Capítulo 1 – Propostas interessantes

Harry subia a escadaria dos Dursley com o rosto vermelho de fúria. Quem eles pensavam que eram! IDIOTAS! Tanto era a concentração do garoto em sua raiva e em chegar no quarto que nem mesmo percebeu que todo a comida do almoço explodia. Só naqueles dois dias na casa de seus tios e o Ministério da Magia já tinha ido dezenas de vezes à casa deles para notificar Potter de fazer magia sem autorização. Claro, todas as vezes foram sem querer...

"ESPERO QUE ELES EXPLODAM!" – pensou no ápice de sua fúria. O tinteiro em sua escrivaninha estourou na hora, manchando todo o quarto de preto. ""TIMO! AGORA É MAIS LADAINHA NO MEU OUVIDO!" – a tinta passava de preto para vermelho fogo. "AQUELES FILHOS DA PUTA DESGRAÇADOS! COMO OUSAM FALAR MAL DE MEUS PAIS, DE MEUS AMIGOS E DE MEU PADRINHO!" – algumas faíscas surgiam do nada no ar. "PUTA QUE PARIL! CARALHO! CACETE! CARAMBA! VAI TOMAR BEM NO MEIO DO CENTRO DO CU!" – a tinta vermelha virou fogo, e todo o quarto começou a pegar fogo. Aquilo deixou Harry "distraído" de sua raiva, e seus tios suspiraram aliviados por a casa voltar ao chão depois de sobrevoar toda a Londres.

Pegou a varinha e rapidamente conjurou um feitiço para apagar o fogo. Estava se irritando facilmente desde que soubera a verdade. Dumbledore, aquele velho! Quantos segredos mais ele tinha a esconder? Provavelmente um deles era o motivo de ele não ter matado Voldemort quando teve a chance, no final do 5º ano de Harry. E seu padrinho estava morto! MORTO! Todos a quem ele mais amava estavam mortos. Sobravam apenas Ron e Mione. Mas ele sabia que não podia protegê-los. Não com aquele conhecimento medíocre de magia que tinha. Não com aquela noção tosca de DCAT e de defesa pessoal que ele tinha. Aquele velho safado nem o treinava decentemente. HUMPF!

Todos aqueles acontecimentos em muito pouco tempo estavam sendo demais para Harry.

Então uma coruja invade o quarto, fazendo uma completa algazarra e tirando o garoto de seus pensamentos. Tinha um pergaminho que ele pegou e leu:

"Prezado Senhor Potter,

O Departamento de Controle ao Uso de Magia vem através desse comunicar que o senhor não deve sair de sua casa em hipótese alguma.

Assim que o Auror de Elite responsável expedir a permissão de prisão de menor por botar fogo na casa, faze-la sobrevoar Londres, explodir um tinteiro com magia, explodir o almoço com magia, explodir a televisão com magia, conjurar dragões para o quintal, matar um trouxa que olhou para você quando estava com raiva, destruir todo o bairro, e muitas outras ocorrências registradas durante apenas três dias desde que saiu de Hogwarts para suas férias. Levando em consideração o fato de nenhuma dessas magias ter sido usada em caso de vida ou morte, com certeza conseguiremos a permissão.

Aguarde a chegada dos aurores em completa calma e saiba que qualquer tentativa de ataque aos aurores fará com que o senhor não possa pagar fiança caso algum juiz desequilibrado considere seus crimes fiançáveis.

Após conseguir a permissão com o Auror de Elite iremos até Alvo Dumbledore para que ele retire a proteção de sua casa e nossos aurores entrem na casa para deter o senhor sem sofrerem nenhum dano físico ou moral.

É aconselhável que, para poupar-nos o trabalho de subir a escada o senhor espere na sala no primeiro andar.

Atenciosamente,

Windsor Humblee, recém-nomeado Diretor do Departamento de Controle ao Uso de Magia."

O QUE? SER PRESO? ESPERAR CALMAMENTE? ESPERAR NA SALA PARA POUPAR O TRABALHO DOS AURORES DE SUBIR AS ESCADAS? FILHOS DE UMA ÉGUA!

Pegou o malão debaixo da cama, a vassoura no armário e foi até a janela. Montou na vassoura, abriu a janela, mas o que viu não o deixou levantar vôo. Uma barreira de aurores estava feita em volta da casa:

- HARRY POTTER, SOMOS AURORES DO MINISTÉRIO DA MAGIA, NÃO TENHA MEDO. ESTAMOS AQUI PARA EVITAR SUA FUGA E NÃO O ATACAREMOS A MENOS QUE SEJAMOS ATACADOS. FIQUE NA CASA, NÃO SAIA DELA, OU TEREMOS QUE IMPEDI-LO!

Sentou na cama, atordoado, olhando para o céu ensolarado da tarde. Nenhuma nuvem num raio de quilômetros. É, parece que sua única opção era esperar. E tudo por causa daquele velho!

O céu de repente começou a ficar ceio de nuvens negras, que estranhamente surgiam bem de cima da casa de Harry e se expandiam para o resto do céu.

- Atenção aurores! É visível que esse local está impregnado com Magia Negra supre avançada! Se preparem para qualquer coisa! Desde um simples Cruccio até uma chuva de meteoros! Varinhas em punho!

- Merda, agora parece que tem um grupo de comensais lá fora... Tenho que sair daqui... Já sei! Vou lançar uma ilusão de meteoros caindo, então saio correndo enquanto eles também estiverem correndo para se salvarem! – pegou a varinha, a levantou e quando ia lançar um feitiço um raio cortou os céus, agora já totalmente negro, um vento fortíssimo começou a soprar, fazendo com que os aurores precisassem conjurar escudos mágicos para não serem levados, e um temporal começou a cair.

- É agora! Ilusones Meteo... – porém uma mão segurou seu antebraço. O garoto quase pulou pela janela de tanto susto, e quando olhou para trás viu um homem parado, trajando vestes negras. Era baixo, magro e tinha olhos e cabelos negros. Os olhos, vale acrescentar, eram frios e penetrantes. Daquele modo Harry só vira os de Voldemort. E mesmo assim, não sabia quais eram piores.

- Não seja idiota garoto. Se você fizer um feitiço eles irão te atacar, não escutou?

- Quem é você?

- Oh, desculpe-me por não me apresentar. – soltou Harry e se afastou. Fez uma reverência. – Sou conhecido como Gynder, o assassino de aluguel do submundo.

- Assassino de aluguel? Então você está aqui para me matar?

Gargalhou uma risada fria e cínica:

- Seu imbecil, ninguém precisa contratar alguém para te matar. Você já está morto. Ou acha mesmo que o Ministério da Magia simplesmente irá manda-lo para Azkaban? Sua pena é, no mínimo, o carrasco.

Harry se assustou, arregalando os olhos. Ele estava mesmo morto?

- E sua única saída, para se vingar do mundo, é vir comigo?

- O que?

- Venha comigo. Só assim poderá se salvar.

- Eles não podem me matar! Sou Harry Potter! E a profecia?

- Profecia? Bem garoto, estava dormindo nos últimos 20 anos, não sei o que tem acontecido desde então. Que profecia é esta? E profecias não são secretas e ficam no Ministério da Magia? Na minha época era assim.

- Não, elas ficam! Mas eu invadi o Ministério...

- Você invadiu o Ministério? E os aurores?

- Bem, eles não estavam lá, e...

- Os aurores não estavam no Ministério da Magia? Como eles acham que poderão deter Voldemort se deixa o próprio Ministério da Magia desprotegido?

- Atenção aurores! Permissão para invadir!

- Venha comigo rápido, minhas armadilhas não os segurarão por muito tempo. – estende a mão para Harry. Eu ensinarei a você como duelar de verdade.

- Mas o que será do mundo mágico sem mim para amedrontar Voldemort?

- Imbecil, não é hora para piadas idiotas. Todos sabem que é Dumbledore que amedronta Voldemort. E acho que ele viverá por muito tempo ainda com o Elixir da Vida que ele tirou da Pedra Filosofal antes de destruí-la.

- Hei! Mas você não tinha dormido por 16 anos?

- Ah! Isso não é hora para esclarecer mentirinhas. Vai vir comigo ou vai preferir morrer?

- Mas... E meus amigos? Eles são a única coisa que me restam nessa vida infame.

- Eu garanto a proteção deles. VENHA!

Harry pegou na mão dele, e a única coisa que se lembrava antes de sentir sua cabeça rodar era dos aurores invadindo o quarto.

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Acordou com uma pequena dor na cabeça. Estava em um quarto grande, de acabamento clássico. Levantou-se da cama de casal na qual estava deitava e examinou o quarto. Tinha duas grandes varandas acopladas ao quarto, ao qual se tinha acesso através de uma porta de madeira com quadradinhos de vidro. Na parede oposta àquela em que havia as varandas, estava a cama da qual Harry se levantava, com a cabeceira encostada na parede e um criado mudo de cada lado. Numa parede do lado da cama um armário e uma escrivaninha, e na outra do lado da cama, uma porta dupla, feita de madeira. Estava aberta.

Mas foi o que viu pendurada na parede, em cima da cama, que fez seu coração bater forte, e lágrimas rolarem de seu rosto. Era um quadro-foto de seus pais e seu padrinho segurando Harry em uma bacia de água, provavelmente no dia de seu batismo. Ao lado de seu padrinho, curiosamente havia um outro homem sorrindo alegremente, como todos. Não era estranho... É claro! Era aquele que acabara de o salvar! Mas era estranho vê-lo sorrindo... E o que fazia com seus pais e padrinho? Aliás, onde ele estava?

Como se respondesse à sua pergunta ele entrou pega porta bebendo algo em uma xícara e lendo um jornal enquanto andava. Olhou para cima e viu o garoto em pé, chorando e olhando para ele. Pela posição de seu corpo era óbvio que estava olhando para o quadro. Voltou a ler o jornal enquanto falava:

- Então finalmente acordou. Não pensei que tivesse usado magia negra suficiente para que você desmaiasse. Achei que Dumbledore havia o preparado melhor. – olhou para Harry novamente. Isto é, ele treinava-o não é mesmo?

A menção de Dumbledore havia tirado Harry de seu estado de felicidade e deixado-o com um mau-humor como o da casa dos Dursley:

- Não fale o nome deste homem novamente. Ele é um velho miserável, que usa a vida dos outros como se fossem peões de xadrez! – disse com os dentes cerrados.

O homem pareceu surpreso com a resposta de Harry, pois levantou as sobrancelhas e levou a cabeça um pouco para trás:

- Realmente não esperava essa resposta. Finalmente alguém viu isso. – então os olhos dele ficaram frios, e o garoto não soube responder como, em um segundo o homem havia se teletransportado da porta para a alguns centímetros dele. – Mas eu falo o nome de quem eu quiser, na hora que eu quiser. Entendeu garoto "eu-tenho-tudo-o-que-quero?"

Estava com raiva de mais para responder, mas chegou à conclusão de que não era uma boa idéia discordar daquele homem. Ficaram alguns instantes se encarando até que o homem pegou o jornal e jogo na cama. Era um exemplar daquela manhã do Profeta Diário. Harry olhou e viu a manchete:

"HARRY POTTER SEQÜESTRADO!

Harry Potter é seqüestrado por famoso assassino de aluguel que acreditava-se estar morto

Harry Potter, o garoto que sobreviveu, conhecido por destruir Aquele-que-não-deve-ser-nomeado quando esse tinha alguns meses de idade e por abrir os olhos da comunidade mágica para a volta daquele-que-não-se-deve-nomear foi seqüestrado na tarde do dia anterior a esse.

Todos se lembram de Gynder, famoso assassino de aluguel que matou milhares de bruxos de outros países e foi preso por Dumbledore quando chegou à Inglaterra. Aqui ele foi julgado em audiência secreta e foi divulgado que ele seria morto por um carrasco em uma cerimônia secreta nas masmorras do Ministério da Magia.

Porém ficamos sabendo por uma fonte confiável que ele nunca chegou a ser assassinado por um carrasco. Ele foi, na verdade, mandado para uma secreta prisão de gelo no pólo norte, onde ficou congelado durante 20 anos. Essa fonte revelou que esse era um projeto secreto e experimental do Ministério da Magia, e que iria ser revelado esse ano ao mundo mágico. Gynder, que ninguém sabe sobre o passado, foi o primeiro e único prisioneiro da Prisão de Gelo durante esse tempo. Ele foi descongelado justamente para ser mostrado à imprensa e ser a prova de que a nova prisão funcionava. Porém enquanto ele era descongelado uma nuvem negra surgia nos céus a partir de um ponto bem em cima de sua cabeça.

Ao mesmo tempo em que surgia a nuvem, os 900 geradores mágicos primários que sustentavam uma nova barreira mágica, também experimentais, começaram a explodir um a um até acabarem. Então foram acionados os 3000 geradores secundários e terciários que eram usados para emergências. Porém todos eles também explodiram, o que deixou Gynder com apenas alguns aurores de elite entre ele e a saída da prisão. Então esse assassino de aluguel simplesmente estuporou todos os aurores com um estalar de dedos, e sumiu do mapa, junto com sua nuvem negra. O mais curioso era que os geradores estavam 10 quilômetros sob o solo.

Ontem um maluco invadiu o Ministério da Magia, matou a Diretora do Departamento de Controle ao Uso de Magia e, não se sabe como, fez com que o sistema de controle do Ministério da Magia o declarasse o novo Diretor do DCUM. Então decretou a prisão de Harry Potter! Todos os aurores do Ministério que estavam disponíveis cercaram a casa do garoto que sobreviveu para que ele não fugisse. Foi então que uma nuvem negra cobriu toda a Londres surgiu no céu. O curioso é que seu ponto de origem era sobre a casa de Harry, e que foi a partir de lá que se expandiu até cobrir toda a cidade.

Então, quando conseguiram permissão com o Auror de Elite Humbert Tentors, que já foi afastado do cargo, para invadir a casa de Potter, viram logo que havia algo de errado. Na sala, dependurados por uma corda amarrada ao lustre, estavam os tios e o primo de Harry, com faixas na boca. A corda estava em seus pescoços, porém não os enforcaram não se sabe por que. Quando os aurores subiram a escada encontraram Harry Potter sendo segurado pelo pescoço por Gynder, que desaparatou com o garoto assim que os aurores entraram. O que não se sabe é como ele entrou lá, e como desaparatou com uma pessoa, uma vez que isso é tecnicamente impossível e nunca foi feito antes.

Estará aquele-que-não-deve-ser-nomeado por trás dessa história? Estará o Ministério da Magia vulnerável a ataques de lunáticos? Estará Harry Potter ainda vivo? E quem é na verdade Gynder?

Essas são as principais perguntas do mundo mágico no momento, e ninguém está a salvo, é o que declara a Correspondente Secreta do Profeta Diário.

Maiores informações sobre o funcionamento da nova prisão de gelo e sobre a invasão ao ministério nas páginas 2 e 3."

- Você fez mesmo tudo isso? Destruiu geradores mágicos dez quilômetros sob o solo, estuporou Aurores de Elite com um estalar de dedos?

- Claro! Mas muito me admira que informações confidenciais como essa cheguem aos jornais... Isso não é ilegal? Espionagem por informações?

- Acho que não, acontece direto... Mas como você conseguiu fazer todas aquelas coisas incríveis?

- Isso é o que pretendo te ensinar durante os próximos três anos terrestres.

- Como assim três anos terrestres? Vamos para outro planeta?

- Mais ou menos. Na verdade já é como se estivéssemos em outro planeta com o tempo mais demorado. Não viu a barreira dimensional lá fora?

- Não.

- Pois bem, ela faz com que cada minuto lá fora seja um dia aqui dentro.

- Como assim?

- Por exemplo, se cinco horas se passarem lá fora, aqui dentro terão se passado cinco dias.

- Mas se ficaremos aqui por três anos... Isso dá quanto tempo pra gente?

- Acho que dá uns quatro mil anos...

- O que? Mas eu vou morrer! E você também!

- Não se preocupe. No final você aparentará ter envelhecido apenas três anos. Aqui também não sentiremos fome. Cuidei de tudo. Serão 72 anos de treinos, eu acho.

- Eu não vou agüentar!

- Vai sim. E seus treinos começam agora!

- Eu não quero! Quero ir embora!

- Antes, terá que me matar... – diz empunhando a varinha.

Propostas interessantes essas, mas que se tornaram tortura. O que Gynder queria com ele? Esse foi o último pensamento que se passou pela cabeça de Harry antes de pegar sua própria varinha e começar aquela loucura.