The Girl On The Bench

(A Garota No Banco)

Por DukeBrymin.

Tradução por Serena Bluemoon.

Tradução autorizada pela autora!

Disclaimer: A autora, DukeBrymin, não possui Harry Potter, apenas o plot desta fanfcition. A tradutora, Serena Bluemoon, não possui nem o plot, nem Harry Potter, apenas o trabalho de traduzir. Nenhuma das supracitadas ganha qualquer coisa além de satisfação pessoal e comentários.

Sumário: Talvez fosse inevitável que eles ficassem juntos. Mas, então, a quarta-feira chegou...

Show me, if you want it,

And you feel it, 'cause I know,

That I am somewhere in your soul.

Give me a reason to love you.

Give me a reason not to go home.

Going Home - MoZella

Parte Um: Encontros

Talvez fosse inevitável que eles ficassem juntos. Afinal, eles eram parte da vida do outro há muito tempo. Encontraram-se pela primeira vez quando ele foi para Hogwarts, logo depois de descobrir que era um bruxo. Mais tarde, ele a salvara da morte quase certa em seu primeiro ano. Conforme o tempo passava, ela se transformara em uma parte maior de sua vida, até que virara uma parte quase irrevogável. O Baile de Inverno, em seu quarto ano, fora quando percebera que ela era uma garota bonita, embora estivesse interessado em outra garota na época. Infelizmente, ambas as garotas já tinham aceitado ir com outras pessoas, então ele não foi com nenhuma delas. Mas, em seu quinto ano, quando ela fora lhe ajudar a salvar seu padrinho no Departamento de Mistérios, ele começara a entender o papel insubstituível que ela tinha em sua vida. Começara a vê-la com outros olhos. Ou, talvez, ele apenas escolhera abrir os olhos para o que sempre soubera. Qualquer que fosse o motivo, eles começaram a namorar em seu sexto ano, e ele percebera que estava mais feliz do que nunca antes.

A época que fora caçar as Horcruxes era uma época melhor não ser mencionada. Depois da morte de Dumbledore, ele falara com ela em particular, e lhe informara que, embora a amasse, precisavam fingir para o mundo que não eram um casal. Ela não concordava com ele, mas se permitiu ser convencida. Eles fingiram uma ruidosa discussão no Salão Principal, cuidadosamente planejada para dar a ilusão de que tinham decidido que não estavam dando certo como um casal. Isso deixara o ano seguinte pior do que tinha que ser — não ser capaz de beijá-la, ou abraçá-la, ou até mesmo pentear o cabelo dela, algo que amava fazer, mas que os outros meninos sempre o provocaram. Passara o ano sonhando com sua vivacidade, o brilho de seu espírito e, embora uma constante fonte de tormento, essas memórias ajudaram-no a aguentar o longo, doloroso e exaustivo tempo em que não eram um casal. Mas, depois que ele derrotou Voldemort, eles se sentiram livre para ficarem juntos e o fizeram com entusiasmo, e se acomodaram em uma rotina bastante confortável.

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Ele tinha um bom apartamento em Londres, talvez há três quarteirões do apartamento de sua namorada. Ambos eram relativamente tradicionais, por isso não moravam juntos, ou passavam a noite juntos, como seus amigos faziam. Os motivos dela tinham a ver com seus pais, e seus valores tradicionais. Os dele eram uma estranha combinação de medo de compromisso, desejo de agradar e ansiedade quanto ao futuro. Mas funcionava para eles — sabiam ter todo o tempo do mundo para entrarem em um relacionamento mais profundo, o que, naturalmente, incluía casamento e uma família, eventualmente.

Ele estava feliz com seu trabalho como um instrutor para os Aurores. Tinha adquirido noções de como ser um Auror para o resto da vida, mas depois de passar pelo treinamento rapidamente e se formar, antes de passar um ano em campo, ele percebeu que não gostava do trabalho tanto quanto esperara. Então, quando o chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia mencionara a ideia de um trabalho seguro e pontual, que permitiria que ele estivesse em casa todas as noites, ele aceitara rapidamente. Sempre gostara de ensinar, considerando a AD, e depois da primeira semana em seu novo trabalho, decidiu que tinha encontrado seu propósito na vida.

Ela ficara feliz por ele — ela sempre se preocupava quando ele ficava fora por longos períodos, e tê-lo seguro em sua própria cama todas as noites lhe dava uma paz que não conhecera por muito tempo. Seu trabalho também a mantinha ocupada, embora fosse periódico por natureza, como a maioria dos trabalhos relacionados à esportes. A temporada de Quadribol era agitada, mas ela gostava do que fazia, imensamente. Tanto, de fato, que ocasionalmente ele se sentia meio-culpado por seus planos meio elaborados sobre família, e filhos. Ele apenas não sabia se poderia afastá-la do esporte que passara a definir a vida dela. Mas ele tinha prática em auto sacrifícios; ele tinha, afinal, passado a vida se importando com outras pessoas, muitas vezes à custa de sua própria felicidade. Dessa forma, era bastante fácil para ele continuar em sua rotina, para não dizer padrão de comportamento, na qual se encontrava. Mas, então, a quarta-feira chegou...

-x-

Ele tinha por hábito, há algum tempo, almoçar no parque. Achava bastante relaxante ser capaz de apenas se sentar e observar as pessoas, o que era o oposto do normal. Até onde sabia pouquíssimos bruxos frequentavam esse pedaço de grama, árvores e pássaros, e ele achava ser uma pausa bastante bem vinda da usual bagunça — consequência de ser uma pessoa tão bem conhecida. Não estava chateado com sua fama — afinal, ele fora bem conhecido a vida toda, menos o primeiro ano e meio, e finalmente tinha se acostumado a isso. Mas era uma boa mudança, ser capaz de se misturar em uma multidão, ao invés de ser o motivo para a multidão.

O banco ao sudeste do parque era seu favorito. Tinha a melhor visão do lago de patos, e ele se divertia bastante observando as pequenas crianças alimentares os patos, correrem atrás dos patos e, ocasionalmente, correrem dos patos, gritando. Estava tão acostumado a se sentar ali que, naquela quarta-feira em particular, quando encontrara outra pessoa sentada no banco, ficara bastante surpreso.

- Tire uma foto, durará mais. – a garota disse, antes de olhá-lo com um sorriso.

Ele se assustou, percebendo que estivera olhando para ela com a boca aberta por alguns minutos.

- Sinto muito. – conseguiu dizer. – É só que... – e aqui ele ficou sem palavras. Não era como se ele fosse dono do banco, afinal. Mas como explicar para alguém que ela estava interrompendo sua rotina, sem soar como um idiota patético, que não consegue lidar com a menor das mudanças?

- Eu me sentei no seu banco, não foi? – ela perguntou, bom humor brilhando em seus olhos.

- Sim, mas você não sabia.

Ela ergueu uma sobrancelha para ele.

- Quero dizer, bem, não é meu banco, de todo modo, e você certamente é bem vinda a se sentar onde quiser. – as esquinas da boca dela se ergueram com o esforço para não rir. Ficando vermelho, ele fez menção de ir embora, com um murmúrio. – Desculpe, eu vou me sentar em outro lugar, sim?

A risada reprimida finalmente escapara, e ele ficou prazerosamente surpreso. Essa era uma garota que realmente gostava de rir. Ele conhecera muitas garotas que achavam inapropriado rir de verdade, e que contavam com as irritantes risadinhas, que ele achava pertencer apenas ao Semanário das Bruxas, e não a edição pra os adultos, e sim a voltada aos adolescentes. Sua própria namorada, por exemplo, quase nunca dava risadinhas. Ele se lembrava de que ela o fizera, ocasionalmente, quando estavam na escola, mas tinha deixado de usá-las conforme crescera, pelo que ele era muito grato.

Atraído pelo óbvio deleite dela com a situação, ele apenas a observou, até que ela finalmente se acalmou o bastante para falar novamente.

- Bem, você está errado em pelo menos um aspecto; embora eu não tenha ideia se você é dono do banco ou não... Oh, já sei! Na verdade, você é dono do parque, não é? – ela conseguiu colocar uma expressão quase inquisitiva em seu rosto bonito, enquanto o olhava.

- Não! Não, não sou dono do banco, nem do parque, e de qualquer coisa daqui! – ele estava quase frenético em frisar isso. Muitas pessoas assumiam que ele era mais rico que a Rainha, e ele passava bastante tempo tentando desmentir isso, ou pelo menos deixar os fatos claros. Agradecidamente, sua namorada; aqui sentira uma pequena pontada de culpa por ter pensado que a garota no banco era linda; o conhecia há muito tempo, e se em algum momento ela já ficara impressionada com sua riqueza, ela tinha deixado isso para trás.

- Certo, então, acho que você errou só uma vez. – ela respondeu com um sorriso.

Repassou a conversa por sua cabeça. A única coisa que conseguiu pensar para responder foi:

- Não, você pode se sentar aonde bem entender, tenho certeza disso.

A adorável — leve pontada de culpa novamente — garota riu mais uma vez e balançou a cabeça.

- Não, não foi isso que eu quis dizer, também. Você errou ao dizer que eu não sabia que era seu banco. – isso tendo sido dito, ela fechou a boca e o olhou, esperando por sua resposta.

Ele não tinha uma resposta, além de imobilidade chocada. Tentou dizer alguma coisa, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Isso, provavelmente, era uma boa coisa, por que não tinha certeza do que poderia sair de sua boca entreaberta.

Eventualmente, o silêncio ficou pesado, e a garota falou novamente.

- Talvez eu devesse explicar, já que você parece não ter condições de participar da conversa. Venho almoçar nesse parque há algum tempo, e o vi sentado aqui todos os dias. Bem, todos os dias da semana, com a exceção de algumas sexta-feiras. E eu decidi que realmente gostaria de conversar com você. – ela encolheu os ombros. – Essa pareceu ser a maneira mais fácil.

Sua habilidade de falar teimou em não se fazer presente, e o leve sorriso que a garota estava mostrando começou a sumir.

- Sinto muito... Não percebi que isso iria chateá-lo tanto. Eu vou apenas... Apenas vou embora, então, certo? E te deixar comer em paz.

Seu coração praticamente quebrou ao ver a felicidade, que ela parecia usar com descuido, diminuir e, eventualmente, sumir do rosto dela, transformando algo alegre e brilhante em apenas outro rosto bonito. Em pânico, falou a primeira coisa que passou por sua cabeça.

- Você gosta de patos? – e seu rosto ficou vermelho quando percebeu o quão idiota isso devia ter soado.

Surpresa, ela ainda conseguiu ser mais inteligente do que ele.

- Sim, gosto. É por isso que você gosta de se sentar aqui? E, caso esteja imaginando, normalmente eu não mordo.

- Sim. Bem, isso e as crianças. – a última parte da frase dela finalmente o atingiu. – O quê?

- Eu disse que normalmente eu não mordo, então provavelmente você estará seguro se sentar. Se está preocupado com minhas intenções, prometo não te violentar hoje. – ela riu quando disse isso, e ele sentiu seu coração ficar leve, embora uma voz traidora e causadora de culpa soou em sua mente. Mas e se eu quiser que você faça isso?

Determinadamente ignorando tanto a voz quanto a culpa, ele se sentou cuidadosamente, e pegou seu almoço. Assim que deu uma mordida em seu sanduiche, a garota na outra ponta do banco falou.

- Então, há quanto tempo você vem observar os patos?

Ele mastigou e engoliu antes de responder. Parecendo satisfeita com sua resposta rápida, ela se virou para observar o lago. Ele deu outra mordida, e imediatamente a ouvir dizer.

- Você trabalha aqui por perto? – ele assentiu rapidamente, mas ela continuou sua linha de perguntas. – O que você faz?

Depois de engolir outro pedaço meio mastigado do sanduíche, ele disse:

- Trabalho no ramo de segurança... Treino uma força policial meio secreta, vigilância, técnicas de combate, e coisas assim.

Ela apenas assentiu e olhou para um par de patos particularmente barulhentos, e riu zombeteiramente. Ele não tinha certeza, mas sentia que, talvez, ela não estava rindo dos patos e sim dele. Sua desconfiança foi confirmada quando, ao dar outra mordida, ela perguntou:

- E onde você vive?

Ele mastigou com calma, até que ela o olhou para ver o que estava acontecendo. Então, sem se importar com a bagunça meio mastigada em sua boca, respondeu.

- Em uma casa que meu padrinho me deixou. – seu sotaque suave e sofisticado soou estranho por causa dos pedaços de comida saindo de sua boca quando falou. Vendo isso, a garota voltou a soltar aquela risada a qual ele estava se apegando. A risada era tão contagiosa que ele se viu rindo com ela, espalhando mais pedaços do sanduíche.

Eventualmente, ela se acalmou e se desculpou pela brincadeira que fizera com ele. Ele dispensou como algo não importante, mas privadamente decidiu que, se a visse novamente, teria de fazer algo igualmente embaraçoso a ela.

Foi nesse momento que ele percebeu a hora — já tinha estendendo seu horário de almoço em quinze minutos — e rapidamente juntou suas coisas.

- Sinto muito, preciso ir. Eu já devia ter voltado.

A garota riu novamente, e disse:

- Eu sei... Eu descobri seus horários, lembra, e estava tentando o quanto conseguia te atrasar. – ficando séria, ela o olhou nos olhos e perguntou: - Vou vê-lo novamente?

Ele se encontrou perdido no olhar direto e refrescantemente honesto dela. Seus olhos eram castanhos, e luminosos, e pareciam chamá-lo, fazendo-o dar um passo inconsciente em sua direção. De algum lugar de sua mente, veio o vago pensamento: "seus olhos são da mesma cor que os... Os... Os da minha namorada!" Voltando a si com uma pontada de culpa, ele balançou a cabeça e recuou.

- Uh, bem, normalmente eu almoço aqui.

Ela o interrompeu com outra risada.

- Sim, acho que estabelecemos que estou completamente ciente de seus hábitos alimentares. O que eu realmente queria saber é se você vai voltar amanhã.

Dizendo a si mesmo que ainda tinha permissão para conversar com outras mulheres, desde que sua namorada não era uma bruxa possessiva, ele assentiu.

- Sim, estarei aqui amanhã. A gente se vê?

Ela apenas sorriu e assentiu levemente. Ele sorriu de volta, antes de se virar e começar a trotar, esperando que seus recrutas não tivessem tido tempo o bastante para colocar alguma brincadeira em sua mesa.

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Quando ele partiu, apressado, ela se permitiu afundar no banco, e liberar a tensão que estivera apertando seu estômago. De perto, ele era ainda mais bonito, embora 'bonito' parecesse uma palavra fraca para representar seus belos olhos verdes, do que ela pensara a princípio. Relembrando-se do encontro, decidiu que não devia ter esperado que tivesse sido melhor do que tinha sido. Pelo menos, para um primeiro encontro. Amanhã era outra história.

Recolhendo o próprio almoço, ela voltou para o serviço. Agradecidamente, não era muito exigente, de modo que não precisasse muito da sua capacidade mental, e podia repassar a conversa que tivera com ele, para ver se havia alguma indicação, ou até mesmo uma pequena dica de que ele podia achá-la atraente. Era esperar demais que ele demonstrasse interesse logo no começo, mas não podia negar que se divertira conversando com ele, e ele parecia ter se divertido com ela. Mas havia alguma hesitação em suas palavras. Oh, não, pensou, e se ele já tiver uma namorada? Ela sabia que ele não era casado — ele não usava aliança, algo que conseguira descobrir no começo de sua interação com ele —, mas isso não dispensava a possibilidade de uma namorada séria. Ou, pior, uma noiva.

Dando-se uma conversa motivacional nas linhas de noivando não é casado e, até o casamento, ele ainda é, pelo menos, semilivre, começou a planejar o que fazer no dia seguinte.

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Mais tarde naquele dia, se sentindo ainda mais culpado por quase ter flertado com a Garota No Banco, e esperando acalmar sua consciência, ele foi ao apartamento de sua namorada. Eles tinham um acordo de saírem às sextas-feiras à noite, e passa as tarde de sábados juntos. É claro, isso era bastante difícil durante a temporada, mas ainda se esforçavam para que tivessem tempo para o outro. Ela tinha acabado de voltar de uma longa viagem, e ele supôs que havia uma boa chance de ela estar em casa, e mais chance ainda de que ela ficaria feliz em vê-lo tão de surpresa, por assim dizer. É claro, era completamente possível que ela não estivesse em casa, ou ocupada demais para fazer qualquer coisa, mas ele precisava fazer algo para contra-atacar a culpa.

Bateu na porta e esperou. Poderia ter Aparatado direto dentro do apartamento, mas depois de ter acidentalmente surpreendido a colega de quarto dela em uma quantidade pouco adequada de roupa, eles tinham concordado que ele sempre chegaria do lado de fora, e bateria. Essa noite, entretanto, ele ficou bastante grato pelo tempo do lado de fora do apartamento dela. Isso lhe dava a chance de se recompor, por que, honestamente, estava mais nervoso em vê-la do que animado. Ela não poderia saber que ele estivera conversando com uma garota bonita no parque apenas por olhá-lo, poderia? É claro que não. E assim que tivesse a oportunidade de passar tempo com ela essa noite, ele seria capaz de reorganizar suas prioridades, e se esquecer sobre o almoço (bastante agradável) que passara com a Garota no Banco. Batendo mais uma vez, forçou sua mente a se focar em ver sua linda namorada abrir a porta, e o tempo maravilhoso que passariam juntos. Entretanto, sua mente traidora começou a repassar o encontro que tivera no almoço, enquanto esperava.

- Hey, o que traz aqui em uma quarta-feira? – a doce voz de sua namorada interrompeu a particular lembrança da risada que ouvira enquanto comia seu sanduiche, e o fez se sobressaltar, culpado.

- Oh, olá! Uh, nada, na realidade. – falou, sem encontrar seus olhos. Disse a si mesmo para se recompor, ou ela definitivamente adivinharia que algo estava acontecendo. Forçando-se a olhar diretamente para ela, continuou. – Eu estava com saudades da minha garota favorita, e pensei que talvez você estivesse com vontade de ver um filme ou algo assim...

O rosto dela se abateu, e um arrepio correu pela coluna dela.

- Oh, querido! Eu sinto muito, eu tenho que sair essa noite. O grupo vai começar a discutir escalações, e me falaram que eu precisava estar lá. Aparentemente, alguma estrela do Quadribol profissional irá visitar, também, para nos dar o 'beneficio de sua experiência'. Ele provavelmente vai ser um idiota convencido, como o último. – ela parecia realmente chateada por ter de dispensar um encontro inesperado.

- Bem, talvez eu possa ir com você? – ele perguntou, agarrando-se às migalhas, tentando salvar seus planos.

- Sinto muito, querido. Eles nos falaram especificamente que não poderíamos levar pessoas de fora hoje, algo secreto, suponho. Mesmo que minha vida dependa disso, não consigo adivinhar o motivo para ser tão secreto; não é como se tivessem alguma nova informação sobre como marcar gols ou capturar o Pomo. – ela pensou um pouco. – Talvez eu consiga me livrar disso, eles me devem uma por tê-los salvado... – e deu as costas para a porta, deixando-a aberta para que ele entrasse, e foi até a lareira. Pegando um punhado de pó de flu, ela o jogou na lareira e contatou seu chefe.

Ele não conseguia ouvir a conversa, embora pudesse supôs pela posição de seus ombros, seguida por ela os encolhendo, que não ia dar certo. Certamente, ela saiu da lareira e se virou para ele com um franzir.

- Sinto muito, querido, não posso perder essa. Mas não preciso ir para lá por meia hora... Talvez pudéssemos nos sentar no sofá por um momento. – o olhar tímido em seus olhos deixou-o saber que ela não planejava em apenas conversar platonicamente com ele.

Talvez isso funcione, ele pensou, eu me aninho com ela, e isso vai me ajudar a lembrar do por que eu a amo, e posso me esquecer da Garota no Banco.

- Certo, se não posso te ter pela noite toda, vou te ter por meia hora. – respondeu em voz alta, e pulou o encosto do sofá, pousando em seu lugar favorito.

Ela riu de seu entusiasmo e se juntou a ele, aninhando-se em seus braços na posição favorita deles. Ele se permitiu relaxar, então, e uma fragrância maravilhosa invadiu seus sentidos — ela sempre tivera um perfume maravilhoso para ele, embora não houvesse percebido isso até seu sexto ano, quando sentira o cheiro da Amortentia na aula de Poções, e o associara com ela. A conversa dera espaço para beijos longos e lentos, e ele se permitiu afundar nas sensações.

Enquanto se abraçavam e beijavam, ele se permitiu visualizar o futuro deles. Ele conseguia se ver voltando para casa todas as noites; entrar pelo portão da frente parecia estranho, já que ele provavelmente aparataria direto dentro da casa; e sendo recebido por... Gêmeos, talvez. Um garotinho e uma garotinha, um com o cabelo vermelho e o outro com olhos verdes, ou talvez o contrário. Então, sua linda esposa iria até a varanda, talvez segurando um bebê em seus braços. Ela sorriria para ele e perguntaria, Como foi o trabalho, querido?

Bem, ele responderia. Temos um novo grupo de recrutas, e vai demorar um pouco até eles se acomodarem, mas ao menos eles vão receber instruções decentes nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas agora, antes de irem para a Academia.

Isso é bom, ela responderia. Você almoçou no parque novamente?

É claro, seria sua resposta. Você sabe que eu sempre almoço lá.

Um sorriso passaria pelo rosto dela, então. Alguma garota bonita tentou se amassar com você hoje?

Milhares, querida, mas nenhuma delas chegava aos seus pés.

Nesse momento, ele já estaria parado em frente a ela, com os gêmeos pendurados em suas pernas.

Bom, ela afirmaria. Eu sou a única que tem permissão de dar em cima de você em um banco de parque.

Seus olhos se abriram com isso. Ele estava imaginando a Garota no Banco! Como isso poderia ter acontecido? Seus pensamentos começaram a ser recriminatórios. Mesmo enquanto beijava sua namorada, ele não conseguia parar de pensar na outra garota.

Ela deve ter percebido sua distração, e se sentou, virando-se para encará-lo.

- O que foi?

Ele corou levemente, e tentou pensar em algo para dizer. Ela o conhecia bem o bastante para ser quase impossível mentir para ela.

- Uh, nada, realmente. – respondeu, mas não conseguiu encontrar seus olhos.

Ela cerrou os olhos, e ele conseguia ver que ela estava começando a ficar chateada.

- Não tente mentir para mim. Algo está errado e eu quero saber!

Ele olhou ao redor da sala inquietamente, tentando achar um jeito sair dessa situação. Felizmente, ele viu o relógio sobre a lareira, que estava apontando para o "você está quase atrasada".

- Olha, querida, eu preciso conversar com você sobre algo, mas não quero fazer isso com pressa, e acho que você está sem tempo agora. – respondeu, apontando para o relógio.

- Oh, droga, preciso ir. – ela se ergueu apressadamente e arrumou a saia e blusa, se certificando de que estivesse apresentável. – Mas não pense que vou me esquecer! Eu te espero aqui amanhã, assim que sair do trabalho! – os olhos dela brilharam e ele prendeu o ar, pensando que ela ficava ainda mais linda quando estava brava com alguma coisa.

- É claro. – respondeu. – Eu te vejo amanhã, então. Amo você! – ele precisara gritar isso, já que ela estava parada na lareira, se preparando para ir para sua reunião via Flu.

- Amo você também... – ele ouviu a voz dela sumir conforme ela sumia nas chamas.

Suspirando fundo, ele se ergueu e esfregou as mãos no rosto. Como ele ia contar a ela que estava encantado por uma garota com quem conversara no parque? Ela não era do tipo que perdoava algo desse tipo tão facilmente. Esperava receber apenas alguns feitiços e tratamento de silêncio por uma semana — ele realmente não queria perdê-la. Um pensamento o atingiu nesse momento. Se ele a perdesse, perderia a família dela também! Estremeceu perante isso. Aprendera a amar a família dela imensamente no tempo que a conhecia. De fato, ele via os pais dela como os próprios. Ele estava ansioso para ser tornar parte da família eventualmente e, agora, por que fora incapaz de resistir à tentação, ele poderia perder todos ao mesmo tempo.

Voltou a se sentar, e se forçou a pensar, a realmente examinar seus sentimentos pelas, agora, duas garotas em sua vida. Primeiro, sua namorada. Ele a amava? Pensou em todo o tempo que a conhecia, e examinou como seus sentimentos tinham crescido e mudado durante os anos. Decidiu que realmente a amava — não estava se enganando. A próxima questão era se ele queria continuar a se aproximar mais e mais, e eventualmente se casar com ela. Fechou os olhos, tentando imaginar sua vida com ela. Conscientemente bloqueando as memórias do almoço, tentando imaginar sua namorada segurando o bebê, recebendo-o na casa deles. Isso se provou ser muito mais difícil do que ele esperara — não da maneira fácil que imaginara sobre a Garota no Banco. Certamente conseguia vê-los juntos, mas seu estômago se apertou quando percebeu que não conseguia vê-los em uma casa, com crianças, apenas um apartamento normal, que frequentemente ecoava solidão quando ela estava longe, em suas viagens.

Abrindo os olhos com um ofego, se sentou ereto.

- O que vou fazer? – perguntou em voz alta.

- Espero que você vá embora logo. – disse uma voz atrás de si.

Erguendo-se, assustado, girou no próprio eixo e sacou a varinha em um movimento rápido.

- Stupefy! – gritou enquanto se virava, e um jato de luz vermelha acertou o peito da colega de quarto de sua namorada. Ela caiu molemente no chão, e ele derrubou a varinha em choque. – Oh, maldição. – amaldiçoou para si mesmo. – Ela já me odeia por vê-la de calcinha, e agora ela vai me matar. – depois de pensar um pouco, ele decidiu que não queria deixá-la acordar naturalmente do feitiço, que tinha sido bastante forte por ele ter se assustado. Ser revivida sempre diminuía o efeito do feitiço, e ele podia fazer pelo menos isso por ela, depois de tê-la atordoado, para começo de conversa. Também decidiu que definitivamente seria melhor se sua namorada não voltasse para casa apenas para encontrar sua colega desacordada no chão. Abaixou-se e a pegou, deitando-a no sofá, esticando suas pernas, e se certificando de que ela parecesse confortável. Pegou sua varinha e, erguendo-se, olhou ao redor da sala, para ter certeza de que não se esquecera de nada, antes de andar até a porta. Enfeitiçando o trinco para se trancar quando a porta fechasse atrás dele, ele saiu do apartamento, e puxou a porta até ela estar completamente fechada. Passou a varinha pela abertura, e murmurou: - Reevervate. – puxou a varinha de volta, e continuou a espiar até vê-la começar a se mover. Fechando a porta o mais silenciosamente possível, caminhou para o mais longe possível, até se sentir seguro para aparatar para casa.

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Certamente seu namorado estivera agindo de modo estranho àquela noite. Mentalmente, fez uma lista de tudo que estava estranho em seu comportamento. Primeiro, ele aparecera em uma quarta-feira à noite, com alguma patética desculpa de ter sentido saudades — eles já tinham tido essa conversa; frequentemente, ela precisava viajar com a Liga, e ele entendia isso, pelo menos, ele tinha dito entender. Segundo, enquanto ele normalmente gostava de lhe contar tudo sobre seu dia, ele estivera muito mais silencioso que o normal sobre os detalhes. E, mais revelador que isso: ele parecia estar distraído enquanto se aninhavam no sofá. Ela ficara feliz em vê-lo, embora surpresa, mas os beijos, abraços e relaxamento tinham sido muito menos relaxante do que o normal — ele estivera tenso, e se assustara tanto no final que ela quase caíra do sofá.

Sim, definitivamente alguma coisa estava acontecendo. Pelo menos ele estava disposto a falar sobre isso; não tentando deixar isso de lado, ou fazer de conta que estava tudo bem. Ela já tinha aprendido como fazê-lo confessar seus erros, pelo que ela era bastante grata. Sua colega de quarto tinha lhe contado muitas histórias sobre namorados traidores, e noivos infiéis, e ela se sentira muito abençoada por ter encontrado seu namorado tão cedo, e não ter de passar por sua quota de perdedores primeiros.

Um pensamento a atingiu então — e se ele houvesse encontrado outra pessoa? Ela ainda tinha algumas inseguranças no que se tratava dele. Sabia muito bem o quão desejável ele era, e a frequência com que era eleito o Solteiro Mais Desejável, mesmo que nunca lesse essas revistas. Esperara e rezera para que fosse capaz de fazer jus às expectativas dele. Será que, de algum modo, ela tinha falhado? Ele tinha ficado solitário demais, enquanto ela estava viajando pela última vez? Sua mente começou a formar inúmeros cenários onde ele lhe dizia que não a amava, que estava mais interessado em belas e exóticas asiáticas, como aquela garota da escola. Ou, talvez, ele gostasse de garotas com pele branca e sem manchas, e cabelos loiros, como aquela atriz norueguesa, qual era o nome dela?

Ela já estava se levando ao pânico quando chegou à sala de conferência, aonde iam se encontrar àquela noite. Balançando a cabeça e se forçando se deixar esses pensamentos no fundo de sua mente, se sentou na ponta da mesa, o melhor lugar para ficar de olho naqueles ao seu redor. O resto do time entrou em pequenos grupos entretidos no que ela assumiu serem conversas interessantes, das quais normalmente ela teria se divertido em fazer parte, mas que naquela noite não conseguia se concentrar.

Mas, então, se viu sem ar. Esse deve ser o Deus do Quadribol, quero dizer, profissional! Ele era lindo! E ela sentiu seu coração se afundar. Como posso estar atraída por ele? Eu amo meu namorado! Mas não importava o quanto tentasse acalmar seu coração disparado, toda vez que se pegava olhando para ele, sentia sua garganta ficar seca e sua mente inventava motivos para falar com ele depois. Bem, acho que é bom que vamos conversar amanhã à noite; talvez eu consiga tirar esse homem da minha cabeça.

Depois da reunião, ela arrumou suas coisas apressadamente e fez menção de ir embora, mas foi impedida por um braço bastante musculoso bloqueando o caminho.

- Olá. – foi tudo o que ele disse, mas foi o bastante para deixar seus joelhos moles. Ele se apresentou, e ela supôs que estava com muita pressa para prestar atenção, mas seu subconsciente escutou e catalogou tudo o que ele disse. E, para seu horror, ela se viu concordando em vê-lo novamente.

- ... Mas apenas para discutir Quadribol! – seu cérebro outrora racional conseguiu adicionar no final.

Ele riu com isso, e disse:

- Mas é claro. Eu amaria ser capaz de conversar mais com uma mulher tão bonita. Mas devemos manter as coisas... Profissionais. – mas suas palavras eram traídas pelo brilho em seus olhos quando ele falara a última palavra.

Amaldiçoando-se por sua fraqueza, usou o flu para ir para casa, esperando que seu namorado já tivesse saído de seu apartamento. Ao chegar, descobriu que ele já tinha ido, mas sua colega estava parada, furiosa, e com faíscas saindo de sua varinha, o que lhe deu bastante sofrimento para compensar.

Finalmente, foi para a cama, temendo a conversa com o homem que, desde que conhecera, se fizera presente tão fortemente em seu coração, e esperando que, seja lá o que decidissem, ambos ficassem feliz com o resultado.

-x-

A noite tinha sido inquieta. Ele não conseguiu dormir antes das três da manhã, e então seus sonhos foram preenchidos por possíveis futuros, que se alternavam entre crianças e a Garota no Banco em uma casa caótica, bagunçada e cheia de amor, e uma vida de casado feliz, mas calma, com sua atual namorada. Acordou na manhã seguinte sentindo-se como se tivesse viajado com o Nôitibus por três horas, e se barbeou e tomou banho preguiçosamente, antes de andar sete quarteirões e meio, até se sentir acordado o bastante para aparatar para o trabalho sem temer se estrunchar. Chegando à Academia de Aurores, foi para seu escritório, ignorou sua caixa de entrada, se sentou em sua cadeira, e prontamente adormeceu. Foi acordado trezes minutos depois pela secretária do departamento entrando apressadamente na sala, e gritando que ele já estava sete minutos atrasado para a primeira aula, e os alunos estavam ficando impacientes.

Os alunos estavam mais barulhentos que o normal àquela manhã, zombando da distração de seu instrutor. O nível de barulho estava muito maior que o normal, e ele precisou enfeitiçar três alunos — bem, quatro, se feitiço de cócegas contasse — para que os outros o ouvissem. Depois de duas horas menos que educacionais, onde falaram sobre feitiços de disfarce e o uso apropriado de uma peruca trouxa, todos os homens (e mulher, seu cérebro adicionou sonolentamente) ficaram surpresos quando os dispensara para o almoço quarenta e cinco minutos mais cedo.

Sabendo que precisava de tempo para pensar, andou até o banco do parque e se sentou. Os sonhos que tivera apenas serviram para deixá-lo ainda mais inquieto e serviram de aviso de que ele realmente chegara a uma encruzilhada em sua vida. Olhando neutramente para o lago de patos, ele se colocou a pensar. Na noite passada pensara seriamente se amava ou não sua namorada. Sob a luz do sol do meio dia, ele decidiu que não estava errado em suas conclusões — ele a amava, profundamente. Amava-a o bastante para ficar feliz com a ideia de se casar com ela. Mas então pensara sobre a Garota no Banco. Quando o fez, seu coração parecera mais leve e, embora não soubesse, seus lábios tinham se curvado em um fraco sorriso. Imaginando-se com ela, ele conseguia ver que o relacionamento entre eles seria completamente diferente. Ela tinha uma personalidade diferente de sua namorada, e ele se viu intrigado com a possibilidade de explorar como um relacionamento com ela seria.

Continua...

N/T: Mais uma tradução para vocês! Essa é curtinha, apenas três capítulos, mas a tradução ainda não está completa, por isso terá um espaço maior entre as atualizações.

Quanto à história, eu sei o que parece, provavelmente pensei o mesmo que vocês, mas vale muito a pena ler até o final. Então, apenas tenham paciência e pode ser que se surpreendam. (:

Obrigada por lerem, comentem o que acharam e até a próxima atualização.