Os personagens de CSI não me pertencem, nem tenho nenhum lucro com essas histórias.

A classificação para esta história é T.

Quantas vezes me peguei pensando: e se Grissom não tivesse ido até São Francisco dar aquela palestra? E se eles não tivessem se encontrado lá? E se Sara tivesse casado com outro sujeito e Grissom tivesse outros interesses? E se... Muitas interrogações e muitos "e se', rodaram em minha cabeça: eles casualmente tropeçaram um no outro ou se encontraram porque estava escrito, que eles tinham de se encontrar? É disso que trata esta história. Dedicada a todas as pessoas que fazem perguntas inteligentes, e não se contentam com respostas fáceis. A quem não acha que nossa existência venha de fortuito encontro entre um espermatozóide afoito e um óvulo complacente. Que acreditam que nossos destinos foram traçados por um Ser Superior. e nossas vidas não são obra do acaso, mas de algo... ESCRITO NAS ESTRELAS...

"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR."

Carlos Drummond de Andrade


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Capítulo 1

Sara tinha dezoito anos e Grissom trinta e três na primeira oportunidade que tiveram, para se encontrar. Ela estudava em Harvard, e ele fora até Boston fazer um curso de Criminologia. Era verão, e a grossa maioria dos estudantes voltava para casa. Sara como não tivesse para onde ir, deixava-se ficar por lá mesmo, aproveitando para ler bastante.

Grissom por formação era Biólogo, mas estava levando sua carreira para o lado dos crimes, daí o curso. Sara estava desabrochando, era ainda muito jovem para pensar em carreira.

Naquela tarde quente, ambos tiveram a mesma ideia de ir até um sebo, que ficava perto da universidade, onde com pouco dinheiro e muita paciência podia-se garimpar, joias preciosas. Como ambos não tivessem o que fazer, ficaram horas ali, esquecidos de tudo, ratos de livros que eram...

Ela saiu, ele ia entrando, cada qual ocupado, com seus pensamentos, nem levantaram os olhos, nem se viram, portanto. Contudo, ao passarem um pelo outro, os olhos podem não ter visto: mas os corpos se reconheceram. Sentiram uma descontrolada taquicardia e um friozinho na barriga.

Sara pensou que era fome; tinha se esquecido de almoçar! Grissom ficou mais preocupado: pensou que estava enfartando. Havia feito um check-up recentemente, e tudo estava em ordem, mas vai lá se saber!

Na vez seguinte, ela tinha vinte e seis anos e trabalhava com a polícia de São Francisco. Ela começava a se enfronhar com crimes que desafiavam sua mente brilhante e curiosa. Era paciente e minuciosa ao analisar uma evidência.

Ele estava com quarenta e um, e já era bem conhecido, país à fora. Trabalhava numa equipe CSI, em Las Vegas. Era um perito forense, cuja genialidade, o colocava entre os quinze melhores entomologistas do país. Ele conseguira aliar, suas duas grandes paixões: os insetos e os crimes.

Ele aceitou fazer uma palestra, na Academia Forense em São Francisco; ela se inscreveu, achando que essa palestra com um tal de Dr. Grissom, parecia ser interessante. Só que na véspera de viajar, ele estava acamado, com uma tosse de cachorro, 39º de febre, espirrando muito, e assim, o Dr. Linus substituiu-o às pressas.

Pra dizer a verdade, Sara não havia achado a palestra do Dr. Linus tão boa assim. Soube que o Dr. Grissom era muitos anos mais jovem, que seu substituto, e mais competente, também! Em todo o caso, ela compareceu às palestras e conheceu Richard Adams, seu futuro marido.

Richard era um homem de trinta anos, alto, de olhos e cabelos castanhos, nem feio, nem bonito; absolutamente comum, mas que tinha uma certa atração física por ela. E ela por ele.

Sete meses depois estavam casados. Ele era investigador de polícia, e Sara achou que isso era o bastante. SURPRESA! Não era: depois de uns meses, perceberam que não tinham nada a ver um com o outro. Eram duas pessoas solitárias, e continuaram assim. Sara era só – solteira e passou a ser Sara só – casada.

Grissom achava que já tinha passado do ponto. Quarentão e grisalho tinha saído com algumas mulheres, mas percebera que estava muito seletivo, com a idade. Seus romances, não iam muito adiante.

As mulheres se encantavam fácil com ele. E por quê, não? Ele era charmoso, gentil e educado. Mas quando o conheciam melhor, batiam de frente com sua inteligência fora do comum, suas manias, seus hobbies estranhos e seu jeito anti-social. No momento, saía, ocasionalmente com Teri Miller.

Sara não adotou o sobrenome do marido, por pura rebeldia. Ele não se importou.

Teri avisou Grissom que iria se casar. Ele não se importou. Não muito, pelo menos.

Aí aconteceu a morte trágica e inesperada de Holly Gribbs. Brass foi afastado de seu cargo, voltando à polícia, e, de uma hora pra outra, Grissom fora guindado à posição de supervisor do turno da noite. A promoção em si, era uma coisa boa. Reconhecimento do seu valor, aumento de salário, um cargo de chefia. Mas o que não era bom, era a burocracia que vinha junto, o ter de ser "social"de vez em quando, as infindáveis horas extras e lidar com a imprensa. Coisas que Grissom detestava, em conjunto e em particular.

Ainda bem, que ele chefiava um time muito bom, e Catherine que àquela época, era única mulher do time, era seu braço direito, ajudando-o a lidar com a imprensa e o público,

Ecklie estava apurado: onde encontrar alguém para preencher a vaga do turno da noite? Não era tão fácil de achar, quanto parecia. Era um trabalho ingrato, um horário horrível e um salário que não deixaria ninguém rico. Lembrou-se que tinha amizade, com um policial de São Francisco, que lhe devia uma: não pensou duas vezes antes de telefonar para lá.

Travis Donovan estava enfrentando um mau dia. Só lhe faltava o telefonema, daquele songamonga do Conrad Ecklie! Engoliu uma aspirina e tentou aparentar cordialidade, ao telefone.

- Alô, Travis? É Conrad Ecklie, no aparelho!

- Conrad, meu velho! Há quanto tempo! O que é que manda?

- Eu preciso de alguém gabaritado para completar a turma de peritos, do turno da noite... Por um acaso, você conheceria alguém qualificado?

Travis conhecia, sim, ela fora a causadora da aspirina de hoje e de muitas outras também. Era brilhante, tinha um belo diploma de Harvard, mas era muito encrenqueira: Sara Sidle. Talvez aquele fosse seu dia de sorte, afinal! Podia devolver o favor e ao mesmo tempo se livrar de Sara Sidle.

- Por um acaso, tenho o que você quer; uma mente arguta, com um diploma de Harvard, workaholic, chamada Sara Sidle, que gosta de dormir tarde e é chegada em ciência forense...

- Se ela é tão maravilhosa, porque você não a conserva então? – Perguntou Ecklie, desconfiado.

Travis via que precisava evitar de seu barco fazer água e naufragar. Ecklie sabia se fazer de tonto, quando lhe era conveniente, mas não eraburro. Respondeu depressa:

- Ela acabou de entrar com o pedido de divórcio, está deprimida, e já manifestou a vontade de uma mudança; isto viria a calhar!

- Sim, seria bom. Sei como é; já passei por isto! E quando você poderá mandá-la?

Travis pensou "imediatamente, pra ontem já seria tarde!". Mas respondeu:

- O mais depressa possível, sei que você está precisando de ajuda.

Ao se despedir do amigo, Ecklie sorria satisfeito. Nunca pensara que seria tão fácil e rápido, conseguir alguém, de Harvard, ainda por cima.,alguém que ele julgava poder usar a seu favor. Pobre Ecklie não sabia com quem lidaria nos próximos anos...

Travis contara uma grande mentira a Ecklie, mas não se sentia culpado, por isso. A única coisa verdadeira, é a que se referia aos papéis de um divórcio consensual, que estavam correndo. Sara não estava com depressão. Sentia-se triste, culpada em parte, por aquele casamento ter fracassado. Achava que amor eterno, casamento e alma gêmea, não eram coisas pra ela. Uma recordação insistia em visitá-la por esses dias.

"Ela era bem jovem, tinha entrado em Harvard, e fora com as novas amigas a um parque de diversões, onde havia uma cartomante espanhola, com cabelos aloirados, presos num turbante turquesa. Madame Dora era mulher gorducha, de fala engraçada, que parecia ter divertido bastante suas colegas. Sara ficou por último, Até ela, que não acreditava em nada disso, assustou-se quando a espanhola arregalou os olhos, sobre as cartas que Sara, pusera displicentemente, sobre a mesa.

Quis ler a mão de Sara, que lhe deu, um tantinho nervosa. "A outra", falou a cartomante. Ela estendeu a outra mão e. não se aguentando mais, perguntou à Madame Dora:

- Afinal, o que vê de tão terrível, pode falar eu aguento!

- TERRÍVEL? Oh, não niña! Vês, a carta da cigana é usted; essa carta aqui diz que usted encontrará o hombre ideal. Como diz sua mão, sua alma gêmea. Viverão um grande e eterno amor. Ele não vai se concretizar de pronto, pois, usted vê esta carta, a âncora; bem ela está longe da cigana, o que quer dizer, que seu amor terá períodos de inconstância e uma separação forçada.

Sara não queria demonstrar, mas por baixo daquele seu jeito de durona, tinha uma mocinha sonhadora, que ansiava por um grande amor e uma família.

- Esse homem, vai demorar a entrar em minha vida?

- Sim. Poderiam se conhecer antes, mas ele é tão hesitante... Tão arredio... Outra coisa: ele é bem mais velho, do que usted. Isso será um empecilho" – Disse Madame Dora, vendo a mão de Sara.

- Oh, eu não me importo, com isso! – Retrucou Sara.

- Mas, ele sim.!"

Ao lembrar-se disso, Sara achou uma bobagem, sem tamanho: não existia essa coisa, de alma gêmea! A mulher amargurada escarnecia da mocinha sonhadora.