Yu Yu Hakusho e seus personagens pertencem a Yoshihiro Togashi.

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Saquê

-AngelloreXx-

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Capítulo 1: O dia anterior, o dia seguinte

"Uma festa...?"

"É isso ae, amanhã no templo da velhinha! Vai todo mundo!"

Kurama olhou desconfiado para Yusuke, arqueando uma sobrancelha.

"Algum motivo especial para celebrar...?"

"Nah! Eu tô achando o pessoal muito desanimado. Você, o Kuwabara e a Keiko só querem saber de trabalho e de estudo! Fala sério, né!"

O ruivo suspirou. Talvez uma festa não seria má idéia, realmente. Ele agora ficava trancado dentro do escritório da empresa de seu padrasto trabalhando a maior parte de seu tempo, e ultimamente tinha passado realmente muito pouco tempo com seus amigos.

"Tudo bem, eu vou." Concluiu, com um sorriso leve.

"Ah! Mandô bem, ruivo! Sabe quem vai tá l�? Hein? Hein?"

Kurama se fingiu de desentendido, mas as constantes cotoveladas provocativas que o amigo lhe dava nas costelas estavam prestes a tirá-lo do sério.

"Você ainda não desistiu disso, Yusuke?" Disse, soltando um suspiro cansado.

"Não desisto enquanto não juntar vocês dois..." Disse com seu característico sorriso maroto.

"Oh." Kurama respondeu simplesmente, assumindo uma expressão de total inocência enquanto colocava as mãos nos bolsos. "E a Keiko, por acaso vai?"

"Ch'! Você é uma raposa mesmo, Kurama..."

O rosto de Kurama se iluminou com um sorriso que lembrava mais o youko do que Shuuichi, e Yusuke balançou a cabeça rindo de seu amigo.

"Mermão, a festinha vai bombar! Ah, muleque!"

Kurama agora riu levemente, agora muito mais parecido com seu 'eu' atual. "Sim, vai ser bom reunir a turma novamente."

Yusuke estava prestes a soltar mais algum comentário malicioso, mas o olhar que o ruivo lhe deu foi o suficiente para mudar de idéia e de discurso.

"É, isso ae! Então vamo comigo comprar o saquê. A Shizuru ficou por conta da cerveja, sabe como é que é..."

"Saquê? Você ainda não tem idade para comprar saquê, Yusuke..."

Yusuke deu uma gargalhada. "H�! Cê acha mesmo que com uma mãe daquelas eu não ia ter algum canal pra arranjar birita, Kurama?"

Uma gota de suor escorreu lentamente na cabeça de Kurama. No fundo Yusuke tinha razão, mas isso lá era jeito de se referir a própria mãe?

"E a gente tem que aproveitar que o Hiei tá aqui no Ninguenkai. O problema é dar um jeito de arrastar ele pra festa também. Alguma idéia brilhante?"

"Não... Provavelmente teremos que apelar para métodos mais radicais..."

Yusuke fitou o amigo, já imaginando o que ele tinha em mente.

oOoOoOoOoOo

"...E ele vai pedir a Yukina em casamento hoje."

"O que?"

"É verdade, Hiei." Kurama disse, confirmando o que Yusuke dissera. Diferentemente do seu amigo, ele estava mantendo sua expressão absolutamente normal diante do pequeno demônio de fogo.

Hiei o encarou desconfiado. "O que é 'casamento'?"

Yusuke abafou uma indiscreta gargalhada enquanto Kurama passou por alguns problemas para manter sua compostura.

"Se Yukina aceitar, quer dizer que ela vai viver junto com Kuwabara-kun. Eles irão ter filhos e..."

"O QUÊ! FILHOS?"

"C-calma, Hiei!" Kurama tentou acalmar o koorime, em vão.

"Eu mato aquele idiota!"

"Ei, Hiei." Yusuke interferiu. "O melhor a fazer é vir com a gente, ele tá indo pro templo mais tarde."

"Hn."

Kurama sentiu a desconfiança do koorime. "Nós também estamos indo para o templo da mestra, Hiei."

"Por quê? E por que vocês vieram me contar isso?"

Yusuke engoliu a seco. Agora era rezar para Kurama se sair bem dessa.

"Nós achamos que ainda há tempo de você revelar que é o irmão dela. E isso poderá afetar completamente a decisão dela."

"Hn. Você é surdo, raposa? Quantas vezes eu disse que não pretendo contar a ela?"

Kurama suspirou. "Aonde eu fui me meter...Quando ele descobrir tudo ele vai me matar, com certeza."

"Entenda que essa é um momento muito importante na vida de Yukina, Hiei. Você não acha que pelo menos deveria estar presente?"

Yusuke observou a desenvoltura do ruivo. Suas palavras estavam quase convencendo a ele mesmo que toda essa história era verdadeira. Mas Hiei ainda não parecia muito persuadido.

"Hn. Eu vou. Mas é para impedir a Yukina de se casar com o imbecil do Kuwabara."

Yusuke respirou aliviado, quase soltando um gesto de vitória, mas se limitou a dar uma olhada de soslaio para o ruivo e levantar um dos polegares enquanto o koorime já parecia uma mancha negra muito à frente.

Kurama conteve uma cara de desgosto. Alguma coisa estava lhe dizendo que algo grave iria acontecer nessa festa...

"Bóra, rapaz! Senão o Hiei seqüestra a Yukina e nosso plano vai por água abaixo."

O youko concordou com a cabeça e seguiu seu amigo em direção ao templo.

oOoOoOoOoOo

Kurama acordou lentamente, e logo se deu conta da incrível dor de cabeça que estava sentindo. Aos poucos sua mente foi registrando os outros efeitos da noite anterior,como o jeito que absolutamente todos os músculos de seu corpo doíam como se ele tivesse lutado durante dias sem parar. Seu olfato podia sentir claramente o forte odor de álcool no ar, misturado com nuances de um outro aroma conhecido, que ele não conseguiu identificar. O ruivo então abriu lentamente seus olhos, para perceber que não estava em sua cama, mas em um futon. Ele não estava em seu quarto.

"Mas o que...?"

Kurama se sentou apesar dos protestos de seu corpo. Ele não lembrava o que tinha acontecido, mas provavelmente estava tão embriagado que acabara dormindo no templo após a festa. Sua mente ainda tentava organizar os pensamentos quando ele sentiu um movimento ao seu lado, e uma onda de reconhecimento tomou conta dele quando subitamente se lembrou de quem possuía aquele cheiro.

"Oh, não..."

Em pânico e ignorando a sua nudez, ele se virou, temendo que suas suposições estivessem corretas.

E, sim, ele estava certo. Ela estava l�, deitada, sua nudez parcialmente ocultada pelas cobertas emaranhadas. Kurama permaneceu de olhos arregalados e boca entreaberta tentando relembrar o que havia acontecido, apesar de estar bem claro as conseqüências da "festinha" promovida por Yusuke. E o ruivo só conseguiu arregalar ainda mais os olhos e prender a respiração quando ela despertou e, esfregando os olhos sonolenta, se sentou, fazendo com que as cobertas escorregassem e o ruivo tivesse uma visão realmente privilegiada de seu corpo despido.

"Kurama...?"

Kami-sama...

"...B-Botan..." Ele conseguiu falar com a voz tremida, transparecendo nitidamente seu desespero.

Botan. Nua. No mesmo futon que ele.

Inari-sama...

Ela estava ali, sentada na sua frente, e ele não conseguia fazer nada, a não ser encará-la com uma expressão que beirava o cômico.

"Koenma-sama..."

...Koenma-sama?

Só então que ele percebeu que não havia pensado e muito menos pronunciado tais palavras, e que Botan agora estava com uma expressão de puro terror e os olhos arregalados fixos em algum ponto atrás dele.

Saindo de seu torpor, Kurama se virou para a direção aonde a garota olhava e encontrou Koenma em pé, parado à porta agora aberta, com cara de pouquíssimos amigos.

E o que parecia trágico agora era catastrófico.

Continua...

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N/A: Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo. Comentários, criticas e sugestões são bem-vindos. Se você tem alguma fict KB e quer publicá-la em um site em português totalmente dedicado a eles me mande um e-mail! Ja!