Genteee minha primeira fanfic de Death Note, favor não matarem a pobre autora. :P

Nota da autora: "" para pensamentos [ para sons e ' para coisas que já existem ou às vezes fazendo a função das aspas para não confundir.

A porcaria do disclaimer: Death Note não me pertence u.ú, se pertencesse seria yaoi, e o Mello e Matt apareceriam muito mais e não seriam meros "figurantes" blé.

Aviso: A fanfic é Y-A-O-I,ou seja tem menininhos se pegando e tals, não gosta meu bem? Não leia u.ú e não me torra o saco depois.

Capítulo I

"Tempête"

Sol forte, um calor dos diabos, sorrisos animados, gritos, barulhos diversos, muitas vozes perdidas;

Assim começava mais uma manhã de verão em Wammy's house. Como sempre uma hora antes das aulas os inspetores batiam de porta em porta para se certificar de que todos os alunos já estavam acordados, para evitar que alunos preguiçosos ficassem dormindo em vez de freqüentar as aulas. Aos poucos conforme avançavam, crianças e adolescentes abriam as portas esfregando os olhos e confirmando aos bocejos que estavam de pé, alguns mais indolentes apenas resmungavam alguma coisa. Assim como Mello e Matt, que em todas as manhãs sempre enrolavam o máximo que podiam na cama, afinal sempre ficavam acordados até tarde jogando vídeo-game ou falando bobagens. Matt ouviu as batidas, respondeu algo indecifrável a inspetora que nem fez questão de saber o que era, e então sentou-se na cama, deu um longo suspiro, olha pra Mello que dormia tão profundamente que sequer ouvira as batidas na porta. Estava de bruços, os cabelos bagunçados e a boca ligeiramente aberta. Matt sorri com a visão e fala:

-Ah Mihael até parece um anjo dormindo assim, você podia ser sempre assim calminho com seu amor né? - rindo e pensando na resposta mal-criada que o amigo daria se acordasse.

Dirigiu-se até a porta e a trancou, abriu a janela e as cortinas, deixando que a luz entrasse violentamente, reparando na careta que Mello fez com a claridade repentina. Olhou para o criado-mudo que ficava entre as camas, abriu a primeira gaveta e pegou um maço de marlboro e seu isqueiro, que nem fazia questão de esconder mais, pois Roger já estava mais do que cansado de saber, e de dar sermões sobre os males do cigarro, fazendo até uma palestra uma vez. Bateu levemente o maço de cabeça pra baixo, e um cigarro pendeu metade pra fora, levou até a boca, puxando-o e em seguida acendendo. Deu um longo trago "ah como eu amo isso!" e se abaixou ao lado da cama do amigo, ficando ajoelhado, o olhou ternamente, pousou delicadamente os dedos naquela face tranqüila, afastou os cabelos louros do rosto, e deu um beijo no canto da boca do garoto, bem molhado, imaginando como seria bom beija-lo de uma outra maneira.

-Acorda bela adormecida – sussurrava em seu ouvido.

Mello acordou assustado, havia sentido o beijo, mas achava que estava sonhando "que diabos tá acontecendo?" Abre os olhos e dá de cara com Matt, se segurou pra não lhe quebrar o nariz. O outro agora tragava mais uma vez, queimando boa parte do cigarro, fazendo com que algumas cinzas caíssem no chão.

-Bom dia gatchinho - disse piscando o olho esquerdo.

-Sai de perto de mim seu seu fumanteloucopervertido! – levantando irritado, indo até o banheiro, e batendo a porta com força.

"Meu Deus, o Matt tá cada vez pior, qualquer dia ele me estupra!" pensou enquanto se despia, jogando a roupa no chão do banheiro, e trancando a porta, achando que seria mais seguro visto as atitudes do amigo nessa manhã. Ligou o chuveiro e tomou um banho quase frio, porque fazia um calor absurdo. Ao terminar saiu do banheiro só com a toalha enrolada na cintura. O ruivo o fitou por alguns segundos, de cima a baixo, e foi para o banho também sem nem ao menos fechar a porta e gritando de lá:

-Eu até ia te chamar pra tomar banho comigo, se não tivesse acabado de tomar, mas se quiser pode vir, não precisa ter vergonha.

"Devem ser os hormônios" imaginava enquanto ainda queria socar o ruivo.

-Vai se ferrar Jeevas!

xXx

05h50min anti meridium (AM). Near abria os olhos a esta hora todos os dias de sua monótona vida. Quer dizer, monótona na visão dos outros, na dele era ótima. "Eu não preciso de mais do que quebra-cabeças, cartas e bonecos para me distrair, o mundo não é mais que isso." Passou as pequenas mãos pelo rosto e depois pelos cabelos. Seu coelho branco de pelúcia encontrava-se mais uma vez no chão, muito lentamente puxou-o para si dando-lhe um abraço de bom dia. Ainda lentamente se sentou na cama, sua respiração era pesada e vagarosa, deu um bocejo demorado e espreguiçou-se, levantou, abriu a janela, mas não muito, na verdade não gostava muito de sol e claridade. Arrumou a cama e separou toalha e roupas limpas para depois do banho.

[Toc toc

-Já estou acordado, obrigado.

-Bom dia Near – e os passos ecoaram indicando que se foi.

Seu quarto era sempre o primeiro a ser requisitado, não só porque era o primeiro a acordar, mas também porque seu quarto dava de frente para a escada, no extremo lado direito dos dormitórios. O albino de certa forma sempre teve privilégios dentro do orfanato, pois sempre tirava as melhores notas e era tão 'aparentemente frágil' como costumavam dizer. A começar por seu quarto, era a única criança no orfanato inteiro que não o dividia com ninguém. Tinha mais brinquedos que as outras, e sempre podia pedir mais a Roger. Ele às vezes não gostava muito desses privilégios porque influenciavam as outras crianças a tratá-lo mais ainda como um ser de outro mundo. Mas na maior parte do tempo gostava de ter seu quarto só pra si mesmo, sem ninguém para bagunçar ou falar alto enquanto quisesse dormir. E também particularmente não gostava muito de pessoas, em seu modo de ver elas eram mais manipuláveis e simples do que bonecos. Decidiu-se então por tomar seu banho, enquanto pensava com o que ia brincar após o café da manhã.

xXx

Mello se trocava enquanto esperava o amigo sair do banho. Vestiu roupas de baixo, uma camiseta regata preta e soltinha, bermuda jeans escuro e seu crucifixo que nunca tirava. Não demorou muito e Matt também apareceu no quarto enrolado numa toalha cintura abaixo. Vestiu uma bermuda jeans também, e uma camiseta regata com listras brancas e pretas, pegou o maço de cigarros e o isqueiro e coloca no bolso de trás. Colocaram chinelos nos pés e desceram para tomar café da manhã.

Pegaram aquelas típicas bandejinhas e foram se servir. Mello escolheu milk-shake de chocolate, uma barra de chocolate e cereal de chocolate. "Como ele consegue comer tanto chocolate?" pensava Matt se servindo de café amargo e forte (mania adquirida pós vicio em cigarro) e uma maçã. Nunca tinha muita fome pela manhã. O refeitório se encontrava em verdadeira algazarra, todos imaginando o que fazer depois das aulas nesse dia de sol escaldante.

Os dois melhores amigos conversavam calorosamente com outros garotos:

-Cara, vamos jogar futebol hoje até anoitecer, e o perdedor fica com a limpeza da sala de aula durante toda a semana – dizia um garoto de cabelos alaranjados e olhos pretos, cheio de sardas e pequeno apesar dos seus quinze anos.

-É, isso aí, tá combinado – respondiam todos atropeladamente, e fazendo promessas de ganhar o tal jogo.

Mello desviou seu olhar, varreu o refeitório todo com os olhos a procura de seu rival de cabelos alvos. O avistou no canto de sempre comendo seu cereal sozinho, com aquela expressão de nada, ou melhor, a falta de qualquer expressão costumeira. Nesse momento seus olhos brilhavam de vontade de ir incomodá-lo e já ia levantar para concretizar tal impulso, mas Matt o segurou.

-Faltam dez minutos pra aula, não dá tempo de ir importuná-lo, sinto muito – fazendo cara de tristeza fingida.

E nesse momento Near já se levantava e ia até a sala de aula, gostava de chegar cedo e não gostava de esbarrar nas crianças agitadas nos corredores. Estava achando estranho Mello não ter ido importuná-lo até agora, mas de certa forma aliviado. Havia percebido os olhares assassinos habituais do loiro o seguindo no refeitório, mas por algum motivo misterioso ficara só nisso.

xXx

As aulas transcorreram tediosas como o normal, mas extremamente maçantes e cansativas, levando os professores a suspenderem as aulas da tarde. Após o almoço todos correram para os jardins atrás da enorme mansão. O ruivo e o loiro também foram, porém se isolaram embaixo de uma árvore a pedido de Matt, este havia dito que precisava confessar um segredo. Ele mantinha um sorriso sapeca nos lábios enquanto se sentavam embaixo de uma enorme cerejeira que florescia, fazendo uma sombra tão grande quanto.

-O que tem pra me contar senhor animação?

-Huuum, acho que é melhor eu ir direto ao ponto né? Porque você fica nervoso quando demoram pra te contar alguma coisa, principalmente quando você esqueceu de trazer chocolate e a pessoa desanda a falar qualquer coisa menos o que você está esperando que ela diga né? E...

-Matt... – num tom de aviso, irritadíssimo, e se ele não parasse de tagarelar ia levar um soco na cara.

-Eu sei que você quer muito me socar agora – mostrando a língua – Ah, mas então o que eu queria tanto dizer é que... – fazendo uma pausa para acender um cigarro.

-FALA LOGO PORRA!

-Você sabia que eu te amo? Já te disse isso hoje?

Mello sabia que o outro estava brincando, ou pelo menos achava, por isso ainda mantinha um olhar assassino sob o amigo.

-Tá, tá, agora é sério – sorrindo – Amanhã eu vou dar uma escapada, quer ir comigo?

-Você tá ficando louco? E se te pegam? O Roger te mata!

-Ah não vem com essa, você tá cansado de saber que eu sempre saio.

-É mesmo né... – rindo da sua preocupação sem sentido – Aonde vai?

-Se-gre-do, só vai saber se você for.

Encarou-o por alguns instantes "Afinal, o que tenho a perder? No máximo fico de castigo alguns dias, e estou super entediado mesmo... Mas pensando bem, não estou a fim de ficar de castigo no verão".

-Eu vou pensar...

-Ai, não sei por que te chamo bixinha – mais uma vez mostrando a língua – Hoje à noite a gente conversa sobre isso de novo.

-Bixinha é você Matt! Não sou eu que fico cantando meu melhor amigo, você devia se envergonhar – ficando sério e cruzando os braços, até ser acertado por um soco no braço, e logo em seguida devolvendo outro soco no braço do amigo. Os dois começaram a rir daquela situação banal, algo que sempre acontecia.

-Vem, vamos jogar futebol – puxando o garoto de camiseta listrada pela mão – nós temos que ganhar hoje, não quero limpar a sala - e se juntaram aos outros garotos que já jogavam.

Logo após a dispensa anunciada repentinamente no refeitório, o albino esperou pacientemente até que as outras crianças já tivessem encontrado o que fazer e não mais congestionassem os corredores. Foi então até seu quarto pegar cartas, já arquitetava em sua mente enormes construções perfeitamente encaixadas, seguiu para uma sala de brinquedos, sentou-se no chão e começou a posicionar o baralho, fazendo o esboço daquilo que em breve seria um admirável castelo.

xXx

O restante da tarde transcorrera calmamente, todos sofriam com o calor anormal;

Era por volta das sete da noite e o sol já estava bem baixo no horizonte, dando um aspecto alaranjado ao céu que agora continha algumas nuvens. As crianças e adolescentes já entravam para jantar, todos cansados devido às atividades do dia e o cansaço natural proporcionado pelo clima. Mello estava sentado em um balanço ainda lá fora, conversava com seu inseparável companheiro.

Near após construir três enormes castelos de cartas, agora dava uma pausa, observando os fundos pela janela de uma sala no segundo andar da mansão, percebeu o loiro e o ruivo no balanço, estavam de mãos dadas, e pareciam "tão felizes juntos", como se fossem peças de um quebra-cabeça totalmente perfeito e encaixado. Pareciam... um casal, amantes. Era isso. "Parecem um par romântico, daqueles de filmes feitos um para o outro. Sinto inveja deles" deixando escapar por segundos um sorriso triste, quase imperceptível, voltando à expressão vazia de sempre e resolvendo fazer mais um castelo e jantar. Mas antes que saísse da frente da janela Mello se vira para lá, lançando um olhar furioso e soltando abruptadamente à mão do outro, levantando e indo a passos largos até a entrada da mansão, enquanto o ruivo aparentemente suplicava que não fosse.

-Aquele pirralho arrogante vai se arrepender por ficar me olhando.

-Qual o problema com isso? Deixa de ser infantil Mello!

-Não se mete nisso, eu vou lá quebrar a cara dele – e seguiu subindo a escada em direção ao quarto em que Nate estava.

Chegou ao cômodo quase bufando, seus olhos brilhavam de raiva, quando se tratava do rival ia do paraíso ao inferno em questão de segundos. Observou-o brincando com aquelas "cartas idiotas" montando um quarto castelo delicadamente, e num impulso foi lá e chutou as três construções prontas e também a quarta, a qual o albino havia acabado de acrescentar uma carta cuidadosamente, e ficou parado olhando-o com satisfação.

-Porque Mello fez isso? – enrolando um cachinho do cabelo sem pigmento, enquanto tentava prever a próxima ação do rival.

-Porque você estava me olhando pirralho? – cuspiu Mello

-Eu não sabia que não podia observar Mello – disse ainda sem expressão alguma, sem olhar para o escandaloso a sua frente.

-Agora sabe, não pode, vá cuidar da sua vida

-Mello não pode me impedir de olhar para onde eu quiser, ou pode? – simplesmente.

-Você está me desafiando Near? – perdendo o controle e erguendo o garoto do chão pela gola da camisa branca, e este agora o olhava nos olhos com certa curiosidade. – ESTÁ?

-...

Esse silêncio de Near era o que mais causava fúria em Mello, queria destruí-lo, transforma-lo em pedacinhos aos dentes "Você é mesmo um verme inútil".

-Ai Near não sei o que faço com você, se quebro algum dos seus ossos, ou se te jogo por aquela janela - olhando para ela, estava aberta e as cortinas balançavam com a corrente de ar, com cara de quem não estava brincando – Eu ficaria tão feliz se você morresse, nunca mais teria que olhar pra essa sua cara de nada – sorrindo sadicamente.

As outras crianças observavam a cena com medo, não duvidavam de Mello e de seu sadismo, sabiam que ele era nervoso e impulsivo. Sabiam que ele era perigoso.

-Solta o Near Mello!Isso é covardia, e ele não fez nada – disse uma garota loira no meio da confusão, num ímpeto de salvar a vida do frágil Near.

Mello cerrou os olhos e a fitou de rabo de olho.

-Cala a boca verme – sua voz continha um tom de desprezo, voltando os olhos para sua vitima. Near já estava ficando sem ar, sentia certa dor pela maneira que era erguido.

-Solte ele Mello – era uma voz grave de uma pessoa adulta, a qual Mello reconheceu imediatamente, o que fez com que Mello o soltasse num susto.

-Ro... Roger?

-Ainda bem que cheguei a tempo!Você está de castigo por hoje, vá jantar se quiser e depois disso não poderá mais sair do quarto.

O adolescente olhou sério nos olhos do senhor e respondeu:

-Tá, que seja Roger - e se voltando para Near – Salvo pelo gongo verme – piscando, e com um sorriso nos lábios foi para o corredor em direção ao quarto, sem sequer jantar. Seus passos ecoavam tamanha a força que pisava "porque ninguém vê o meu lado?" e outra voz na cabeça dizia "não que eu esteja exatamente certo, mas", "como assim? É claro que você tá certo! Ele provocou! Ele merece!", resmungava pelo corredor envolto em tanto ódio que quase emanava uma aura de ira.

Passadas largas, palavras cuspidas, respiração descompassada, coração a mil, ódio, ódio, ódio, queria matá-lo;

Nem prestava atenção no caminho, às pessoas olhavam-no com o mais sincero medo. Até que esbarra violentamente em alguém que cai no chão. Abaixa o olhar pra fuzilar quem quer que fosse o ser desagradável que ousou cruzar o seu caminho. Primeiramente em sua cegueira de revolta percebe que o 'ser' não tinha medo dele, pelo contrário, tinha uma sobrancelha erguida e também a mão esquerda erguida no ar, esperando ajuda para de levantar "só podia ser o".

-Matt! – pegando sua mão e o erguendo chão, abraçando-o fortemente – desculpe.

A 'platéia' em volta achava a cena estranhíssima, era muito raro o garoto demonstrar algo além de raiva em público. Continuava a abraçar o amigo com força, a respiração rápida.

-Ahn... Mello, não é que eu não goste de abraçar você, mas tá todo mundo olhando a gente.

Num baque de volta a realidade olhou em volta, fazendo com que os pequenos curiosos quase tremessem.

-Quem se importa – empurrando jeevas violentamente contra a parede, e pegando novamente seu rumo ao quarto, bufando.

"Bem que ele podia me abraçar assim quando estivéssemos sozinhos" e mordia o lábio inferior "vou dar um tempo longe do quarto, se entrar lá agora ele acaba com a minha raça" e mais uma vez pensou no lado pervertido da coisa "cara, ele tem razão, qualquer dia eu estupro ele" - rindo sozinho.

Agora uma forte ventania se abatia sobre a cidade, carregadas nuvens cinza-escuro apareciam cada vez mais no céu, e feixes de luz prata invadiam a noite junto a barulhos de dar medo. O refeitório já se encontrava quase vazio e agora vários filmes eram exibidos em salas espalhadas pela mansão, e nesse dia em especial para acalmar as crianças aflitas com a ameaça de tempestade foi permitido que comessem a sobremesa nas salas de tv.

Matt caminhava nos corredores em busca de algum filme interessante para assistir. Passou pela primeira sala, exibiam 'Peter Pan' pela milésima vez. "Que chato!". Continuou caminhando. Na próxima sala o filme era 'Procurando Nemo' "patético, prefiro dormir", já morrendo de tédio e sem esperanças andou até uma outra sala com uma plaquinha Censura 16 anos "até parece" – abrindo a porta e o filme que tinha acabado de começar era 'Espíritos' "legal, adoro filme de terror. Ah se o Mello não estivesse de castigo, também gostaria de ver".

-Ei Matt você tem mesmo dezesseis anos? – perguntou um inspetor desmemoriado.

-Uhum – "só falta um ano mesmo, uma mentirinha não mata".

-Ah tá – suspeitando e anotando mentalmente para perguntar a Roger depois.

"Tomara que Roger não fique sabendo, senão vai encher o saco".

Sentou-se no chão sob uma almofada grande e vermelha, enquanto via o filme com os outros adolescentes na sala.

xXx

Mello resolveu tomar outro banho para esfriar a cabeça, depois ficou estudando e se entupindo de chocolate.

"Porque diabos aquele extraterrestre fica me olhando? Ele deve querer achar defeitos em mim, pontos fracos ou sei lá o que, amanhã perguntarei de novo sem o Roger por perto. E o que será que aquele porcaria do Matt tá fazendo? Nem pra me fazer companhia quando to de castigo." Mordendo um grande pedaço de chocolate "Hunf, vou tentar dormir. Já são quase dez horas e não to a fim de estudar mais." Tirou a roupa ficando apenas com uma samba-canção preta, e resmungava alguma reclamação, amaldiçoando aquele calor.

Nate após a janta foi assistir um filme de super-herói qualquer, enquanto tomava um sorvete de morango "será que ele ainda está bravo comigo? É uma pena que tenha ficado de castigo, sinto a falta da sua presença" freiou a linha de seus pensamentos. Desde quando sentia falta de Mello? "Mas eu sinto, é fato" Porque observava quando ele estava com o ruivo? E porque doía pensar nisso? "Será que eu estou com ciúmes?" sentia alguma coisa estranha. "Mas porque agora se o Matt sempre esteve com ele, desde que..." Nem ao menos se lembrava deles antes disso. "Eu sinto ciúmes deles ou da relação deles?" enrolando um cacho do cabelo "Mas se eu sentir ciúmes dele, quer dizer então que eu gosto dele? Em que sentido? Vou dar um jeito de descobrir" tendo uma idéia.

x

Em torno de dez da noite uma forte tempestade despencou dos céus, com raios, trovões, pingos grossos e pequeninas pedras de gelo, fazendo sons agudos nos vidros das janelas, que pareciam poder romper a qualquer instante. Os alunos se apressavam em direção aos quartos, os menores para se enfiarem embaixo de cobertas e assim afastarem o medo de todo aquele barulho.

O tal filme de terror acabara agora, e Matt foi para o quarto meio impressionado e temeroso, ele podia ter seus quinze anos, mas morria de medo dessas coisas "se eu contar pro Mello que fiquei com medo ele me enche pro resto da minha pobre vida" pensou chegando ao quarto escuro e acendendo a luz sem nem se importar com o outro ocupante do quarto que tentava dormir em vão.

-Oiiii gatchinho – se jogando em cima do amigo.

Aqueles olhos assassinos não o assustavam nem um pouco, já estava acostumado.

-Eu vou tomar um banho e já volto pra dormir com você tá? Não se preocupa que não demoro. Ai! – sendo atingido com um travesseiro.

-Some da minha frente ou eu não respondo por mim.

-Ui, to indo – levantando e pegando uma muda de roupa e indo pro banheiro.

Enquanto a água caia sob seu corpo pensava no dia que se passara "preciso urgentemente de um cigarro" mentalizava cada fato: o modo como o amigo foi carinhoso hoje, e depois como se descontrolou de novo, o abraço repentino, e "o filme do mau, eu devo ser uma mulherzinha mesmo, hunf" desligando o chuveiro, pegando a toalha pendurada no box e secando o corpo todo rapidamente, veste uma samba-canção vinho e solta, e vai para o quarto enquanto bagunçava os cabelos com a toalha numa tentativa de seca-los. Dessa vez não acendeu a luz "tenho amor à vida". Agora a tempestade se intensificava cada vez mais, e parecia mais amedrontadora. Deixou-se na cama de lado, fitando os olhos de Mello que o seguiam no escuro.

-Mihael?

-Oi

-Você vai comigo amanhã?

-Hum, sim.

-Você vai adorar, garanto – dando um grande sorriso.

-...

Ficaram quietos, os únicos barulhos eram o da chuva que caia sem piedade e os ventos que invadiam o recinto através de pequenos vãos na janela fazendo ruídos que se assemelhavam a pessoas chorando, "pessoas mortas". O ruivo sentia seu corpo todo se arrepiando, estava com medo. O amigo agora estava de costas para ele, virado pra parede, então abriu a gaveta e pegou o maço, o ambiente ficaria impregnado com o cheiro da fumaça, mas precisava daquilo. Fumar não parecia ter ajudado muito, não conseguia relaxar por causa daqueles "malditos ruídos medonhos" e aquele estrondos esporádicos vindos lá de fora. Queria uma coisa, tinha quase cem por cento de certeza que a resposta seria um grande 'não', mas não custava tentar.

-Mello

-Que é? – sonolento.

-Posso dormir com você?

-...Não.

-Por quê?

-Porque não.

-Ah deixa, eu to com medo.

Sentou-se na cama e fitou o amigo "com medo? Você é patético Jeevas" – ria da cara do amigo, e percebendo que era sério:

-Matt

-Sim?

-Você é uma bixa! – rindo mais ainda.

-Tá, eu sou uma bixa, mas posso dormir com você? – ajoelhando ao lado do amigo e fazendo cara de cachorro sem dono.

-Ai Deus, o que eu não faço por você Jeevas – se afastando pro canto da cama, encostando-se na parede e dando espaço pro amigo.

Mail ficou pasmo, quase não acreditava nisso.

-Caralho! Você tá falando sério? – colocando a mão na testa do outro.

-Anda logo antes que eu mude de idéia – tirando a mão de Matt de sua testa e mordendo.

-Ai – puxando a mão e fazendo careta enquanto se deitava de costas pro amigo puxando sua mão e colocando sobre sua cintura, e Mello já abria a boca para reclamar.

-Se você falar alguma coisa ou se mexer eu juro que te beijo! – rindo do mal-criado.

-Tarado – com uma expressão carrancuda.

-Boa noite Mihael.

-Noite.

"Chuvas nem sempre são ruins" pensou o ruivo antes de pegar no sono.

xXx

O sábado amanheceu também chuvoso e cinza, as nuvens estavam tão pesadas que deixavam toda a cidade num quase breu, dando um aspecto fúnebre à mansão. Matt abriu os olhos por volta das sete e meia da manhã, mas por causa do mau tempo que insistia em continuar resolveu dormir mais. Deu um longe suspiro, percebendo a posição em que estavam, Mello virado para a parede em posição fetal e ele também, seus corpos muito próximos, os dois quase nus, seu coração disparou "para de pensar besteiras! Ele é seu melhor amigo, de INFÂNCIA!" mas seu corpo não assimilava isso, por mais que tentasse, imaginava como seria bom poder correr suas mãos por cada pedacinho de Mello "cara, eu vou pro inferno" fechando os olhos "como posso ficar excitado vendo meu melhor amigo dormindo? Pare pensar em coisas pervertidas! É uma ordem Mail Jeevas" tentando acalmar seus pensamentos pecaminosos. Puxou o ar com força e sentiu uma vontade súbita de tossir "malditos[cof, cigarros". Mello acordou com o barulho e vendo a penumbra no ambiente decidiu-se por dormir mais também, fechou os olhos novamente, colocou a mão para trás tateando, procurando a de Matt, entrelaçando-a com a sua, e levando-as para perto do seu peito e ao mesmo tempo puxando Matt para mais perto e indo para trás até encaixar seu quadril ao corpo dele, fazendo um manhoso "huuum" e dormindo de novo. Matt quase teve um 'troço', mordeu forte o lábio inferior com num castigo por sua mente maquinar tanta coisa e em tantas posições ao mesmo tempo "e eu ainda tava tentando não ficar excitado" pensando em coisas desagradáveis para acalmar seu baixo ventre, não conseguindo grandes resultados. Seus corpos estavam suados graças ao calor, e unidos, colados "como ele é quente, que absurdo! Vou pensar em filhotinhos fofinhos e mortos, quem sabe resolve" e ficou lutando contra si até adormecer.

[Toc, toc e nada, mais uma vez. [Toc, toc silêncio, 3 4 5 vezes, ia entrar;

Um inspetor entra no quarto fazendo barulho na porta e acendendo a luz. Mello abriu os olhos vagarosamente e pensando em cometer um homicídio com o invasor. Matt também abria os olhos com dificuldade olhando o intruso.

-Mas que #$& tá acontecendo aqui? – gritou o loiro se sentando ainda de mãos dadas com Matt – hoje é sábado, até aonde eu sei eu posso dormir até a hora que eu bem entender!

-Eu é que pergunto o que está acontecendo aqui – se referindo aos adolescentes quase nus dormindo juntos de mãos dadas.

Foi então que Mello olhou para si e o amigo, que agora também se sentava, e voltando a falar mais nervoso ainda.

-Agora você vai proibir amigos de infância de dormirem juntos? A gente sempre fez isso!A malicia tá na sua cabeça, e mesmo que fosse outra coisa a minha opção sexual não é da sua conta – já fazendo um escândalo indignado.

"Não é bem assim" pensou Matt, mas apoiando o amigo.

-Mas vocês não tem mais cinco anos de idade, e eu não posso proibir nada, quem pode é o Roger – o inspetor com certeza reportaria o fato a Roger, afinal adolescentes gays era algo realmente problemático – Mas não vim aqui discutir isso.

-Mas que merda você veio fazer aqui? – berrando com grosseria ao extremo, fazendo o inspetor ficar sem graça perante o amontoado de curiosos na porta.

-Roger quer vê-lo, parece que você empatou com o Near no ultimo simulado – com uma voz tediosa, não suportava esses geniosinhos.

-Ah, obrigado – e o homem sai do quarto, fechando a porta.

Até Matt ficou surpreso com o agradecimento do amigo, era muito raro ele ser educado.

-Matt eu to superando o Near! – abraçando o amigo bem forte, que retribuiu com um sorriso.

-Logo logo você passa ele.

"Graças a Deus uma noticia boa, senão eu teria que agüenta-lo o dia todo de péssimo humor".

-Vem Matt vamos tomar um banho.

-Juntos? – o mais espantado que pudesse estar.

-Eu não acho uma boa idéia, eu posso tentar abusar de você – mais com medo de si próprio do que com malicia.

-Tá né – fazendo um gesto negativo com a cabeça em reprovação – Tenho a impressão que nossa fuga hoje será ótima, tudo parece ótimo – sorrindo de orelha a orelha entrando no banheiro.

Matt aproveitou para fumar e ficar se remoendo e se arrependendo de não ter tido coragem de aceitar o convite de tomar banho com Mello. "Mas se você fosse definitivamente abusaria dele, ainda mais depois de hoje de manhã, seu maníaco" fazendo bolinhas com a fumaça do cigarro enquanto desenhava no vidro embaçado da janela. Matt[um coraçãoMello.

Nota da autora 2: Por enquanto tá mais pra um shonen-ai, mas já tem outros capítulos escritos, dependendo do número de reviews eu continuo. Gostou? Review. Amou? Review! Odiou e quer me xingar? T.T Deixe review também pra eu saber no que errei.

Acredito que tenha caído um pouco no clichê das personalidades, mas imagino que seja porque gosto deles assim.

Espero que tenham gostado, obrigada por lerem!