Eu estava caminhando em um vale estranho pela noite. De repente, reconheci o lugar em que estava. Era a cena de um crime. E você esteve lá comigo alguns dias antes. Me veio um mau pressentimento. Naquela hora tive medo. Uma voz conhecida me chamou.

-Bones!

Me virei e vi você parado ali. Meu parceiro e amigo. Agente Seeley Booth.

-Bones, vem comigo! Tem alguém nos seguindo! – Você me dizia com preocupação e extremo desespero.

-Que susto, Booth!

-Fique quieta. E apenas me siga.

Eu simplesmente obedeci.

Depois de muito andar, encontramos um abrigo. Uma velha cabana, que parecia estar abandonada. Observamos os objetos que havia lá dentro. Era tudo muito suspeito. Encontramos armas, sangue e até mesmo uma grande quantidade de explosivos no local. Tudo batia com as evidências dos assassinatos que vinham acontecendo. Então, chegamos a uma conclusão. Era o abrigo do assassino que procurávamos!

Ouvimos passos e sabíamos que o suspeito havia voltado para seu esconderijo, e ele sabia que havia alguém lá dentro.

Eu estava apavorada. E o pior inesperado aconteceu: o desgraçado não só me encontrou, como me segurou como refém. Você apontou sua arma para ele, que disse que era inútil lutar e que se não deixássemos que ele fugisse, ele me mataria ali mesmo, na sua frente.

Ele se distraiu por um segundo e eu consegui escapar, e ele apontou a arma para mim, apertou o gatilho, e no momento que disparou, você se colocou em minha frente e recebeu o tiro por mim.
E disse para eu fugir. Eu não queria, mas você me fez prometer que eu não voltaria lá. Eu sentia seu sangue em minhas mãos e roupas e desejava que isso nunca tivesse acontecido.

Você continuava pedindo para mim ir, e eu insisti em ficar. Até que vimos o criminoso com um fósforo na mão ,ameaçando acender o pavio de um dos explosivos conosco lá dentro.

Então, você me fez jurar que eu iria embora e não voltaria lá, e que se eu realmente me importasse com a nossa parceria, eu obedeceria.

Eu finalmente saí do local e vocês dois ficaram lá dentro, eu chorava e nem gostava de olhar para trás porque iria sentir vontade de voltar lá. De repente, ouvi um enorme estrondo. Uma explosão. A visão da cabana queimando e se desfazendo me deixou estática e, ao mesmo tempo, desesperada. Você estava lá dentro e não pude salvá-lo. Te perdi diante dos meus olhos e não pude fazer nada para fazer isso ser diferente. O mais alto e apavorado grito saiu de minha garganta junto com a dor e a culpa de não ser capaz de te ajudar.

Então, acordei.

Com certeza, aquele havia sido o pior pesadelo que já tive. Eu chorava com tanta intensidade que soluçava. E sabia que precisava te ver. Naquele exato momento.

Foi assim que me encontrei batendo à sua porta pelas duas da madrugada. Quando te vi parado na porta, toda a minha lógica, aquela bendita linha e tudo mais haviam desaparecido. Envolvi teu pescoço com meus braços e te beijei com paixão. Confessei todo o meu amor por você e pedi que você não me deixasse nunca.

Agora, encontro-me aqui, deitada ao seu lado, enquanto você dorme abraçado a mim. Pode ser bobagem, mas meu medo de me aproximar de você, de me entregar aos meus sentimentos me fazia triste.

Foi preciso um pesadelo, algo irreal para me fazer perceber que o problema de resistir a uma tentação é que você pode não ter uma segunda oportunidade. Eu tive uma segunda chance de repensar os meus atos e agradeço por ter você aqui comigo, agora e até aonde nossas forças permitirem.