Todos diziam que éramos fortes
A noite mantinha-se fria, igual a todas as noites de finais de Outubro. Eu caminhava pela floresta coberta de neve, sozinho, banhado pela escuridão. Caminhava tentando esquecer o que acontecera, tentado relembrar o que permanecera na minha memória durante tantos anos. Sê forte, Tu consegues, Não desistas…Juntos conseguiremos.
Sempre disseram que nunca choraríamos
Tínhamos de ser ousados, tínhamos de ser corajosos, logo não deveríamos chorar, devíamos demonstrar confiança não medo e angustia. Deviam apoiar-se em nós e chorar, não o oposto. Sempre sentíramos isso, e sempre tentávamos que isso acontecesse apenas acreditando no facto que teríamos um ao outro, que ambos estaríamos lá, juntos, para chorar, sem derramar lágrimas.
Contudo, enquanto toda a gente festejava, eu estava sozinho
Gritos de felicidade, ecoavam novamente pelos meus ouvidos, mesmo sabendo que mais ninguém estava lá, sabia o porque de tanta felicidade, mas mesmo assim não o entendia. Paro repentinamente; ao sentar-me deixo escorrer uma lágrima que rapidamente se dissipa na neve acumulada no chão. Olho em frente observando o imponente castelo que se distinguia da escuridão, iluminado por pequenos pontos de luz. Lá também estariam a festejar…Afundei a cabeça nos meus braços, fechei os olhos, apesar de saber, contrariamente ao que desejava, que os teria de reabrir.
Naquela noite, ao perder o meu melhor amigo, mergulhei numa escuridão eterna
Sabia que ele sempre estaria lá, confortei-me com o facto que apenas precisava de o chamar, e passado uns segundos ouviria uma resposta. De dentro do casaco tirei um fotografia já antiga. Nela dois jovens sorriam alegremente. Naquele momento parecia que tudo o que alguma vez vivêramos havia se condensado naquela fotografia. Sabia que nunca mais o veria, sabia que passaria o resto dos meus dias a esperar por aquele rasgo de luz que me iluminasse. Tentava lembrar-me das razoes pelas quais ele não podia ter morrido, das promessas que tinham sido feitas, e que agora quebradas, traziam com elas a dor que perduraria para sempre. Naquela noite perdi o meu rumo, o meu objectivo…
…naquela noite derramei a minha primeira lágrima
