um tempinho. Não sei se o resumo atraiu vocês, pois pode parecer clichê né? Mas não é pessoal, ou pelo menos não está nos meus planos ser.

Edward e Bella aqui são melhores amigos e tal, e eles são totalmente diferentes um do outro, o que vai ser uma grande coisa de se acompanhar, acreditem. Ah, e claro, mesmo com o famoso "na primeira transa ela engravidou", as coisas não se resolverão tão rápidamente, afinal, como já foi dito, eles são bem diferentes e são melhores amigos. Mas, o que me acendeu essa idéia foi um música do lindo Justin Timberlake, "Not a Bad Thing" (linda, escutem! Ela é a trilha dessa fic, haha) então podem acreditar que mesmo com uns altos e baixos, vão ter muitas coisas lindas entre nossos protagonistas.

Pra terminar, nos primeiros capitulos as coisas podem acontecer rapidamente, porque vão ser relatos das primeiras quatro semanas antes do bom (a gravidez), mas logo tudo toma sua velocidade normal, haha

Boa leitura, espero que gostem!


1

Eu gosto do estrago.

À quatro semanas atrás, tudo parecia na mais perfeita normalidade.

Era sexta feira. Eu olhei para o céu nublado que ameaçava uma grande chuva e suspirei, fazendo uma careta enquanto ajeitava minhas coisas na minha bolsa e vestia meu casaco. A escola já estava completamente vazia e eu como sempre era a última a ir embora. Era algo meio comum desde que ganhei meu emprego ali, e ninguém questionava mais. Só Mike, meu namorado – que por sinal me ligava naquele momento.

"Ei, meu bem." atendi, não tão entusiasmada. Ele percebeu, claro.

"O que você tem?" sua pergunta, como sempre, era quase uma acusação.

"Não é nada..." ajeitei a alça da minha bolsa no ombro esquerdo e alguns livros entre os braços antes de prosseguir. "... só que estou saindo aqui da escola agora e já já vai chover, eu não tenho carro ainda você sabe..." fiz meu caminho para fora da sala à passos lentos, não tão ansiosa para sair dali.

Mike suspirou sonoramente do outro lado da linha.

"Será que eu ainda posso te chamar para jantar comigo, ou seria pedir demais?" eu odiava aquele tom de voz acusador, mas tive que me sentir tocada por ser chamada pra sair. Mike sempre preferia programas em casa.

"Claro que pode, seu bobo. Onde?"

"Na verdade eu queria te levar pra um restaurante novo de um amigo meu." fiz uma careta. Se fosse Eric, nem morta que eu iria. "O James." ele completou bem a tempo, como se tivesse lido minha mente.

"Ah... Ok. Me pega lá em casa as sete em ponto, então." resgatei meu guarda chuva de dentro da bolsa enquanto equilibrava o celular no ombro, Mike fez um som de concordância e antes que eu sequer finalizasse a ligação ou abrisse meu guarda-chuva, um par de mãos surgiram no meu campo de visão, balançando animadamente. A próxima coisa que vi ao levantar meu olhar delas, eram os olhos verdes e característicos de Edward.

Meu sorriso surgiu quase automaticamente. E Mike já não era mais tão interessante.

"Amor..." a careta de Edward foi épica, eu quase gargalhei, mas me segurei para emendar: "vou desligar então, a gente se vê as sete... Sim, ok... Beijos." Joguei meu celular dentro da bolsa e abracei Edward, tentando equilibrar livros, guarda chuva e eu mesma enquanto fazia isso.

"Eu sabia que estava fazendo a coisa certa vindo aqui te resgatar... Ou então você morreria afogada no próprio mel." ele brincou e eu gargalhei contra seu peito, dando uma especie de soco em seu ombro enquanto me recompunha.

"Você não tem namorada, não sabe o quanto é bom ser tratado assim." sua reação foi a de sempre – uma agitada nos ombros e um sorriso torto.

"Já sou muito bem tratado..." fez uma pausa arqueando uma sobrancelha. "nos lugares certos, baby."

"Aw, eu não preciso ouvir isso, Edward!" outro soco em seu ombro e fomos para o seu carro.

Edward e eu éramos amigos desde sempre, ou pelo menos era isso que parecia. Nos conhecíamos a seis anos e talvez eu fosse a única mulher – depois de sua mãe e irmã – que o conhecia tão bem. E ele me conhecia por inteiro, mas que todos os meus ex namorados – e atual – juntos. Era algo irônico, porque Edward não deixava uma mulher passar em sua vida sem levá-la para cama, sem muito esforço já que todas iam quase correndo para lá, mas houve algo totalmente diferente entre nós dois.

"Talvez fosse aquele moletom com um rasgo na bunda que vocês estava usando aquela noite" ele brincava se referindo à noite na qual nos conhecemos, gargalhando e acrescentando: "e de brinde o rasgo mostrava um pedaço da sua calcinha de pôneis voadores cor de rosa, ew!"

Independente do motivo, eu nunca me senti menos atraente por isso ou pensei que minha calcinha de pôneis voadores tivesse culpa no cartório. Edward e eu simplesmente não tinhamos esse tipo de química – algo que Rose, minha colega de quarto, discordava veemente. Em seis anos, eu não conseguia vê-lo como mais que um irmão idiota e prestativo. Meu melhor amigo, meu guru e meu melhor conselheiro.

"Eu não confio nesse Newton." ele comentou quando entramos no carro. Falando em conselheiro...

"Você não confia em nenhum dos meus namorados, Edward." e era verdade. Infelizmente, ou não, ele sempre acertava em cheio em seus alertas contra todos eles.

"Nunca errei com nenhum deles. Se me ouvisse mais, não estava encalhada com vinte e quatro anos." revirei os olhos enquanto ligava o rádio em uma estação de country e o ignorava.

"Não estou encalhada. E você tem vinte e oito e nem sequer já teve uma namorada, cala a boca." resmunguei e ele riu.

"Não por falta de opções." me virei para o lado oposto ao dele no banco. Ele riu de novo e acrescentou: "eu falo isso pro seu bem, Bella. Newton nem mesmo conhece seus pais e nem parece querer conhecer."

"Nem eu quero que ele conheça."

"Sim, você e essa resistência máxima contra os homens." bem, ele não estava errado, mas eu nunca admitiria.

"Hoje nós vamos jantar." comentei, mudando de assunto.

"É mesmo? Onde?" a pergunta transbordava desconfiança, mas decidi ignorar.

"Em algum restaurante de um amigo dele, não sei."

"Pelo menos não vai ser na sua casa ou na dele, de novo."

"Edward..."

"Bella, você sabe que eu conheço o tipo dele. Sabe o que ele vai fazer? Vai tentar mais uma vez dormir com você, já que até hoje não conseguiu." fiz uma careta, mas mesmo assim ele prosseguiu. "Quando eles não conseguem de um jeito, tentam de outro. O cara até enfiou o amigo no meio, que ridiculo..."

"Edward!"

"E sabe aquele Eric? Porque acha que ele deu em cima de você, sendo o melhor amigo do Newton?" fez uma pausa dramática. "Porque com certeza Mike não fez nenhum esforço para evitar isso, ou caso contrário o cara nem ousaria tentar algo com você. Mas se ele ousou-"

"Ousou porque não presta. Mike disse que mal conversa com ele depois do que aconteceu." os olhos de Edward estavam céticos.

"Tem certeza? Bella, você já foi mais esperta que isso. Eu vi os dois outro dia num pub que eu costumo ir com Emmett. Como melhores amigos de infância, cantando outras garotas e até fazendo apostas idiotas-!"

"Chega, Edward. Sinceramente, você já está levando isso pro lado pessoal."

"Se tem a ver com minha amiga, é sim um lado bem pessoal. Mas vou deixar você ver por si mesma." me virei novamente para o lado oposto ao dele e ficamos assim pelo resto do caminho até meu prédio.

Mal o encarei enquanto saia do carro, me despedindo vagamente, batendo a porta com força. Rosalie, que comia calmamente no sofá enquanto assistia uma temporada de Friends na tv, quase morreu quando eu entrei batendo a porta com toda força e voei para o meu quarto. Não me surpreendi quando ouvi seus passos logo depois se aproximando.

"Bella?" ela chamou batendo em minha porta. Murmurei um entre desanimado. Rose era a ultima pessoa que merecia ser vítima do meu estresse. "Está tudo bem?" perguntou, sentando ao meu lado na cama.

"Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo." ela se manteve calada, esperando que eu contasse. "Mike me chamou para jantar e Edward brigou comigo..." sua sobrancelha se levantou lentamente. "Ok! Nós brigamos." corrigi.

"Por causa de Mike de novo?" assenti. "Bem, ele não deixa de ter razão."

"Rose!" ela não se abalou com minha tentativa de olhar intimidador.

"Mike está com você a quase um ano e nada de conhecer sua família ou sequer fazer um pedido oficial de namoro..." bufei enquanto ela prosseguia. "Você sabe que eu tenho razão. Ele só tentou dormir com você nos últimos meses e ainda ficou com raiva quando você pediu um tempo."

"Ainda bem que Edward não sabe desse detalhe." murmurei para mim mesma, mas ela ouviu – sempre ouvia.

"E precisa? Está estampado na testa de Mike que ele não presta." minha encarada novamente não adiantou. "Se um cafageste te alertou disso, você deveria pensar. Edward se preocupa com você e não vi ele errando em nenhum julgamento até hoje."

"Edward não gosta de nenhum dos meus namorados." vi a sombra de um sorriso nos lábios de Rose quando ela disse isso, mas antes que eu pudesse comentar algo, ela ficou séria novamente e disse:

"Nem Edward, nem Emmett e nem eu."

"Obrigada, melhorou muito minha situação." sua gargalhada ecoou por todo o quarto enquanto ela me abraçava.

"Nós te amamos sua boba. Desconfio que de maneiras diferentes, mas..." percebi que a ultima parte era algo que eu não deveria ouvir, mas ela logo mudou de assunto. "E sua roupa? Já tem algo? Maquiagem, sapatos, jóias..."

"Nem vem!"

O resto do dia passou correndo. Edward desapareceu e eu, orgulhosa como era, não fiz nenhum esforço para ajudá-lo a aparecer. Rosalie me jogou – literalmente – para o banho três horas antes da hora que Mike me buscaria, prometendo me produzir dignamente, mesmo que fosse para ele.

"Vai que você encontra sua alma gêmea no meio do caminho e desencana desse pastel." ela disse me arrancando uma risada.

No final eu estava em um digno vestido azul marinho de cetim sem alças com um pequeno decote, ele se ajustava ao meu corpo, mas era suficientemente folgado para não marcar demais, o comprimento era um palmo acima do joelho. Era simples, mas era chique na medida certa e os saltos que Rose me fez calçar compensavam qualquer modéstia da roupa. O cabelo estava solto e caía ondulado pelos meus ombros. Na maquiagem eu exigi que ela não jogasse sombras e nem nada que fosse complicado de retirar depois – acabei só delineando e finalizando com rímel e um gloss nos lábios.

Quando a buzina de Mike soou do lado de fora, Rose me deu um último abraço.

"Ele vai ficar doido para transar com você vestida assim." ela avisou, acrescentando: "espero que não me decepcione."

Antes que eu descesse os lances de escada, meu celular tremeu na clutch que Rose havia me emprestado. Eu sabia que era Edward, mas ignorei. Meu orgulho era grande demais pra aceitar qualquer pedido de desculpas naquele momento. Mike me esperava recostado em seu carro e assoviou quando me viu, algo que eu não gostei nem um pouco.

"Vamos?" ele abriu a porta do passageiro com uma reverência totalmente desajeitada, me analisando descaradamente da cabeça aos pés.

Mike não me via apenas com roupas casuais, mas eu nunca tinha usado com ele nada do tipo que eu usava naquele momento. Talvez Rose estivesse certa: ele estava prestes a me devorar. E isso não era nada atraente, então com um certo alívio eu constatei que não a decepcionaria dormindo com ele naquela noite.

"Tenho certeza que vai gostar de James." ele comentou enquanto dava partida, com um sorriso. "Ele, ao contrário de outros, é um bom amigo." completou. Ignorei o fato dele estar falando de Eric.

"Eu vi os dois outro dia num pub que eu costumo ir com Emmett" Edward tinha dito, "...melhores amigos de infância, cantando outras garotas e até fazendo apostas idiotas."

Automaticamente eu encarei Mike, sabendo que Edward não mentiria para mim mas, totalmente incapaz de ver qualquer sombra de mentira na expressão dele.

"Espero que esteja certo." murmurei por final.

O caminho para o restaurante foi longo, já que o trânsito estava péssimo e logo começou a chover. Mike tentava falar sobre algo, mas o assunto logo morria e eu me sentia cada vez mais claustrofóbica dentro daquele carro com ele. De repente eu quis ligar para Edward, mas eu sabia que não era o momento. Rose com certeza merecia seu descanso com Emmett essa noite e ligando para ela eu seria uma verdadeira empata foda. No final só me restou encarar a chuva caindo torrencialmente na calçada, enquanto o trânsito ia melhorando aos poucos e o engarrafamento ia se dispersando.

James era um cara legal e seu restaurante parecia mais um pub, algo que refletia totalmente o estilo do dono, já que ele era bastante despojado. Era sexy, mas seu olhar mostrava claramente que as intenções dele seriam as piores possíveis se eu desse qualquer chance para uma tentativa – e eu não daria, é claro. Quando ele e Mike trocaram um olhar cúmplice enquanto íamos para uma mesa, eu comecei a me questionar se talvez Edward não tinha um pouco de razão mais cedo. É claro que eu nunca admitiria, mas talvez ele tivesse toda a razão em seus julgamentos – de novo.

"Vai querer o que?" Mike me perguntou, me tirando de todos os meus questionamentos.

Pedi um dos meus pratos favoritos no cardápio – Ravioli ao sugo. Mike pediu espaguete e cerveja. James foi quem nos atendeu, nunca tirando os olhos de mim. Só pude comentar mentalmente que Mike deveria selecionar melhor suas amizades – ou então eu deveria selecionar melhor meus namorados, quem sabe.

Por um lado, jantar com Mike pela primeira vez era emocionante, mas por outro, eu não conseguia parar de pensar nas palavras de Edward e Rose. Mesmo que Mike não tivesse tentado nada até então, era mais do que estranho que em tantos meses juntos aquela fosse a primeira vez que eu tivesse um verdadeiro encontro fora de casa com ele.

Rose tinha encontros clichês com Emmett mesmo quando eles só dormiam juntos por diversão e eu que nem tinha dormido com Mike, tinha meu primeiro jantar com ele depois de meses. E todas as vezes que ele ia me ver, algum mecanismo sempre nos levava pro quarto – ou melhor, ele me levava. Talvez, só talvez, eu estivesse entrando numa cilada.

A mão dele repentinamente cobrindo a minha sobre a mesa, veio como mais um alerta. Quando levantei meus olhos para os seus, azuis e ferozes, eu quase vomitei. Um gesto de carinho parecia algo totalmente sujo naquela situação.

"Vamos lá pra minha casa?" ele perguntou, apenas para confirmar meu último pensamento. Eu tirei minha mão do toque dele, seriamente. Seus olhos cintilaram. "Isso é...?"

"Sim, isso é um não, Mike."

"Mas o que...?"

"Acho melhor eu ir embora." vasculhei minha clutch em busca de algumas notas e as joguei sobre a mesa, me levantando depressa. "O pagamento. Do Ravioli." completei.

"Bella...!" Mike parecia atônito. Bem, eu não o culpava – no final seu plano de me derreter tinha dado errado.

"Olha Mike... Eu gostaria de ter estado certa acreditando em você. Mas, isso" gesticulei para o todo o lugar. "não vai me fazer dormir com você. Graças a Deus."

"Isabella." se olhares pudessem matar, eu provavelmente estava morta. Mike estava irado. "eu não sei o que seu amiguinho Edward andou te dizendo..."

"Porque, ele deveria?" sua expressão mudou, como se tivesse dito algo que não deveria. "Hein, Mike?"

"Bem, já que isso não vai dar em nada mesmo, não tenho porque esconder..." seus olhos se voltaram para os meus, transbordando ironia. "achei que seu amiguinho iria fofocar com você, depois de ter visto o que viu outro dia." acrescentou.

"Ah, vai te catar, Newton." não fiquei para ver sua reação.

Ainda chovia torrencialmente do lado de fora e eu já podia sentir algumas gotas de chuva na minha cabeça quando saí. Não me importei. Mesmo que não estivesse de coração partido pelo que descobri sobre Mike, eu estava com meu orgulho esmagado. Senti meu celular vibrar novamente dentro da clutch no meu colo e esperei até estar dentro de um taxi para enfim ver o que tanto apitava ali.

Era uma mensagem de Edward:

Me dá notícia. Tenho certeza que nesse momento você não está com o Newton mais.– E.

Eu te odeio – respondi.

A resposta veio segundos depois.

Estou te esperando. – E

Eu não sabia se sorria ou se mandava outra mensagem com algum palavrão. Decidi apenas pedir para o taxista mudar o trajeto para o prédio dele. Eu precisava de Edward mais do que qualquer outra pessoa naquele momento – Rose com certeza não estava em condições de me consolar pelo resto da noite.

Quando cheguei, Edward já estava debruçado na janela de seu apartamento e quando me viu, estendeu uma garrafa de vinho com um sorriso torto estampado no rosto e duas taças equilibradas junto com a garrafa – como ele fazia isso, eu nunca saberia.

"Se eu não fosse sua amiga, poderia me apaixonar!" gritei, pagando o taxista rapidamente e ouvindo sua risada em resposta enquanto eu entrava e pegava o elevador.

Pareceu uma eternidade até que eu estivesse nos braços dele. O abraço de Edward, mesmo que ele estivesse com o rosto amassado de sono e um cheiro de cama, era o melhor. E ele pareceu perceber o quanto eu estava derretida em seus braços, já que gargalhou sonoramente enquanto me arrastava para dentro.

"Nem vou dizer: eu avisei!" ele brincou. "Vish, acabei de dizer."

"Eu quero te matar..." me joguei no sofá macio da sala dele, enquanto aceitava uma das taças que ele estendia para mim. "mas também quero te agradecer."

"Eu tenho esse poder."

"Você tem esse poder" eu confirmei. Gargalhamos juntos no segundo seguinte com a idiotice daquela cena.

"Eu não acredito que eu, um cafageste, estou ajudando minha melhor amiga a superar um cafageste."

"Isso soa meio gay. Você fica tão gay ao meu lado, Edward." seus olhos cintilaram com a afirmação e eu gargalhei. "é brincadeira."

"Acho que eu merecia essa." ele disse dando de ombros. "Desculpa pela maneira que eu falei as coisas hoje mais cedo, Bella." isso me pegou de surpresa. "Eu fiquei meio alterado depois do que eu vi aquele dia, então..."

"Você é um bobo. Me pedindo desculpas por me ajudar." dei um soco em seu ombro. "Peça desculpas às garotas que você abandona depois de uma noite de sexo selvagem." sua careta foi hilária.

"Eww, Bella! Não quero ouvir você falando sobre isso."

"Você me trata como se eu fosse uma virgem de doze anos as vezes." virei minha taça toda e capturei a garrafa das mãos deles para encher mais.

"Não, isso você com certeza não é." sua resposta me pegou de surpresa, eu ri meio histericamente enquanto virava mais uma taça de uma vez. "Ow, ow, ow, vai com calma, Bella."

"Você falando coisas assim, te torna menos gay." eu revidei, ignorando suas últimas palavras. Ele gargalhou, como sempre fazia quando queria quebrar o gelo em alguma situação – se eu não o conhecesse tão bem, acharia que eu era uma palhaça.

"Mesmo perto de você, eu continuo sendo o mesmo Edward que as garotas adoram." revirei os olhos com a afirmação convencida dele e enchei outra taça.

"As garotas adoram, mas não conhecem seu segredos mais sórdidos como eu." eu podia sentir meus lábios ficando meio dormentes, um claro sinal de que eu estava ficando tonta.

"Mas elas já desvendaram um que você nunca desvendou." Oh, ok, aquilo sim era algo tosco. Eu gargalhei mais uma vez, dessa vez escandalosamente. Virei outra taça, seus olhos seguindo cada movimento meu cautelosamente.

"Para de me olhar assim, como se fosse meu pai, Edward." resmunguei. "Já dormi aqui tantas vezes que perdi as contas. Dormi até na sua cama com você!"

"Se esgueirou na minha cama sem eu saber." ele corrigiu. "Seu lado sonâmbulo é muito perigoso."

"Não é como se eu fosse atacar você enquanto eu durmo." numa fração de segundos eu pensei ter visto sua expressão vacilar com a minha afirmação, como se escondesse algo, mas foi algo tão rápido que eu atribuí tudo à bebida que já estava à mil por hora no meu organismo.

"Vou pegar uma toalha, acho que tem roupas suas aí também." ele desapareceu pelo corredor por alguns segundos, antes de voltar com uma muda de roupas e uma toalha dobrada nas mãos. Agarrei a toalha, mas ignorei a roupa. "Não vai se trocar?"

"Não quero. Preguiça." minha língua embolou um pouco, fato que o fez rir.

"Pelo amor de Deus se troque." sua súplica era recheada de humor, mas sua expressão era séria. "Eu sou seu amigo, mas sou homem, Isabella."

"Por causa disso aqui, Edward?" estendi minha perna totalmente nua para ele, esfregando meu pé em sua perna para provocar. "você tinha que ver sua expressão agora!"

"Você está bêbada." foi uma afirmação. De repente, Edward estava sério demais e eu odiava isso.

"O que há com você, Edward?" perguntei, meio grogue pela bebida. "Você já me viu em roupas bem mais curtas que essa e nem por isso agiu assim!"

"Mas eu sou um homem, Bella. Porra!" seu grito me fez recuar. "Me desculpa. Se troca logo e vai dormir. Eu acho que já bebi demais também."

Fiquei atônita por alguns segundos, enquanto assistia sua silhueta sumir pelo corredor novamente, dessa vez sem voltar. Quando ouvi o barulho do chuveiro, me despertei um pouco, me sentindo uma vadia pela minha atitude. Edward realmente já tinha me visto em situações mais insinuantes, mas eu nunca tinha me insinuado para ele – que eu me lembre. Suspirei enquanto me trocava às pressas, vestindo a bermuda de moletom meio surrada e a regata branca. Quando ouvi seus passos para fora do banheiro e uma outra batida de porta, corri para tirar aquela maquiagem gosmenta do meu rosto.

Se passaram duas horas torturantes sem que eu conseguisse dormir. Eu tinha bebido todo o resto do vinho sozinha na sala e estava completamente embriagada e fora de mim. Talvez foi isso que me fez ir até o quarto de Edward sem perceber, me esgueirando novamente para a cama dele.

Focando minha vista no escuro, eu vi que ele já dormia.

"Filho da mãe." murmurei, enquanto me deitava ao seu lado, encarando seu rosto fixamente. Eu não sabia quanto tempo tinha se passado, mas eu fiquei ali parada o encarando totalmente abobalhada, esperando que ele abrisse os olhos a qualquer momento. E ele abriu. Mas a reação que ele teve foi totalmente diferente da que eu esperava.

Seus lábios se chocaram contra os meus antes mesmo que eu percebesse e eu fiquei estática por alguns segundos, meio zonza pelo álcool que ainda agia no meu organismo. Eu precisava parar, precisava mas não o fiz. Pelo contrário, o puxei para mais perto sem nem pensar na merda que eu estava fazendo naquele momento.

"Agora você entende o que eu quis dizer, sua idiota?" ele murmurou contra os meus lábios, me encarando.

"Cala a boca." eu respondi automaticamente, enquanto estreitava nossos corpos mais ainda e o beijava novamente.

"Bella..." ele tentou dizer. "nós somos amigos, melhores amigos..."

"Melhor ainda." eu revidei. "sem cobranças."

"Bella!" ele dessa vez gritou. "eu não quero estragar isso."

"E não vai" eu afirmei com uma confiança totalmente falsa.

"Você não merece isso." ele tentou novamente.

"Eu faço minhas escolhas, Edward."

"Eu estou te ajudando, sua anta."

"Agora?" me afastei pra olhá-lo nos olhos. "Edward, estamos numa cama, quase nus e nos beijando. Se você me enxotar agora ou amanhã, vamos estar em problemas do mesmo jeito."

"Eu sei, tarde demais." ele murmurou, meio ofegante.

"Tarde demais." eu repeti.

Nos encaramos novamente, mas ao invés de rir como fizemos mais cedo numa cena idêntica, voltamos a nos beijar violentamente. As mãos dele foram pra debaixo da minha regata e uma espécie de gemido saiu de seus lábios quando constatou que eu não usava sutiã. Peças e mais peças de roupa voaram enquanto não desgrudávamos nossos lábios nem por um segundo. Enquanto ele me tocava sem pudor, eu me via gemendo seu nome sem nem perceber. Naquele momento, nada disso parecia estranho, nenhum de nós voltou a hesitar e quando ele enfim me tomou, eu soube que estava selando um pacto sem volta. E tendo o melhor orgasmo da minha vida.