Meus braços, seus braços. Meus lábios, seus lábios. Minha mente, sua mente. Literalmente. Duplamente. Primeiramente tu a tinhas por comandá-la, dominá-la e estar nela. Duplamente. Estava sempre, sempre em minha mente, de qualquer forma. De qualquer forma que eu estivesse. E são duas só para constar.

Ele aparece em toda sua glória e eu entendo a razão de eu querê-lo tanto.

De ansiar seus toques, suas palavras, seu calor. E que calor. Ele é quente. Duplamente quente. E é forte. E tem jeito. Aquele jeito.

Tenho crises de abstinência dele e minha cabeça grita. Grita o que eu quero gritar. Ou melhor, o que eu não quero gritar. Mas preciso. Preciso muito. Preciso tanto.

Meu.

Ele é meu.

Mentira...

Ele não é meu.

Mas eu quero que ele seja meu.

E pelo menos agora ele será.

Enquanto eu puder tê-lo em meus braços, enquanto eu puder sentir seu cheiro de prazer, enquanto eu sentir seu gosto, ele será meu. E ele se aproxima mais ainda. Ele é meu agora.

Nós dançamos um tango horizontal de proporções desmedidas em força e agilidade, e que pecava na falta de delicadeza. Eu gosto assim. Eu gosto de dançar assim. E ele dança bem. Ele me guia muito bem. Somos um ótimo par.

E somos sim!

Mas, ele não é meu. E eu reluto em aceitar isso.

O prelúdio do dia que nasce, e a verdade, a triste verdade que vem com o dia, com o raiar do sol e com ele fora de mim. Mas estávamos na quinta dança, e agora ele chegara ao final da quinta canção. Quinta, pelo menos para mim. Agora ele cai sobre mim, e todo seu peso não me faz mal algum. Suas palavras sussurrantes ao pé do meu ouvido pareciam gritantes, e eu o aperto forte.

- Eu te amo.

Talvez agora eu me lembre a razão de eu querê-lo tanto.

Eu o amo também.