Fanfic pós Green Thumb (6x10) - Disclaimer: The Mentalist não me pertence. Se pertencesse, Rigspelt não sairia do show ;)
Jane roçou as meias recém ganhadas em seu rosto, como se isso ajudasse a acreditar que aquilo era real. Meias. Novas. Há quanto tempo não tinha um par daquilo. Macias e cheirosas. Um cheiro em particular já conhecido: Lisbon. Aquele cheiro que nos últimos dois anos ele havia se privado de sentir estava ali, ao seu alcance, enquanto ele cheirava meias.
"Bom, vamos sair daqui. Não aguento mais ficar dentro dessa cela.", disse Lisbon sorridente ao ver que o presente o havia tocado. Não era chá, nem uma xícara nova e muito menos as chaves do seu amado Citröen mas tinham um significado importante: era um homem em reconstrução aprendendo a se cuidar e se amar novamente.
Amar. Muitos dizem que amar a si mesmo é o primeiro passo para amar outra pessoa. Se é assim, talvez esse seja um bom primeiro passo. E quem sabe a pessoa que presenteia com pequenos cuidados pode ser a sortuda. Ou não. A ligação entre a agente Fisher e Jane ainda incomoda Lisbon e principalmente o fato de não saber o que houve entre eles naquela ilha. Não estaria surpresa se eles tivessem se envolvido; justificaria o fato dela querer saber se eles haviam tido algo. Ciúmes... Realmente não ficaria surpresa se eles tivesse dormido juntos: apenas ficaria triste e decepcionada.
Recuperando-se desse lapso, levantou e seguiu até a porta esperando que Jane fizesse o mesmo mas ele apenas ficou lá com aquelas meias nas mãos, como se estivesse sonhando acordado.
"JANE!" Ele voltou a si e levantou-se, pegando a mala que estava embaixo da cama e seguindo-a.
"Para onde vamos? Como você deve perceber, desde que eu cheguei fiquei nesta adorável suíte de detenção. Não tenho onde ficar."
"Você pode ir para um hotel. Acho que deve haver vagas onde eu estou. Não é lá muito elegante mas dá para comer e dormir bem."
Jane sorriu. "Realmente não acha que me importo com luxo, não é? Você deveria ter conhecido onde fiquei nesses últimos dois anos."
"Eu não pude, mas a agente Fisher sim. Quem sabe ela pode me dizer?" sussurrou Lisbon, mas Jane conseguiu ouvi-la. Ciúmes. Puro e escrachado. Resolveu deixar isso de lado... por enquanto.
"Bom, desde que eu possa tomar chá e comer ovos está tudo bem." disse Jane enquanto saíam do prédio do FBI e entravam em um carro de luxo. Lisbon dirigiu em silêncio por quase uma hora e meia até chegar ao hotel onde estava, mais ao norte de Austin. Deveria começar a procurar uma casa amanhã mesmo: não iria ficar vivendo em hotéis a vida inteira. Desceram do carro no estacionamento e pegaram o elevador até o hall do hotel.
"Hotel Terra das Colinas, boa noite. Deseja fazer uma reserva?" perguntou a atendente sorridente.
"Sim. Um quarto simples, por favor." disse Lisbon.
"Suíte nupcial ou comum, senhora?" Lisbon ficou muda. Imediatamente Jane começou a rir e ela ficou vermelha numa mistura de raiva e vergonha.
"Acho que você entendeu mal: eu já estou hospedada aqui. O quarto é só para ele." e apontou para Jane.
"Me desculpe. É que eu pensei... Enfim. Senhor, deseja quarto com cama de solteiro ou casal?"
"Casal. Gosto de dormir confortável e quem sabe tenha alguma companhia?" Jane disse com aquele sorriso cínico que Teresa conhecia bem. Quem sabe ele já estivesse planejando trazer a agente Fisher para lá... Esqueça, Teresa! Isso não é da sua conta.
Jane terminou de fazer sua reserva e os dois subiram. Por coincidência ou destino o único quarto vago com cama de casal do hotel era no mesmo andar onde Lisbon estava hospedada, o que fez Jane abrir um sorriso enorme ao saber. Os dois seguiram lado a lado pelo corredor até Jane parar na porta da sua suíte.
"Lisbon?"
"Oi."
"Você quer me acompanhar no jantar?" Perguntou como quem não quer nada, mas ele queria. Estava desesperado pela companhia daquela mulher. Desde que chegara não tivera tempo de estar com ela decentemente. Queria conversar, saber o que fez nesse tempo. Simplesmente estar com ela, poder falar sem medo e quem sabe ter algum flerte inocente. Teresa sorriu tímida.
"Ok, Jane mas me dê algum tempo. Preciso tomar um banho e descansar."
"Eu também preciso. Às oito e meia. Qual é o seu quarto?" Jane perguntou sutilmente, mas possuía uma segunda intenção. Lisbon não percebeu.
"303."
"Ok. Eu passo lá para te chamar." E entrou em seu quarto. Era um lugar simples, bem iluminado e com uma cama gigante. Deitou-se nela e divagou se uma certa mulher gostaria de estar com ele ali. Ao pensar nisso, pegou a mala e abriu tirando de lá o precioso pacote. Cheirou novamente como se pudesse guardar de novo no seu palácio da memória aquele cheiro delicioso. Na verdade ele nunca havia esquecido, mas como tudo na vida o tempo não trata com igual fidelidade como se fosse real. Sorrindo levantou-se da cama, pegou uma muda de roupa e foi para o banheiro: precisava estar limpo e encantador para o jantar.
Lisbon não podia acreditar: em poucas horas estaria jantando com Patrick Jane. O mesmo Patrick Jane que sumiu por dois anos lhe deixando apenas uma mensagem fria por telefone. Mas ele precisava fugir ou seria preso. O mesmo Jane que lhe mandou várias cartas e uma concha. Cartas que ela lera todos os dias desde que havia recebido a primeira. Sempre pensando em tudo que ele descrevia e que gostaria de ver tudo aquilo... com ele.
Era impossível não se empolgar, não nutrir uma chama de esperança. Ele estava de volta e tinha exigido sua presença para trabalhar pro FBI. Poderia ser que ele realmente a queria por perto, mas também poderia ser que ele só quisesse um bode expiatório, alguém que limpasse a sujeira que ele fosse fazer e o defendesse. Não sabia o que pensar; apenas sabia que iria jantar com ele em uma hora e decidiu se apressar. Foi até o armário e retirou um vestido simples azul escuro colocando na cama. Escolheu a lingerie e não pode evitar pensar um pouco mais sobre isso: Jane estava de volta e estava livre. E eles iam jantar juntos e estavam dormindo no mesmo andar. Procurando não divagar mais sobre isso, pegou um conjunto roxo com detalhes em renda e foi para o banheiro. Lavou os cabelos com seu xampu de canela e banhou-se com cuidado, como se alguém fosse desfrutar de cada parte em breve.
Saiu do banheiro, secou os cabelos naturalmente, vestiu-se e maquiou-se levemente. Não queria que ele percebesse que ela tinha esperanças, mesmo que ela tivesse. Calçou uma sandália baixa e foi até sua bolsa pegar a arma e o distintivo especial recém recebido do FBI. Só Jane mesmo para fazê-la conseguir em alguns dias o que policiais não conseguem em uma vida inteira. Ao mexer na bolsa, encontrou também as cartas que havia mandado para Jane nos meses que ele passou na suíte de detenção, que não foram entregues a ele e foram devolvidas. Pegou-as e decidiu que iria entregar pessoalmente esta noite.
Foi então que a campainha soou. Viu pelo olho mágico o que seu coração já sabia: Patrick Jane estava em sua porta. Abriu.
"Ei."
"Ei." Jane estava hipnotizado: ela estava linda. De um jeito simples mas que nenhuma mulher conseguiria ser, nem mesmo Angela. Essa era exuberante, esguia e elegante. Mas Lisbon conseguia ter uma beleza tão fenomenal e simples ao mesmo tempo que pegava os homens de surpresa. Como ele havia sido pego naquele momento.
Lisbon também estava boquiaberta. Há tempos não via Jane arrumado e cheiroso daquele jeito: a última vez havia sido naquele evento da CBI para angariar fundos, anos atrás. Ele estava com uma camisa social florida (fruto da temporada na praia), calça jeans preta e sapatos. Mas não foi isso que a emocionou: ele estava com as meias que ela havia lhe presenteado horas antes.
"As meias serviram?"
"Perfeitamente. Você me conhece como ninguém, Lisbon." disse com aquela voz brincalhona e ao mesmo tempo sexy.
"Não foi tão difícil. Eram apenas meias. Vamos." falou Lisbon tentando desviar o assunto.
"Meias são algo muito íntimo, Lisbon. Como uma delicada lingerie." Lisbon sentiu um arrepio. Jane seguiu-a pelo corredor. Essa noite estava apenas começando.
