Era uma tarde no Santuário e Athena havia convocado seus cavaleiros de ouro para uma reunião importante. Quando todos já estavam presentes, a deusa iniciou a reunião.

– Boa tarde cavaleiros, vou direto ao ponto com vocês. Depois da última Guerra Santa que tivemos, muita coisa ocorreu no Olimpo, mesmo que aqui na Terra não tivesse nenhum reflexo disso, até porque eram assuntos que apenas influenciavam diretamente aos deuses, mas acabou tomando maiores proporções e irá também influenciar a vida dos seres humanos. – fez-se uma pausa- Os deuses Tifão e Ofíon estão em conflito com os demais deuses, em especial com meu pai. Tifão pretende ter uma parcela da Terra para servir de domínio, tendo poder de vida e morte sobre qualquer ser vivo que habitar na região, enquanto Ofíon deseja ter poder no Olimpo e em todas as decisões. Claro que tais propostas não foram aceitas, enfurecendo esses gigantes. Então poderemos prever novas batalhas. Ofíon irá atacar no Olimpo e Tifão a Terra, cabendo a nós nos focar nesse último. Tifão desde os tempos mitológicos utiliza-se de seus filhos para atacar os seres humanos e conseguir o que quer. São seres muito fortes e que dificilmente são derrotados por humanos, mesmo que sejam cavaleiros.

– Athena, com todo o respeito, mas já enfrentamos outros deuses, por que não conseguiríamos enfrentar os filhos desse deus? – perguntou Aiolia.

– Aiolia, a situação é diferente. Os filhos desse deus são bestas que não temem perder a vida, diferente dos outros deuses. Possuem desejo de sangue e são incrivelmente fortes. Além disso, possuem exércitos de homens que defendem e lutam em prol de seus desejos, dificultando o acesso a eles.

– Então, como faremos? – preocupou-se Mu.

– Como os exércitos de Apolo, Zeus e Poseidon estão voltados para o Olimpo, a Terra ficará a cargo de vocês e de semideuses.

– Semideuses? – arqueou Milo a sobrancelha. Pensei que eles nem mais existiam.

– Sim, ainda existem, Milo, na verdade nunca deixaram de estar entre nós. Eles realizam trabalhos em que mortais facilmente morreriam, mas todos ligados aos interesses de seus pais.

– E onde eles estão? – questionou Saga.

– Eu os trarei para cá.

– Pra cá?- disse Aiolos nervoso.

– Eles são filhos de quem? – perguntou Shaka.

– Apolo, Ártemis, Afrodite e Hades.

– Como podemos confiar neles? Athena sinceramente acho uma péssima idéia. - protestou Aphrodite.

– Eu sei que não é fácil meus cavaleiros, mas peço, por mais difícil que pareça dê um voto de confiança a eles, até porque têm tanto interesse quanto nós de evitar que esse conflito tome proporções maiores. Batalhas irão surgir, inevitavelmente, e eles serão de grande ajuda. Eles herdaram alguns poderes dos pais e são muito fortes. Mesmo que sejam cavaleiros poderosos vocês ainda sim são mortais e têm limitações, por isso vão precisar deles. Por favor, tentem manter uma convivência pacífica com eles.

– E quando eles irão chegar? – perguntou Kanon com cara de poucos amigos.

– Daqui a dois dias. Eles ficarão aqui comigo e treinarão junto com vocês.

– Como assim? Não vou treinar com nenhum filho mimado de algum deus maluco não. Ainda mais se for o filho de Hades. Deve ser um demônio. – reclamou o escorpião.

– Milo, seja paciente. Vocês não precisarão se amar, mas trabalhar juntos. É apenas o que peço, porque a situação é delicada. Alguma pergunta? – todos tinham, na verdade eram mais protestos, mas resolveram nada dizer. – Estão dispensados.

Todos se retiraram muito contrariados da reunião. Ficaram os dourados na parte de fora da décima terceira casa discutindo. Parecia uma feira.

– Acho que Athena não tá muito bem não. Como pode trazer esse povo pra cá? – disse Aphrodite.

– Penso que devemos confiar nela. Athena não nos colocaria em situação de risco, com certeza se desconfiasse que alguma coisa pudesse dar errado, não arriscaria. – falou Saga.

– Eu estou pagando pra ver. – falou Aldebaran.

– Eles ficando na deles e eu não servindo de babá de ninguém, já está bom. – comentou Shura.

– Nós não temos escolha e vamos ter que conviver com eles. O mais importante agora é nos concentrar contra qualquer possível ataque. – falou Dohko

Todos voltaram aos seus postos ainda incrédulos sobre tal decisão tomada pela deusa. Preferiam que enfrentassem tudo sozinhos, como sempre fizeram, do que ter ajuda desses semideuses. Dois dias se passaram, mas como era numa manhã de domingo, os dourados estavam com uma ressaca monstra de uma noitada que tiveram. Tinha sido aniversário de Shaka e todos fizeram questão que o loiro comemorasse, então todos, sem exceção, estavam mal. Os semideuses chegaram e passaram por todas as doze casas sem serem vistos. Chegaram na décima terceira casa onde foram recepcionados pela deusa.

– Sejam bem vindos! – disse de maneira bem receptiva.

Eles não fizeram reverência, apenas se olharam.

– Os seus pertences já foram postos nos seus aposentos. Obrigada por nos apoiarem nessa causa, seria muito difícil para meus cavaleiros enfrentar essa situação sozinhos.

– Não precisa nos agradecer, Athena. Não viemos apoiar seus cavaleiros, mas sim impedir junto com eles, que o domínio dos nossos pais sejam invadidos. – respondeu secamente Abáris, filho de Apolo.

– De qualquer forma, fico feliz que estejam aqui. – falou a deusa mantendo a pose. – Fiquem à vontade e descansem da longa viagem que fizeram. Qualquer coisa que precisarem poderão solicitar aos servos que trabalham aqui. Mais tarde irei apresentá-los aos meus cavaleiros.

– Em falar nos seus cavaleiros, todos folgam ao mesmo tempo? Isso não é arriscado para você, tia? – indagou de maneira maliciosa Féres, filho de Ártemis.

– Não se preocupe sobrinho. Todos os meus cavaleiros são exemplares em seus deveres, nunca ninguém que eles não permitissem conseguiram passar pelas doze casas e chegar até mim. Não precisa ter esse tipo de preocupação, deixa que isso cuido eu. Agora, descansem, pois teremos muito o que conversar. Meus servos irão acompanhá-los. – disse a deusa se retirando e vendo que aquela convivência iria ser mais difícil que podia imaginar.

Os cinco semideuses tinham o mesmo porte altivo e arrogante dos seus pais, exceto Eros, que era filho de Afrodite. Abáris era filho de Apolo. Ele era um rapaz alto, dos seus 1,90 m, tinha cabelos cor de cobre e pele amorenada. Seus olhos eram amarelados e tinha uma estrutura física grande, porém não era musculoso. Era exótico, mas não era de maneira alguma feio. Féres era filho de Ártemis, de todos era o que mais tinha cara de poucos amigos. Tinha longos cabelos azuis, extremamente lisos. Sua pele era clara e tinha traços finos. Era um homem muito bonito, mas não era tão alto. Possuía em torno de 1,70 m, olhos negros e diferente de Abáris, era forte. Eros, filho de Afrodite, sempre renascia para acompanhar sua mãe nas tarefas referentes ao amor. Era o único que tinha ido por vontade própria e que quereria ajudar a salvar os seres humanos de uma tragédia iminente. Era incrivelmente belo, a beleza se personificava nele. Possuía cabelos loiros, levemente ondulados na altura dos ombros, sua pele era clara, seus olhos de um tom de azul esverdeado muito peculiar, tinha por volta de 1,85 m e era dotado de um belo corpo. Possuía um semblante sereno diferente dos outros. A única garota era Ana, filha de Hades. A garota possuía longos cabelos negros como a noite, um pouco ondulados. Tinha a pele morena e olhos azuis acinzentados. Era alta para uma garota, possuía 1,76m, corpo bem feito, seus seios eram fartos e ficavam evidentes no decote do vestido que usava. Seu corpo era curvilíneo e chamava muita atenção. Parecia uma cigana, assim como sua mãe. Não era simpática, mas também não destratava as outras pessoas como os outros dois. Todos estavam cansados pela longa viagem que fizeram e foram descansar para conhecer os cavaleiros de ouro. Não estavam ansiosos, mas tinham curiosidade de saber quem eram os homens que derrotaram tantos deuses. Com exceção de Eros, os outros três já tinham dentro de si uma resistência contra aqueles guerreiros, em outra circunstância, se precisassem os mataria sem pestanejar. Ainda não admitiam que aqueles homens se levantaram um dia contra seus pais. Os viam como insolentes que não mereceriam o perdão dado por Zeus. Conviver com eles não estava nos planos, mas era necessário e iriam agüentar para que o domínio de seus pais não fosse ameaçado.