Tu rolas os teu olhos e dizes-me que amor é apenas uma sensação química, e que a química não se manifesta no ar, não importa o que eu ache.

Eu sorrio, minha pele acinzentada refletindo-se nas luzes intensas do teu laboratório, e digo que sempre foste uma sabe tudo insuportável.

Tu me olhas, teus olhos a endurecerem, e coras, tuas faces ficando de um rosa tão rosado como o teu cabelo de pastilha elástica, e a minha vontade de te morder e chupar todo o teu corpo rosado aumenta.

Estou de visita mais uma vez, depois de anos a viajar por todos os cantos e recantos da região, levando apenas o meu baixo. Imediatamente me levas para o teu laboratório, onde nos sentamos, e eu conto-te todas as descobertas que fiz. Já me habituei à divisão, acho que é onde te sentes mais confortável, todos os espécimes e químicos cujo nome me fazes tentar lembrar mas não se grudam na minha mente não importa o quanto tente, os cantos estéreis e limpos, onde nenhum ser microscópico se atreve a viver...é o teu lugar seguro.

Tu relaxas, e sorris, e, apesar de teus dentes não terem metade do brilhos dos meus, que são brancos e brilhantes como mármore, me sinto fascinada e tentada a tocar nesses teus instrumentos de mastigação. Apesar de tu estares rodeada por doces o dia todo, teus dentes são limpos, e me sinto a avançar para fazer contacto. Apanho o meu gesto e paro-me, apenas meio milímetro movida.

Julgo que tu notaste o movimento, o que não me surpreenderia, sempre tiveste um olhar afiado, mas se o teu olhar reparou, não o denota. Sorrio nervosamente, por mais que tente mostrar alguma calma e controlo, tu tens o dom de sempre me enlouquecer.

Se soubesses o que sinto por ti neste momento chamar-lhe-ias luxúria, com certeza, e arranjarias logo uma explicação lógica para o que eu sinto. Talvez esteja a ovular, talvez sejam feromonas, não sei muito sobre ciência, mas as hipóteses devem ser várias. Cerro as minhas pernas, ligeiramente desconfortável.

Estás a usar a t-shirt que te ofereci, aquela que apelida de a "T-shirt Rockeira", essa ideia diverte-me, protegida como foste, nunca atendeste uma verdadeira festa, perguntas-me porque sorrio e conto-te.

Tu suspiras, e dizes que gostarias de ter tido essa experiência, volto a oferecer-te a oportunidade de vires comigo, viajar o mundo, mas tu dizes que não podes, o meu sorriso desce e os cantos da minha boca ainda mais, já tivemos esta conversa antes, enquanto que eu sou da opinião que devemos viver a vida, talvez por rebeldia ao meu pai, tu és totalmente dedicada ao trabalho, e claro, pode ser um trabalho importante, mas que importa a perfeição, tens tempo para relaxar.

Engulo o resto do chá que mandaste-me trazer e desculpo-me, saindo, enquanto que agarro o meu baixo e o meto ao ombro, ideias para novas canções sobre ti na minha cabeça, uma única lágrima solitária vem. Não importa que seja dia, meto meu chapéu de abas largas e parto, ofereceste-me estadia, e podia ter aceitado, para que tu te esgueirasses para o meu quarto à noite, mas decidi partir, apesar de doer, custa menos que saber que temos que estar separadas. Porque eu não sou feliz enjaulada entre quatro paredes, e tu não és feliz sem bases e responsabilidades, nessa noite, enquanto que canto ao luar, penso em ti, e no que poderá acontecer no futuro, as esperanças, de qualquer maneira, não me parecem boas

Nota do autor: Bubbline é um dos meus pares preferidos, e decidi escrever algo para as homenagear, por isso, aqui está, reviews ajudam-me a escrever melhor e mais rápido, por isso, uma ajuda?