BOKU NO SEXUAL HARASSMENT_1. Estabelecendo Parâmetros

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Agora

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Em um loft de alto padrão e bom gosto, duas jovens mulheres conversavam amenidades enquanto pareciam esperar o tempo passar com uma boa garrafa de vinho trazida pela visitante. Eram vizinhas há pouco tempo, mas a amizade entre as duas foi instantânea.

Duas mulheres fortes. Empoderadas e cheias de confiança, era isto que sua linguagem corporal dizia. Belas, jovens e poderosas.

Como a boa repórter investigativa que era, Akasuna Kamui levou pouco tempo para reconhecer a figura exótica que havia se mudado para o loft um andar abaixo do seu. Amegakuri Konan* era famosa nas colunas sociais por ser uma publicitária de sucesso em uma das maiores agencias do país.

Uma mulher de poucas palavras quando Kamui adentrava assuntos pessoais envolvendo o passado da nova amiga na empresa que havia lhe dado tanto sucesso. Foi estranho para si quando a mulher jovem e alta, com características e beleza únicas bateu em sua porta no início daquela semana lhe convidando para uma reunião de negócios.

E ali estavam. Kamui já tinha conhecido todos os cantos do loft, conversado sobre a decoração do mesmo e sobre peculiaridades da vizinhança onde moravam; amenidades. Foi realmente surpreendente para si quando a azulada mudou de repente o tópico de seu bate- papo para aquilo que ela chamava de reunião de negócios.

– Você está disposta mesmo? Eu sei que não deveria abrir o bico, vou ganhar uma bela grana no final disso, mas isto vai expor você completamente Konan – disse a amiga após ouvir a proposta inusitada da azulada que havia se mudado para seu prédio havia pouco tempo.

– Eu sei. – ela sorriu discretamente, coisa que fazia muito pouco, era uma pessoa muito séria – É exatamente isso que eu quero. Não tenho problemas com exposição, sou publicitária. – terminou a frase lhe erguendo uma das sobrancelhas azuis.

– Sabe o que eu realmente nunca entendi, você era o topo de uma das maiores agencias de publicidade e propaganda do mundo e do nada você saiu, mudou de país para ser dona de uma luxuosa galeria de artes, mas que não chega nem aos pés do posto que assumia na Akatsuki e gasta seu tempo na divulgação desse artista revelação. O que causou tanta mudança? – a curiosidade nata da morena falava mais alto no fim das contas.

– É isso que pretendo divulgar com meu livro Kamui. – a resposta foi simples.

– Claro! – ela sorriu de sua maneira encantadora, um pouco envergonhada pela afobação que havia demonstrado, afinal a forma como o rosto de Konan se iluminou enquanto dizia que gostaria de usar a habilidade da vizinha para expor detalhes sórdidos da grande Akatsuki era muito mais do que suficiente para deixar a jornalista borbulhando de curiosidade – Mas e o nome, você disse que já até pensou em alguma coisa?

– Boku no Sexual Harassment.

– Meu assédio sexual? – Perguntou a morena de olhos aveludados que entendia muito pouco do idioma nato da mulher de beleza exótica em sua frente que acabara de lhe lançar um olhar profundo e instintivamente traiçoeiro que somente uma boa repórter investigativa seria capaz de compreender.

– Mais vinho Kamui? Teremos uma longa entrevista pela frente, afinal essa história começou há cinco anos.

– Acho que uma garrafa vai ser pouco. Você tem certeza que quer que seja eu? Eu sou repórter, faz muito tempo que não escrevo nem mesmo um artigo.

– Se vou deixar minha história nas mãos de alguém, tem que ser uma amiga, depois editaremos juntas antes de mandarmos para uma editora de verdade, e deixa de besteiras, não conheço ninguém melhor que você pra passar uma história.

– Haha que maneira de dizer que eu minto bem. – disse irônica.

– Não veja pelo lado ruim, de à Akasuna no Kamui uma bela situação sem saídas e ela faz você acreditar que o mundo todo está errado e cria saídas sem sentido algum, mas que servem pra livrá-la de qualquer situação – disse terminando de servir as duas taças – Você seria uma ótima executiva – apontou.

– Eu sempre tenho meu gravador na bolsa, mas eu não achei que deveria trazer minha bolsa só para descer um andar de casa. Gravar deixa as coisas mais fáceis. – disse a morena.

– Use o celular mesmo. Como eu devo começar?

– Eu não sei, apenas fale, se apresente e depois vamos ver onde isso vai dar – sugeriu a visitante já parecendo localizar o aplicativo correto no celular que deixou sobre a mesa de centro da sala entre elas.

"Há muitas maneiras de se subir na vida, tudo depende do tamanho da sua ambição e sua compreensão sobre como certas coisas podem levar certo tempo para acontecerem. Se você não tiver paciência para fazer as coisas de maneira correta, há sempre um atalho que se pode seguir, principalmente se for uma mulher bela, jovem e com uma ganância muito maior que seus próprios escrúpulos.

Meu nome é Amegakuri Konan, tenho 28 anos, 1,76m de altura e um corpo extremamente bem formado, conquistado com os muitos anos de prática de tênis. Dizem que eu tenho aquilo que chama de beleza exótica com traços incomuns como os olhos cor de âmbar que iluminam como dois faróis meu rosto de rosto de pele clara demais.

De onde eu venho, quanto mais branca ou leitosa for a pele de uma pessoa, especialmente uma mulher, mais bonita ela é eu sou considerada quase pálida.

Sem sombra de dúvidas o que eu tenho de mais diferenciado são meus cabelos que por algum mistério da genética, crescem azuis. É claro que eu sempre trabalho com eles presos, quando terminei a faculdade e comecei a trabalhar eu cheguei a usar perucas e até mesmo tingi-los de negro, até conseguir me firmarem meu emprego, afinal, essas peculiaridades não são bem vistas na comunidade japonesa onde o diferente costuma ser marginalizado.

A vida em Tókio não é muito barata e meus pais não eram nem um pouco seguros em relação ao dinheiro. Muito cedo eu tive que começar a trabalhar, serviços de meio turno para poder estudar também e com muita sorte e esforço consegui uma bolsa integral na melhor faculdade do monopólio que é a capital japonesa. Ainda assim, foi conseguir um emprego na maior empresa de publicidade do mundo, a Akatsuki. É claro que eu só consegui entrar porque fiz a mesma faculdade que o superior do meu setor, mas diferente de mim, ele era uma pessoa da alta sociedade, havia sido selecionado para estudar naquela faculdade e saiu de lá formado com honras.

Eu comecei na Akatsuki cinco anos atrás com marketing digital, eu recém tinha acabado a faculdade e como eu disse antes, só consegui esse emprego porque tinha feito a mesma faculdade que o chefe do setor e mais todas as outras pessoas que tinham um cargo pelo menos bom lá dentro. Pain terminou a faculdade três anos antes de mim e já dominava grande parte das vendas quando cheguei.

Eu lembro o quanto ele era admirado por todos. Um executivo nato, esbanjava carisma, muito muito carisma, todos lambiam o chão por onde ele passava. Pain sabia como impor respeito apesar de sua pouca idade e tinha muito prestígio diante as outras grandes empresas.

Não demorou muito até que meu sonho fosse ser como ele, importante, imponente, respeitável, temível e desejável, em outras palavras, me tornar uma executiva em âmbito internacional. Eu me lembro que na mesma semana em que fui admitida ele teve que viajar à negócios. Os dias se passaram e eu dava cada vez mais de mim no meu setor e três meses mais tarde, quando ele voltou e viu a forma como eu me empenhava em crescer me colocou como sua assistente pessoal."

Neste momento o telefone tocou e Konan direcionou sua atenção ao pequeno objeto esquecido sobre a mesa de canto, como que se com isso pudesse adivinhar quem a estava procurando. Pensou alguns minutos antes de decidir se ia atender ou não.

– Não vai atender Konan? – perguntou Kamui.

– Claro. – respondeu baixo se erguendo da confortável poltrona em que estava para ir até o sofá de três lugares que a permitia ficar ao lado do aparelho – Você se importa de desligar o gravador enquanto isso?

– Hai – respondeu já cutucando a tela do aparelho – Quer que eu saia?

– Não pode ficar. – disse já tirando o telefone de sua base – Alô? – disse em seu tom tipicamente calmo e frágil.

– Konan, por favor volte – disse o timbre baixo do outro lado da linha – Por favor, eu preciso de você. – ela nada respondeu – Você sabe que só trabalhando juntos podemos crescer.

– A minha carta de demissão já foi assinada há meses Pain, acabou, minha decisão é irrevogável. – não esperou para ouvir qualquer resposta dele e desligou.

– Você foi rápida – disse a morena.

– Não seremos mais interrompidas.

– Então continue me contando, como se tornou uma das maiores e mais jovem executiva bem sucedida que subiu em uma empresa.

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Cerca de cinco anos atrás

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Era sábado e a luz do seu celular ascendeu silenciosa sobre a mesa denunciando que já havia cruzados os limites da meia noite, mas ela nem percebeu, estava completamente absorvida por seu trabalho. Um vírus havia a obrigado a formatar o computador e o sotfwere que usava todos os dias tinha que ser novamente instalado e configurado, depois disso, ainda queria deixar grande parte do seu trabalho de segunda adiantado. Estava tão concentrada que nem percebeu a batida da porta fechando e a presença do ruivo ali.

– Seu ótimo desempenho é muito comentado na gerencia, mas eu não sabia que se comprometia tanto assim com o trabalho. – A voz do ruivo de olhos acinzentados a fez dar um pulo de susto na cadeira.

– Senhor.

– Por favor continue trabalhando, não quero interromper. Mas me diga Konan, por que trabalha tanto?

– Quero crescer! – não escondeu – Eu sou a garota bolsista, marginalizada pelo simples fato de ter cabelo azul. Eu quero ser grande Pain-san, quero andar entre os grandões da sociedade, ser uma alta executiva internacional. – disse sem medo de achar ele poderia a julgar como uma tola.

– Então comece tirando isso. – para a surpresa de Konan ele falou puxando a peruca de fios negros que vestia, expondo o coque de cor viva que a mesma escondia – Você tem ambição Konan, isso é bom, falta ousadia e talvez um pouco de firmeza para atingir seus objetivos – disse inclinando seu corpo sobre o ombro dela, tomando o mouse sobre a mão frágil e pálida da azulada, guiando-a para modificar algumas ações do trabalho que ela montava.

A garota apenas ficou quieta, deixando sua mão ser arrastada para onde a dele ordenava até que ele terminasse. Ele se afastou e ela girou a cadeira para poder encará-lo de frente.

– Eu fiquei famoso por ser o executivo mais novo no meio e só sou o mais novo porque cresci muito depressa. Você quer crescer e é de pessoas assim que a empresa precisa, mas tem que saber, tem que estar preparada. Uma pessoa pra crescer neste meio tem que ser capaz de fazer absolutamente tudo, tudo que você imagina e não imagina ser possível fazer.

– Eu sou capaz de fazer tudo. – ela respondeu audaciosa, da maneira como ele disse que faltava a ela ser.

– Então se levante. – ele disse em tom de desafio e assim ela fez.

Rapidamente ele a puxou com a mão em sua nuca e a trouxe para um beijo forçado. A azulada apenas travou com os olhos arregalados, nunca imaginou uma atitude dessas vinda de seu superior, sua primeira reação após "descongelar" foi empurra-lo com um dos braços e limpar a superfície dos lábios com a outra mão.

– É uma pena, como disse, potencial não é tudo. Você não é capaz de tudo, e enquanto não for, não será capaz de crescer. – disse calmo à inocente e deu de costas.

A declaração foi realmente fundo na garota, muito potencial e pouca ousadia foram as palavras que ele usou anteriormente para descrevê-la e dizer daquela forma que ela não estava apta a crescer. Konan ansiava crescer acima de tudo, o escritório na cobertura do arranha-céu, o respeito dos ban-bam-bans da alta sociedade, um cargo no exterior.

Diante desse desejo ambicioso Konan se perguntou o quão longe era válido chegar para alcançar seus objetivos. Não havia entendido ainda muito bem a mensagem que Pain queria passar com aquele beijo roubado.

Não entendeu se o chefe apenas estava lhe mostrando uma das inimagináveis facetas que "fazer tudo o que fosse preciso" poderia significar, ou se realmente estava lhe passando uma mensagem direta de que usando seu corpo como ferramenta chegaria tão alto quanto almejava. Talvez o ruivo estivesse apenas lhe mostrando que tinha ferramentas muito fortes para trabalhar desta forma.

E sem se espantar com o rumo dos seus pensamentos Konan concluiu que ceder seu corpo para chegar mais rapidamente ao ápice de suas ambições e subir em um corpo para cavalgar até um cargo mais alto era um preço que poderia pagar. Pain era um homem bonito, desejável e representava tudo o que queria atingir.

O ruivo estava quase na porta quando ouviu um barulho atrás de si, virou-se para olhar a fonte do mesmo logo teve sua visão roubada pelo terninho Chanel que cobria os braços da mulher jogado no chão enquanto Konan abria o zíper interno do vestido que ficava na lateral do corpo. Contraiu os ombros para que as alças caíssem por seus braços, deixando que os faróis de seus olhos guiassem os orbes opacos do ruivo até si.

Apenas permitiu que ele se aproximasse e acariciasse seu corpo, as mãos delicadas de executivo roçavam em sua pele de forma delicada. Deslizando pela curva de seu seio, circundando seu mamilo de forma tão suave que a fazia respirar mais profundamente.

Aceitou que ele aproximasse mais seus corpos, até que os lábios do ruivo fossem capazes de alcançar a mesma mama que era acariciada anteriormente, com beijos por toda superfície da pele, lambendo a curva do seio até chegar ao mamilo de forma tão delicada que até mesmo as mordidas e chupões eram leves, fazendo-a encarar aquilo não apenas como um ofício de seu trabalho, mas como algo que poderia ser um bônus em sua possível promoção. Ele subiu mais com uma longa lambida entre seus seios até chegar mais uma vez aos lábios, onde desta vez, o beijo foi respondido.

– Vista-se. – ordenou assim que terminou o beijo e se afastou.

– O que foi que eu fiz errado? – perguntou temerosa.

– Nada, sua ação foi a esperada. Agora sei que você está apta a assentir à qualquer ordem – ela ainda olhava confusa para o ruivo – Isso foi apenas um teste querida e você passou. Termine esse trabalho que está fazendo e encontre alguém a altura para te substituir e então... – olhou mais uma vez para o belo corpo da mulher – Será minha assistente pessoal.

– Sim senhor. – respondeu e viu o chefe fechar a porta do ambiente onde estava.

Era um teste. Konan se recostou na cadeira diante do computador ainda sem se vestir e sorriu diante da conquista. Não sabia ao certo se isso era certo, se era o caminho que se deveria seguir, mas sabia que com Pain ao seu lado ela não apenas ia começar a subir a escada do prestígio, mas subiria de escara rolante.

Vestiu o vestido rapidamente e voltou ao seu trabalho no computador, quanto antes terminasse aquela propaganda, mas cedo se mudaria para seu novo gabinete.

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Áudio da Konan

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"Tecnicamente, eu já estava na companhia a quase quatro meses, mas basicamente foi neste momento em que tudo começou. Pain com toda certeza é o personagem principal da minha história, foi ele quem traçou meu caminho e o meio como dava meus passos pela empresa. Ele é o tipo de cara que todos invejam – ela pegou uma revista onde um ruivo de olhos acinzentados posava com um terno igualmente cinza de forma importante e jogou em cima da mesinha para que Kamui visse – Muitas pessoas o desejavam... desejam – corrigiu – e ele sabe disso.

A coisa mais importante que Pain me ensinou nesses cinco anos é que os bons executivos devem, acima de tudo, saber lidar com as pessoas. Temos que ser aptos a desvendar as pessoas com quem nos relacionamos e pegar seus pontos fracos e fortes e usar isso sem escrúpulos para vencer.

Foi isso que ele quis me mostrar naquela noite, uma pessoa forte para os negócios deve ser capaz de absolutamente tudo, inclusive passar por cima de seu próprio pudor. É claro que eu levei isso muito mais a serio do que ele próprio imaginou naquele momento."

– Nossa veja só a hora, acho que nos excedemos no tempo – a anfitriã disse olhando para o grande relógio na parede.

– Quando o assunto é interessante não vemos o tempo passar. – disse a repórter, ainda absorvendo a história que havia começado a ouvir, pegando seu celular e desligando o gravador.

– Ora, nem chegamos em alguma parte sórdida. – brincou a anfitriã.

– Mas o começo já me deixou muito curiosa sobre isto. – admitiu a morena votando a se jogar contra o encosto da cadeira e se espreguiçar – Ainda bem que eu só tenho que subir um andar – gozou Kamui – Sasori está fora em um simpósio da faculdade.

– Quem mandou casar com um gênio – riu a azulada – Ahh espera... Sasori não está em casa?

– Simpósio da faculdade – ela repetiu com toda falta de paciência que lhe cabia.

– Então durma por aqui mesmo Kamui, assim podemos continuar amanhã bem cedinho.

– Hai, não vou fazer cerimônia. Ficar naquele apartamento sozinha é deprimente e eu realmente quero ouvir a história toda.