Prólogo

Hyoga dormia calmamente na cama de Camus. Estava tão tranqüilo que até parecia um anjinho com os cabelos loiros espalhados pelo travesseiro branco, as bochechas rosadinhas e a pele branquinha. Camus sentado na beira da cama admirava o filho, e quando via essa criatura tão linda e dependente deles, não conseguia acreditar que Natássia foi capaz de largá-lo.

Claro estava muito feliz em ter seu filho junto de si, permanentemente, já que depois do nascimento dele, a ex- namorada voltou para a Rússia, levando o filho deles junto, então só via o filho pelas fotos que Natássia mandava por e-mail ou quando viajava para lá, nas férias da faculdade.

Ainda estava estranhando um pouco ter um bebê em casa, afinal, o apartamento que dividia com o melhor amigo não estava estruturada para a presença de uma criança, sendo que já fazia dois dias que Hyoga morava com ele e o bebê dormia na sua cama junto com ele, já que teria que mudar a estrutura do quarto inteiro para colocar um berço, que ainda era inexistente.

Soltou um suspiro, como Natássia podia ser tão imatura? Nem ele, que era cinco anos mais novo que ela, tendo somente seus 20 anos, abandonaria o próprio filho para casar, com uma pessoa que considerava filho fora do casamento algo impuro. Malditos cristãos ortodóxicos. Claro que para ele também não ia ser fácil. De manhã ele tinha que ir para a faculdade de culinária, e o deixaria com a sua mãe adotiva, de tarde, ele mesmo ficaria em casa e cuidaria do filho e de noite ia pro restaurante que trabalhava como assistente do chef. E seu amigo Milo ficaria com ele a noite, enquanto estivesse trabalhando.

O francês se surpreendeu com o melhor amigo, achou que o grego não ia gostar nem um pouco de ter um bebê dentro do apartamento, afinal o apê era dos dois, e Milo tinha todo o direito de opinar, tanto quanto ele, mas ele aceitou bem a vinda de Hyoga e se prontificou até mesmo em ajudar e nesses dois dias, ele já estava encantado por aquele nenenzinho loiro.

Camus percebeu que já estava na hora de trabalhar e teria que deixar o filho por algumas horas. Beijou a cabeçinha do neném de um ano e se retirou do quarto. Passou pelo amigo e depois de dar mil recomendações para Milo, ele finalmente saiu. Não era bem uma necessidade trabalhar. Ele e seu irmão mais velho Degél, eram filhos de um rico empresário francês, mas com a morte dele e da mãe, os dois foram adotados por uma família japonesa, que eram sócios dos pais biológicos. Como era muito pequeno quando eles morreram, ele não se lembra dos pais franceses, mas tinha muito que agradecer aos seus novos pais. Quando Hyoga nasceu, ele queria homenagear eles de alguma forma, ele e Degél carregavam o nome do pai biológico, Degél Camus, por isso homenageou seu pai japonês, que morreu antes de conhecer o neto, mas foi lembrado ao doar seu nome a ele. Hyoga. Assim seu filhinho foi chamado de Alexei Hyoga Massadier. Tendo o nome russo que a mãe fez questão de colocar, o nome do avô adotivo e a recordação do avô biológico com o sobrenome. Tendo assim uma gorda herança, ele podia viver tranquilamente até o nascimento dos bisnetos, mas ele não queria essas mordomias, escolheu lutar por suas vitórias por si só.

Não que não usasse a fortuna, claro que usava, afinal, não conseguiria manter sua faculdade, uma parte do apartamento, o carro e o filho só com o pequeno salário de assistente, mas reciclava essa conta por causa do trabalho, aumentando ainda mais o valor da conta bancária.

Perdidos em pensamentos enquanto dirigia para o restaurante no centro da cidade, ele pensa em Milo. No amigo que secretamente amava. Já pensou em contar seu amor várias vezes, mas sempre desistia ao lembrar que Milo, era hétero convicto, e que esse seu preconceito contra homossexuais cortou os laços que tinha com o irmão mais velho, Kárdia, que era gay assumido e antes a amizade do que nada, ele guardou esse sentimento no lugar mais profundo do seu coração.

Finalmente ele chegou ao restaurante, cinco estrelas em que trabalhava. Hora de deixar todos esses pensamentos de lado e se concentrar no trabalho.

Passava das duas da manhã, quando finalmente chegou em casa, tomou um banho rápido, e se dirigiu para o quarto. Finalmente era sábado, não trabalharia até semana que vem, devido uma reforma na cozinha, o restaurante ficaria fechado, teria tempo de colocar os estudo em ordem.

Se jogou na cama, tendo o cuidado de não machucar o filho, e cobrindo a ele e a si próprio não demorou para pegar no sono.

Continua...