Sirius, o Sedutor
Olá, Sou Sirius
Aqui, um pouco de perfume. Ajeito a gravata, olho no espelho e... Ah! Olha só, companhia. Olá, sou Sirius Black, moro em New York City, mais precisamente num belo apartamento de três cômodos no meio da Ilha de Manhattan com meu único e eterno amor: meu labrador fêmea Lucy. Como vim parar aqui? Bom, é uma história mais ou menos comprida, mas tem uma única e simples razão: a vida de playboy não era pra mim. Viver de mesada, só usando o rostinho lindo para aparecer na mídia social inglesa não fazia o meu tipo, embora caiba como luva na cabeça chata e imbecil de meu irmão, que tem vinte e três anos e ainda mora com os pais.
Eu não sou assim, até porque sou uma pessoa de gostos simples. Adoro mulheres. Louras, morenas, magras, mais cheinhas, altas, baixas, punk ou patricinha, são todas lindas. Tem gente que ama cavalos, fazer compras, viajar. Eu amo mulheres. Bom, onde eu estava? Ah, sim, me preparando para sair.
Tenho uns três empregos, contando atualmente. À noite trabalho como barman em algumas boates por aqui, mas durante o dia tinha de fazer mais alguma coisa, certo? Então, claro, faço alguns bicos. Hoje, por exemplo, estou indo ver se consigo emprego como ajudante de um agente de modelos por aqui. Esse emprego é especial, claro, onde eu podia ficar vendo mulheres o dia todo e ainda por cima ganhar um dinheiro por isso?
Como eu ia fazendo, ajeito a gravata e passo um perfume. Sutil, não muito forte, só na curva do pescoço e um pouco na barriga para deixar as moças à vontade. Pego as chaves da moto e vou até o elevador, onde a minha vizinha está esperando. É uma gata, claro, castanha com olhos claros. Infelizmente tem um namorado executivo, estão para fazer a maior besteira da vida: casar. Mas não custa nada ser simpático, né?
- Dia bonito, hein. – comentei, e ela balançou a cabeça.
- Sim. É mesmo.
- Se bem que aqui nunca faz dias ruins. Em Londres está eternamente nublado.
- Você é da Inglaterra mesmo? – ela pareceu surpresa ao perceber, como se meu sotaque nunca tivesse denunciado.
- Nunca notou?
- Achei que fosse só para impressionar as mulheres que falasse assim.
Tive vontade de rir. As horas na academia e esmero em se vestir é o meu jeito de conquistar garotas. Fazer um sotaque britânico barato não faz meu estilo, de forma alguma. Isso aqui é natural. O elevador chegou, e deixei-a entrar primeiro, tomando cuidado para não entrar logo em seguida. Homens que entram correndo atrás das moças parecem desesperados.
- Porque veio para cá? – ela perguntou enquanto descíamos.
- Ah, o Velho Mundo não era para mim. Cheio de frescuras, sou mais aqui. Vida um ritmo bem dinâmico.
- Seria ótimo conhecer a Inglaterra.
- Vou pra lá uma vez por ano, no aniversário do meu melhor amigo. – comentei me lembrando da noitada que passei lá da última vez que fui. Uau, aquele era um lado de Londres que não conhecia.
Chegamos à garagem, e antes de subir na moto lancei o convite:
- Se quiser, eu costumo levar alguém comigo.
Ela deu um sorriso, provavelmente o primeiro desde que ela se mudou para o apartamento ao lado do meu. Qual o nome dela, mesmo? Emma... Emily!
- Vou falar com o meu noivo. – Emily entrou no carro dela e eu sorri amarelo. Não foi dessa vez, que pena. Dei a partida na moto e comecei a andar, só admirando a paisagem. As mulheres americanas tem algo a mais, sabe. São uma mistura de povos, então no mesmo lugar você encontra tantas de tantos tipos que dá mais ânimo para acordar no dia seguinte.
O prédio em que vou ser entrevistado é um alto e envidraçado, parecido com todos exceto pelo fato de ter um grande cartaz de uma bela ruiva mostrando uma roupa nova. Entrei com segurança, como sempre faço, e quando cheguei até a secretária ela me recebeu com um sorriso.
- Bom-Dia. – ela ofegou, e eu sorri sedutoramente.
- Sirius Black, vou ser entrevistado na Manhattan Models.
- Só um segundinho. – ela riu baixinho, e aproveitei a sua distração para olhar bem. Garota linda, uns vinte anos, nem isso. Bem vestida, um pouco cheia nas pernas olhando de cima, pés pequenos dentro do salto. Bonita. – Pode subir, é o décimo terceiro andar.
- Obrigado. – agradeci com uma piscada que a fez derreter no lugar. Peguei o elevador com duas executivas.
- Com licença. – pedi para entrar, e vi a sobrancelha de uma se erguer.
- Vai na agência? – perguntou, e eu concordei com a cabeça. Ela deu uma olhada em mim e sorriu. – Vai ser aprovado, tem jeito de modelo.
- Ah, não vou para o teste de modelos. – sorri satisfeito. – Vou para o assistente de agente.
- Uma pena. – comentou a outra, e desceu no andar seguinte. Ri discretamente, e a outra mulher com quem estava conversando sorriu.
- Realmente, é uma pena. Esse sotaque é bom, também.
- É de verdade. – eu disse, e ela ergueu as sobrancelhas.
- Tá legal.
- Não to brincando! – disse, erguendo os braços. – Juro! Sou inglês.
- E o que o Lord está fazendo aqui?
- Cansado dos modismos ingleses. – tentei parecer natural, e ela aceitou.
- Eles são um pouco assim mesmo.
- E você? – perguntei, mas a porta abriu de novo, e eu vi o letreiro da Manhattan Models brilhando. Não imagina minha alegria quando ela desceu e olhou divertida para mim.
- Não era aqui que ia descer?
Rindo casualmente, desci com ela e voltei a perguntar sobre sua vida. Garotas amam isso, dá a elas a oportunidade de fazer o que elas mais amam fazer sem se sentir culpadas: falar.
- Sou Sue Watterhouse, trabalho no agenciamento.
Passamos por um secretário que usava um microfone encaixado na orelha, e antes que eu parasse para me apresentar Sue olhou para ele e apontou para uma sala de vidro:
- Ele está aqui para a vaga de Assistente. Pode dispensar os outros.
Viu como a vida é gentil? Para mim as coisas sempre dão certo, não importa a ocasião. E ainda dei sorte de a agente que será minha chefa ainda é uma gata. A quem devo agradecer tanta graça? É a benção dos cavalheiros. Entramos na sala dela e Sue sorriu como se fosse minha amiga há anos. Fazer o que, sou um imã de mulheres!
- Então você vai me entrevistar? – me apoiei na mesa com os dois braços e ergui os olhos para ela. Os cabelos cacheados louro-claros eram bem curtos e seus olhos azuis tinham óculos quadrados cobrindo-os. Não era muito mais velha que eu, apostaria uns trinta e dois se me obrigassem, mas odeio especular idade de mulheres. Elas odeiam, e eu não dou a mínima.
- Não, você vai começar hoje. Ou melhor, agora. Pode pegar as pastas que estão por ali.
Muito eficiente, claro, peguei as pastas e coloquei sobre a mesa. Sue sorriu sugestiva para mim, e quando sorri de volta ela foi até as persianas e fechou-as.
- Não pode estar muito claro, precisamos ver os negativos.
- Por onde começo? – perguntei, me sentando na cadeira inocentemente. Sue sorriu e se aproximou de mim.
- Por aqui. – e sentou – se no meu colo, enroscando as pernas em volta da minha cintura. Enquanto a beijava encostei suas costas na mesa, e ela riu enquanto a sentava ali, tirando seu terninho e colocando agilmente na cadeira.
- Mas é mesmo um Lord. – ela continuou me beijando e tirou meu terno, jogando no chão. – Desculpe, não sou tão organizada.
Imitei sua risada, e quando ela desfez o nó da minha gravata coloquei-a sentada na mesa, trilhando seu pescoço de beijos. Não estava usando relógio, então não sei quanto tempo ficamos ali, só sei que já estava com fome quando terminei com ela, e ela massageou as minhas costas um pouco. Enquanto abotoava a camiseta, me virei para ela e perguntei:
- Ainda tenho o emprego?
- Claro que sim. Essa foi a melhor entrevista que já fiz. – Sue piscou, e sorri sem discrição. Odeio ser arrogante, mas eu sou bom nisso.
Quando sai naquela noite para o Vesper já estava arrumado e perfumado de novo, mas bem menos sério. A camisa era social, mas meio aberta, e as jeans já estavam meio rasgadas. Dica: sempre deixe o apartamento arrumado e perfumado. Nunca se sabe como a noite vai acabar.
