Chuva de Beijos

Por Goldy

Tradução por: Nanna

Disclaimer: Eles pertencem a JKR. Apesar de eu suspeitar que, quando ela os criou, ela nunca imaginou esse tipo de cena.

Nota Da Autora: Alerta fluff! Historinha fofa, sem enredo, sem destino. Eu nem sei o que me possuiu.

Casal: Harry Potter/Hermione Granger.

Dedicatória: Essa vai para minha melhor amiga, Lindsey, que, à chuva de ontem, disse distraidamente, "Eu amo beijos na chuva. Eles são tão românticos". Bom, ela não podia esperar que eu deixasse isso passar, podia? Então, eu escrevi isso pra ela, porque beijos na chuva parecem mesmo terrivelmente românticos. Ela me disse que amou a fic, mas achou que o título é horrível. Eu devo concordar, mas ele já havia colado. Eu não posso pensar em outro título para esta fic, que 'Chuva de Beijos', mas peço desculpas.

Tudo aconteceu exatamente oito dias, duas horas e quatorze minutos antes dos primeiros exames de N.I.E.M.

Hermione estava, previsivelmente, uma bagunça completa e absoluta. Pela semana anterior, as únicas espiadas que Harry e Rony haviam tido dela foram de uma moita de cabelos lanzudos saindo de trás de uma pilha alta de livros. Rony tinha sido ingênuo o suficiente para tentar falar com ela --- algo que tinha resultado em uma bronca longa e esganiçada a qual Harry fora obrigado a ouvir também.

Desnecessário dizer que eles acharam melhor não abordá-la até depois dos exames.

Infelizmente, um encontro revelou-se inevitável. Hermione entrou marchando pelo Salão Principal no jantar. Harry e Rony pararam imediatamente de falar, no caso de irritá-la. Hermione vindo ao Salão Principal era um evento raro - ela estava usando todas os horários de refeições como sessões de estudo na biblioteca.

"Hum... Oi, Hermione", Harry disse cautelosamente.

Hermione, parecendo pálida e desconjuntada, olhou ao redor do Salão Principal com um franzir profundo de testa. "O que essas pessoas todas estão fazendo?"

"Hum", Rony disse, parecendo cansado, "comendo?"

Hermione puxou os cabelos, freneticamente. "Bom", ela disse parecendo afrontada, "eles deviam estar..."

"Estudando, nós sabemos", Harry completou. "É só que... Você não acha que é meio difícil estudar o tempo todo?"

"É impossível!" Rony acrescentou em voz alta. "Achamos que você está ficando louca!"

Hermione olhou feio para ele, e Harry, repentinamente temendo outra bronca relacionada a estudo, passou uma travessa de batatas na direção dela. "Vamos lá, Hermione", ele incentivou, "até você precisa comer".

Hermione olhou para a travessa de batatas, mas sacudiu a cabeça. "Não... Não acho que..." Ela fez uma pausa, pensando e mordiscando o lábio. "Uma caminhada. É, é disso que eu preciso... Clarear minha cabeça por um tempo..."

"Mas, Hermione!" Rony protestou, olhando-a estranhamente. "Está chovendo canivete lá fora!"

Para ilustrar seu ponto, Rony apontou para o telhado. Os três olharam para cima, onde chovia violentamente.

"Realmente, Rony", fungou Hermione, "eu sou uma bruxa. É possível, para mim, lidar com um pouco de chuva".

"Um... pouco?" Rony repetiu, incrédulo.

Hermione enviou a eles olhares furiosos antes de sair no mesmo passo e disparar para fora do Salão Principal.

Harry olhou até ela desaparecer, sentindo-se mais que um pouco preocupado. "Você acha que talvez um de nós deveria ir atrás dela?"

Rony olhou para o telhado de novo. "É", ele disse, "Ótima idéia. Boa sorte".

Harry franziu a testa e virou-se para olhá-lo. "O que quer dizer?"

"Bom, Hermione tem estado horrivelmente mal-humorada ultimamente," Rony explicou, como se falasse com uma criança. "Só pensei que um pouco de sorte te ajudaria".

"Me ajudaria?" Harry repetiu. "E quanto a você?"

"Harry", Rony exalou um grande suspiro. "Você acha que eu sou idiota? Não vou sair. Está chovendo cães e gatos lá fora".

"Eu..." Harry olhou-o por um momento antes de levantar. "Você é um sacana insensível, sabe disso?"

"É, sou", Rony disse, servindo-se de mais batatas. "Espero que Hermione não te mate".

"Nossa, valeu", resmungou Harry.

Correndo para fora, ele foi momentaneamente empurrado para trás pela força intensa do vento e da chuva. Conseguindo recuperar o equilíbrio, ele arrastou-se adiante, sua preocupação por Hermione aumentando. Ele espiou na escuridão, as terras de Hogwarts parecendo embaçadas e distorcidas na chuva.

"Hermione!" Ele gritou.

Recebendo nada a não ser o barulhinho da chuva como resposta, ele adiantou-se. De algum modo ele foi capaz de andar até o lago, tropeçando e xingando. Em minutos, ele estava molhado até os ossos.

"Hermione!" Ele gritou outra vez.

Não esperando uma resposta propriamente dita, ele foi surpreendido quando alguém o bateu no ombro. Virando-se, ele escorregou no chão molhado e caiu desgraciosamente em uma poça. Ofegante, ele ergueu os olhos para ver uma Hermione que parecia bem seca olhando para ele. Apesar de a chuva continuar desabando sobre ela, não parecia ter efeito algum.

"Harry", ela disse, parecendo confusa. "O que está fazendo?"

Harry começou a se sentir constrangido. "Na verdade, no momento, pareço estar sentado numa poça".

Sorrindo maldosamente, Hermione esticou uma mão para colocá-lo em pé."Harry, no que estava pensando? É uma tempestade horrível! Sair aqui sem tomar cuidados..."

"Tá, tá", ele disse interrompendo-a e sentindo-se decididamente mais constrangido a cada momento. "Bom, eu estava, hum... preocupado com você, na verdade".

"Preocupado comigo? Você foi quem..."

"Escorregou e caiu de bunda, eu sei", Harry completou, sentindo-se meio idiota. "Olha, Hermione, não é só a chuva... você tem sido, hum... meio que... não quero dizer que..."

"Harry", ela disse irritadamente, dando-lhe o olhar que geralmente reservava para Rony, "desembuche, tá bom?"

"Tudo bem", Harry olhou-a, perguntando-se se deveria perguntar que encantamento ela utilizara para repelir a chuva. Então, decidindo-se que já está estava molhado mesmo, era melhor não arriscar. "É que... A coisa é..."

Ela parecia mais que um pouco irritada, neste ponto. "Harry, se você não parar de gaguejar neste instante, eu vou..." Hermione parou, aparentemente incerta do que iria fazer. Ela cruzou os braços diante do peito e satisfez-se com um suspiro.

Sentindo que deveria abordar o assunto cuidadosamente, Harry tentou juntar tanta honestidade quanta a que podia conseguir. "O fato é, Rony e eu achamos que há uma... possibilidade de que você esteja exigindo muito de si mesma. Não me entenda mal, os N.I.E.M. são importantes e tudo o mais, mas eles não são as coisas mais importantes do mundo".

"Não são as coisas mais importantes do mundo?" Hermione repetiu esganiçada. "Bom, o que mais eu devia fazer, Harry? Eu podia fingir que os N.I.E.M não estão há apenas oito dias, duas horas, dezenove minutos e quinze segundos de distância, como você e Rony parecem estar fazendo! Mas, infelizmente, eu não planejo não passar!"

Harry estremeceu e deu um passo hesitante na direção dela. "Hermione", ele disse suavemente, "Olhe para você. Mal pode ver um palmo diante do nariz. Não está dormindo. Não está comendo. É tão errado eu me preocupar?"

Ela deixou escapar um suspiro e olhou para baixo. "Não", ela admitiu com a voz arrastada. Sentindo que tinha feito progressos, Harry esticou uma mão. Ela a pegou, franzindo a testa. "Você está todo molhado", ela reclamou.

Harry resistiu à vontade de rolar os olhos. "Você esquece do fato que eu posso morrer de pneumonia e eu esqueço do fato que você está fazendo contagem regressiva para os N.I.E.M".

Harry ficou horrorizado quando os olhos de Hermione se encheram de lágimas. Harry deu um passo assustado para trás, os olhos se arregalando de medo. "Oh Harry!" Ela disse. "Eu nem pensei nisso! Você deve estar congelando!"

"Eu estou, hum... bem, Hermione", ele disse tranqüilizadoramente, sentindo-se definitivamente em pânico.

"Ai, eu sou tão... horrível!" Ela soluçou. "Gritar com você depois que você veio me procurar!"

"Bom, isso é, hum... sem problemas..."

Claramente incapaz de se conter ou algo assim, ela atirou os braços ao redor do pescoço dele. Harry abraçou-a, sentindo-se desconfortável. Ela estava bem perto. Perto demais.

"Hermione", ele disse, "eu vou molhar você toda".

"Vai ser minha culpa se você morrer!" Ela chorou, aparentemente não tendo ouvido uma palavra que ele dissera.

"Hermione!" Ele disse frustrado. "Não vou morrer por um pouco de chuva!"

Ela afastou-se dele, o lábio tremendo. "Bom, acho que não", ela disse, parecendo sem graça. "E foi muito doce de sua parte vir atrás de mim".

Harry encolheu os ombros, levantando o queixo dela de modo que seus olhos se encontraram. "É meio legal, na verdade. Todos deveriam ficar encharcados até os ossos pelo menos uma vez na vida. Além disso, é tudo muito romântico, não acha? Com a chuva e o lago e..." Harry parou, perguntando-se aonde ele ia com aquilo.

Ela não piscou enquanto fitava-o. "E?" Ela estimulou.

"E..." Harry disse outra vez, começando a sentir-se como um disco furado. "E você e eu e..." Ele parou, inesperadamente incapaz de prosseguir devido a uma boca muito seca.

"Harry?" Ela sussurrou, inclinando-se para ele.

"É... Hum... Uh... Sim?" O rosto dela estava extremamente perto do dele.

"Você gagueja demais".

Então, Harry não teve certeza de quem se moveu primeiro, quem puxou quem, quem se inclinou para quem, mas os lábios se roçaram - a princípio hesitantemente, mas rapidamente tornando-se mais intenso enquanto eles aproximavam-se mais e mais um do outro. A chuva desabava sobre e ao redor deles e, apesar de a primeira coisa que ocorreu à mente foi que seu segundo beijo era certamente tão 'molhado' quanto o primeiro, ele também estava certo que podia imaginar um milhão de outros adjetivos para descrevê-lo. Era molhado, mas doce e puramente inocente, marcado por uma intimidade que ele sabia haver apenas porque era Hermione quem ele estava beijando.

Este pensamento o arrastou de volta à realidade. Ele estava beijando Hermione! Ele estava beijando Hermione, sua melhor amiga Hermione, com quem ele nunca se beijara antes, e ela estava beijando-o de volta, e era um sentimento bastante bom, não era?

Ainda mais alarmado, se possível, por esse pensamento, Harry afastou-se, respirando difícil, "Hermione..." ele engasgou-se. "Você... você... nós, uh... existe... você...?"

Hermione levantou as sobrancelhas, parecendo satisfeita consigo mesma."Sim, nós acabamos de nos beijar. Não, não precisa se desculpar. E, sim, eu queria fazer isso há já algum tempo".

Harry percebeu que estava de queixo caído e rapidamente fechou a boca."Hermione", ele disse, ainda tentando se recompor. "Isso foi..."

"Incrível?" Ela disse com um sorriso. "Doce? Romântico?"

Harry piscava rapidamente, um sorriso preguiçoso esparramando-se por seu rosto. "É... foi..." Um pensamento inesperado atingiu-o. "Rony!"

Hermione parecia divertida. "Não, não sou eu, mas, se você prefere..."

"O que vamos dizer a ele?" Harry gemeu, ignorando-a. "Ele vai... vai...?"

"Vai o quê?"

"Eu não sei!" Harry disse, sacudindo os braços e sentindo um toque de histeria.

Foi quando Hermione o beijou de novo. Momentaneamente perplexo, Harry ficou rígido antes de relaxar. A chuva cascateava por seus rostos, deixando seu segundo beijo, de fato, muito molhado. Seus narizes se tocaram, fazendo Hermione deixar escapar um pequeno engasgo. Como um só, eles se moveram ainda mais perto.

Quando se separaram, estavam ambos sorrindo alegremente. Por agora, Hermione estava tão encharcada quanto ele. Eles fizeram contato visual, e Harry sentiu milhões de palavras passarem silenciosamente entre eles. E nada mais importou no momento, nem Rony, nem o que aquilo significava para a amizade deles. Aqueles eram assuntos para outra hora. Para agora, Harry deixou-os ir, deixando-se apenas estar.

Eles deram-se as mãos e trocaram um olhar, sorrisos ainda iluminando seus rostos. "Planejei tudo, sabe?" Harry disse. "Pensei que uns amassos eram o que ia tirar a sua cabeça dos exames".

O sorriso de Hermione se ampliou, iluminando todo o seu rosto. Harry sentiu o coração falhar uma batida. "Ah, e foi muito astuto, Sr. Potter. Muito esperto, de fato. Você me tirou do chão".

Harry piscou os olhos para limpá-los da água e sorriu bobamente. "Acho que é uma boa coisa quando se sabe como conseguir o que se quer".

Hermione inclinou-se para estalar um beijo na ponta do nariz dele. "Boa coisa", ela concordou.

"Então..." Ele começou, olhando para as roupas molhadas. "Você acha que, talvez, devêssemos voltar para o castelo?"

Hermione franziu a testa e tocou o cabelo experimentalmente. Fazendo uma careta, ela espremeu água de uma mão cheia de cabelos, parecendo desconcertada. "Ai, não", ela gemeu. "Eu nem posso fazer um feitiço para remover a chuva! Isso não é nem mesmo nível de N.I.E.M." Ela olhou para ele, parecendo muito perto da histeria. "Sabe quanto tempo vai levar para que eu seque o meu cabelo propriamente?"

Harry, sentindo-se meio fora de seu elemento, tocou o rosto dela com as duas mãos, "Ou, talvez", ele disse. "Está apenas chovendo muito. O que aconteceu com o relaxamento? Vou ter que te beijar de novo?" Ele disse rigorosamente.

Harry sentiu o rosto dela esquentar sob suas mãos, dando-lhe um pequeno arrepio. "Ah, eu não sei se... mmmfff..."

Muitos beijos na chuva depois, Hermione estava suficientemente distraída para deixar de lado (momentaneamente) suas preocupações sobre os N.I.E.M. Sentindo-se ele mesmo com a cabeça meio leve, Harry agarrou o braço dela enquanto eles escorregavam e deslizavam por seu caminho até o castelo. Graças a Deus, ele conseguiu evitar mais escorregões.

Rindo, eles tropeçaram para dentro do castelo, continuando a agarrarem-se.

"Estamos uma bagunça", Hermione declarou, não parecendo nem um pouco abalada por isso.

"Estamos sim", Harry disse animadamente, pingando água em todo o assoalho.

Hermione deu uma risadinha, parecendo mais feliz e mais relaxada do que Harry a tinha visto em muito tempo. Ele percebeu que foi por causa dele - ela estava reluzindo por causa dele. Uma onda poderosa de afeição e proteção atingiu-o, tão forte que o deixou instável.

Harry fez a única coisa que pode, e agarrou Hermione num abraço apertado. Ela o abraçou com intensidade, e Harry sabia que as coisas entre eles nunca mais seriam as mesmas outra vez. O que, no momento, não parecia incomodá-lo nem um pouco.

"Ei, Hermione", ele disse em voz baixa, começando a rir. "Ainda tem uns bons dez minutos restantes de jantar. A sala comunal deve estar toda vazia".

A boca de Hermione curvou-se. "Você está sugerindo o que eu acho que está?"

"Não sei", disse Harry, "O que você acha que eu estou sugerindo?"

Hermione fingiu refletir. "Suponho que seria tempo de sobra para estudar um pouco sem interrupções", ela disse com seriedade. Diante de seu olhar horrorizado, ela riu e agarrou seu braço. "Você tinha outra coisa na cabeça?"

"Bom", Harry disse lentamente, deixando-a puxá-lo. "Estava pensando em agarrá-la como se não houvesse amanhã, na verdade. Mas estudar também parece bom".

"Ha, ha", resmungou Hermione. "O que vamos fazer com nossas roupas molhadas?"

Harry fechou os olhos por um momento. Um milhão de respostas àquela pergunta passaram por sua mente - todas as quais soavam como um bom jeito de conseguiu o punho de Hermione em sua cara. Ele abriu os olhos e, com um admirável tanto de auto-controle, meramente disse, "Eu tenho, uh, certeza que eles vão secar".

Hermione deu um sorrisinho. "Foi difícil, hein?"

"É tudo culpa sua", Harry disse quando eles chegaram à sala comunal. "Se não tivesse fugido sob uma chuva maldita, eu não teria sentido necessidade de..."

"Harry", Hermione interrompeu pacientemente, olhando o relógio, "sete minutos até o fim do jantar. Vão rolar uns beijos ou não? Porque, francamente, se você continuar tagarelando eu vou... mmmfff..."

F I M!