(Saint Seiya e Frozen não me pertencem. i.i)

Uma rainha amaldiçoada com o poder do gelo precisa desesperadamente de apoio. Mas jamais poderia esperar que o auxílio viesse da princesa de um reino mitológico.

Melancólicos Cristais de Gelo

Capítulo I

Trancada em seu quarto, a moça de cabelos claros escorrega até o chão, apoiando as mãos na parede. As lágrimas insistem em cair, sem esconder seu estado de choque.

- Papai! Mamãe! Nãaaooo!

Do outro lado da porta, a jovem ruiva apenas encara a parede sem prestar atenção no que vê.

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Reino de Arendelle, três anos depois.

Os preparativos para a coroação estão na fase final.

Elsa termina de vestir os belos trajes e prende o cabelo num coque apertado. Antes de sair do quarto, coloca as longas luvas e suspira.

O trajeto até a capela lhe parece imensamente longo. Engole em seco e aguarda que lhe abram as portas. E caminha de queixo erguido até o bispo. A cerimônia logo se inicia e Elsa recebe a coroa.

Sente um ar pesado em torno de si, mas tenta afastar tais sentimentos, pois deve concentrar-se em pegar o cetro sem congelá-lo. Rapidamente o faz, larga os objetos e volta a colocar as luvas, preocupada com seu poder sempre fora de controle.

Que pensariam todos se vissem o cetro congelar? Seria chamada de bruxa? Perseguida e exilada? Pois até aceitaria, afinal jamais machucaria outros devido à sua maldição.

Consegue acalmar-se levemente, quando vê o sorriso de incentivo que sua irmã lhe direciona.

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As festividades transcorrem perfeitamente, com todos os convidados se divertindo, até que...

- Gostaríamos da sua benção... ao nosso casamento!

- Perdão, eu não entendi.

Ana e Hans conversam sobre os preparativos para a festa, mas Elsa, estupefata, os interrompe.

- Não pode se casar com quem acabou de conhecer.

A irmã, furiosa por ter o pedido negado, acusa-a de abandonar as pessoas. Isto atinge profundamente Elsa, que gagueja, sem saber o que responder. Céus! Fizera tudo isto para proteger Ana e os demais. Tenta ir embora de cabeça erguida, apesar da tristeza, mas acaba perdendo a luva e a calma.

- Do que você tem tanto medo?!

- Eu disse... já chega!

E antes que percebesse, já lançara gelo contra a própria irmã. Felizmente, atingira apenas o chão. Fugindo, apavorada e sem dar atenção aos súditos, acaba encurralada perto da fonte de água, a qual acaba congelada com seu mínimo toque. Sendo acusada de ser bruxa, continua em sua fuga desesperada.

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Quanto andara? Já nem via mais a capital. Nenhum ser vivo em meio ao tapete branco.

O vento gélido e os flocos de neve não a incomodam. A dor é sua companheira inseparável. Ela, rainha da neve, rainha do isolamento. Seria melhor assim.

Deixa que o vento da montanha leve embora sua longa capa. Chega a um abismo e concentra-se em criar uma ponte. Bela, cristalina, cintilando em meio à paisagem.

Seus poderes seriam assim tão horrorosos? Então melhor viver sozinha, ali. Assim todos estariam protegidos. Esboça um sorriso, enquanto atravessa a ponte correndo.

Olha então em redor, repentinamente atenta para um som estranho. Poucos segundos depois, vê algo brilhante cortar o ar em sua direção.

Arregala os olhos e foge até a parede rochosa da montanha diante de si, escondendo-se numa fissura que encontra entre as rochas cobertas de neve.

Uma estrela cadente? Não! O que então? Observa com atenção, semi escondida.

O objeto esbranquiçado revela-se um ser humano, o qual pousa com certa velocidade na neve, abrindo uma pequena cratera debaixo de si.

Elsa leva as mãos à boca, para não gritar.

O rapaz traz sobre o corpo uma armadura complexa e toda dourada. Os olhos azuis se fixam em direção à escada belamente trabalhada que a rainha acabara de criar para atravessar o abismo.

- Hmm. Não tem Cosmo... mas...

O Cavaleiro semicerra os olhos, pensativo. Então vira o rosto devagar, olhando em redor. Por fim, entrevê a figura pálida entre as rochas.

Ele caminha devagar até lá. Elsa, assustada, tenta se esconder mais para o fundo, mas o espaço era pequeno. Engole em seco e murmura.

- Não se aproxime...

O Cavaleiro detém os passos. E olha-a com seriedade.

- Seu poder não é uma maldição.

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