Tempo. Alinearidade na linearidade.

Será que tudo aquilo bastava para mim? A inconstância do constante? Será que eu conseguia me sentir completa com apenas alguns olhares esparsos e nada mais? Não, absolutamente não. Eu sabia que poderia ser muito mais do que isso. Então por que persistir em tamanha indiferença? Não, eu sabia que era só fachada. O jeito que você me olha te denuncia. O jeito que seus lábios transformam-se em um sorriso sem graça quando me vê, te denuncia. E então, o que é que vai ser? Observo-te de longe. Tão distante, porém ao mesmo tempo tão próximo. Se eu der alguns passos, consigo enlaçar minha mão na sua, prender seus cabelos em minhas mãos. Tão perto. Tão distante. Seu olhar te tristeza induz a minha aproximação. Uma desculpa qualquer apenas para ouvir a sua voz, sua respiração um tanto quanto perto da minha. Pareço idiota, talvez? Uma loucura? Como se houvesse um pouco de razão na loucura...

- George, você está bem? – eis a iniciativa.

- Sabe como é, Amélie... Não tem sido fácil. Mas a gente vai vivendo, não é? – seu olhar de tristeza intensificou-se.

As palavras perderam-se no caminho. O que eu poderia dizer? O que eu poderia fazer? Nunca reagi bem a tais situações. A única coisa que passou pela minha cabeça foi envolver-te em um abraço apertado, e não hesitei em fazê-lo.

- Eu sei que nada mais será o mesmo. Eu sei que não só você, mas a sua família, estão passando por um momento difícil... E estou aqui pro que precisar, sério. Pra um abraço, que seja. Qualquer coisa.

Seu sorriso foi tão sem graça que tive uma dúvida, dúvida persistente: será que eu havia dito a coisa certa?

- Acho que eu nunca te falei o quanto você tem sido importante, não é?

Respostas. Onde? Segundas intenções? Não, não. Antes de qualquer coisa, eu queria ver aquele sorriso novamente. Aquele George animado, disposto a criar logros e fazendo todos rirem com sua natureza bem-humorada.

O que veio depois? Virá depois. Antes de tudo, que tal retroceder algumas páginas? Passado. Páginas rabiscadas pelo tempo. Rascunho do futuro. Páginas amareladas, largadas ao esquecimento. Páginas cheias de vida, e de uma história pra contar.