Resumo: Durante toda a vida Gina Weasley evitara homens perigosos, e secretamente apreciava a superproteção dos irmãos, que mantinham seus pretendentes a distância. Mas quando o sexy bombeiro Harry Potter chega a cidade, Gina repensa sua posição a respeito dos perigos e resolve arriscar-se no amor...

Harry Potter não procura amor: quer fazer uma brilhante carreira profissional e mudar-se para uma cidade grande. Está ali só de passagem... Mas Gina está começando a fazê-lo mudar de idéia...


CAPÍTULO I

- Venha cá, Fofa! - pediu Ginevra Weasley, encarrapitada no galho do grande carvalho, segurando-se com uma das mãos e estendendo a outra para os ramos mais altos.

Fofa, enroscada bem acima, era uma gata persa mestiça, que piscou os olhos cor de topázio em sua direção.

- O que esperava, Gina? - murmurou a jovem para si mesma. - Que esse felino maluco caísse em seus braços, depois de ficar dependurado nessa árvore por duas horas e meia? As coisas não são fáceis assim.

E por certo não para ela, finalizou em pensamento.

- Chamei o Corpo de Bombeiros, meu bem - avisou Roland, o dono de Fofa, falando alto para se fazer ouvir. - Fique calma, Gina!

Ela quase caiu e precisou se segurar com força para não entrar em pânico.

- Talvez tenha se precipitado, Roland - gritou para baixo, tentando enxergá-lo entre os ramos espessos.

Roland Patterson, proprietário da loja de animais vizinha da butique de Gina,sorriu com prazer, os olhos castanhos brilhando.

Gina logo percebeu por que fora tão importante para ele chamar os bombeiros. Roland adorava o uniforme!

Havia quase dois anos, ela e o amigo eram negociantes estabelecidos na rua principal de Baxter, estado da Geórgia. Como a confeitaria, a academia de ginástica e a floricultura, haviam recebido empréstimos generosos da administração da cidade, de acordo com o plano de expansão urbano para o centro.

Gina adorava sua loja que chamara de Modas Weasley, e a independência que lhe dava, apesar de seus irmãos superprotetores terem discutido cada item do contrato que assinara para o empréstimo.

Isso a fez lembrar que logo chegariam, com suas sirenes potentes e luzes do Corpo de Bombeiros de Baxter.

- Por favor, que não tragam o carro com a escada - rezou em voz baixa.

Ficou petrificada ao visualizar-se, descendo os degraus da escada de bombeiros, e metade da cidade olhando-a, comentando sobre a lingerie que usava.

Ante o pensamento desagradável, subiu em mais um galho da árvore, renovando as esperanças de recuperar a gata fujona.

- Venha, Fofa - implorou, estendendo as mãos para o animal teimoso.

Porém o bichano continuou a lamber a pata, com toda a calma.

Com medo que o nervoso Roland chamasse os bombeiros por causa de uma trivialidade, subira no carvalho gigante a fim de pegar a gatinha. Podia enfrentar crises, pensou ela, e sem a ajuda dos irmãos. Entretanto Roland acabara fazendo o que mais temia.

Gina ouviu o som da sirene a distância.

- Droga! - resmungou.

Pensou em descer correndo da árvore que levara trinta minutos para escalar, mas ao olhar em direção à grama verde de verão, mudou de idéia. Engoliu em seco e perguntou-se como tivera a coragem de subir tão alto.

E o pior era que uma pequena multidão se reunira na calçada. Duas senhoras idosas esticavam os pescoços magros em sua direção, e alguns garotos dançavam ao redor de Roland, gritando:

- Pula! Pula!

As pessoas que passavam, paravam, apontavam para o alto e comentavam algo inaudível.

Gina apoiou a testa de encontro ao enorme tronco do carvalho, e maldisse sua impetuosidade. Lutara toda a vida contra a mentalidade heróica de sua família, e tentara ser cautelosa e sensata. O pai perdera a vida em um incêndio, como herói, sem pensar no caos emocional e financeiro em que deixaria os filhos. Os irmãos,

Charles e Gui, que eram bombeiros, e Rony, o policial, tudo faziam, no dia-a-dia, para manter a lenda paterna, enquanto ela, ao contrário, tentava levar uma vida comum.

A mãe jamais se recuperara inteiramente da perda do marido, e mudara-se para outra cidade havia alguns anos. Gina trabalhava, pagava seus impostos atendia as clientes, e saía a cada quinze dias, nos sábados, com as amigas, enquanto se preocupava muito com os irmãos e suas profissões perigosas.

Era a responsável pelos estoques e contabilidade, enfim, sua vida era bastante ocupada. Por que então decidira executar seu próprio ato heróico da semana e tentar resgatar aquela gata boba? Se pelo menos Roland não houvesse se mostrado tão desesperado...

- Não pule, querida! - gritou alguém lá em baixo. Gina olhou na direção da voz e viu uma das senhoras idosas.

- Não vou pular - gritou, furiosa com os meninos que continuavam a dizer aquilo.

- Fique calma - berrou a mesma senhora. - Lembre-se de que a vida é maravilhosa! Você tem muito que viver!

Gina fechou os olhos e respirou fundo. A velha pensava que queria terminar com tudo... pulando de um carvalho no meio do parque? Deus! Sentindo-se ridícula, apontou para Fofa no galho mais alto.

- Só quero pegar a gata - explicou.

- Não precisa inventar desculpas, querida - replicou a senhora com expressão preocupada.

Gina cerrou os dentes com raiva.

- Não estou...

- Amamos você!

Afastando as folhas para olhar melhor a mulher intrometida, percebeu que era uma estranha. Por certo, refletiu, se fosse alguma conhecida sua, saberia que não era do tipo suicida.

- Quero pegar o gato - repetiu, subindo mais um galho para se aproximar de Fofa.

A pequena multidão soltou exclamações, e a criançada gritou em coro, ainda mais alto:

- Pula! Pula!

A mesma senhora ergueu as mãos em desespero.

- Pare! Não se mexa!

Então o Corpo de Bombeiros chegou, com a escada muito alta, e mais um carro-pipa e uma ambulância.

Gina suspirou resignada, sentando-se no galho grosso e encostando as costas no tronco enorme.

- Bem, Fofa - resmungou para a gata, muito solene, nos ramos acima. - Conseguiu o show completo.

O capitão Gui Weasley, seu irmão mais velho, saltou do caminhão, assim como Carlinhos, o mais moço cinco anos. Outros bombeiros foram descendo dos demais veículos, todos à espera das instruções de seu líder.

Afastando o rosto da cena humilhante, Gin imaginou, de modo ausente, quando chegaria seu terceiro irmão, o policial.

Com o estômago roncando, lembrou-se de que ainda não almoçara. Fofa aproximou-se, encostou a cabeça em seu colo, e começou a ronronar nervosa.

Também devia estar faminta, a essa altura, refletiu Gina. Afagou a orelha da bichana e disse:

- Poderia ter sido mais sensata há uns vinte minutos, e ter-nos poupado essa confusão.

Fofa enroscou-se no seu colo, acomodando-se.

- Ai! - gritou Gina, afastando o braço, quando ura galho mais fino a arranhou.

Ante o gesto brusco, a multidão voltou a soltar exclamações de pânico, a senhora atarantada gritou, e a criançada cantou com mais vigor o eterno refrão.

- Pula! Pula!

- Gina? - berrou uma voz conhecida. Ela acenou para Gui.

- Estou aqui!

- Não pretende pular, certo?

- Hoje não.

- Pode descer sozinha?

- Se acha que posso...

- Gina...

A voz do irmão soou severa, como só acontecia quando queria forçá-la a desistir de alguma idéia travessa.

- Estou descendo - avisou ela.

Apoiou o pé em um galho mais baixo, usando uma das mãos, enquanto segurava Fofa debaixo do outro braço.

Entretanto a gata se assustou com o movimento, e enfiou as unhas afiadas na pele de Gina, saltando para um outro galho, enquanto a moça fazia uma careta de dor, e tentava recuperar o equilíbrio.

Suor frio porejou de sua fronte, enquanto sussurrava com os dentes semicerrados:

- Isso não teve graça, Fofa!

- Pula! Pula!

- Calem a boca! - berrou, entre frustrada e envergonhada. Um filete de sangue escorria pelo seu braço. Voltou-se para cima, e disse para à gata:

- Agora é cada uma por si!

Começou a descer, mas logo ouviu um barulho conhecido. A escada! Recostou-se de novo, e gemeu:

- Por que essas coisas só acontecem comigo?

A gata ronronou.

- Concordo, Fofa.

- O meu nome é Harry, meu bem, não Fofa. Quer me dar sua mão?

Gina voltou a cabeça, surpresa, ante a voz desconhecida, profunda e sensual, e fez outra careta de dor. Fitou o homem que falara, logo um galho abaixo,

e que tinha olhos verdes .A mesma cor da esmeralda que sua mãe usava, pensou. A tez era morena, com cabelos negros, e possuía ombros largos e braços musculosos.

Surpreendida com a aparição, quase perdeu o equilíbrio, mas ele a segurou pelo pulso, em um gesto rápido e decidido, transmitindo-lhe um intenso calor por

todo o corpo.

- Segure firme, meu bem - disse ele. - Quero impressionar meu capitão.

Gina piscou diversas vezes. Claro! Era o novo bombeiro e paramédico que Gui mencionara na semana anterior, no jantar de domingo. Dissera que o rapaz era de uma pequena cidade da Louisiana, e muito ambicioso.

Outro herói, pensou Gina, desanimada. Mas, afinal, ia salvá-la nesse instante, e não pretendia discutir.

- Peguei-a - disse Harry. - Vamos!

Ela sorriu e alcançou a escada que balançava. Enlaçou o pescoço do novo bombeiro, e o calor de seu corpo voltou a deixá-la zonza. Cheirava a almíscar e pinho e, por certo, fizera a barba nessa manhã, O corpo era rijo e forte e, pela primeira vez em muito tempo, Gina sentiu-se atraída por um homem, disposta a desafiar a superproteção dos irmãos, e até sua própria reputação.

Sorrindo, ele deslizou o olhar pelo corpo trêmula que segurava e murmurou:

- Esse é o tipo de salvamento que gosto de fazer.

O coração de Gina disparou. Havia muito tempo ninguém a fitava desse modo audacioso... Todos tinham medo de enfrentar a fúria de seus irmãos. Mas ousou retribuir o olhar também com admiração.

Harry não era um modelo de beleza masculina, refletiu, porém chamava muita atenção, com tantos músculos e a pele morena. A camiseta vermelha do Corpo de Bombeiros de Baxter ajustava-se como uma segunda pele ao tórax musculoso, e a calça preta do uniforme moldava as pernas longas de modo viril.

Mesmo um degrau abaixo na escada, parecia bem mais alto que ela, e...

Então, um pensamento surgiu como um raio, e Gina lembrou-se.

- Não se esqueça de Fofa!

Harry relanceou um olhar para o alto, e sugeriu:

- Que tal cuidarmos de você primeiro? Depois pegaremos a gata.

Gina lançou um olhar para Fofa, como a dizer que era bem-feito para ela, e tratou de acompanhá-lo.

Em segundos atingiram o solo e foram saudados por uma salva de palmas, gritos de júbilo. Gina ergueu o rosto para era mesmo muito alto, pensou.

- Tudo bem com você? - ele perguntou, com um sorriso devastador.

Ela apenas sorriu, sentindo um nó na garganta e, antes de desmaiar, pensou novamente: Por que isso aconteceu comigo?

Na calçada, Harry a tomou nos braços, enquanto vários pensamentos o assaltavam. Essa era uma moça especial e, por certo, não para ele, um selvagem.

Durante anos estudara na escola paroquial das freiras de Santa Catarina, que sempre ameaçavam expulsá-lo. Seus avós o faziam esfregar o chão do bar-restaurante que possuíam e diziam que Harry não tinha jeito.

Fitou o lindo rosto oval de Gina e, considerou o contraste entre a expressão angelical e a calcinha vermelha que ela usava. Conseguira ver esse detalhe, quando subira na árvore.

Gui Weasley aproximou-se correndo.

- Gina?

Nome perfeito para um anjo, refletiu Harry, mas logo ergueu a cabeça, surpreso.

- Gina! - repetiu. - Sua irmã?

Quando Gui aquiesceu com um gesto, Harry percebeu por que os olhos castanhos da jovem pareciam conhecidos. O capitão o fitava com uma versão preocupada.

- Vamos levá-la para a ambulância - comandou Gui. Charles já se aproximara também, dizendo:

- A maca!

- Gina só desmaiou - explicou o mais velho.

Os dois se entreolharam com ar de entendimento e afeto, e Carlinhos sorriu.

- É claro, pobrezinha.

Com cuidado, Harry acomodou a irmã sobre a maca que retirou da ambulância, tomando seu pulso. Os batimentos cardíacos estavam um tanto apressados. Colocou uma máscara de oxigênio sobre seu rosto, e perguntou a Guilherme:

- Ela já desmaiou outras vezes?

- Sim - replicou Carlinhos.

Harry pegou um estetoscópio e examinou o coração de Gina, tentando ignorar o movimento suave dos seios, e o calor de sua pele. Já atendera outras moças atraentes, mas jamais se sentira tão perturbado, refletiu. Nunca um sorriso e

intensos olhos castanhos tinham deixado seus joelhos bambos.

Notou um pequeno corte no antebraço, e aplicou anti-séptico.

- Está grávida? - perguntou aos irmãos.

De punhos cerrados, Carlinhos levantou-se de um salto.

- É melhor que não esteja! - rosnou. Gui segurou o irmão pelo ombro.

- Calma, mano. É claro que não.

- Como pode saber? - questionou Charles com os olhos semicerrados.

- Porque você ou Rony já teriam matado o sujeito.

De modo instintivo, Harry afastou as mãos de Gina. Bem, pensou com seus botões, qualquer interesse na irmã do chefe seria uma péssima estratégia.

- Ela tende a desmaiar sempre que fica muito nervosa - explicou Gui. -

- Meu Deus! - gritou um homem, surgindo entre a pequena multidão, e atirando-se sobre as pernas de Gina. - Ela vai morrer!

Harry agarrou o sujeito pelo braço e fez que se afastasse da paciente. Seu físico possante sempre impunha respeito, ainda mais com um tipo franzino como

aquele.

O homem o fitou de modo assustado, afastando as lágrimas dos olhos castanhos, e murmurou:

- Mas, Gina...

- Acalme-se, Roland - disse Gui, um tanto exasperado com o rompante. - PVM significa Prolapso da Válvula Mitral, isto é, o coração não libera o sangue completamente, e o estresse às vezes agrava a situação.- Roland fitou Gui com um olhar que, para Harry, pareceu de adoração, e segurou o braço do capitão.

- Verdade? - murmurou o dono da casa de animais. - Que fascinante!

Gui afastou-se da mão de Roland como se houvesse se queimado com uma panela de água fervente.

- Carlinhos? - chamou Harry, afastando-se da maca por um segundo.

- Sim?

- Aquele sujeito... - falou em voz baixa - ...estava... flertando com Gui?

- Sim. É Roland Patterson. O proprietário da loja de animais que ligara para o Corpo de Bombeiros, refletiu Harry.

- Devia vé-lo quando encontra Rony - continuou Steve. - Adora policiais mais do que bombeiros.

- Não brinque!

Mas Roland já se aproximava, gesticulando muito e perguntando:

- E Fofa? Não vão salvá-la?

- A gata - explicou Harry, ao ver Gui franzir a testa.

- Vou cuidar disso - falou Carlinhos.

Afastou-se, ao mesmo tempo em que uma senhora idosa se aproximava, entregando um cartão de visitas para Gui. Por cima do ombro do chefe. Harry leu:

"Aconselhamento para Crises".

- Deve encorajá-la a marcar uma hora em meu escritório o mais breve possível, capitão. O fato de ela ter subido na árvore é um grito de socorro - disse a senhora.

- Gina não é suicida, senhora - replicou Ben, passando as mãos pelos cabelos. - Apenas impulsiva.

A velha fitou-o com um olhar duro.

- Entregue meu cartão a ela, por favor. - E foi-se embora.

- Raios! - exclamou Gui, fitando a irmã na maca, que girou a cabeça, lutando para despertar. - Como será que se mete nessas confusões?

Porém Harry pensava que o incidente fora muito divertido e, sem dúvida, o mais excitante que lhe acontecera, desde que chegara à cidade havia duas semanas. Já se imaginava colocando no currículo: "salvamento com escada". Isso seria um ponto a seu favor quando tentasse ingressar no departamento de bombeiros em Atlanta, no ano seguinte. Baxter seria uma boa alavanca em sua carreira, e sabia que iria aprender muito com Gui, que só parecia perder a calma quando se tratava da irmã.

Voltou a fitar a jovem, checando o pulso de novo, só para tocá-la. Era uma linda moça, magra, com delicados pezinhos de unhas pintadas. E engraçada também, lembrou-se. Tivera vontade de rir quando ela respondera ao irmão que não pretendia pular da árvore nesse dia.

Pena estar fora de seu alcance, refletiu, mas, afinal, famílias protetoras nunca o tinham impedido de conquistar uma garota...

De repente Gina abriu os olhos e encarou Jack, a poucos centímetros de distância da máscara de oxigênio.

- Que negócio é este? - murmurou, arrancando a máscara e fitando-o, por um segundo sem reconhecê-lo. Depois sorriu.

- Oh! É você de novo.

- Harry Potter - murmurou ele, muito interessado e tratando de examinar-lhe as pupilas. - Como se sente?

Ela corou, lembrando que desmaiara em seus braços. Será que também sentira a mesma atração?, perguntou-se Harry. Ou estaria apenas envergonhada?

Mas Gui já segurava a mão da irmã.

- Deu-me um susto danado, Gina! O que fazia naquela árvore? Arriscando o pescoço por causa de um gato maluco?

- Estou bem -respondeu Gina, fitando o novo bombeiro.

- Acho que foi o calor...

Calor?, repetiu Harry em pensamento.

- Não está sendo cuidadosa - continuou Gui, com ar de desaprovação. Então Harry percebeu que continuava agachado ao lado da maca, quase tocando o nariz de Gina, e tratou de se afastar. O que estava pensando?Recriminou-se. Derretendo-se pela irmã do capitão bem na frente dele? Não podia ser assim maluco! Tratou de recolher seu material.

- Os médicos disseram que não preciso de remédios - replicou Gina, afastando a mão de Gui. - Não desmaiava desde que você e Carlinhos foram chamados para o incêndio em Monroe.

O irmão passou-lhe os dedos nos cabelos.

- Não acredito que subiu naquela árvore. É tão delicada e...

- Delicada? - Gina ergueu os olhos para o céu, deslizou da maca, e ajeitou o vestido. - Por favor, pare com isso!

- Ora! Fui eu que tirei uma pessoa de uma árvore de dez metros de altura! Sei o que digo! - rosnou Gui.

- Não foi você, mas Harry - corrigiu Gina, fazendo uma careta para o irmão.

Voltou-se para o novo bombeiro e sorriu agradecida. Harry sentiu um calor abrasador percorrer-lhe o corpo. Deus! A garota era uma tentação!

Charles aproximou-se, com a gata Fofa debaixo do braço.

- Eis Fofa - anunciou. - Sã e salva!- Gui suspirou.

- Devolva-a para Roland, e vamos embora. Parece que esta emergência acabou.

Gina e Carlinhos fizeram continência ao mesmo tempo.

- Sim, capitão!

- Vamos lá, tenente - sibilou Gui, sem achar graça na brincadeira.

Harry voltou-se para Gina a tempo de vê-la dar as costas e se afastar.

Quando a multidão de curiosos começou a avançar em sua direção, ela deu meia-volta e caminhou para a frente da ambulância. Harry a seguiu, até chegarem ao carvalho.

- Onde estão meus sapatos? - gemeu a garota.

- Como são? - perguntou Harry.

Ela voltou-se, só então percebendo sua presença. Pôs as mãos nos quadris e perguntou:

- Quantos pares de sapatos está vendo por aqui? Se encontrar um, são os meus.

Continuou a procura, resmungando sobre a falta de bom senso dos , pequena, engraçada, independente, atrevida e... delicada, como

dissera Gui, Harry sorriu consigo mesmo. Era preciso dar tempo ao tempo...

Seguiu atrás de Gina, enquanto ela dava a volta no frondoso carvalho e viu um par de sandálias de saltos altos.

- São esses, ma petite? - gritou, erguendo os objetos e sorrindo.

- Sim, obrigada.

Gina recebeu as sandálias e calçou-as. Depois endireitou o corpo e sorriu também. A raiva desaparecera dos olhos castanhos, que agora brilhavam com

inteligência e encanto.

- Gui disse que você é cajun - falou, referindo-se ao nome dado pelas pessoas na Louisiana, aos descendentes dos colonizadores franceses. - Não

entendo quase nada de francês, por-Lunto precisa traduzir.

- Chamei-a de "minha menina". O francês falado em minha região é um pouco diferente do tradicional. - Harry aproximou-se para fitá-la nos olhos.

Era muito alto, o que constituía um ponto a seu favor para o trabalho de bombeiro, mas às vezes intimidava as mulheres.

Gina quase perdeu o equilíbrio, e ele a segurou pela cintura.

- Vai desmaiar de novo?

De modo instintivo, pressionou os dedos em seu pescoço para sentir as batidas do coração. Deus! Estava procedendo como um animal selvagem!

Censurou-se. Tentando flertar com a moça, quando ela não se sentia nada bem.

Estudara muito para se tornar bombeiro e paramédico, e tinha cinco anos de experiência. Por que agia agora de modo tão leviano?

Gina piscou diversas vezes, e deu um passo atrás.

- Estou bem. São essas sandálias de saltos. Quase perdi o equilíbrio.

- Precisa ir ao médico - recomendou Harry.

- Fale mais alguma coisa em francês - pediu Gina, ignorando o comentário.

Sem querer insistir em um assunto que, afinal, não era da sua conta, Harry tratou de obedecer.

- Ange. Significa "anjo".

- Gostei - replicou ela, sorrindo.

De novo a excitação apossou-se de Harry. Gina conseguia deixá-lo louco!

Com voz rouca, murmurou:

- Combina com você.

Ela soltou uma risada e caminhou pela grama.

- Não tenho certeza.

Em questão de segundos estariam de novo sob as vistas dos irmãos vigilantes, e Harry sabia que não lhe restava muito tempo.

- Talvez possamos tomar um drinque ou jantar qualquer dia desses? - sugeriu.

Ela parou de andar e voltou-se para encará-lo.

- Não tenho encontros com rapazes.

Harry franziu a testa. Como era possível? Uma moça tão linda... Como se compreendesse sua perplexidade, Gina deu-lhe um tapinha amigável no braço.

- Desculpe. Encontros para mim são motivo de muita confusão.


Bom esse foi o primeiro capítulo,espero que gostem.