Beta: Mrs. B (até o capítulo VI)
Capa: no profile
Nota: a história se passa em duas linhas de tempo diferentes, ao longo de dez capítulos/divisões. Acho que vai ficar bem claro quais são elas a partir do primeiro capítulo, mas se alguém se sentir confuso, é só avisar ^_^
Nota²: a fic é gen na maioria dos capítulos, mas em alguns aparecerão os ships Sirius/Remus e James/Lily, ~suavemente~
Nota³: essa fic foi plotada enquanto eu ouvia a música Summer 78, de Yann Tiersen, que faz parte da trilha sonora do filme Goodbye, Lenin! Se você quiser ouvir a música pra entrar no clima em que a fic foi escrita, ela está nesse link aqui (sem os espaços): www. 4shared file/ 225728182/ 6f6a6a68/ 01_Summer_78_instrumental_. html
Disclaimer: E, bom, pra variar, Harry Potter não é meu e eu não lucro nada escrevendo fics. É a vida.
Summer 78
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Prólogo
you're on the top of the world again
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Existem coisas que a guerra não pode destruir. Às vezes a gente não sabe como elas começam, ou simplesmente só conseguimos descobrir muito tempo depois.
E, às vezes, não temos direito nem a esse tempo.
E eu, Sirius Black, não trocaria nenhuma idiotice da minha adolescência por mais um dia de vida.
.x.
Acho que nunca encontrei na vida alguém que gostasse mais de ser feliz do que James Potter. Ele lidava com a felicidade como uma criança; sem remorsos, sem filosofias, sem enrolações. James era feliz pelo simples prazer de ser.
Em um verão em particular, ele começou a colocar, aos poucos, algumas reservas no seu modo de sentir as coisas. Todos nós colocamos, aliás. Já era tempo pra isso. Mas como James era sempre o primeiro em tudo, talvez tenha sido nele em quem nos espelhamos.
Ele e Peter agiam e reagiam. Não eram de fazer planos. Remus e eu cuidávamos disso, quase sempre. James era um homem de ação. Ou, melhor dizendo, uma criança. Suspeito que até os dezessete anos ele nunca tenha deixado de ter onze. Ele acordava um dia com uma ideia na cabeça e não descansava até pô-la em prática. Remus dizia que poderia não dar certo, Peter retrucava que deveriam tentar e, enquanto eles discutiam, eu ajudava James a pensar antes de agir.
No dia em que a mãe de James morreu, eu tive que deixar de ser o irmão inconsequente para ser aquele que passaria um braço pelos seus ombros. Nunca fui bom nisso, mas era o que podia fazer. No dia em que o pai dele morreu, tive que deixar de ser o irmão que consola para ser aquele que o carrega para frente. James nunca havia conhecido a ausência de uma família, enquanto eu nunca havia conhecido a presença de uma. Trocamos de lugar. Naquele agosto de setenta e sete, James se deu conta de como as coisas boas simplesmente acabam. Na enorme casa dos Potter, terminamos o verão tendo apenas um ao outro.
Agora, um ano depois, James ainda tinha o olhar de uma criança sem Natal. Estava crescendo, o meu pequeno irmão de sete verões. Assim como todos nós, ele parecia não querer sair de Hogwarts. Adiamos o máximo possível o momento de perceber que aquele era o último ano. E agora tínhamos que ir.
Foi o dia em que menos falamos. Nos despedíamos em silêncio do quinto Maroto, o castelo, enquanto fazíamos as malas. Ouvíamos os sons do jardim que entravam pela janela; garotos dos primeiros anos felizes em entrar em férias.
- E pensar que já tivemos onze anos - Remus comentou, olhando para os garotos que se jogavam no lago.
Tínhamos apenas dezessete ou dezoito anos, e nos sentíamos os homens mais velhos e experientes do mundo. Era incrível.
Nenhum de nós viveu para saber o que era, de fato, ser velho e experiente. Nos contentamos em ser crianças. Alguns pra sempre, outros, nem tanto.
- Bons tempos - James falou, com um sorriso saudoso.
- Sabe o que eu queria agora? - Peter perguntou, enfiando meias no malão. - Uma garrafa de firewhisky.
- Uma, só? - James provocou, com o velho brilho travesso incendiando seus olhos.
- Uma última visita ao porão da Dedosdemel? De lá vamos pro Hog's Head - Remus sugeriu
calmamente. Como um lobo em guarda farejando sua presa. Às vezes eu tinha de admitir que, como mal-feitor, ele talvez fosse mais perigoso do que todos nós juntos.
- A última vez - James garantiu, procurando a Capa nas suas coisas.
- Não cabemos mais debaixo disso - reclamei. - Há séculos.
- Nós, não. Mas Remus e Peter podem ser virar com ela.
Eles se cobriram à guisa de teste. Os pés de Remus ainda podiam ser vistos.
- Se Peter se transformar, posso levá-lo no meu bolso e cobrir o resto - Remus sugeriu. Assim seria feito. - E vocês? Está cheio de gente lá fora.
- Não precisamos de Capa. Somos invencíveis, lembra? - gritei, puxando James para mim e desarrumando – ainda mais – o seu cabelo.
O tempo sempre parava quando nós ríamos. Não existiam famílias, namoradas, escolas ou guerras lá fora. Éramos apenas quatro malucos que gostavam de quebrar umas regras de vez em quando. Sempre. Eu era James, e ele era Remus, que também era Peter, que por sua vez era Sirius. E todos nós éramos Hogwarts.
Éramos invencíveis.
