A DECISÃO
Noite.
A pequena família se reuniu na sala de estar. Um casal. Aquela família era formada apenas pelos dois jovens que, após escreverem sua história por tortuosas linhas, conseguiram finalmente ser felizes.
A jovem sentou-se no confortável sofá, esperando por seu marido. Ele mostrou-lhe uma bonita garrafa:
-Vinho dos elfos. Excelente safra. Perfeito para esta noite tão fria.
A mulher juntou as palmas, esfregando as mãos, feliz, com um sorriso largo em seu rosto.
-Que bom! Adoro vinho dos elfos! Você acertou em cheio!
Após servir a bebida em dois cálices, o jovem dirigiu-se a um rádio, ligando-o e sintonizando-o. Ao terminar, pegou os cálices, sentou-se ao lado da mulher e beberam enquanto ouviam as notícias.
Ao terminarem, ela deitou-se no sofá, aconchegando-se no colo do marido. Ele acariciou seus cabelos e ela sorriu.
O rádio continuava divulgando as notícias.
"E, mais uma vez, estudantes de toda a Grã-Bretanha se preparam para embarcar no Expresso de Hogwarts. Pais e mães, fiquem atentos ao horário, pois o trem partirá pontualmente às 11 horas. Este ano uma novidade que espera os estudantes..."
-Em breve Harry e Ginny estarão nessa correria. – Comentou a jovem, com ar sonhador. –Os meninos estarão crescidinhos e eles terão que cuidar de tudo isso. – Ela riu. - Deve ser muito trabalhoso, mas também gratificante.
O jovem olhou para a mulher, pensativo. Depois de alguns instantes, disse, animado:
-Estive pensando, amor. E se nós adotássemos uma criança? Nós poderíamos...
-Não, querido. – Ela interrompeu, sorrindo serenamente, como se ele tivesse lhe oferecido uma simples sobremesa.
Completamente surpreso, ele disse:
-Não? Mas, meu amor, seria tão bom para nós termos um filho!
-Não.
O jovem olhou para a esposa, tentando entender o porquê de uma criatura tão doce negar a possibilidade da maternidade com tanta determinação.
-Por quê não? Você já me falou que gostaria de ter dois. Um casal. Se nós adotássemos pelo menos um...
-Não! Isso já foi decidido há anos. Nós concordamos em não ter filhos. E assim será.
-Falávamos de filhos naturais. Não conversamos sobre filhos adotivos.
-Eu não quero! Pronto! Será que você não pode compreender isso? –Ela respondeu, cansada.
O marido a estudou por alguns instantes.
-Me sinto mal por te privar disso. Por minha culpa você não pode ser mãe, e fico triste por notar que a fiz perder completamente esse desejo.
-Você não está me privando de nada. Foi uma decisão em comum acordo. Eu já sabia que seria deste modo quando nos casamos e mesmo assim quis você. Não tenho queixas.
O jovem segurou a mão da esposa, apertando-a levemente. Suspirou e disse:
-Você não precisa abrir mão de tudo, querida.
-Não estou abrindo mão de nada. Foi uma opção.
-Você está renunciando a um sonho que eu sei que tem. Não precisa ser assim. Não precisa ser tão radical. Nós temos uma alternativa. Por que não tentar?
A esposa permaneceu em silêncio.
-Eu não quero que você se sacrifique por minha causa-declarou o homem.
Silêncio.
-Promete pensar no assunto, pelo menos? –Tentou ele, esperançoso.
-Não. Eu não vou pensar.
-Mas por quê, meu amor?
-Eu-não-quero-adotar-uma-criança! Por favor, pare com isso! –Ela segurou a cabeça entre os braços, como se estivesse se protegendo.
Vendo-a nervosa, o marido desistiu de tentar convencê-la. Fez com que ela se sentasse, acariciou seus cabelos e perguntou gentilmente:
-Pode ao menos me dizer o porque?
A mulher suspirou profundamente. Deu uma olhada furtiva no marido e, olhando os próprios pés, disse:
-Se adotarmos uma criança, eu vou ficar muito feliz em ter um filho para cuidar. Vou gostar de tudo o que ele fizer. E depois vou começar a pensar que seria muito bom se a criança tivesse saído de dentro de mim, e vou ficar imaginando como seria se tivesse sido assim, e vou lamentar porque não posso, e isso vai acabar nos afastando... Não, eu não vou correr o risco. Estamos bem. Não vamos criar um problema.
Ao terminar, encarou o marido:
-Você gostaria de ser pai, não é?
Ele suspirou.
-Eu me conformei. Sei que isso é impossível. Adoraria dar continuidade ao nome de minha família, mas enfim... É algo que não posso mudar, se você não quer nem pensar na única alternativa que temos.
-Desculpe-me.
-Não há o que desculpar, querida.
Eles se abraçaram, encerrando a conversa, tristes.
Mais tarde, pouco antes de dormirem, a voz da esposa apareceu no escuro do quarto:
-É importante para você, não é?
-O quê?
-Um filho.
-Como assim?
-Você gostaria de ter um filho, um menino, e dar continuidade ao seu sobrenome.
-Sim, mas já conversamos, não é? Se você não quer, não há o que discutir.
-É claro.
-É claro. - Concordou ele.
Assim dormiram, com a sombra daquela decisão pesando sobre suas mentes, sem perspectiva de mudança.
N/A.: Oi gente!
EStou publicando o prólogo desta fic, que é a continuação da história iniciada em Por linhas tortas e Por um final feliz.
Espero que gostem!
Agradecimentos especiais às betas-readers e incentivadoras: Penny, Marília e Lucy. Muito obrigada, meninas!
A capa em breve será divulgada.
Aguardem o próximo!
Bjs
Padma
