Alguns dos personagens encontrados nesta história e/ou universo não me pertencem, mas são de propriedade intelectual de seus respectivos autores. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual. História sem fins lucrativos criada de fã e para fã sem comprometer a obra original.

Olá, essa é uma fic de presente para a CristianiCruz aqui do Spirit que é tipo um diabinho no meu ombro, incitando minha mente já lasciva demais. Agradeçam ou a amaldiçoem, fica a seu critério.
Essa fic tem conteúdo altamente sexual em algumas partes, mais ainda, terá maiormente sexo entre mulheres, se não gosta, não leia e não encha o saco, tá bom?
Pra quem quer ler, boa leitura.

Uma das coisas que Hermione nunca se acostumava sobre o mundo mágico é a falta de praticidade. Não interessava se ela tivesse estudado como uma louca leis internacionais, abrindo mão de uma vida e relacionamento estáveis para fazer um intercâmbio atrás do outro para poder aprender a falar cinco línguas além do inglês... nada disso importava para magos e bruxas que a viam como uma simples estrangeira sem raízes e sem tradição. Era como um soco no estômago, não interessava que o quanto ela estudasse, sempre batia na barreira da tradição puro sangue, nem o uísque de fogo podia tirar o gosto amargo em sua boca, nunca conseguiria o cargo de diplomata se não tivesse êxito em suas tarefas. Lutou contra as lágrimas, se recusava a chorar porque uma bruxa horrivelmente rude se recusou a negociar com ela porque não era uma iniciada. Ela era perfeitamente capaz de fazer magia, era um gênio, sem falsa modéstia, mas a mulher a tinha olhado como se fosse sujeira debaixo de suas botas caras. Mais de cinco anos estudando depois de Hogwarts e era essa sua recompensa.

- Sabe, Granger, não pensava que você fosse do tipo que se embebeda em dias se semana durante o expediente. - A voz arrastada de Draco Malfoy a fez revirar os olhos.

Hermione sequer o dignificou com uma resposta, mostrou-lhe o dedo médio, engolindo mais um gole de sua bebida e colocando o copo vazio no balcão.

- Oh, estamos rudes hoje. - O loiro zombou, acenando para que o garçom viesse, ela ouviu calada como ele pedia uma garrafa fechada de um uísque muito mais caro do que o que ela bebia e o recebia prontamente. - Venha, vamos beber num lugar mais apropriado.

- Eu não quero sair daqui. - Ela disse, olhando-o com antipatia.

Ele revirou os olhos.

- Não me faça chamar Potter pelo flú para dizer ao idiota que precisa vir te resgatar... ou melhor, dizer ao Ron que está aqui bêbada e chorando sobre como ele te largou e arruinou sua relação perfeitinha com seus pais idiotas.

Hermione olhou com azedume.

- Nós terminamos em comum acordo, cara de fuinha. - Ela disse, jogando a civilidade para o alto. Sua saída do armário para os pais tinha doído, principalmente porque eles não aceitaram muito bem no começo. – E meus pais não são tão idiotas assim no momento.

- Se você diz... mas, Ron vai pensar que partiu seu coração e hoje em dia acredita mais em mim que em você.

Hermione amaldiçoou o dia em que Harry resolveu foder Draco Malfoy, e anos depois arrastou Ron para uma tríade com os dois.

- Eu realmente te odeio agora mesmo, sabia, Malfoy? - Ela perguntou, cutucando-o no peito com o indicador.

- Eu sei, eu sei. - Ele disse, sorrindo como o idiota que era, mas pegando-a pela mão com delicadeza e puxando para uma cabine luxuosa nos fundos do bar.

Hermione se jogou num dos bancos confortáveis e começou a comer algumas batatas fritas que surgiram num passe de mágica.

- Então, soube que teve um mau dia no Ministério da Grécia. – Ele disse, direto ao ponto.

- Ela foi horrível, pior que você.

Draco soltou um bufido ofendido.

- Granger, isso é uma coisa muito má de se dizer.

Ela sorriu pela primeira vez depois de ter voltado a Inglaterra nesse dia.

- Por que eu te aguento? Você é um pirralho insuportável mesmo aos vinte e quatro.

Draco ergueu uma sobrancelha.

- Porque aguento seus dois idiotas de estimação? Esse é um diabo de um bom motivo. - Ele disse, servindo-lhe mais uísque. - Conte-me o que aconteceu.

Ela desabafou, porque Draco entendia de diplomacia, ele não seria como Harry e Ron que ficariam incrédulos e sairiam procurando alguém para brigar. Ele tinha uma mente objetiva como a dela, era comumente chamado pelo Departamento Internacional pela habilidade em línguas e contatos comerciais.

- Bem, Granger, não sei porque estou desperdiçando esse bom uísque com uma coisinha tão simples de resolver. - Draco disse, com desdém, ganhando um chute na canela por baixo da mesa. - Granger! Esses modos brutais não estão te ajudando aqui, sua trouxa embrutecida.

- Fez-me sentir melhor. - Ela disse, sorrindo. - Estou de mau humor e é bom se lembrar disso.

Draco fez uma careta esfregando a canela.

- Vai ficar roxo.

Hermione revirou os olhos.

- Conte ao Harry e peça um beijinho para sarar.

- Farei isso, e por esse comportamento selvagem não devia te dar a solução para seu problema. - Ele disse, olhando feio para ela.

- Que solução? Nascer novamente e puro sangue? - Ela perguntou, com veneno pingando da voz.

Draco ficou sério. Ele tinha atormentado a menina gênia na escola, perturbado e exposto todas a sua falta de conhecimento pelas tradições deles por puro despeito, quando finalmente amadureceu percebeu como tinha sido idiota. Harry o tinha odiado porque era amigo dela, e ele tinha perdido anos de discussões inteligentes com ela e sexo maravilhoso com ele. Ah, a cara que seu pai e James Potter fizeram quando os pegaram se beijando num baile foi épica.

- Bem, não precisa nascer de novo. Só precisa ser aceita num coven e pronto, as bruxas vão te guiar pelas tradições.

Hermione olhou-o com desconfiança.

- Isso não pode ser feito, você precisa nascer puro sangue e participar de todas as iniciações.

- Sim, ou você pode ser uma nascida trouxa aceita pelas matriarcas, isso já foi feito, pelo menos com as nascidas trouxas de Slytherin. - Ele disse, sério. - Não posso te dizer muita coisa, Granger, os rituais femininos são uma coisa que não aprendi por motivos óbvios.

Ela assentiu.

- Ginny e Luna não participam de covens. - Ela disse, já sem saber para quem recorrer, as duas eram suas amigas puro sangue mais próximas.

Draco deu de ombros.

- Poderia pedir a Pansy, sei que tiveram seus momentos. – O loiro disse com malícia. – Bendito banheiro dos prefeitos, não é?

Hermione revirou os olhos. Pansy Parkinson a fez acreditar em orgasmos e na sutil arte da sedução. Malditas serpentes.

- Ela ficou chateada quando a larguei aqui para ir para a Espanha. – O que ele já sabia, claro, ela era melhor amiga dele.

- Não posso te ajudar nisso então, mas posso te oferecer os livros que falam sobre o tema em Malfoy Manor.

Os olhos dela brilharam.

- Jura?

- Sim, eles só podem ser abertos por mulheres, e vão te dar uma visão mais ampla do que esperar e procurar.

Hermione assentiu.

- Sua mãe responderia algumas perguntas? - Ela perguntou, Narcissa a tinha olhado com uma frieza educada quando se encontravam socialmente.

- Pergunte e descubra, não posso responder por ela. - Draco disse, dando de ombros.

- Ela me desaprova. - Hermione reclamou.

- Ela te acha indelicada e respondona, o que você é. – Ele disse, divertido.

Hermione fez uma careta, a mulher a tinha visto responder Bellatrix Lestrange a altura quando a tia de Draco a tinha admoestado por não estar preparada para um ritual idiota no Yule. Aparentemente, tinha quebrado muitas regras sociais na frente dos puros sangue ao longo dos anos.

- Ela vai me enfeitiçar se me ver na mansão. - Ela disse, desanimada.

- Mamãe jamais faria algo tão rude para um convidado, que calúnia. - Draco disse, divertido.

- Ela não seria pega, você quer dizer.

- Isso também, mas os livros não podem sair de lá, então... quer ir ou não?

- Claro que sim, idiota.

- Ótimo, brindemos a isso. – Ele disse, servindo-lhe uísque.

- Arriba, tarado. – Ela disse, bebendo e mais tranquila. Gostava quando tinha um plano.

X-x-X

Hermione odiava Draco Malfoy, muito mesmo. Não interessava que ele fosse importante para seus melhores amigos, ele era um imbecil.

- Não é educado ficar lançando olhares assassinos no jovem tremendamente generoso que te convidou para sua casa ancestral. - Draco disse, sorrindo brilhantemente.

- Por que me deixou beber tanto? - Ela reclamou. - Tive que tomar uma poção para a ressaca.

- Não me culpe pelo seu desgoverno, só fui um bom conhecido e te levei para um local discreto e impedi que virasse a fofoca do mês no Ministério. - O loiro disse, ainda sorrindo.

- Você só queria material de chantagem. - Ela acusou.

- Sim. - Draco reconheceu. - Infelizmente, você não estava de coração partido, só com o orgulho ferido.

Hermione deu de ombros.

- Devia ter me visto depois que contei aos meus pais que terminei com Ron e que estava saindo com uma bruxa. - Ela disse. - Isso foi o fundo do poço.

Draco fez uma careta.

- Nem eu sou tão baixo. - Ele disse. - Ontem você disse que eles estão bem agora.

- Conformados, mas minha mãe culpa maiormente o fato de eu ser bruxa, como se a magia fosse me desviar de qualquer forma. Agora ela até pergunrta se estou namorando alguma boa bruxinha ou um rapaz. - Hermione brincou. - Papai ainda prefere perguntar se tenho alguma amiga especial.

Draco a olhou com simpatia. Seus pais podiam ser duas serpentes traiçoeiras, mas só tinham torcido o nariz para Harry até que seu namorado brigou com James Potter e saiu de casa para não ouvi-lo falando mal de Draco.

- Talvez sua mãe tenha razão, bruxas são indomáveis demais para rótulos. - Ele disse. - Além disso, vivemos numa sociedade que não foi contaminada por influências de religiões castradoras, você mesma fez aquele relatório dizendo que a heterosexualidade não ser impingida nas crianças como um padrão correto explicaria nossa taxa maior de lésbicas, gays e bisexuais.

Ela assentiu.

- Eu gostaria de poder falar sobre isso em siminários trouxas. - Ela disse. - Gostaria muito de esfregar na cara deles que existe uma sociedade melhor e mais organizada onde meninas podem amar outras garotas sem correr o risco de serem queimadas em praça pública.

- Ainda queimam mulheres?! - Draco parecia horrorizado.

Hermione deu de ombros.

- Não literalmente, pelo menos não na Inglaterra, mas no geral, mulheres sempre levam a pior parte no mundo trouxa. - Ela disse. - Às vezes acho que é covardia minha ficar protegida aqui, quando poderia estar lá... eu poderia ter evitado algumas coisas.

- Você dificilmente poderia levar civilidade àqueles selvagens, senhorita Granger. Eles estão contaminados há muito tempo, homens quando tem poder demais se tornam idiotas com delírios de grandeza. - Narcissa Malfoy disse, parada à soleira da porta de sua imensa sala de estar.

Hermione tinha que concordar.

- Se fossem só os poderosos... a quantidade de idiotas que existem em todos os lugares.

Narcissa olhou para o filho com ar de admoestação.

- Tem que parar de mentir para mim, querido. Disse-me que ela era brilhante, uma bruxa brilhante saberia que todos os homens na sociedade trouxa já nascem com muito mais poder que uma mulher.

Draco deu de ombros.

- Eu também avisei que ela era destreinada e desinformada, porém, estudiosa. - Ele disse, graciosamente. - Mione, pedi a minha adorável mãe que te guiasse pela nossa biblioteca e te ajudasse com suas dúvidas sobre os covens ingleses.

Hermione evitou xingar o loiro por usar o apelido carinhoso de Harry e Ron para ela, mas supunha que se a tratasse por Granger e ficasse trocando farpas o dia todo, sua mãe não ajudaria. Ponto para ela, pelo menos.

- Eu agradeço imensamente, senhora Malfoy. - Ela disse, realmente feliz, apesar da cara neutra da mulher aristocrática. Hermione sabia que ser cordial com os hospédes era algo que ela sempre faria, então, não estava preocupada em ser hostilizada abertamente. Até poderia ganhar simpatia, se fosse educada e mostrasse real interesse.

- Suponho que não posso culpá-la por ter ido parar numa casa tão carente de puros sangues decentes. - A mulher disse, e Hermione ignorou a ofensa a seus amigos, mesmo porque na Corvinal e na Lufa-Lufa também tinham covens para acolher as nascidas trouxas que optavam por se juntar, então, tecnicamente, ela estava certa. - Se puder me acompanhar, os elfos preparam um chá para acompanhar seus estudos na biblioteca.

Hermione olhou para Draco, que lhe acenou com um brilho divertido no olhar.

- Te deixo nas mãos capazes da minha mãe, Harry teve folga hoje, então, vou passar o dia com ele. - Hermione resistiu ao impulso de enfeitiçá-lo, ela ia passar o sábado sozinha em Malfoy Manor, maldito loiro dos infernos. Pior que sozinha na verdade, só com os pais dele, que a achavam horrivelmente rude e sem refinamento, tentaria mudar isso até o fim do dia.

- Obrigada pelo convite, Draco, me certificarei de devolver a gentileza em breve. - Ela disse, docemente, e ficou feliz de quando o viu mostrar alarme no rosto. Ótimo, que ficasse pensando sobre retaliação por um bom tempo.

X~x~X

A biblioteca de Malfoy Manor a deixou sem palavras. Era um cômodo enorme, com prateleiras que iam até o, o local era ricamente iluminado por uma clarabóia, a madeira escura brilhava de polimento, tinha uma enorme lareira e sofás confortáveis, além de uma mesa de escritório pesada e imponente num dos cantos.

- Eu definitivamente me casaria com Draco por isso aqui. - Ela murmurrou, pensando em dizer aos amigos que eles deviam morar aqui para poder dar-lhe mais acesso.

Narcissa Malfoy a olhou com ceticismo.

- Eu duvido muito que isso poderia dar certo.

- Por que? Pensei que casamentos de conveniência eram normais por aqui. – Ela disse.

A mulher mais velha a olhou com uma expressão tão azeda quanto a de Severus Snape.

- Oh, eu vejo que terei trabaho. - Narcissa disse, analisando-a. - Venha, os livros que precisa ver ficam um nível abaixo… vai notar lendo os diários das Malfoy e algumas Black, senhorita Granger, que se há algo que as bruxas valorizam é seu poder de dizer não. Muitas mulheres na sua condição confundem as coisas, vem de um mundo onde os homens dominam fortemente a sociedade e forçam um sim de vocês, aqui, nós sabemos como dizer não. Se não está com vontade de algo, ninguém deveria poder te obrigar, nem por força nem por coação.

Hermione a seguiu até uma escada entre estantes, desceu os degraus com atenção.

- Então, acha que me interesso por covens e rituais tradicionais por não saber dizer não a pressões sociais?

- De certa forma sim. – Narcissa disse, acenando com sua varinha para revelar uma alcova aconchegante e repleta de livros. – Afinal, pelo que Draco me disse, está aqui para poder preencher uma lacuna em seu currículo.

- Isso é um pouco contraditório vindo de alguém que defende tradições tão fortemente. – Hermione disse, sentindo que perdia o controle para a indignação e caía em algum tipo de armadilha. – E eu já me interessava por isso na escola, mas não tinha exatamente uma disciplina sobre isso, já que os puros sangue são tão secretos e elitistas.

- Oh, sim?

Hermione ergueu o queixo.

- Com todo o respeito, sim. Vocês sangue puro vivem de nariz empinado e tudo o mais, mas, tem padrões impossíveis de alcançar e não pode me dizer que imaginei o quanto Draco ficou nervoso quando começou a sair com Harry.

Narcissa arqueou uma sobrancelha.

- Da mesma forma que se sentiu compelida a mentir para os seus pais usando Ronald como namorado, não é? Eram praticamente como irmãos.

Hermione franziu o cenho. Ela realmente tinha acreditado que sua amizade com Ron poderia ser algo mais, que poderia se acostumar a sensação estranha de beijá-lo e de todo o resto que veio com o namoro.

- Isso é diferente.

- Por quê? Meu filho pode ter ficado nervoso sobre ser pego em uma situação daquelas com o herdeiro de uma família que não aprovamos, mas não o viu hesitar sobre o que queria ou como queria, não é?

Ela teve que admitir que Draco tinha ficado nervoso e preocupado sim, mas que chegou a rir quando ela perguntou se os pais o deserdariam. O loiro tinha dito que estava mais preocupado com o drama que o pai faria, e em como sua mãe o castigaria por obrigá-la a dividir a mesa com Lilly Potter nos feriados. Ela perdeu quando ele adicionou os Weasley a mistura, mas imaginava que tinha sido algo triste de engolir para todos.

- Acho que entendo. – Ela disse.

- Veremos. – Narcissa disse, gesticulando para as paredes cheias de livros com encadernação de couro. – Esses são os grimórios mais antigos, os Malfoy e os Black tem materiais desde antes de Idade Média.

Os olhos da bruxa mais jovem brilharam com a menção do acesso a esse tipo de conhecimento.

- Os grimórios não são livros comuns, sabe disso, não é?

Ela assentiu.

- Eles tem feitiços e guardam parte da magia e das vontades de suas donas, incluindo a capacidade de transmitir informações pelo tato. As bruxas iniciadas começam a escrevê-los para passar o conhecimento adiante, eles foram a primeira forma de compilação de poções e feitiços.

Narcissa assentiu, satisfeita.

- Separei um em especial, pertenceu a Astrid Malfoy. Vou deixá-la com essa leitura, fique à vontade, os elfos deixaram bebidas e petiscos aqui para você. – Ela disse, mostrando a bandeja sobre a mesa. – Fique à vontade para usar a cama, os elfos trouxeram mantas caso sinta frio, se quiser algo é só chamar tocando a sineta.

Hermione agradeceu, notando que não havia uma cadeira, já que havia uma cama com aspecto confortável encaixada num nicho entre as estantes, aquela alcova parecia um local de estudo muito aconchegante, que ela não imaginava em Malfoy Manor. Quando se virou para questionar a matriarca Malfoy, ela já tinha sumido e ela sentiu o feitiço de silêncio e ocultamento protegendo o local. Hermione se sentou na cama, pegando o grosso volume que estava sobre as mantas, que talvez ela usasse, já que aquela alcova subterrânea era fria, e de jeito nenhum teria coragem de lançar feitiços de aquecimento que pudessem interferir com os feitiços de conservação dos volumes antigos.

Tirando os sapatos, Hermione se sentou na cama de pernas cruzadas, apoiando uma das almofadas na parede e se encostando, a altura dela era a correta para fazer isso, mais alguns centímetros e bateria a cabeça na estante. Tocou o grimório para abri-lo e sentiu a magia crua subindo do couro para seus dedos e um arrepio percorreu seu corpo ao notar como o local onde estava era sagrado para essas mulheres. Ao abrir o volume se deparou com uma caligrafia fácil de ler, algo pelo que agradeceu, a bruxa em questão começava o volume apresentando-se como Astrid Malfoy, na idade madura de trinta e dois anos, em seu grimório de matriarca, o que aguçou a curiosidade de Hermione. Ela leu avidamente que, conforme a tradição, toda bruxa deveria ter um grimório desde seu florescimento até o dia de sua morte, mas que eles deveriam ser substituídos para melhor entendimento de acordo com a função da bruxa. A mulher explicava que, como tinha se tornado a matriarca de seu coven, sentia a necessidade de formalizar algumas regras, já que tinham recebido duas nascidas trouxas fugitivas de seus maridos, nesse ponto Hermione franziu o cenho e prestou atenção na data no começo do livro, era o tempo das fogueiras. Perguntaria sobre isso para a senhora Malfoy, era algo muito interessante. Invocando uma pena de repetição e um pergaminho da mesa, ela os deixou flutuando por perto, para anotar coisas importantes ou dúvidas a serem esclarecidas. Enquanto sua leitura avançava, Hermione usou as anotações mais do que imaginava que necessitaria:

* Um Coven deve ter no máximo treze componentes, se houver a necessidade de incorporar mais alguém, deve-se dividir os grupos para que os rituais permaneçam fortes, mesmo porque covens de irmandade sempre podem festejar e intercambiar membros periodicamente.

* A líder máxima sempre será uma matriarca, ainda que seja aconselhável ter magos para que haja equilíbrio, a natureza é dual e sempre deve haver representação dos dois lados.

* Filhos jamais deverão participar dos covens dos pais, devido aos rituais. Irmãos podem ir ao mesmo, desde que seja de comum acordo.

* As celebrações são importantes e sempre devem ser respeitadas, um novo membro pode ser introduzido em qualquer das quatro estações, desde que esteja preparado e tenha sido apresentado adequadamente aos demais.

* A maior função de um coven é de proteção das tradições e de guia. O conhecimento deve ser dividido e compartilhado, é dever da matriarca sempre zelar por isso.

- Há muitas regras. – Hermione murmurrou.

Quando virou a página, sentiu uma nova onda de magia, dessa vez uma mais calorosa. O livro tinha uma ilustração de algumas bruxas dançando em volta de uma fogueira, algumas nuas e outras em vestes leves, que se moldavam as suas curvas. Hermione agradeceu ao fato de estar sozinha, ou teria sido pega corando como uma estudante ao começar a ler sobre como Astrid descrevia em riqueza de detalhes como tinha se divertido ensinando suas duas novas protegidas a se despirem (literalmente) das amarras inúteis dos trouxas e conhecerem o próprio corpo, entregando-se ao prazer. Nesse ponto, a jovem bruxa soube porque Narcissa Malfoy tinha saído com um sorriso tão enigmático dali, já que assim que tocou na página com a ilustração para virá-la, teve uma visão dessa dança, ouvindo os risos das mulheres e dos homens, e o pior, sentiu a excitação e a magia que energizavam o ar ao redor daquela celebração. Leu o próximo relato sentindo como seus mamilos endureciam, ao mesmo tempo em que sentia seu clítoris começando a manifestar aprovação por sua leitura.

"Uma bruxa nascida e criada em nosso mundo saberia desde seu amadurecimento que a primeira fonte de conhecimento e de conexão com a natureza é seu prazer. Quantas de nós começamos a vida indo para a cama de nossas colegas nas masmorras em busca de calor e dedos hábeis para aquecer as noites frias? Infelizmente, Denna e Amara não tiveram isso, apenas alguns anos de instrução em Hogwarts antes de casamentos forçados e maridos brutos, malditos touxas incultos. Mas, fico feliz em dizer que a iniciação delas foi muito bem, e mais rápida e prazerosa do que eu imaginava. Elas precisavam aprender a fazer a conexão com os elementos, e como poderiam fazer isso sem antes saber como alcançar seu próprio prazer? Dispensei os elfos para tratá-las, já que não estavam acostumadas, e como as duas ainda tinham medo de homens ao chegar aqui (castiguei aqueles par de brutos que tinham por maridos, como qualquer boa matriarca, mas acho que ainda levará um bom tempo para que elas se aproximem dos nossos magos), as levei primeiro para os banhos vaporosos da mansão, além de uma limpeza necessária que elas precisavam, os banhos são o local ideal para acostumá-las com as demais bruxas e foi onde as apresentei ao coven. Estavam tímidas, mas aceitaram bem a ajuda para lavar seus corpos e cabelos e assistiram com avidez como nos acariciávamos e davamos prazer mutuamente. Anthea Black mostrou seu controle sobre a água, fazendo com que jatos mornos acariciassem as partes íntimas das duas até que as tivemos ofegantes e prontas para se abrirem para nós, o que não aconteceu aquela noite, já que Denna saiu correndo, impelindo Amara a segui-la. As pobres esperavam um castigo por se recusarem a participar, podem acreditar? Tive que gastar horas dizendo que nenhuma pessoa sob meu teto jamais lhes poria as mãos em cima sem permissão, que isso era um crime, que seus corpos eram dela, e somente delas para dar ou não. Levou-nos semanas para que ficassem confortáveis para pedir instruções em como tocar-se por si mesmas, e claro, me prontifiquei a ajudá-las."

- Circe era uma santa perto de você. – Hermione acusou, ao continuar lendo detalhes explícitos sobre como Astrid iniciou as duas em sexo entre mulheres, a mulher tinha o dom da palavra, e certamente podia fazer Hermione despertar o suficiente para que sentisse sua calcinha úmida e um latejar constante entre as pernas.

A jovem flutuou o livro com um passe de varinha e se deitou, cruzando as pernas numa tentativa de parar a palpitação, mas era impossível, se ia continuar lendo sobre como aquela bruxa de séculos atrás tinha colocado duas nascidas trouxas inexperientes numa cama de petálas de flores no meio da floresta, incitando-as a se acariciarem entre si enquanto lançavam feitiços de proteção e fertilidade no local. Hermione certamente não precisava saber como Amara tinha por si só decidido que seu feitiço de fertilidade funcionaria melhor depois que tivesse usado sua varinha engrossada para foder sua amiga até o orgasmo. Hermione soltou um gemido baixo e apertou seus seios, na esperança vã de conter o desejo de se masturbar ali mesmo, um movimento tolo, já que seus mamilos, que desde o princípio estavam eriçados pelo frio do local enviaram uma onda de excitação por seu corpo que a fez apertar as coxas.

- Então, presumo que está apreciando a leitura. – A voz sedosa de Narcissa Malfoy a tirou de seus devaneios, fazendo-a perder até o controle do feitiço que mantinha o grimório flutuando, fazendo-o cair na cama ao mesmo tempo em que ela se sentava com o coração retumbando.

- Oh, Merlin! Isso é… ah, eu me desculpe. – Ela disse, mortificada.

- Bruxas iniciadas preferem rogar por Circe. – Narcissa disse, sorrindo. Hermione viu como a matriarca dos Malfoy invocava uma poltrona elegante e se sentava em frente a cama.

- Sim, eu notei como Astrid a usava para praguejar contra alguns homens. – Hermione disse, feliz que a mulher não fosse comentar sobre o estado em que a encontrou.

- Ela fazia mais do que jogar pragas, ela é de um tempo onde homens trouxas eram particularmente execráveis. – A mulher disse, com um sorriso predatório. Oh, Narcissa Malfoy certamente teria adorado caçar homens que machucavam mulheres.

- Eu notei.

- Então, acha que deve continuar seus estudos? – Narcissa perguntou, olhando-a com atenção.

- Claro que sim! Tenho um monte de perguntas e…

A bruxa mais velha só ergueu a mão para silenciá-la.

- Ótimo. Pensei que seria pudica demais para isso. Hermione Granger… deseja se juntar ao meu coven? Quero fazer de você minha aprendiz.

Hermione nem piscou.

- Por Circe, sim! – Respondeu avidamente.

- Isso vai ser divertido, não é?