"Seu corpo fruto proibido a chave de todo pecado
E da libido
E prum garoto introvertido
Como eu a pura perdição"
' Eu a via todo dia, sentada na mesma mesa daquele café em frente minha faculdade. Ela era linda, cabelos ruivos, olhos cor de chocolate meio amargo, escuros e brilhantes, pele clara e com algumas sardas no rosto. Encantadora. Mas ela nunca me notou. '
"É um lago negro o seu olhar
água turva de beber
Se envenenar
Nas suas curvas derrapar
Sair da estrada
Morrer no mar"
' Ela me encarava, mas logo em seguida desviava o olhar, como se não ligasse pro jeito que eu ficava, o modo como meu coração disparava quando ela me olhava. '
"É perigoso o seu sorriso um sorriso assim jocoso
Impreciso, diria misterioso
Indecifrável, riso de mulher"
' Um dia, saindo da aula, a vi falando no celular, em frente ao café . Ela ria. Ah, me apaixonei por aquele sorriso dela, sorriso de quem realmente estava feliz e não o riso falso que eu era obrigado a demontrar todos os dias para agradar aos outros. '
"Não sei se caça ou caçadora
Se Diana ou Afrodite
Ou se Brigite Stephanie de Mônaco
Aqui estou!
Inteiro ao seu dispor"
' Outro dia, no entando, ela tinha os olhos fundos, tristes. Que vontade de dizer : "Princesa, eu estou aqui, te dou colo, não fique triste." Mas eu não disse. '
"Pobre de mim
Invento rimas assim
Pra você
E o outro vem em cima
E você nem pra me escutar"
' Mas ela não precisava do meu colo, ela já tinha um outro para isso. Moreno, com olhos verdes e com cara de bobo. Eu sabia que havia sido ele que te causara aquela tristeza, mas ela não queria me escutar, mas também, eu não tinha coragem de dizer. '
"Pois acabou!
Não vou rimar!
Coisa nenhuma agora vai
Como sair
Que eu já não quero nem saber
Se vai caber
Ou vão me censurar
Será?"
' Ela não apareceu durante uma semana, eu não ligava, ou fingia que não ligava. Pensava apenas na faculdade, decidido a esquece-la. '
"E pra você
Eu deixo apenas
Meu olhar 43
Aquele assim
Meio de lado
Já saindo, indo embora
Louco por você"
' Ela voltou. Linda como sempre, e acompanhada pelo mesmo bobão da outra vez. Eu estava saindo quando eles chegaram, trombamos na porta. Eu a olhei, uma última vez. Ela retribuiu com a mesma intensidade e eu sabia que ela entendera o quanto eu a amava, mas que havia acabado. '
"Que pena!
Que desperdício!"
' Eu não a vi mais em frente ao café e não ia mais lá depois da aula. Sabia que havia acabado o que nem começou direito e que teria que continuar no mundinho de risos e olhares falsos, apenas lembrando daquele olhar e daquele sorriso verdadeiro que haviam me encantado. '
