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My Heart - Paramore
My Heart
Era madrugada, chovia e trovões estalavam do lado de fora do hospital. Harry em seu quarto revirava-se de um lado pro outro, atormentado, sem conseguir dormir. As imagens de mais cedo o torturavam sem cessar e ele mesmo não as queria esquecer, numa tentativa de autoflagelação, como punição por seu erro.
Flashback on
Estavam na clareira de uma floresta e a Ordem da Fênix e seus aliados lutavam ferozmente contra os Comensais da Morte.
Harry procurava Voldemort entre os capuzes negros que enfrentava, havia lutado com ele mais cedo e por mais surpreendente que lhe parecesse, estava em vantagem, mas quando tencionava acertá-lo fatalmente, o Lorde das Trevas desaparatara.
Corria frustrado, se os Comensais ainda lutavam, era sinal que o inimigo principal ainda estava no campo de batalha. Era o horário do crepúsculo, mas as grossas nuvens que desabavam uma chuva torrencial tornavam o céu cinzento, bloqueando os raios alaranjados de sol.
- Harry!
Ouviu a voz doce de Hermione gritar seu nome e no momento seguinte ela se lançava por trás de si, criando um feitiço protetor forte para protegê-lo do comensal que lhe ia acertar pelas costas.
- Hermione!
- Harry, você está muito desatento, o que aconteceu? – disse ela, alarmada mesmo enquanto ainda eram protegidos pelo campo de força do Protego Maxima.
- Voldemort, Mione! Eu estive a um passo de matá-lo e ele desaparatou! – gritou, apertando os punhos.
- Calma, Harry. Haverá outras oportunidades, tenha paciência.
Como para acalmá-lo, Hermione o abraçou forte. Harry relaxou no mesmo instante, fechando os olhos e passando os braços pelas costas da amiga enquanto respirava fundo o cheiro que os cabelos da morena tinham mesmo molhados.
Quando se separaram, um sorriu para o outro. Hermione se afastou e cancelou o feitiço, ainda lhe lançando aquele sorriso reconfortante. Foi então que tudo aconteceu.
- Ora Potter, você está mesmo desatento, não? – exclamou Lucius Malfoy com sua risada sarcástica, montado num testrálio cadavérico que grunhiu. Antes que fosse capaz de assimilar a frase do Comensal, as garras do testrálio rodearam Hermione, prendendo-a. No segundo seguinte, alçava vôo enquanto a morena gritava de pavor da crescente altura.
- Harry!! Me ajuda!
- Hermione!! – gritou ele de volta, apontando a varinha para o lado. – Accio Firebolt!
Não podia soltar um feitiço nas garras do animal estando no chão, a amiga cairia de uma altura muito grande, o único jeito era voar até ela. Contudo, mal saíra do chão quando um feitiço poderoso o acertara pelas costas, fazendo-o cuspir sangue e cair da vassoura, tombando violentamente no chão. Pela visão periférica notou Ron se aproximando rapidamente e acertando o Comensal que lhe lançara o feitiço.
A última coisa que ouviu antes de perder a consciência foi o último grito de Hermione, chamando por seu nome, antes de desaparecer por entre as nuvens escuras.
Flashback off
Pelo o que dissera um abatido Ron, logo Harry seria liberado do St. Mungus, sua vassoura estava intacta e nenhum aliado morrera na batalha de manhã. Porém, Harry sentia-se angustiado, fraco, perdido. Os inimigos haviam levado o que mais o importava, o que de mais estimado ele tinha, sua mais preciosa amiga.
- Hermione... – murmurou na escuridão da noite, uma lágrima solitária descendo pela lateral de seu rosto. – Me perdoe, eu não fui capaz de te proteger...
Ergueu-se e sentou na cama, pressionando as mãos ao rosto enquanto se abandonava ao choro e aos soluços de saudade e arrependimento. Quando sentiu que não conseguia verter sequer mais uma lágrima, bagunçou de irritação os cabelos negros e levantou-se num rompante.
- Eu vou trazê-la de volta, viva e em segurança nem que isso custe a minha vida! – disse para si mesmo enquanto saía do quarto e batia a porta com força.
- Chegaram notícias!! – berrou Ron no começo da tarde ao entrar correndo no aposento escuro, iluminado por apenas um lampião numa mesa grande e abarrotada de papéis. O rapaz de cabelos negros sentado virou o cansado olhar dos papéis para o rosto esperançoso do ruivo que se encaminhava até ele.
- Boas notícias, espero. – disse Harry com uma voz grave, desde que acordara de madrugada decidira pesquisar, a única coisa que poderia fazer no momento. Não esperaria sentado que Hermione caísse sã e salva dos céus em seu colo, iria atrás dela.
- Sim! Ótimas, na verdade. – falou Ron expirando ar enquanto um número razoável de participantes da Ordem da Fênix entrava no lugar. Quando a porta se fechou, murmurou: - São notícias dos espiões.
Harry olhou para o amigo com os olhos feito pratos. Então Draco e Snape estavam ajudando-o? Estava realmente pasmo, nunca imaginaria que o antigo inimigo e o amargurado professor de Poções mexeriam um dedo em prol dele e de seus amigos. Estava mais pasmo por Snape que não tinha nenhuma instância que os ligassem, mas Draco evidenciara há umas boas semanas seu interesse pela caçula Weasley, de certa estava tentando agradar, além do que, sempre deixou explícito que não queria obedecer a Voldemort como um cachorro, do jeito que fazia seu pai. Melhor ser aliado de Potter que ser capacho de Você-Sabe-Quem, dissera ele quando indagado do porquê de ingressar na Ordem da Fênix.
- O que temos? – indagou o moreno, impaciente.
Lupin pigarreou e estendeu um papel a Harry enquanto começava a falar em tom baixo.
- Snape e Draco mandaram mensagens através de meios trouxas para dificultar a interceptação pelos inimigos.
Harry percebeu que o papel era uma folha ofício e a letra denunciava que não era manuscrito. Provavelmente essa é a impressão de um email, pensou.
- Como pode ver na carta, em uma das missões que os comensais recebem todos os dias, eles ouviram rumores de que a melhor amiga de Harry havia sido capturada e ontem à noite viram comensais carregando uma moça de cabelos castanhos e ondulados que estava desacordada, reconheceram Hermione Granger apesar da distancia que os separava. Naturalmente perceberam que algo dera errado na batalha de ontem e resolveram investigar. Snape estava presente quando Lucius Malfoy apresentou a prisioneira a Voldemort e ouviu quando ele ordenou que a escondessem num lugar denominado pelo mesmo como 'casa do caos'. Hoje de manhã Draco conversou com seu pai e sutilmente tentou obter informações elogiando-o pela conquista, Malfoy estava exultante e sem perceber o objetivo do filho, acabou por revelar o esconderijo. Ela está presa na antiga casa dos Riddle e o lugar está fortemente protegido por um número considerável de comensais. Pelo o que está escrito, Hermione se encontra bem e viva, mas não sabem exatamente em qual aposento da mansão.
Por uns segundos, a sala ficara em completo silêncio.
- Por quê? – perguntou Harry sério, virando-se para Lupin. – Porque eles estão ajudando de verdade, afinal?
- Leia o final da carta, Harry. – disse o lobisomem com um sorriso de leve enquanto notava o crescimento de Harry, que se mantinha centralizado no objetivo, deixando de lado sua impulsividade de um jeito que sua racional amiga teria orgulho.
O moreno leu rapidamente o relatório, constatando as mesmas informações que Lupin dissera resumidamente. Ao final deste, havia uma curta mensagem que dava a impressão de ser uma confissão difícil para quem a escrevera.
"Draco te admira. A garota é corajosa e igual a Evans. Boa sorte e não falhe, Potter."
Harry engoliu em seco ao ler a mensagem, de fato ela explicava tudo, Snape se importava afinal. Saber da admiração de alguém que pensara que o odiasse era impressionante, mas ter conhecimento de que Hermione é igual a sua mãe o fez sentir um nó na garganta. Apoiou-se com as mãos espalmadas na mesa e respirou fundo repetidamente, abaixando a cabeça. Pensou muito bem no que tinha de fazer e quando ergueu o rosto tinha uma decisão tomada.
- Esta noite invadiremos a casa dos Riddle e resgataremos Hermione. - disse determinado, com o olhar esmeraldino perscrutando cada face presente no sombrio escritório. – Chame quem mais você sabe que irá participar e depois tranque e enfeitice a porta, Quim. Temos um esquema de ataque para planejar.
