Sangue Frio _ Srta. Maya

Sugestão da autora: Enquanto lê, ouça a música Un Amico- Ennio Morricone, da trilha sonora de Bastardos Inglórios.

Se houvesse palavras para definir a atitude da judia Shosanna Dreyfus essa seria sangue frio. Pena dos soldados alemães, responsáveis pelo extermínio de sua família, isso ela nunca teve. A quase nítida imagem de uma conversa entre o coronel da SS Hans Landa com camponês Perrier LaPadite fez com que compreendesse o que veria mais adiante...

Os Dreyfus se esconderam no assoalho da casa de LaPadite. E mesmo num esconderijo nada convencional, não foi o suficiente para embromar Landa.

A conversa final, á principio em língua francesa, foi um simples disfarce para a armadilha. Ela tivera muita sorte. Por alguma razão, o agente da SS não quis acertar na última sobrevivente. Independendo da razão, Shosanna fugiu o mais longe possível.

Foi graças à bondosa Madame Mimieux ganhou um abrigo, uma nova vida e aliados na guerra. Com o cinema deixado por herança, a judia soube muito bem gerenciá-lo e... Arquitetar a vingança perfeita. E realmente seria perfeita se não fosse um "intruso" chamado Fredrick Zoller.

Soldado da alta honraria e astro do cinema alemão, Fredrick também tinha suas qualidades. E nem isso cativou um pouco a selvagem garota judia francesa. Com a súbita mudança de lugar de estréia do filme O Orgulho da Nação, seus planos tiveram de ser calculados e muito bem executados, sem probabilidades de erros. O cinema era grande suficiente para a recepção de toda comitiva germânica, mais o pessoal ligado ao Terceiro Reich e agentes oficiais da Gestapo. A "prisão" cinematográfica estava pronta.

A filmagem da face gigante deu um pouco de terror. Agora era somente preciso a colagem em alguma parte do filme de Zoller. Primeira parte do plano concluída. E quanto à força motriz de soldados judeus americanos, conhecidamente como Os Bastardos?

Eles seriam um pouco mais discretos. No entanto, tinham um plano a ser executado: matar Hitler!

Até aí já tinham duas partes concluídas.

O filme é finalmente mostrado na tela. Por enquanto, ainda sem sinais de prováveis erros.

Quantos minutos ainda faltavam para o grande incêndio? Mais trinta, quarenta? Ou cinqüenta? Shosanna teve que se conter para não antecipar as coisas. Minuto a minuto se passava. A hora da morte chegava e a judia queria ver tudo consumido às chamas. Para sua surpresa, alguém batia na porta. Seria seu companheiro Michell? Abriu a porta e arrependeu-se. Era ele.

O pedido de fechar a porta lhe dera chance para uma defesa. Shosanna correu até sua bolsa e sacou rápido sua arma. Com alguns tiros derrubou Zoller. Olhou mais uma vez para tela. Falta mais um pouco. Redirecionou o olhar para Fredrick. No fundo, a judia sentiu uma leve pena e consideração por aquele homem. De fato foi o único soldado que demontrou um grande respeito nobre por ela. Se fosse a outras circunstâncias, talvez ela o aceitasse com elegância. Quem sabe, daria uma chance a uma possível aproximação amigável... ou mais que isso. Uma aproximação amorosa, já que aos olhos de todos ficou bem claro a paixonite dele pela judia. Mas a iminente guerra não perdoava. Não tinha escolha a não ser matá-lo. E por causa dessa rápida compaixão foi alvejada por ele mesmo com sete tiros. Um último suspiro de uma judia sedenta por vingança contra os alemães.

Chega o momento final. Os alemães temem aquele enorme rosto estampado na tela, exclamando tais coisas e em seguida, o fogo crepitante toma conta do cinema.

E essa foi à pequena trajetória de Shosanna Dreyfus, uma judia de sangue frio.

Fim