Autoras: Narcissa Malfoy © & Allanis Ryan ©
Content: Slash.
Shippers: Lucius/Rodolphus – Walden/Rabastan.

Poker, drinks & cigarettes.

- Illusions & Power -

Frio. Quase meia-noite e o sol pairava brilhante no pico do céu. O nostalgiante sol da meia noite sueco. Uma das poucas coisas que tornava aquele estranho país mais agradável do que os ares pitorescos da Inglaterra. Rodolphus abriu os olhos e deixou que a claridade daquele sol entrasse por suas pupilas, deu mais uma tragada em seu cigarro antes de atirar o que restara dele ponte abaixo, direto para a escuridão profunda do rio. Perdeu o olhar num navio qualquer que passava carregando coisas sem sentido, ou quilos e quilos de carne humana. O cenário já estava lhe deixando entediado, pensou em puxar outro cigarro, quando ouviu a voz de Lucius soando imponente às suas costas.

-Vamos. Rabastan disse que já tem idéia de onde o Walden possa estar.

-Você não gosta daqui, não é Lucius? – Perguntou Rodolphus ainda sem se virar.

-País maldito. Fedendo à pobreza e miséria, esse aglomerado de pessoas me enoja e me asfixia. O ar pesa demais, há ruídos demais e ainda tem esse sol maldito que brilha quando tudo deveria estar oculto pelas sombras...Frustrante. – Respondeu o loiro irritado.

-Bastava um simples "não", que eu entenderia. – respondeu Rodolphus se virando e achando graça da irritabilidade do homem a sua frente.

-Eu realmente adoro o seu sarcasmo. –Irônico. Respirou fundo e murmurou um simples "vamos" virando-se para continuar o caminho. Rodolphus seguiu-o sem apressar muito o passo. Tirou o maço de cigarros do bolso interno do casaco e colocou outro deles na boca enquanto murmurava "incêndio" para sua varinha na qual apareceu uma leve chama que acendeu seu cigarro. Não se importou em estar um lugar público muito mesmo com um garotinho que aparentava ter uns oito anos que o viu fazendo a simples magia.

-Problemas conjugais, Lucius? – Começou ao se aproximar um pouco mais do loiro, apressando o passo.

-O que você quer dizer com isso? – Lucius respondeu olhando de relance para Rodolphus que agora já estava posto andando ao seu lado.

-A despedida de vocês. Tão fria. – Dolphus arrastava os olhos pelas docas hora sim hora não fixando seu olhar em alguma garça que voava ou em alguma mulher que passava pela ponte do outro lado.

-Desculpe se eu não costumo me despedir da minha mulher agarrando-a em cima da mesa de visitas. – caçoou – Agora... Você e Bellatrix...

-Só aproveito minha vida, ou pelo menos o que sobrou dela. –dando outra tragada parou ao lado de Lucius encarando-o depois olhando de volta para o vasto e negro rio que passava por sob eles. – Ao contrário de você.

-Eu tenho tempo suficiente para viver, meu caro Rodolphus. Por enquanto eu tenho poder, sabe. É sempre bom tê-lo. Literalmente faço com que os outros vivam por mim, por enquanto é isso que eu preciso. –Lucius ficou parado face-a-face com Rodolphus e em um movimento repentino ele tirou o cigarro da boca do homem colocando em sua própria boca. Deu uma última tragada no que sobrou do cigarro depois o atirou no rio. Soltando a fumaça na cara de Dolphus continuou:

- Eu mando. Eles obedecem, simples e eficiente.

Dolphus riu sarcasticamente – Ah...O doce gosto da ilusão do poder é delicioso, não?

- Ilusão de poder? – Lucius levantou uma sobrancelha arrogantemente, e mostrou umas das mãos repletas de anéis prateados com pedras encravadas. – Isso por acaso lhe parece ilusão?

- Não. – Sorriu Rodolphus indiferente – Me parece fachada.

Lucius riu. - Fachada? Ora... Francamente Lestrange, com quem pensa que está falando? Eu não um dos seus.

- Não, realmente Lucius, você não é um dos meus. – Sorriu Dolphus. - Só não sei dizer se sinto por isso ou se me alegro.

Lucius abriu a boca para responder, mas conteve-se em fechá-la novamente e sorrir. Um sorriso completamente vazio de inocência, daqueles sorrisos que despem as pessoas de todas as suas armas. Um sorriso que bastou para tirar a ironia e o sarcasmo de Rodolphus e fizesse com que essas mesmas armas mudassem de mão. Fizesse com que elas fossem parar nas mãos de Lucius.

- Desculpem se interrompo algo... Mas até o ponto que eu me lembro nós ainda temos uma missão a cumprir... – Disse Rabastan que estivera encostado num muro, ouvindo, ao que pareceu, os últimos trechos da conversa.

- Não interrompeu nada, é claro. – Disse Lucius sem desviar o olhar de Rodolphus. - Certo Lestrange?

- Como quiser, "chefe". – Respondeu Dolphus fazendo um irônico sinal de continência.

Desviando finalmente o olhar, Lucius se virou para Rabastan já com uma expressão indiferente ao que Rodolphus havia dito e começa a frase com um tom um pouco mais firme e menos irônico do que quando falava com o outro homem.

-Onde você disse que acha que o Macnair se enfiou?

Rabastan não respondeu de imediato, olhava para os dois com um olhar desconfiado, mas percebendo a espera impaciente de uma resposta para Lucius respondeu:

-Fiquei sabendo de um bar bruxo por aqui. Ele abriu há pouco tempo, não é muito conhecido. Mas segundo minhas fontes... Um dos empregados é um "forasteiro" inglês.

-Ótimo, vamos acabar logo com isso. Não agüento mais esse lugar. E onde fica esse bar?

-Outro lado da ponte, perto daquelas docas – Rabastan fez um movimento com a cabeça apontando para as docas que eles deixaram para trás.

-Legal, eu preciso mesmo beber alguma coisa. Ficar sóbrio junto de vocês é realmente monótono.

Sem dizer mais uma palavra Rodolphus se virou e seguiu caminho até as docas de volta deixando Lucius e Rabastan, que não tardaram a segui-lo sem também pronunciar uma palavra sequer, nem ao menos chegaram trocar olhares curiosos.

Eles chegaram na extremidade oposta da ponte onde ficavam as docas com os navios ancorados. Havia apenas Iates caros e navios particulares de magnatas trouxas, os outros navios pareciam estar de partida, eram todos de carga, felizmente para eles não haviam pessoas mais perambulando o local. Rabastan parou e os chamou apontando para uma cabana destruída em um canto abandonado e escuro da doca. Rodolphus logo entendeu o recado e foi o primeiro e entrar ignorando os avisos "Cuidado, piso frágil!" "Não entre. PERIGO" "Swedish policy. KEEP AWAY!" Entre outros. Rabastan logo em seguida depois Lucius a contragosto.

Ao entrarem o cenário já era completamente diferente, bem maior que do esperavam e mais limpo do que parecia, um som de alguma banda trouxa ecoava pelo local e o forte cheiro de bebida, charutos e cigarros pairava pelo ar. Um verdadeiro caos organizado pensava Lucius enquanto seguia Rodolphus até o balcão. Rodolphus andava pelo local como se a já o conhecesse de gerações, sentou-se confortavelmente em uma dos bancos do balcão chamando o garçom, pediu algum whisky bruxo, mas o homem atarracado respondeu que lá eles ainda não tinha bebidas alcoólicas bruxas e que só estavam trabalhando com produtos importados ilegalmente. Todos Trouxas.

Conhecedor árduo de bebidas, Dolphus pediu uma garrafa do mais caro whisky escocês que eles tinham. Voltando, o homem encheu três copos com o whisky, colocou gelo e ofereceu aos três.

- Você faz isso com incrível freqüência, não? – Perguntou Lucius, olhando desconfiado para o copo de Whisky.

- Claro que sim. Lembra? Eu sou aquele que "vive"... – Disse Rodolphus enquanto entornava o copo inteiro num único gole.

- Você se contenta com pouco, meu caro. – Retrucou Lucius indiferente, finalmente virando seu próprio copo.

- É impressão minha, ou só eu estou levando essa missão a sério? – Entreviu Rabastan, levando seu copo a boca.

- Mas é assim que as coisas são. Fracos tendem a se submeter aos fortes. Cumprirem ordens e fazem o trabalho pesado. Enquanto os fortes se divertem vendo suas tentativas inúteis de ascender de posição, de crescer. – Ponderou Lucius virando-se para encarar o resto bar, pausando o olhar hora ou outra em um bêbado qualquer. – Como nosso querido amigo ali. – E apontou para homem de ombros largos, cabelos clinicamente cortados, bigodes aparados e de aparência rude, que estava limpando uma mesa, mais para o fundo do bar.

Qualquer pessoa com um pouco de inteligência conseguiria perceber que aquele homem não pertencia a aquele ambiente. Sua forma física, sua personalidade, era totalmente obtusa ao bar ao redor. Mas de fato, somente Lucius e os outros dois homens advertidos pelo primeiro eram capazes de perceber essa falha naquele ambiente embreado. De longe assistiram o outro homem terminar de limpar a mesa na qual estivera trabalhando nos últimos 10 minutos, e logo em seguida lançar um olhar furioso a um dos bêbados que deixara sua garrafa de bebida escorregar da mesa e se espatifar no chão, já sujo e terminando de sujá-lo com a bebida que continha.

- Sangue-ruim bastardo! – Disse o homem se abaixando para juntar os cacos de vidro e passar o pano no excesso de líquido que havia sido esparramado no chão, ao se levantar, acertou com o pano molhado o rosto do infeliz semi adormecido que nada pareceu sentir, sua boca se abriu descontraidamente num sorriso bobo, e seus olhos se abriram em pequenas frestas, totalmente desfocadas. O homem ignorou, colocou o pano sobre o ombro e tomou seu caminho rumo ao balcão do bar, entrando por uma porta lateral e desaparecendo.

Os três homens se olharam com sorrisos enviesados.

- Se havia alguma sombra de dúvida de que era ele, ela se acabou. – Disse Rodolphus pousando o copo vazio de whisky na mesa. – Vamos terminar logo com isso.

Ignorando completamente o barman, dirigiram-se então para a porta ao lado do balcão que dava acesso aos fundos do bar, atrás dela havia uma porta à direita e um corredor que seguia prédio adentro. Passaram pela porta e seguiram pelo corredor estreito e escuro, Rodolphus ia frente, seguido por Lucius e depois por Rabastan. O corredor fazia curvas hora acentuadas, hora fechadas. Não trocaram mais nenhuma palavra, moviam-se silenciosamente como sombras. Portas e mais portas, estantes e mais estantes empoeiradas ficavam para trás. Rodolphus sabia exatamente aonde ir, parecia estar familiarizado com esses labirintos de paredes feitas de teias de aranha, caixas e garrafas. No final do corredor havia uma bifurcação. O corredor se dividia em outros dois e mais uma escada que levava tanto para os andares superiores, quanto para os inferiores. Dolphus parou um instante, olhou para as quatro direções até finalmente se decidir e tomar o caminho da esquerda, viraram mais uma ou duas vezes antes de parar na frente de uma porta toscamente talhada em madeira fosca. Param para escutar qualquer som que viesse de dentro do quarto, o som de uma banda trouxa invadiu o ar, somado ao som de um copo se partindo. Os três homens trocaram olhares rápidos antes de Lucius puxar a própria varinha e por a porta abaixo.

Nuvens de poeira subiram, cobrindo o ar com uma fina cortina. Lucius puxou um lenço do bolso interno de suas vestes, colocou sobre o nariz e boca e adentrou no cômodo seguido de perto por Rabastan e Rodolphus. Walden tossia devido à camada de poeira, sentado em uma mesa no centro do quarto. Xingou antes mesmo de ver quem entrava no cômodo.

- Ora, ora, ora... Finalmente achamos o ratinho fugitivo... – Murmurou Lucius com a voz ainda abafada pelo lenço que cobria sua boca.

Continua...