(N/A: Atenção nas datas! Se ficar confuso, avisem nas reviews e eu mudo o estilo no próximo capítulo!)


LAST CHRISTMAS

1. I gave you my heart

Last Christmas I gave you my heart
No Natal passado eu te dei meu coração
But the very next day, you gave it away
Mas bem no dia seguinte, você o largou

25 de dezembro de 2014 01:05 pm

— Não vou sair de casa hoje. – declarei para Alice. Ela me encarou como se eu tivesse acabado de xingar todos seus ancestrais.

— Como é? – exigiu. Suspirei.

— Não vou sair de casa hoje. – repeti lentamente. Notei que ela ainda parecia achar que eu era louca.

Agora ela parecia homicida.

— O QUÊ? – gritou, andando até mim com passos rápidos. Suas mãos pequenas agarraram meus ombros e ela me chacoalhou. – É NATAL!

— E como em todo Natal, eu fui a anfitriã desse lindo almoço. – comentei, fingindo que ela não estava me incomodando com o negócio de me balançar. Embora ela estivesse.

— Hoje é A Festa. Você não pode não sair de casa. – explicou quase calmamente. Suspirei, finalmente tirando as mãos dela dos meus ombros.

— Eu não vou à Festa esse ano. – falei.

Considerando o fato de que nos últimos cinco anos eu tinha sido a pessoa que comandava a organização da Festa Anual de Natal de Forks, acho que perdôo o fato de Alice ter gritado tão desesperadamente que depois de alguns segundos Jacob e Jasper apareceram correndo, preocupados. Eles estavam cuidando da louça suja depois do almoço. Éramos um grupo de amigos unidos ao ponto de passar o Natal juntos.

Eu lancei um olhar divertido para eles, apontando para minha pequena amiga (que estava com o rosto paralisado, chocada).

— Hum, nenhuma emergência então? – brincou Jake, piscando pra mim. Eu corei de leve e mexi no cabelo pra disfarçar.

— Não. – respondi, ao mesmo tempo que Alice gritava SIM!.

— Pelo amor de Deus, onde é o incêndio? – Jasper falou, rindo. Eu revirei os olhos para ele

— Ela não quer ir à Festa! – guinchou a duende. Mordi o lábio, tímida.

— Bella? Você é a Festa. Como assim não vai?

— Eu só... – comecei, mas fui interrompida.

— Bells, o que será de nós sem você esse ano? – meu amigo loiro perguntou, parecendo realmente desesperado. – Se minha noiva organizar tudo sozinha, a decoração vai ser rosa ao invés de verde-vermelho!

Fui obrigada a rir, porque isso era bem provável mesmo. Exceto que nós já tínhamos feito as encomendas. Mas ainda assim.

— Você não pode não ir. Todo mundo esperou o ano inteiro pra festa desse ano. – falou Jacob. E o pior é que ele tinha razão. E mal sabia ele que era exatamente esse o motivo para eu não ir.

A Festa Anual de Natal de Forks atraía muitos turistas todos os anos. Como era realizada na noite do dia 25, todos já tinham feito suas ceias familiares no dia anterior, atraindo assim todo o tipo de público. Ano passado nós conseguimos uma banda de covers relativamente famosa, e foi incrível. A festa do ano passado tinha sido toda incrível. Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos proibidos.

— Bella? Bella? – Alice estalou os dedos na minha frente. Eu pisquei, olhando para ela.

— Huuum? – murmurei, segurando um suspiro. Ela me encarou com preocupação.

— Tudo bem com você? – Jacob perguntou, sentando ao meu lado. Jasper também parecia hesitante.

Respirei fundo.

— Eu quero ficar sozinha. – falei, levantando e indo abrir a porta de casa. Os três me encararam por alguns segundos antes de assentirem e saírem. Voltei para o sofá e finalmente suspirei.

Meu Deus, como eu odeio Natal.


25 de dezembro de 2013 07:38 pm

Meu Deus, como eu amo o Natal!

Observei a decoração perfeita que enfeitava nossa festa. Eu nem acreditava que tinha dado tudo certo. Tudo bem, eu falava isso todo ano, mas 2014 tinha sido particularmente difícil.

Mas nada disso importava, porque tudo estava perfeito hoje.

— Esses docinhos são maravilhosos! Parabéns, Bella! – uma senhora desconhecida gritou pra mim, mostrando seu pratinho com cookies em formato de pinheiros.

Não fiquei surpresa por ela saber meu nome – estava escrito em todo o canto que eu e Alice éramos as organizadoras da festa. E eu tinha um crachá, então também não me surpreendeu o fato de ela ter descoberto que eu era a Bella.

Esse ano tinha sido o primeiro que eu não estava acompanhada. Em outras ocasiões, eu tinha vindo com namoradinhos de colégio, e nos últimos dois anos, com o mesmo namorado. Exceto que na noite de Natal ele tinha me feito uma sugestão. E essa sugestão me fez perceber o quanto eu estava sendo cretina nos últimos dois anos e meio.

Eu estava sozinha por causa disso. Porque eu era uma cretina. Mas hoje, tendo tanta coisa pra ajeitar de última hora, eu tinha pensado pouquíssimo no assunto. E mesmo que fosse estranho estar sozinha aqui, não me importei. Eu sabia que não poderia dar atenção a ele de qualquer forma, já que a todo o momento pessoas apareciam do nada para me parabenizar ou para criticar algo.

Perdida em meus pensamentos, meu olhar vagou pelo lugar até ser preso em algo. Alguém.

Ele estava muito concentrado mexendo no celular, então encarei-o sem vergonha dos sapatos caros até o cabelo castanho. Pensando bem, era ruivo. Bom, a luz dos pisca-pisca podia estar me enganando, não dava pra saber. Seu corpo era magro, mas eu podia ver que seu casaco não era folgado nos bíceps, então chutei que ele era forte.

Subi o olhar para o rosto, sorrindo involuntariamente. Ele era tão pálido como eu, mas não era um morador local nem a pau. Eu me lembraria se já tivesse esbarrado nele no supermercado. O homem de negócios (era o que ele parecia ser, se a roupa fosse uma dica) desistiu do celular e o guardou no bolso do paletó grosso, correndo os olhos pela multidão.

Não fui rápida o suficiente e nosso olhar se encontrou como se ele estivesse me procurando. Senti meu rosto corar, mas torci para que ele não pudesse perceber por causa da distância. Os cantos da minha boca tremeram, num sorriso espontâneo. Ele sorriu de volta e me virei de costas para ele, andando para longe do homem de negócios que capturou meus olhos.


25 de dezembro de 2014 01:37 pm

Não tinha sido o último olhar que trocamos, mas eu precisava esquecer isso. Sozinha em casa, terminei de limpar tudo para ocupar a cabeça. Hoje completava um ano, e eu estava apavorada. Não podia ter passado tanto tempo assim, podia? Porque se tivesse mesmo, isso significava que o último ano não tinha significado nada pra mim. Eu mal tinha comido – a prova disso era meu número ter passado do invejável 36 para um temido 34 –, dificilmente havia saído da cidade, e, pateticamente o suficiente, não tinha dado um mísero beijo na boca.

Nem me fale sobre a seca.

Cheguei aos vinte e sete anos sem ter tido um bebê – resolução de vida que eu costumava ter – e agora estava sozinha. A única pessoa que me amou, eu rejeitei, e o único que eu amei me rejeitou. Simplesmente... irônico.

Fui até minha penteadeira e abri a primeira gaveta. A caixinha azul de veludo estava ali, tornado minha miséria real demais. Algo me dizia que eu devia ter devolvido o anel que um estranho tinha me dado sem pensar, mas aquela caixinha e o seu conteúdo eram as únicas provas que a melhor noite da minha vida tinha realmente acontecido, e eu não podia perder aquilo.

Suspirei sozinha, mantendo a caixinha colada ao meu coração. Abri e peguei o anel, colocando-o no meu anelar. Cabia perfeitamente.

Ah, garota estúpida... Eu já devia saber.


25 de dezembro de 2013 08:00 pm

— Bella! – Alice gritou, surgindo de lugar nenhum. A encarei, preocupada. – Nós temos um problema. A Mandy desistiu da barraca do beijo!

É, eu sei. Barraco do beijo. Muito maduro, huh? Mas fazia sucesso nas festas de Natal.

— E agora? – falei, preocupada.

— Você precisa ficar lá! – ela mandou, e eu ri alto. Quer dizer, qual é. A maioria dos beijos eram comprados por garotos de 10 a 18 anos. Eu, com meus recém completos 26, dificilmente seria atraente para eles. – É sério! Então pelo menos escreva um aviso dizendo que está fechado ou algo assim. Eu preciso resolver um problema nos brinquedos infantis.

Suspirei e deixei meu posto de observadora e me dirigi para a barraca de beijos. Quando entrei, arrumei um papel e me apoiei no balcão para escrever a mensagem avisando que a tenda estaria fechada pelo resto da noite. Eu já tinha amassado um rascunho quando ouvi alguém se aproximar, o barulho de sapatos no cascalho me alertando rapidamente. Estava abrindo a boca para avisar que estava fechado, quando a pessoa falou.

— Um dólar é muito pouco, não acha? – ele perguntou, e eu levantei o rosto, confusa.

— Me desculpe? – murmurei, sem entender. O reconhecimento foi imediato, e eu senti meu rosto corando. O homem de negócios estava aqui, e ele estava falando comigo.

Ele apontou a plaquinha ao lado. "Um beijo por um dólar ;*". Gargalhei, balançando a cabeça. Ele estava flertando. Eu mal podia conter meu sorriso.

— Não, não estou trabalhando. – expliquei, rindo.

— Mas você tem um crachá. – ele pontuou, sorrindo de lado.

Levantei as sobrancelhas. Meu Deus, esse cara é ainda mais lindo de perto.

— Bem, eu estou trabalhando hoje, mas não aqui. – justifiquei, pendurando a folha em cima da placa que dizia Barraca do Beijo. Ele leu o aviso e então seu olhar foi para meu crachá novamente.

— Você é a organizadora. – notou inteligentemente.

— Prazer. – brinquei, estendendo o braço. Ele pegou minha mão e beijou o nó dos meus dedos castamente.

— O prazer é todo meu, Bella.

Saí da barraca do beijo e olhei para ele, sem saber se deveria ficar ao lado dele e puxar uma conversa, ou se eu devia sair andando.

— Essa festa é maravilhosa. – elogiou o cara lindo ao meu lado e eu sorri, corando de leve. Ele tinha me acompanhado até os brinquedos depois de eu sair da barraca de beijos e embora eu ainda não soubesse o nome dele, havia algo no jeito dele falar que me cativava.

— Obrigada. – agradeci, realmente tocada. – Fico feliz que esteja gostando. Você é de onde?

Ele sorriu.

— Seattle. Um colega meu comentou sobre essa festa ano passado, e como esse ano eu não tinha mais nada de interessante pra fazer, decidi conhecer. – explicou, e emendou rapidamente: – Não que eu não tivesse mais nada pra fazer e aqui fosse a última opção, eu estava curioso desde o ano passado, mas ano passado eu estava com a minha noiv... namorada... Bem, acho que ex-namorada agora.

Levantei as sobrancelhas, surpresa. O que se passa na mente de um cara que pede a namorada em casamento e depois termina com ela?

— Hum, e ela não está aqui? – perguntei distraidamente, olhando ao redor. Eu estava, na verdade, procurando Alice.

— Não...

— Você veio sozinho? – questionei, o encarando com surpresa. Ele colocou as mãos no bolso, parecendo constrangido.

— Sim... – respondeu, olhando para os próprios pés. – E você, está sozinha também?

O jeito que ele falou, e o modo que ele levantou o rosto para me olhar me deixaram constrangida.

— Sim. – admiti, e então, por algum motivo idiota, continuei falado. – Eu terminei com meu namorado ontem porque ele me pediu em casamento e eu não quero casar com ele.

Mordi o lábio, corando forte. Eu nem sabia o nome desse cara e estava contando à ele sobre minha cretinice com Jacob! O que estava se passando na minha mente?

— Isso é muito... irônico. – o cara falou ao meu lado, parecendo se divertir de um jeito meio sombrio. O encarei, esperando que ele continuasse. – Bem... O motivo que eu estou sozinho aqui é porque pedi a minha namorada em casamento e ela disse não.

Um silêncio constrangedor se instalou entre nós.

— Desculpe. – murmurei, o olhando timidamente.

— Por que está pedindo desculpas?

— Por... eu não sei. Nem sei seu nome e estou dizendo coisas que te fazem se sentir mal. – falei, constrangida. Ele sorriu de lado sem muito humor.

— Edward.

— Hã? – repliquei por reflexo.

— Meu nome é Edward. – se apresentou, estendendo a mão. Eu sorri.

— Isabella Swan.

— É um prazer te conhecer, Isabella.

— O prazer é todo meu, Edward. – sorri, e ele sorriu de volta. Essa noite ia ser interessante...


25 de dezembro de 2014 01:52 pm

Oh, interessante seria um eufemismo para descrever a noite do Natal ano passado. Mas eu precisava deixar isso pra trás de uma vez por todas. Porque por mais que eu me lembrasse docemente de cada detalhe daquela noite, as coisas não tinham acabado nada bem entre eu e Edward. E pra dizer a verdade, eu não sabia dizer se elas tinham ao menos começado.

Eu sabia que tinha sido estúpida ao pensar que um cara da cidade grande iria querer algo além de sexo sem compromisso por uma noite. Eu tinha me iludido... Não, ele tinha me iludido ao achar que haveria algo além disso. E essa ilusão tinha me machucado feio.


Olá, enfeites natalinos do meu coração!
Faz anos (é sério, desde de 2010) que estou escrevendo essa história pra postar no Natal. Afinal terminei!
Era pra ser uma oneshot, mas ficou muito longa e vou postá-la dividida em quatro ou cinco partes mais ou menos desse tamanho.
Já está tudo escrito e formatado, então pretendo postar um capítulo por dia. Me guiarei pela reação de vocês, quando pedirem eu posto mais (autora carente por reviews modo on).
A fic foi baseada na música clássica de Natal chamada Last Christmas. Existem milhões de versões... Eu, particularmente, gosto da Glee.
Vejo vocês amanhã, se tudo der certo ;)
~Jenny