NOTAS DA AUTORA: A história se passa DEPOIS do fim do mangá.

Personagens e universo Yuyu Hakusho não são de propriedade da autora. Publicação sem fins lucrativos. Proibida a cópia sem os devidos créditos.

Personagem Original e o enredo são de minha autoria!


O quarto do hotel fedia a cigarro e bebidas baratas. A suor e sexo.

Os lençóis puídos que agora envolviam o casal não eram trocados há dias, e a cama rangia de uma maneira irritante cada vez que a cabeceira chocava-se com a parede. Os choques produziam riscos na pintura e deixavam marcas que só não eram maiores do que as manchas de infiltração acumulada ao longo dos anos.

Alheios à aparência decrépita do ambiente, os amantes gemiam em uníssono. A jovem, de cabelos rosados e pele clara, mantinha controle do ato e dominava completamente o homem, que aparentava pelo menos o dobro de sua idade. Ela arquejava, em movimentos constantes e vigorosos em cima do amante, que em troca apertava sua cintura com força e revirava os olhos de desejo.

Os olhos acinzentados da moça, no entanto, estavam fixos, hipnotizados pela tatuagem no pescoço do companheiro. Um enorme tigre branco, de garras afiadas e presas à mostra, se destacava na pele áspera e se contorcia acompanhando os movimentos do seu dono.

Os uivos do homem se intensificaram. A jovem percebeu que em breve o coito chegaria ao fim. Ela diminuiu os movimentos, esperando retardar o clímax ao máximo, e ele respondia com elogios vulgares e toques grosseiros e voluptuosos.

Se deliciando com o momento, a mulher sorriu pela primeira vez desde que iniciara o ato.

Reclinou o tronco para frente, quase tocando o peito nu do amante. Sua mão deslizou languidamente pelo colchão, alcançando o estrado. Os grunhidos aumentaram.

Os dedos finos e pálidos agora envolviam a empunhadura de couro de um pequeno punhal. Consumido pelo gozo iminente, seu companheiro não notou a arma com que agora dividia a atenção da parceira.

Ele alcançou o orgasmo no mesmo momento em que a lâmina afiada penetrou no seu pescoço. Urrou, de dor e prazer.

As mãos brutas tentaram inutilmente estancar o sangue que jorrava pela garganta aberta, inundava o lençol e tingia de rubro o pelo branco do tigre tatuado.

A jovem se desvencilhou daquele corpo imundo que agora a olhava com medo e surpresa. Se colocou de pé, ao lado da cama, deixando que ele a observasse uma vez mais enquanto esperava pela morte, em um gesto sádico de provocativa piedade. A boca que antes cuspia palavrões agora era tomada por um gargarejo de sangue que impedia qualquer tentativa de comunicação.

Minutos depois, ela já estava do lado de fora.

O homem, morto. Trancado no quarto, como em um mausoléu.

A chave, perdida no fundo de algum rio.

O corpo só seria encontrado três dias depois, motivado pelo cheiro de carne podre que começou a impregnar o corredor e incomodar os vizinhos.

Mas Rina já não se importava mais.