Título: The Tracker

Ship: Demetri e Bella


Disclaimer: As personagens pertencem exclusivamente à escritora Stephenie Meyer. Se pertencessem a mim, Demetri me rastrearia o resto da vida.


Sacrifício

Ele sustentava uma postura elegante, mesmo que por dentro seu corpo, sempre forte, estivesse quebrado em pequenos pedaços. Os olhos negros do vampiro de aparentemente dezessete anos fitavam a paisagem brasileira à sua frente, mas seus pensamentos estavam estacionados em apenas uma pessoa: Bella Swan.

Edward definhava mais a cada dia que se passava. Já não conseguiria mais descrever como era o gosto do sangue animal, como era estar alimentado, como era sentir-se satisfeito. Sua garganta queimava constantemente, o lembrando de que ele não se alimentava há dias, ou até meses. Mas Edward apenas achava esse fato irrelevante em comparação à situação em que vivia.

Era um tipo de punição para a idiotice que havia feito. Ele gostava de se punir quando sabia que estava errado. E nesse caso, Edward Cullen estava totalmente errado.

Porque ele a abandonara.

Um leve tremor o tirou de seus pensamentos. Seu celular vibrava em cima da cama. Ele não precisava olhar o visor para saber quem era, mas se surpreendeu quando pegou o aparelho. Franziu o cenho no mesmo momento em que o atendeu.

- Rosalie.

O nome de sua irmã saiu calmo de sua boca, mesmo que algo dentro de Edward lhe avisasse que a vampira não estava ligando para conversar assuntos corriqueiros.

- Edward? Alice viu... Edward... ela está indo para Forks.

A atenção do vampiro triplicou ao ouvir o nome da cidade onde havia deixado o amor de sua vida. Seu instinto animal lhe dizia para ficar atento a tudo.

- O que aconteceu, Rosalie?

A voz saiu mais autoritária do que a primeira vez. Dois segundos se passaram até que a voz do outro lado da linha fosse ouvida.

- Alice viu Bella pular de um penhasco... acho... Edward... acho que Bella está morta.

No momento que ouviu a trágica notícia, Edward sentiu um abismo abrindo sob seus pés. O amor de sua vida estava morto, e apenas ele era o culpado. Seus olhos arderam, como se lágrimas estivessem se acumulando ali. Mas o vampiro sabia que ele era incapaz de chorar. Uma voz fina lhe chamava do outro lado da linha, mas ele apenas partiu o celular facilmente, jogando os pedaços em cima da cama e passando as mãos pálidas pelo cabelo cor de bronze.

Não sabia o que fazer, mesmo que seu cérebro fosse projetado para conseguir pensar em inúmeros assuntos ao mesmo tempo, havia um único tópico que assaltava sua mente: a morte de Bella Swan.

Já não se importava mais com nada, já não via mais um motivo sequer para viver. Sua existência agora não valia nada, para ninguém. Ele era apenas um corpo seco, sem alma, e depois da morte de Bella, ele não era nem um corpo. Porque ele iria acabar com ele mesmo.

E Edward sabia que apenas um grupo de vampiros conseguiria tal façanha.

Ele precisava ir para Volterra o mais rápido possível.


A pequena vampira andava em círculos em volta casa dos Swan, apreensiva. Havia sentido um cheiro de cachorro molhado, misturado ao cheiro peculiar do mar, e Alice não sabia se isso poderia se interpretado por algo bom.

Os olhos dourados vivo fixaram-se no menino que saíra da casa. Era alto, muito alto. Era Jacob Black. Seu forte maxilar estava travado e ele parecia aspirar o ar, franzindo o nariz. Alice sabia que o lobisomem havia sentido o seu cheiro, mas não entendeu quando o viu passar por ela e correr. Ela prendeu a respiração, um estalo cortou o silêncio da rua e ela ouviu as patas do lobo encontrarem o chão, para depois correr em uma direção oposta onde ela estava.

Alice voltou a olhar para a casa, escalando as árvores. Sabia que Edward usava uma árvore em específico para subir ao quarto de Bella. Ela prendeu a respiração e engoliu em seco ao se aproximar da janela de sua ex-futura irmã.

Ela estava viva. Bella Swan estava viva.

A garota não parecia saudável. Seus cabelos estavam emaranhados e Alice conseguiu sentir o cheiro do sal impregnando cada fio. Bella havia emagrecido, e muito. Suas olheiras demonstravam o quanto a humana estava em pedaços, e cansada.

Bella se aconchegou na cama e fechou os olhos, fungando e passando as costas da mão no rosto, retirando as lágrimas que insistiam em cair.

- Bella... o que fizemos com você?

Alice perguntou para si em um sussurro. Sabia que a garota não conseguiria ouvi-la e nem vê-la de onde estava. Mas tudo o que a vampira queria era entrar pela janela e confortá-la, dizer que tudo ficaria bem e que ela estaria novamente ao seu lado em todos os momentos.

Mas Alice sabia que Edward não aprovaria isso.

A vampira enrijeceu-se, ficando cinco segundos estática como uma estátua em cima da árvore. Quando se deu conta de onde estava, pulou com delicadeza no chão úmido e correu de volta para as árvores do outro lado da rua. Já estava com o celular na mão antes mesmo de ele vibrar.

- Me diga que o que eu vi não é verdade, Rosalie.

A vampira comprimiu os lábios e fechou os olhos ao ouvir sua irmã lhe confirmar a visão que havia tido segundos atrás. Era isso. Edward pretendia tirar sua própria vida indo para Volterra. De repente o pânico se apoderou do corpo dela e ela desligou o aparelho, para voltar a abri-lo e discar outro número.

O celular chamou apenas uma vez.

- Jazz?

A voz do vampiro deixou Alice mais calma, mas ela sabia que isso não duraria por muito tempo.

- Quero que me encontre no aeroporto. Estarei te esperando com duas passagens para a Itália.


Edward olhava todos os humanos com cuidado. O manto vermelho jogado no corpo era a única barreira que impedia o vampiro de revelar sua verdadeira identidade no meio do festival que acontecia na cidade.

Ele respirou fundo, sentindo o aroma peculiar dos raios solares e retirando o manto do corpo esbelto. Apenas um passo lhe distanciava do sol, e ele não pensou duas vezes antes de fechar os olhos e acabar com a distância que lhe levaria à morte.

Antes de sentir os raios de sol baterem em sua pele, confirmando que seu plano havia dado certo, ele sentiu duas mãos fortes lhe apertarem os braços. E então ele foi puxado para dentro.


- Eu pensei que você não me desapontaria, Edward.

Aro estava de costas quando os três vampiros pararam em frente aos três tronos, e mesmo que Edward não conseguisse ver diretamente o rosto do homem, ele temia os pensamentos que Aro estava tendo.

O vampiro de cabelos compridos e negros se virou, os olhos vermelhos focaram-se em Edward e ele suspirou, dando de ombros e juntando as mãos pálidas.

- É uma pena... desperdiçar o seu talento por uma imprudência.

Aro olhou intensamente os dois vampiros que estavam ao lado de Edward. O vampiro vegetariano fechou os olhos, esperando seu corpo ser rasgado, mas surpreendeu-se quando não ouviu o barulho que esperava, e sim o barulho da grande porta se abrir.

E surpreendeu-se ainda mais ao ver os dois irmãos entrando na sala branca, ao lado de Jane.

Jasper andava com calma, seus olhos dourados analisavam todos os vampiros presentes com cuidado. Alice fitava o chão, os braços estavam cruzados, como se a vampira estivesse se abraçando, ela parecia temer a situação. Edward não a julgava, estar ao lado de Jane deixava qualquer vampiro em uma situação constrangedora.

"Ela não está morta. Bella está viva. Ela não está morta. Bella está viva."

Alice repetia as frases em sua mente incansavelmente. Edward olhou para a irmã e seus olhos negros piscaram duas vezes. Alice sabia que o vampiro havia escutado, mas não disse nada. Não precisava.

"Tudo não passou de um mal entendido, Edward."

O corpo de Edward relaxou por completo e ele fechou os olhos. Um alívio percorreu cada célula imortal sua, mas a reação não demorou a passar. Por mais que estivesse feliz ao saber que Bella não havia morrido, Edward sabia que Aro estava prestes a tirar a sua vida.

Ele enrijeceu com a lembrança e fitou os olhos vermelhos de Aro, para depois fitar novamente o chão. Engoliu em seco, esperando sua sentença.

Aro percebeu os gestos de Edward.

O Volturi era mais inteligente do que todos os presentes na sala, isso nenhum vampiro poderia negar. Aro flutuou até Edward sem pestanejar, pegando sua mão sem pedir permissão. O silêncio engolfou o ambiente, sufocando os Cullen em ansiedade.

Os olhos leitosos de Aro saíram de foco e Edward abaixou a cabeça, sabendo que o Volturi agora teria conhecimento de todos os fatos. Edward podia ver cada momento de sua vida através dos pensamentos de Aro, e isso foi a sensação mais estranha que ele havia tido em todos os seus anos como imortal.

Aro voltou a olhar para o Cullen e travou o maxilar, como se estivesse desapontado com algo.

- Uma humana?

Edward apenas assentiu. Mesmo que Bella estivesse a salvo no momento, ele sabia que após Aro ter ciência de sua existência, a vida dela estava em contagem regressiva. Alice se remexeu inquieta ao seu lado, mas Edward estava tão focado nas decisões do líder dos Volturi que não conseguiu ver que sua irmã estava querendo lhe dizer algo.

- Não posso deixar que uma humana tenha conhecimento sobre o nosso mundo...

"EDWARD!"

O grito mental de Alice fez com que o irmão finalmente a olhasse. Os olhos dourados da vampira encontraram os olhos negros de sede dele.

- É contra as regras... receio que a garota tenha que pagar por um erro seu...

"Bella está em perigo. Victoria está em Forks."

Alice comprimiu os lábios e Edward percebeu que teria que tomar uma decisão drástica. O Cullen voltou-se novamente para Aro.

- Não.

A palavra saiu de sua boca de forma decidida. Aro virou-se para ele, incrédulo. Jane se postou ao lado de seu mestre, como se a qualquer momento o líder fosse pedir os seus favores. Edward sabia do risco de contrariar Aro, mas não poderia deixar que uma vampira nômade e um Volturi caçassem Bella ao mesmo tempo. Bella não teria chances.

- Como?

Aro perguntou para Edward, ansioso para que ele o enfrentasse. O Volturi não estava em um dia calmo, e aquela história de amor entre o Cullen e a humana só estava lhe tomando seu tempo precioso.

- Há uma vampira atrás de Bella... o nome dela é Victoria. A nômade não vai se acalmar enquanto não matá-la.

- E por que eu iria impedir isso?

Era uma pergunta inteligente. Mesmo que Victoria conseguisse seu objetivo, isso só seria torturante para a família Cullen, mas Aro sairia no lucro. O Volturi não precisaria mandar nenhum vampiro de Volterra para fazer o serviço.

- Peço sua ajuda para proteger Bella de Victoria.

Aro revirou os olhos em um gesto de impaciência. Alice prendeu a respiração. Aquela não era uma atitude comum do líder dos Volturi.

- Novamente, Edward. Por que eu faria isso?

Edward petrificou-se. Seus olhos negros fitaram brevemente seus irmãos. Ele sabia que o que iria propor a Aro no momento poderia ser visto como algo absurdo. Mas ele não via outra saída.

- Peço proteção a Bella. Em troca, meu dom estará ao seu dispor.

O silêncio engolfou a sala e um brilho lunático passou pelos olhos vermelhos de Aro. Alice gemeu baixinho ao lado do irmão. Edward apenas abaixou a cabeça, confirmando os pensamentos do Volturi.

- Eu o servirei enquanto Bella estiver a salvo.