Dance with the Devil

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Paris - aproximadamente século XV

Na primeira vez que a vi, ela estava dançando. Com seus cabelos negros usando aquele vestido vermelho. Parecia labaredas de uma lareira, hipnotizando todos que a assistiam.

Fogo do inferno.

Ao mesmo tempo que encantava e incendiava corações, eu sabia que no fundo era uma bruxa. Uma porta-voz do diabo, uma raposa traiçoeira, víbora pronta para dar o bote a que ousasse chegar perto.

Ah, que movimentos!

Deus, por que eu a vi dançar?

Movimentos impuros, armadilhas infames.

Como eu, um homem justo e bom, respeitado pela nação, com uma reputação a manter, um homem religioso e fiel ao meu Deus, pude me deixar levar por desejos tão carnais?
Aquilo era uma maldição tão perversa que nem mesmo o próprio Diabo seria capaz de maquinar.

Dança vulgar e cheia de fervor.

Naquele dia na catedral eu senti seu aroma embriagante, cheiro venenoso para a alma. Armadilha do diabo, deveras.

Seus olhos verdes, redondos e brilhantes me chamavam.

Não ouse olhar essas esmeraldas, olhos do demônio.

Me proteja, Maria. Não deixe essa bruxa me enfeitiçar, mande-a para a fogueira, que é o seu lugar.

Eu não posso deixar a bruxa encantar os outros homens. Deve ser minha!Somente minha. Enfeitiçar apenas a mim. Desejo que me consome.

Não é minha culpa se Ele fez o homem mais fraco do que o mal.

Tentações traiçoeiras e repugnantes, testando fiéis.

Que seja meu, somente meu, o seu amor.

Diga adeus, mulher profana. Queime na fogueira e dance como se dançasse com o diabo. Quero vê-la queimar!
Maria, senhora tão bendita, destrua Esmeralda! Cigana imunda que insiste em aparecer nos meus sonhos e nos mais profundos pensamentos.
Não me teste, mulher pagã. Pode se esconder, mas a procurarei em cada canto, cada beco, cada encruzilhada de Paris. Farei de tudo para achar a infame cigana. Assim, minha alma encontrará a Beata e a fé que almejo.

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