Minha
primeira fanfic Kurofye.
O tempo na
história se passa depois do episódio 21, no País
de Otto.
Espero que
gostem )
Kaze no Machi he
"Não é que você não vá morrer por isso, mas sim que você não pode morrer".
- Nee, Kurorin foi realmente tocante.
Fye fechou
os olhos e puxou o cobertor para cima da cabeça, tentando
dormir pela segunda vez naquela noite.
Seu
tornozelo latejava, sua cabeça rodava, e o jantar parecia não
ter sido suficiente.
Virou-se
para a esquerda, voltou para a direita, encarou o teto, e levantou-se
depois de perceber que não conseguiria dormir tão
facilmente. Saiu do quarto rapidamente, coçando os olhos e
cruzando o corredor semi-iluminado com passos silenciosos. Não
havia sinal de ninguém acordado àquela hora, e ele
sabia que todos deveriam estar dormindo.
-Eu
poderia dar uma olhada no Kuropon.
Pé
ante pé, Fye caminhou até o quarto de Kurogane, abrindo
a porta com cuidado, mas soltando um suspiro triste. Não havia
ninguém na cama.
- Aonde
o Kuro-chan se meteu?
O único
pensamento que lhe passou pela cabeça foi a cafeteria, e a
idéia lhe parecia agradável, já que poderia
pegar algo apetitoso para comer.
O local
estava mal iluminado, e quando Fye abriu a porta que dava passagem
para o local, seus olhos se fixaram em um ponto em particular.
A única
luz que iluminava o local era a luz de fora, que entrava
sorrateiramente pela janela, dando um certo ar de abandono. Sentado
no sofá perto da janela, Kurogane encarava algo do lado de
fora da janela, enquanto apoiava o rosto com o braço.
Fye
recostou-se a porta e olhou a cena com um sorriso estúpido nos
lábios, que apareceu sem que ele percebesse.
- O que
está fazendo ai? - Kurogane mal mexia os lábios, mas
seus olhos se fixaram no local exato onde Fye estava.
- Oooh que
boa visão, Cachorro Grande.
A resposta de Kurogane foi o silêncio, mesmo que ele estivesse irritado por dentro por ter sido chamado assim. Onde Fye estava com a cabeça quando criou aquele nome idiota?
- Nee, o
que você faz essa hora fora da cama, Kuro-wanta?
- Já
disse para não me chamar desses nomes idiotas
Kurogane explodiu, mas calou-se em seguida, ao dar de cara com Fye em frente a ele, com o dedo indicador em seus lábios pedindo silêncio.
- Shiii,
vai acordar o Pequeno Filhote e a Pequena Gatinha.
- Como se
eu me importasse.
- Waaaah,
Kurorin é tão frio - Fye sentou-se ao lado de Kurogane
e sorriu.
- Não
sou frio, você que se preocupa demais com os outros.
- Nee,
você se preocupou comigo quando eu me machuquei - Fye
recostou-se ao sofá e começou a balançar as
pernas - E me disse coisas bonitas.
- Por que
você não está dormindo? - Kurogane sentia a veia
na testa começar a saltar, e uma vontade enorme de voar no
pescoço de Fye.
- Porque
eu vim agradecer ao Kurorin, agradecer em dobro..
- Do...
dobro?
Os olhos de Kurogane saltaram da janela, e ele virou-se para encarar Fye sem entender sobre o que ele falava, tentando lembrar-se de outra vez que tivesse feito algo à ele que precisasse de agradecimento.
- Kurorin
me salvou contra os Onis e continua me salvando - os olhos de Fye se
fecharam e ele sorriu largamente, o que fez Kurogane sentir-se
estranhamente incomodado.
- ...
continuo salvando?Você andou tomando alguma coisa naquela bar,
não foi?
- N-Ã-O
- Fye riu e rapidamente ajoelhou-se no sofá encarando Kurogane
- Você, Sakura-chan e Syaoran-kun, todos vocês tem sido
ótimos companheiros de jornada, e o que eu mais quero é
não voltar para o Mundo de onde vim, porém... - Fye
abriu os olhos e o sorriso desapareceu de repente - quando tudo isso
acabar, o que eu farei?E o que você fará?
Aquela pergunta peculiar pegou Kurogane de jeito, e o fez ficar sem resposta imediata. Quando aquilo tudo terminasse o que ele faria?Voltaria ao seu Mundo?Voltaria para Tomoyo?Mas o que faria com o tempo que passou ao lado dessas pessoas?
- Difícil de responder, né? - Fye tinha agora um meio sorriso nos lábios e havia se aproximado de Kurogane, enquanto apoiava o braço esquerdo no sofá - Quando tudo isso terminar, eu espero poder ir para o mesmo Mundo que você, Kuro-chan.
O meio
sorriso, a proximidade de Fye, o peso daquelas palavras na mente e no
coração de Kurogane, fizeram com que ele por um
instante perdesse a noção do rumo da conversa, e
ficasse completamente sem palavras.
Entretanto,
foi nessa pequena fração de tempo que fez com que a
conversa fosse parar em outro nível.
Quando
Kurogane percebeu o que havia acontecido, os lábios de Fye
estavam grudados aos seus, enquanto as mãos delgadas e pálidas
do louro estavam em seu rosto.
Uma onda
de calor subiu pelo corpo de Kurogane, e ele sentiu as mãos
tremerem no braço do sofá sem saber como reagir. Seu
coração batia descompassado, e seus olhos só
conseguiam encarar os olhos fechados de Fye.
- O que
eu faço?O que eu faço?
Porém, antes que pudesse tomar qualquer atitude, Fye abriu os olhos e afastou o rosto de Kurogane com o mesmo sorriso de sempre, como se o que acabasse de acontecer fosse perfeitamente normal.
- Nee, Kurorin, obrigada por me levar para longe - Fye disse saindo de cima do sofá e se afastando, fazendo o mesmo caminho que havia feito para chegar ali.
Kurogane
permaneceu imóvel por longos minutos, até sentar-se
direito no sofá, e levar uma das mãos aos lábios,
sentindo o rosto vermelho, e uma sensação de calor pelo
corpo. As palavras de Fye soavam como eco em sua mente, e ele se
levantou rápido, caminhando em direção aos
dormitórios com passos largos e apressados, até parar
em frente ao quarto de Fye, abrindo a porta devagar.
O louro
estava deitado de costas para a porta, e Kurogane abriu somente o
suficiente para que ele pudesse encarar as costas de Fye. Não
sabia o que fazia ali, mas permaneceu em pé o encarando por
algum tempo, até fechar a porta e seguir em direção
ao seu quarto.
Seus
pensamentos ainda estavam misturados, e ele amaldiçoava Fye
por gerações por ter feito aquilo, mas sentia que algo
estava diferente. Ele estava diferente.
Quando Kurogane deitou-se encarando o teto, a pergunta que Fye havia lhe feito voltou a sua mente, e ele apenas sorriu de canto, fechando os olhos devagar.
- Maldito, vamos ter de ir para o mesmo Mundo então.
Lentamente os olhos de Kurogane se fecharam, e ele dormiu tranqüilamente como se aquela idéia de repente lhe parecesse uma agradável opção.
