Título: O recluso

Sumário: Bella, uma recém-formada da Universidade de Washington, se vê sozinha e desorientada ao sair da faculdade e perder seu pai. Uma oportunidade surge para trabalhar como governanta na casa de um misterioso homem em Port Angeles. Quais surpresas acontecerão na vida da jovem garota?

Capítulo 1

Março de 2016

BPOV

"Droga!", eu xingo, batendo o telefone no gancho. Mais uma tentativa frustrada. Eu me esforço para não me abater ainda mais. Respiro profundamente e rezo para que tudo se ajeite logo.

"A vaga de professora já foi preenchida. Eu sinto muito", a voz da secretária com quem acabei de falar, continua se repetindo na minha cabeça.

Eu nunca pensei que aos 22 anos, recém-formada em Literatura, eu estaria posição em que me encontro agora: órfã, sem dinheiro, cheia de dívidas do empréstimo que fiz para pagar a faculdade, desempregada e prestes a perder a casa que foi do meu pai.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Às vezes é difícil continuar sendo forte quando tudo parece dar errado.

Eu preciso de uma trégua! Por favor...

Eu quero me afundar em minha cama e esquecer todos os meus problemas, mas sei que não posso. Entro para o chuveiro e deixo a água quente cair em meus ombros, buscando alívio para a tensão nos músculos. Eu decido que vou até Port Angeles ou Seattle, me cadastrar nas agências de emprego. Se é que tem alguma que eu ainda não em cadastrei, eu penso.

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Estaciono minha antiga caminhonete vermelha e me permito alguns momentos antes de descer e entrar na agência. Respiro fundo e tento colocar um sorriso confiante no rosto.

Quando entro no local, uma senhora simpática me indica uma cadeira em frente à sua mesa. Eu explico minha situação, tentando não parecer muito desesperada, mas ressaltando minha urgência, ao mesmo tempo. Eu preciso de emprego. Qualquer emprego. Logo!

"Infelizmente, Isabella, nós não temos nenhuma vaga para professor em aberto, com o semestre letivo já em andamento", a Sra. Cope me informa com pesar.

Eu suspiro tristemente.

"E outro coisa?", eu insisto. "Eu realmente preciso muito de algum emprego. Mesmo que não seja na minha área de formação. Além disso, eu fiz alguns cursos de verão e aperfeiçoamento ao longo dos últimos anos: culinária, editoração, gestão de conteúdos online e...está tudo aí no meu currículo".

"Sim. Eu vejo", ela sorri. "Você é muito qualificada, Isabella. Infelizmente, nosso país vive uma situação difícil economicamente. Mas pode ficar tranquila, assim que surgir qualquer oportunidade, eu entro em contato com você".

Eu aceno, incapaz de afastar a pontinha de decepção em meu peito. Agradeço sua presteza antes de sair da agência de empregos.

De Port Angeles, eu vou à Seattle e deixo meu currículo em alguns locais antes de voltar pra Forks.

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Quase duas semanas depois e eu ainda não tive nenhum retorno positivo. Meu desespero aumenta a cada dia, pois eu tenho que entregar a minha casa em menos de 40 dias. Quando Charlie morreu há seis meses atrás, além da dor e o choque de perder meu pai inesperadamente, eu recebi a notícia que ele estava cheio de dívidas e a casa hipotecada. Deixei Seattle – onde morava nos dormitórios da universidade – e voltei pra casa. Depois de pagar os melhores advogados que pude e tentar conseguir indenização da Polícia de Forks, eu não consegui nada. Charlie estava envolvido em algumas irregularidades e quando foi morto – em um acidente de carro – ele não estava em serviço. Além de perdê-lo, eu tenho lidar com o fato de que ele não era o homem que eu pensava, eu não sabia desses esquemas nos quais ele estava envolvido e muito menos que ele estava endividado.

A única pessoa que eu confio e posso contar nessa cidade, é Ângela. Ela foi minha melhor amiga durante o ensino médio e uma das poucas que nunca olhou com desdém e superioridade para mim e meu pai quando Renée nos abandonou e fugiu com um caminhoneiro quando eu tinha 11 anos.

Ang se casou com Ben logo após terminar o ensino médio e eles têm um filhinho pequeno: Ryan. Ela faz o que pode para me ajudar, mas a situação deles também não é das melhores. Além dela, a outra única pessoa que confia é Rose, minha amiga de Seattle. Ela me convidou para morar com ela caso eu não consiga um emprego e outra casa logo, mas o apartamento dela é minúsculo – um quartinho, banheiro e sala conjugada com cozinha. Além do mais, eu sei que iria atrapalhar a privacidade dela e de seu namorado, Emmett. Eu não descartei a ajuda, mas só aceitarei em último caso.

Termino de preencher mais algumas inscrições em sites de emprego e decido interromper para preparar meu almoço. Estou no meio da atividade quando meu celular toca.

Limpo minhas mãos e atendo ao número desconhecido.

"Alô?"

"Senhorita Swan?"

"Sim. Sou eu", eu respondo.

"Olá. Sou a Sra. Cope, da agência de empregos de Port Angeles. Como vai?", ela informa.

"Estou bem, obrigada. E a Sra.?"

"Tudo bem. Eu acho que tenho uma boa notícia pra você, Isabella".

"Sério?", eu indago, cheia de esperança.

"Sim. Bem, na verdade, eu não sei se vai te interessar, mas você me disse que aceitaria qualquer emprego".

"Bem...sim. Eu acho que sim. Você pode me falar mais sobre a vaga?", eu peço.

"Claro, querida", ela responde gentilmente. "A vaga é para trabalhar como uma governanta. Na verdade, não exatamente isso, mas tem essa denominação por falta de outra melhor. Poderia se chamar assistente pessoal, também", ela explica.

"Oh! E o que exatamente eu teria que fazer?"

"Cuidar da casa e manter a rotina que o contratante estabelecer. A limpeza da casa não será sua função, mas você deverá cozinhar e organizar rotina diária na casa, como cuidar do serviço de lavanderia, compras e coisas assim. O seu curso de culinária é um diferencial e o salário é muito bom. Eu posso te passar mais algumas informações, mas deve ser pessoalmente", ela diz.

Meu peito está agitado pela minha expectativa. Dessa vez tem que dar certo! Eu preciso desse emprego!

"Claro que posso ir aí, Sra. Cope", eu respondo animada. "Hoje mesmo?"

"Se você puder, sim. Quanto antes melhor. Eles têm certa urgência em preencher a vaga".

"Tudo bem. Eu saio daqui a pouco e em breve estarei aí".

"Eu fico te aguardando, Isabella. Até breve".

"Até. Tchau". Eu desligo e um grande sorriso se forma em meu rosto.

Dessa vez vai dar certo! Eu repito em minha mente, querendo ser positiva.

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"O Sr. Masen é um...empresário. Ele mora aqui em Port Angeles e é muito...hum, discreto. Eu posso te dar alguns detalhes, mas certos aspectos você deverá acertar com ele, caso aceite o emprego".

Sentada na mesa da Sra. Cope, eu a escuto atentamente, mal acreditando em todos esses benefícios oferecidos. O salário é bom. Muito bom. Muito melhor do que eu receberia como professora iniciante, com certeza. Auxílio saúde, a possibilidade de morar no local do emprego – isso deve ser discutido como tal Sr. Masen, como a Sra. Cope me informou.

Ela diz que eu ainda tenho que conversar com o Sr. Masen, para assumir a vaga, mas ela acredita que não haverá nenhum problema. Ela apenas diz que ele preza muito sua privacidade e o profissionalismo.

"Ele é muito exigente", ela conclui.

Eu digo a ela que quero o emprego e nós combinamos que ela entrará em contato comigo após conversar com o contratante.

Eu saio da agência e entro no meu carro e repasso mentalmente a conversa que se passou agora mesmo. Com um salário desses eu posso alugar um apartamento pra mim e ainda guardar um pouco de dinheiro, enquanto procuro por emprego como professora. E se eu for morar no emprego, economizarei mais ainda.

Ligo o som do carro e volto pra casa me sentindo mais esperançosa do que nunca.

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Eu checo a rota no GPS do meu celular, confirmando que estou chegando ao endereço correto. Mais dois quarteirões, eu viro a direito e pronto.

Uau! Esse bairro só tem mansões. Ele deve ser rico.

Eu confiro o número da casa e estaciono próximo ao portão. Muros muito altos me impedem de ter uma visão mais clara da casa.

Estou 15 minutos adiantada. A Sra. cope me alertou que o Sr. Masen preza muito a pontualidade, então eu saí de casa mais cedo. Confiro minha roupa mais uma vez. Estou vestindo uma calça social preta e uma camisa bordô, com sapato de salto não muito alto. Nada muito chamativo, mas profissional.

A Sra. Cope me deu poucas informações sobre o homem misterioso. Nem o primeiro nome dele eu sei. Não faço a menor ideia se é um velho louco ou o que for. Eu perdi muito tempo na última noite tentando imaginar como será esse homem misterioso.

Olho para o relógio de novo e decido entrar.

Toco o interfone e ouço uma voz feminina.

"Sim?"

"Hum, olá! Eu sou Isabella Swan e tenho horário marcado com o Sr. Masen", eu informo.

"Certo. Entre, por favor", a mulher diz e o portão se abre. Passo portão e tenho o primeiro vislumbre da casa.

Uau! É linda! Diferente, mas incrível!

É uma construção moderna, que alia grandes paredes e janelas de vidro com madeira. Há diferentes jardins em volta da casa, pelo que pude notar, e uma piscina.

Vejo uma senhora sair pela porta principal e caminho até ela.

"Olá, Senhorita Swan", ela me cumprimenta formalmente, estendendo a mão. "Eu sou Sue Clearwater".

"Olá. Boa tarde", eu a cumprimento.

"Boa tarde. Entre, por gentileza", ela aponta o caminho. "O Sr. Masen já vai atendê-la".

Eu a sigo até um escritório, no final de um dos corredores. A casa está impecavelmente limpa e bem decorada. Ela abre a porta do escritório e aponta para um sofá de couro.

"Fique a vontade enquanto espera o Sr. Masen. Deseja algo para beber? Água ou café?", ela pergunta suavemente.

"Não, obrigada. Estou bem".

Eu me sento e espero. Esfrego minhas mãos suadas - pela ansiedade - na calça e tento me acalmar.

Depois de alguns minutos, a porta se abre e um homem de terno e gravata entra, fechando a porta atrás de si. Enquanto ele se vira, eu o observo. Ele é alto, muito alto. Seu cabelo tem uma cor estranha, meio acobreada. Quando vejo seu rosto, minha respiração engata. Ele é muito atraente. Lindo mesmo. Ele é mais velho do que eu...não sei quanto mais velho, mas não tão velho como eu cheguei a imaginar. Meus olhos marrons se encontram com as esferas verdes no rosto dele e eu fico sem palavras nesse momento.

-R-R-R-

E aí? O que vocês acharam? Gostaram?

Continuo?

Espero o comentário de vocês ;)

Pra quem ainda não leu, eu tenho outras fanfics publicadas, 3 delas já concluídas (Tio Edward; Visita surpresa; A estagiária) e outra em andamento (A nova garota). Cliquem no meu perfil e confiram!

E se quiserem acompanhar essa história, marque-a como favorita e para segui-la.

Obrigada!

Até breve!

T. Darcy