Aviso: Essa fic tem spoilers de "Harry Potter and the Deathly Hallows". Bem, se você ainda não leu o livro e não deseja saber nada o que acontece nele, é melhor parar por aqui.

Um pouco mais de amor no mundo

Parte I - Nymphadora Tonks

Eu nunca pensei que fosse conseguir sentir dois sentimentos tão opostos, felicidade e tristeza, ao mesmo tempo. Eu nem iria adivinhar que tanta coisa iria acontecer... Mas o que eu aprendi durante todo esse tempo é que o que realmente importa é a nossa capacidade de lidar com o inesperado.

Desde o meu quinto ano em Hogwarts, quando a gente teve a famosa Orientação Vocacional, eu decidi que seria uma Auror. Talvez por causa das histórias que eu fiquei sabendo sobre a família da minha mãe. Eu queria a maior distância possível dessa parte da família, principalmente da "tia" Bellatrix. Melhor do que eles terem uma "Black" (como mamãe foi queimada da tapeçaria, não sei se posso me considerar uma) que não era sangue-puro, era acrescentar o fato de que ela tinha como profissão combater Bruxos das Trevas.

Mas também escolhi essa carreira por sempre gostar de uma aventura, de quebrar regras e pelo meu senso de justiça, é claro.

Quando eu pensava no futuro, nessa época, eu não refletia muito sobre o quesito casar e ter filhos. Na profissão que eu queria, seria muito complicado. Já era difícil ter Aurores do sexo feminino, ainda mais casadas.

Mas naquela época eu também não imaginava que entraria em uma Ordem Secreta para poder enfrentar Você-Sabe-quem. E nem sabia que o meu primo era, na verdade, inocente de todas as acusações.

Assim como eu também não imaginava que conheceria ele.

Ele mudou o meu mundo, por mais brega que isso pode parecer (e podem acreditar, brega com certeza é uma palavra que não me define. Principalmente quando você usa blusas de bandas bruxas e cabelos espetados).

Eu aprendi muito com ele. Remus me mostrou que eu poderia gostar tanto de alguém, que ele passaria a ser a minha capacidade de sorrir. Ele me mostrou que todas as pessoas têm defeitos, não importam se propositais ou não, e elas não devem ser julgadas por eles.

Ele me ensinou que a palavra amar pode ter vários significados e ser eterna. E que, principalmente, a gente não tem domínio sobre ela.

E ensinou o quanto a maioria das pessoas são bastante injustas.

A única coisa que eu queria era mudar o mundo dele também, assim como ele fez com o meu. Eu queria que ele percebesse que poderia ser amado e nem tudo é sofrimento. Eu queria que ele percebesse que a gente poderia enfrentar os problemas juntos, e que a única coisa que eu queria no meio do caos era estar ao lado dele.

Eu queria que ele estivesse aqui ao meu lado agora.

Eu sei que não é a melhor hora de alguém descobrir que vai ser pai e eu concordo com isso. Estamos no meio de uma guerra, com o terror e o medo nos cercando. Mas eu não posso negar que estou feliz. Estamos casados e nos amamos. Nós vamos ter um filho. Uma esperança no nosso caminho.

Eu já sei de toda a história. Os lobisomens estão sofrendo uma discriminação como nunca antes e eu estou sofrendo inquéritos no Ministério por causa disso. Tudo o que ele sofria por causa da sua condição, eu estou sofrendo também.

Mas o que importa? No mundo da forma que está, qual é o motivo de continuar trabalhando lá? Por que eu vou levar em consideração pessoas que também não se importam comigo?

Mas ele não entende. Ele acha que eu estou sofrendo mais por estar casada com ele. Ele acha o quê? Mesmo se não estivesse com ele, eu estaria tentando lutar contra tudo o que está acontecendo. Será que depois de tudo o que passamos no ano passado ele não sabe que eu simplesmente não me importo?

Remus sempre vai ter essas inseguranças. Mas eu pensei que ele havia entendido que ele tinha que tentar superá-las. Por mim. Por ele.

E será que ele ainda não entendeu que eu o amo e nada vai mudar isso? Por mais ou menos um ano eu tentei esquecê-lo, sem sucesso. O que ele acha? Que vai ser o Ministério, que está sendo controlado pelos Comensais, que vai fazer com que eu pare de amá-lo?

A nossa maior força é o amor, Dumbledore sempre disse. E eu pretendo usar essa força o quanto eu puder. Eu tenho orgulho de ser chamada de Senhora Lupin. Não importa se olharem torto para mim. Eu sei quem o Remus verdadeiramente é, e isso já me faz feliz. Eu tenho é pena das pessoas que não conhecem o homem maravilhoso que ele é. Ele tem seus defeitos, mas quem não tem?

Eu fui da Lufa-Lufa. Nós não somos idiotas, como muitos pensam. Nós somos justos e leais. Simplesmente não desistimos de nada. Muito menos das pessoas que amamos. E por ele vale a pena lutar.

Eu não gosto nem de pensar na briga que nós tivemos há poucas horas. Eu sei que aquele não é o Remus. Ele está confuso e com medo. Eu não posso negar que fiquei magoada com as palavras dele, por isso o motivo de minha tristeza, mas eu sei que tudo isso é uma forma dele se defender. Ele está se sentindo culpado e mais uma vez está querendo tomar decisões por mim. A minha opinião tinha que contar, sabia?

Ele utilizou a desculpa de que queria ajudar o Harry a completar a missão que Dumbledore havia deixado. Ele disse para eu ficar na casa de mamãe porque eu ficaria segura. Mas eu sei que isso tudo é mentira. São desculpas para abandonar-me e deixar o nosso filho também. Eu falei tudo isso para ele e esse foi o motivo da nossa briga.

Eu já amo o nosso filho tanto quanto eu amo Remus. Não importa se eu sei há pouco tempo da existência dele. Ele é a minha esperança. Eu só queria que Remus percebesse isso também.

Toda essa situação não é somente flores para mim, não. Se eu já não imaginava ser mãe, imagina ser mãe tão nova e no meio de uma guerra? Mas eu não estou triste, nem querendo correr. Esse menino ou menina é a prova do porque temos de lutar. Temos que lutar para conseguir um mundo onde todas as pessoas possam viver, não importa se são trouxas, se não tem sangue puro ou se tem um pai que é um lobisomem.

Ele nem sabe se o bebê vai herdar a licantropia dele e já utilizou esse argumento. O nosso casamento não foi um erro, assim como essa gravidez também não foi. Não me arrependo de nada. Se tem uma coisa que eu agradeço foi quando eu entrei para a Ordem da Fênix.

A única coisa da qual eu me arrependo é de aparentemente não conseguir demonstrar para o Remus o quanto ele é importante para mim.

Não importa se a mamãe fala que simplesmente eu deveria esquecer o Remus. Eu sei que ela também não o aprova. Assim como eu acredito que o Remus irá entrar por essa porta para ficar com as pessoas que o amam incondicionalmente, tenho certeza de que quando mamãe conhecer o verdadeiro Remus, ela irá mudar de opinião.

Eu ficarei aqui esperando por ele. Na nossa discussão, o que mais me machucou foi ele falar que o nosso filho iria ficar muito melhor sem pai do que com um pai que ele se envergonharia. Eu tenho certeza de que ele dará todo amor e carinho ao nosso filho e que, conseqüentemente, o nosso filho, na idade certa, irá entender todos os problemas do pai.

Tenho certeza de que o Remus irá voltar e esse bebê terá um excelente pai. Um pai que contará histórias, dividirá chocolates e ficará correndo pela casa. Um pai que vai segurar na mão dele quando ele estiver medo, que irá seguir os seus primeiros passos, que irá mostrar diversos livros e criaturas formidáveis. Um pai que provavelmente ficará envergonhado quando tiver que dar conselhos sobre garotas, mas que irá ensiná-lo o que a palavra "Maroto" significa.

Mal posso esperar para a minha barriga começar a crescer, eu começar a ter desejos e começar a comprar coisas para o bebê. Eu vou ser mãe! Uma mãe de cabelos rosa chiclete! Parece até mentira!

Já imaginou se esse bebê for um metamorfomago que nem eu? Provavelmente irei passar por todos os problemas que a mamãe passou. Ela disse que eu mal nasci e já comecei a mudar a cor do cabelo! Será que naquela época eu já gostava de rosa?

Como eu queria, Remus, que você estivesse aqui do meu lado para podermos compartilhar tudo isso. Mas eu tenho esperanças. Você irá voltar. E cuidaremos dessa pequena vida juntos.

Choraremos muito quando ele nascer, assim como iremos chorar imensamente quando nos despedirmos do nosso filho em King' s Cross, no primeiro dia em que ele for para Hogwarts. E esse mundo com certeza estará bem melhor do que o nosso.

Não podemos perder a esperança...

Continua...

Agradecimentos: Muito obrigada Nikari Potter por ter aceitado betar essa fic!

Notas da autora: Essa fic conterá alguns capítulos, cada um na perspectiva de um personagem diferente. E o título foi inspirado em uma frase da McGonagall no final do sexto livro, na famosa cena da Ala Hospitalar.

Reviews me farão muito feliz, rs!