Piratas das Caraíbas: A Espada da Morte
Prólogo
O vento soprou proveniente do oeste, embalando o velho Jolly Roger numa melodia demasiado melancólica para a bandeira do navio mais negro dos sete mares. Imponente e imóvel, o Black Pearl inspirou majestosidade ao infinito oceano que se estendia para lá do horizonte e do nascer do sol. As ondas, submissas, curvaram-se perante as suas velas negras e abruptamente rasgadas, mostrando todo o seu respeito pelas cicatrizes que a sua última batalha deixou gravadas no pano espesso do galeão. Ainda assim o navio encheu o peito, confiante de que as suas feridas iriam sarar mal uma nova aventura começasse, e de que seguiria em frente com uma maior reputação, após ter lutado como um velho monstro do mar para defender a honra do seu povo. Não é que os piratas fossem uma comunidade digna de honra... Mas antes liberta de restrições que limitassem a dignidade do ato honroso para eles, e essa sim era a honra de um pirata! A liberdade de poder escolher como viver e como se fazer erguer. Além disso o Black Pearl tinha lutado ao lado dos melhores e dos piores, sempre mostrando-se firme e persistente aquando em causa a sua liberdade para envergar pelos sete mares, e neles se perder. Daí que se possa dizer que esta não foi por certo a primeira vez que o fez, e muito menos seria a última. O mar, também reconhecia quem o defendia e amava, e retribuía o favor a quem dele cuidava. Daí que aqui e ali, uma ou outra mais voluptuosa se desse á audácia de, no meio de um longo abraço, beijar o Galeão que cambaleou tentando voltar ao seu estado imóvel, intocável, imperturbável...Sóbrio! Foi assim o início daquela manhã fresca e calma, após a turbulência e adrenalina dos canhões que se calaram perto do raiar do dia.
O Black Pearl fora libertado a tempo de sentir o sabor do pó seco e dos grãos da pólvora ácida pronta a ser lançada, seguida por um abalar de estrondos quentes a saírem disparados contra uma boa dúzia de inimigos! Nenhum á altura de assumir uma resposta. Nenhum do calibre deste velho Galeão do mar!...E nenhum que tenha sobrevivido para ficar e contar a história! Uma batalha épica que afirmou a Resistência dos piratas como reis dos mares, e também, claro, o retorno do afamado Capitão do navio das velas negras. Conhecido por todos, a sua fama estendia-se além dos sete mares. Além das praias e postos de trocas. O seu rosto, era impresso e divulgado por quase toda a Europa e por quase toda a Ásia (...maioritariamente ao lado dos tribunais e praças de execução... e a maior parte dos grandes comandantes e missionários, definitivamente pagariam um bom preço só pela sua cabeça)!
O Capitão Jack Sparrow, não era de facto um homem vulgar, como era de esperar de um ser digno de manobrar o Black Pearl, era antes mais um homem icónico! Tão alto como o seu ego incrivelmente extenso, e tão comprido era também o seu cabelo acastanhado que, adivinha-se, nunca conheceu o toque de uma tesoura desde a sua juventude, dada a quantidade de raridades que se podiam encontrar lá embrenhadas. A sua barba, também longa, era entrançada em jóias, condecoradas de cores que assim como outras nas suas madeixas de cabelo, eram destacas pela bandana vermelha que deixava á vista sobre um palmo de testa. Mas Sparrow não era só um homem de aparências, não, era também um homem muito possessivo! O que ele queria, ele tinha! Aliás, tinha o dom para satisfazer todos os seus desejos, e carregava-o consigo para onde quer que fosse! Sim, carregava-o para todo o lado, senão poderia perder a única Bússola mágica que é capaz de apontar para onde quer que se encontre o que é mais desejado acima de tudo, pelo possessor, em vez de apontar o Norte... Jack era realmente uma figura intrigante, mesmo para aqueles que o conheciam á muito... e os que não o conheciam?...Bem, ficaram a saber que ele não é tão estúpido quanto parece, apesar de tudo!
Pois enquanto os navios se rachavam ao meio e as tripulações davam-se por vencidas naquelas água profundas, os seus dentes de ouro e prata brilhavam através de um sorriso rasgado e matreiro, naquela noite de chuva de estrelas polvorizadas. Depois das bandeiras do exército Inglês, Françês, Espanhol, e Alemão, desaparecerem pelo horizonte a fora, o pirata finalmente colocou o seu chapéu exuberante no alto das rastas e percorreu-o com os dedos, alisando a sua dobra para fora como duas pedras que afiam uma faca.
"Até que a maré nos leve de novo ao encontro, marinheiros de água doce!"
Acabada a batalha, e libertado o Black Pearl, só faltava mesmo um desejo que indicasse quais as águas que iria navegar a seguir. Tal rota que não demorou muito a aparecer, pois uma sombra esbateu-se-lhe sobre o rosto com maior obscuridade que a noite! Imediatamente ele se lembrou de que não estava sozinho, e de que tinha uma dívida a pagar. A libertação do seu Galeão não tinha ocorrido sem mais nem menos, nem por seu próprio esforço. Angelica, a mulher que neste momento se encontrava a bordo, e a seu lado, no navio, fora a única pessoa que sabia como libertar o seu querido Black Pearl da garrafa de vidro onde este estivera enclausurado. Pirata, como ele a conhecia, e até porque já lhe vinha no sangue que trazia de gerações passadas, Jack era capaz de prever que tal atitude tão generosa lhe fosse sair cara na hora de dar uma moeda de troca. O que não era de prever nesta situação, era de facto, que Jack até se mostrasse interessado em manter a sua palavra conforme acordado na troca de favores entre os dois!
Sendo a moeda de troca, a mítica espada mágica de prata, forjada pelo próprio Deus quando criou no mundo a ponte entre a vida e a morte, e que, segundo dizem, é guardada numa ilha amaldiçoada dentro do Triângulo das Bermudas... Jack não podia estar mais expectante pelo momento de hastear as velas e partir em busca desse maldito tesouro tão único e valioso! Uma nova aventura! Um novo propósito para o navio que se veste de negro! O sobrenatural e bizarro são o prato do dia no Black Pearl, portanto a missão que lhe foi atribuída está nas mãos certas! Mas se a si se juntarem mais navios da nova Aliança a que Jack pertence, a Resistência, ele teria a certeza que nem ilhas amaldiçoadas, nem espadas míticas, nem criaturas mágicas, nem o que fosse, poderia se interpor entre a distância que o separava do tesouro que Angélica tanto desejava... A Espada da Morte!
As personagens referidas neste texto são criação da companhia Walt Disney Pictures, pelo que os direitos de autor referentes ás mesmas são pertencentes á companhia préviamente referida.
Espero que gostem desta aventura que se avisinha e assinem para se juntar á tripulação! Vou re-escrever a Espada da Morte em portugues porque, como é óbvio, sinto-me mais confortável com o palavreado da língua materna.
Tenho andado a ler a versão Portuguesa da coleção Jack Sparrow escrita por Rob Kidd, e realmente fiquei com vontade de desenferrujar o meu português que é muito melhor que o inglês. Espero que gostem e que continuem a ler. Criticas, sugestões e opiniões são bem-vindas.
PS: Não, eu não vou traduzir os nomes (João Pardal wtf?)
