''Estava na hora... '' eu disse já ansiosa, passando pelo portão que levava a mansão Hizure. Tinha muitas arvores bem podada e um lindo chafariz. Otou-san parou o carro em frente a grande mansão. Logo que saímos um homem nos cumprimentou e fomos para a grande casa.

Se alguns meses antes me dissessem que eu ia pra Hollywood morar com Kuu e Julie Hizure diria para a pessoa ir ao psiquiatra, mas antes de aceitar o papel de Aya liguei pra meu Otto-san e pedi alguns concelhos, conheci a Okka-san desde então mantive contato com eles e a ideia nem parecia mais tão boba já que eles insistiam em fazer papel de pais para mim.

''Estou ansiosa para conhecer a Okka-san pessoalmente. '' Meu Otou-san riu.

''Ela queria te buscar no aeroporto, mas eu disse que ela podia atrair muita atenção mesmo disfarçada e poderíamos ser descobertos. '' Nos rimos em concordância, Okka-san chamaria a atenção mesmo de óculos tampa de garrafa.

Entramos no hall de entrada e disse sem pensar.

''É linda! Parece um castelo moderno. '' Eu olhava atentamente a casa imaginando uma linda princesa com um vestido entrando de mãos dadas com o príncipe e depois fechando a porta na cara dele. Seria bom, para ele entender que príncipes não entram mais em meus contos de fadas.

''Vamos Kyoko, a Julie esta esperando. '' Otou-san me apressou rindo.

Saímos do hall e atravessamos um corredor largo e fomos para a cozinha onde uma a estatua viva de uma deusa grega loira com cachos perfeitos e de olhos azuis estava a sentada apreciando o lindo banquete para umas cinquenta pessoas à sua frente. Ela nos viu entrando e me deu um grande sorriso abrindo os braços.

''Kyoko, você é ainda mais linda pessoalmente. '' Corei de prazer e a abracei sentindo seu perfume delicioso e braços carinhosos, pensei que assim que devia ser o abraço de uma mãe, esse sentimento de segurança e conforto.

''Sinto como se estivesse em casa. '' falei sem pensar e logo corei, mas ela me apenas me deu um sorriso carinhoso.

''Bem Vinda em casa! ''

Otou-san deu um pigarro. ''Estou com fome, meninas! '' falou manhosamente e rimos despreocupadamente.

O jantar estava uma delicia, não apenas pela comida maravilhosa, ou o fato de Otou-san comer quase tudo, mas também porque eles me fizeram sentir completamente em casa e à vontade como se eu fosse uma filha que voltou depois de uma longa viagem. Okka-san levantou e me chamou.

''Você deve estar exausta, vou te mostrar seu quarto! '' Okka-san disse exalando ansiedade e agarrou a minha mão me guiando ate à escada.

''Que bom que só daqui a duas semanas começa suas aulas e as gravações, vamos ter tempo para te mostrar a cidade e você vai para poder se acostumar com tudo. '' Dei um sorriso bobo.

''Ainda bem que o presidente arrumou tudo. '' Paramos em frente a uma porta e recebi um sorriso incentivador para puxar a maçaneta e assim o fiz.

Dei uma espiadinha e fiquei espantada com a grandiosidade do quarto. Ele era maduro e moderno, no centro tinha um conjunto de sofás de couro branco e logo atrás uma sacada com uma vista incrível, do lado direito do centro um banheiro e na esquerda uma cama king size branca que eu tinha certeza que ia caber umas vinte de mim.

Okka-san estava parada sorrindo em frente a uma porta dupla branca. ''Quando soubemos que você estava vindo arrumamos o quarto para nossa menina. '' disse carinhosamente.

''Essa parte foi a que eu mais gostei de arrumar. '' disse apontando para a porta e fez um sinal para eu entrar.

Fui ate ela e abri a porta empacando. O quarto todo tinha ar de Hime-sama, mas o closet, nossa, tinha um ar de Rainha-sama. Era enorme, do tamanho do meu quarto no Daruma, tinha uma pequena poltrona de couro branco no centro, os armários eram espelho eu conseguia me ver de todos os ângulos e também o sorriso de expectativa da Okka-san.

Desde o ultimo ano eu encontrado um estilo próprio e criei meu guarda roupa, que tinha orgulho de não ser pouca coisa, mas todas as minhas coisas ocupariam pouco menos da metade do closet, vendo meu rosto espantado Okka-san logo explicou.

''A metade da parte direita já esta ocupada com todo tipo de coisas. Eu queria ocupar tudo, mas Kuu disse para deixar espaço para as suas coisas. '' Ela fez um beicinho e inclinou a cabeça para mostrar as minhas malas que trouxeram mais cedo.

Seu sorriso foi desaparecendo junto com os minutos em silencio senti lagrimas silenciosas caindo dos meus olhos e o olhar dela ficando atordoado tentando entender minha reação.

''Você não gostou? Podemos trocar! Só você falar oque esta ruim que trocamos. '' Okka-san estava ficando desesperada e continuou falando, mas eu me joguei em seus braços a tranquilizando e me agarrando com toda força a lá pra ter certeza que ela não ia escapar deixando só a lembrança de um sonho onde eu tinha uma linda mãe que me amava.

''Eu amei Okka-san! Mas tudo isso é irreal demais sinto como se fosse acordar a qualquer. '' Ela colocou o braço ao meu redor confortando-me.

''Estou tão feliz que você gostou Kyoko... Agora essa é sua casa, eu e o Kuu somos seus pais e é melhor você ir se acostumando, mocinha. Mesmo se você quiser que isso fosse um sonho não ia deixar você acordar e me deixar. '' Ela acompanhou minhas lagrimas e eu me aconcheguei mais em seus braços.

''Obrigada, Okka-san. '' Ela assentiu me soltando. Viu meu rosto banhado em lagrimas e as limpou gentilmente.

''É melhor você ir descansar. Amanha vamos com você tirar sua carteira de motorista.'' Vendo minha confusão explicou. ''Aqui pode dirigir com 16 anos. '' Ela me deu um sorriso malicioso. ''E eu não fui a única que tem um presente. '' Ela saiu antes que eu processasse suas palavras.

As duas semanas passaram rápido demais pra mim. Eu e meus pais e responsáveis legais fomos à autoescola organizar as coisas para tirar a carteira de motorista que com um pouco de influência deles sairia bem antes do que eu esperava.

Saindo de la fomos até minha futura escola. Ela tinha o regime mais aberto e parecido com o da antiga escola por que tinha uma classe para pessoas ricas que precisavam de um horário flexível. Conhecemos a luxuosa escola e logo fomos embora. Sabia que se dissesse qualquer coisa sobre pagar eles ficariam chateados como ficaram quando perguntei quanto seriam os custos para morar aqui. Normalmente eu ficaria muito perturbada, mas eu gostava que cuidassem e se preocupassem comigo, então naquele dia decidi não tocar no assunto dinheiro a não ser que eles falassem... oque não aconteceu.

Quando chegamos em casa, à noite, recebi o presente que a Okka-san falou ontem a noite, um lindo Porsche branco. Dizer que eu fiquei surpresa é eufemismo, esperava um carro mais barato, mas aquele conversível dizia pra mim 'Custei uma pequena fortuna. Hahaha', fiquei dividida entre negar e aceitar, mas vi a expectativa no rosto do Otou-san esperando minha resposta ansiosamente e percebi que ele realmente queria me dar, então quem era eu para negar?

Disse a primeira coisa que pensei quando vi o carro, dando um forte abraço e um beijo na bochecha ''Eu amei Otou-san! Obrigada, mas sei que isso foi caro e não quero que gaste tanto comigo. '' Abri um grande sorriso e o vi com um amplo sorriso de alivio. Deixando-me ainda mais feliz.

''Um pai gosta de estragar seu filho. '' Ele disse e pensou fazendo um beicinho Se soubesse que ela iria reagir assim tinha dado a Ferrari.

Numa manha estávamos tomando café e conversando sobre atuação e Otou-san começou a falar sobre quão lindos e talentosos são seus filhos e pedi para me mostrarem fotos do Kuon, Okka-san saiu correndo para as escadas para pegar alguns álbuns.

Sentamos no sofá para ver suas fotos Otou-san serviu de legenda para as fotos e cada vez que virava uma foto pensei o quanto ele era lindo. Tinha um álbum para cada ano dele, quando mais velho ele ficava mais eu pensava que essas lindas feições me eram familiares, mas só quando chegamos ao decimo álbum consegui associar a imagem a um nome e lagrimas caíram livremente.

''CORN. '' chorei percebendo que não era a única chorando quando os dois olharam para mim.

Contei sobre o Corn e eles se entreolharam como se fossem dizer algo, mas no fim desistiram.

No ultimo álbum que eles trouxeram, reparei na proporção do seu corpo definitivamente atraente e muito familiar. Os ângulos eram os mesmos, mas era impossível pensei e olhei mais de perto, percebendo a notável semelhança.

''Ren? Kuon é Tsuruga Ren? '' sussurrei testando as palavras em sua boca.

Tsuruga Ren é Kuon e Kuon é Corn. ''Como ele pode dizer que me ama e nem mesmo me falar que é Corn? Ele viu a pedra. ''

Olhei para os meus pais e percebi sua apreensão por minha reação e pelo segredo de seu filho. ''Não se preocupem, estou bem e não vou dizer a ninguém oque sei. '' as palavras soaram falsas ate para meus ouvidos.

Comecei a me levantar, mas me lembrei. Lembrei-me do papai dizendo que ele se perdeu, de modo que não podia se mover, lembrei-me dos dias como Setsu, de como ele parecia se perder na própria escuridão. Sabia que ele estava travando uma batalha interna, mas também sabia que o único jeito de ajudar era apenas estando lá. Olhando para o rosto estático de meus pais decidi esperar. Esperar ate Ren estar pronto pra me contar. Esperar ate ele estar pronto para partilhar a sua parte mais obscura comigo.

Falei de novo, mas dessa vez com convicção ''Estou bem. '' Olhei para seus rostos preocupados. ''Gostaria que não falassem que eu sei. No dia que ele estiver pronto vai me dizer. '' Ri carinhosamente e eles assentiram mecanicamente ainda em choque. Levantei do sofá e subi as escadas para falar com meu amigo Corn.

O resto dos dias passou tranquilo, exceto por alguns fãs que às vezes os reconhecia. De manha ficávamos em casa; Á tarde me levavam para conhecer a cidade, aprendi a surfar e a encontrar quase qualquer coisa em Los Angeles, quando estávamos na praia Otou-san fulminava com o olhar qualquer cara que chegava perto de mim e da Okka-san, era hilário. À noite deitávamos no sofá assistindo televisão, eu ligava para Tóquio e trabalhava no meu personagem que no fim da primeira semana estava completamente pronto e o resto dos dias eu a usava as vezes fazendo Otou-san quase matar os caras babando em cima de mim, fazendo eu e a Okka-san rir dele o dia inteiro.

Olhei pra o espelho aprovando o que via, meu cabelo preto curto estava meio bagunçado dando uma impressão rebelde, usava pouca maquiagem e um vestido curto preto que valorizava meu corpo que teve um surto de crescimento, com chapéu bege, uma bolsa e um salto preto completando meu visual.

Quando desci para tomar café, meus pais já estavam à mesa, terminando o café e prontos para sair.

''Bom dia. '' Eles me deram um sorriso carinhoso.

''Bom dia. Esta nervosa? '' Eu ri, porque Otou-san nos últimos dias resmungando pelos cantos falando sobre garotos e seus hormônios descontrolados. Ele fez a Okka-san me levar ao médico para tomar a pílula caso algum homem tivesse perdido o sentido por causa dos meus feromonios, morri de vergonha, mas tinha que admitir que o ano passado eu ficasse mais bonita e atraia atenção onde quer que fosse.

''Você parece mais nervoso que eu, Otou-san '' respondi e eu e a Okka-san rimos dele, oque estava acontecendo muito nessa ultima semana.

''Minha menininha tem o primeiro dia na escola hoje, é obvio que estou nervoso. ''

Okka-san concordou e perguntou tristemente. ''Você já falou com Akira?'' Meu humor, foi para baixo lembrando a minha agente e guarda costas que me protegia dos fãs enlouquecidos.

''Falei, ela disse que não pode deixar a vida no Japão. O presidente me ligou e disse que já tinha contratado um novo agente que mora aqui e vou me encontrar com ele amanha. '' Otou-san olhou desconfiado.

''Ele?'' Era incrível. Como só com uma palavra ele era capaz de elevar meu humor.

''O agente. Não sei se é ele ou ela, o presidente não falou. ''

Terminamos o café da manha e fomos para a garagem, dei um beijo em cada um.

''Ate mais tarde. Amo vocês. '' Entrei no meu Porsche, coloquei uma seleção de musicas e pus o fone relaxando.