Capitulo I

Uma grande desilusão

"Está um dia lindo lá fora, coisa rara nesta altura do ano. … Então o que é que eu estou aqui a fazer?" perguntou-se Ginny num belo dia de Dezembro, enquanto olhava por uma janela enorme da sala de aula, onde estava a ter uma aula chatíssima de cuidados com poções.

Ginny folheou distraidamente o seu exemplar de Efeitos secundários – Quando a morte é o efeito seguinte, sem tirar os olhos do céu azul da rua. Enquanto isso a professora Flora fazia uma tese dos cuidados que se deviam ter quando, depois de se tomar a poção Levitaserosa, a pessoa ganhava manchas verdes por toda a cara, frisando que quanto maiores e mais verdes pior o estado da pessoa. Mas Ginny não escutava o que a professora dizia, pois os seus pensamentos estavam noutro local, ou melhor, noutra pessoa, Harry Potter. Ginny ainda gostava muito dele, de facto, Ginny nunca o esquecera desde a primeira vez que o vira na estação de King Kross com dez anos de idade, mas agora com quase 21, ainda continua a pensar nele.

-Ginevra Weasley - gritou uma voz estridente perto do seu ouvido, fazendo com que Ginny quase cai-se da cadeira.

-Sim professora Flora - disse Ginny atrapalhada, ficando com as fases ruborizadas.

-Onde é que a menina estava? – perguntou a professora Flora, recuperando o seu tom de voz calmo e meigo.

-Desculpe professora, estava distraída. Não volta a acontecer – Ginny sentia-se extremamente desconfortável naquela situação. Desde os seus tempos de escola em Hogwarts, que nenhum professor a repreendia.

-Espero bem que não. Mas de qualquer maneira a aula está quase a terminar. Estão todos dispensados – disse a professora Flora, dando um grande sorriso aos restantes alunos e depois acrescentou, olhando para Ginny – A senhorita fazia bem arrumar os pensamentos todos que estão ai dentro, e também rever a matéria de hoje que é muito importante – e dito isto, virou-se e saiu da sala de aula.

Ginny arrumou todas as suas coisas na mala e saiu da sala. Ainda ia ter mais uma aula, mas não estava com cabeça para aturar um professor de voz esganiçada, semelhante à de um elfo.

- Então miúda tá tudo? – Perguntou um rapaz de cabelo preto colocando-lhe a mão no ombro, puxando-a para si.

"Só me faltava mais este" – Pensou Ginny voltando-se para traz e tirando a mão de cima do seu ombro. – Sim "tá tudo" – disse irónica – E contigo Kevin?

- Também bela Ginny.

Ginny detestava o feitio de Kevin e principalmente detestava que este lhe chamasse "Bela Ginny". Conhecia o espécime de rapaz que era Kevin. Ele era o tipo com o qual todas as raparigas gostariam de namorar, todas menos Ginny e outras que ainda conservavam algum tipo de inteligência. Kevin era muito giro, tinha o cabelo preto a tapar ligeiramente os olhos azuis, muito extrovertido e principalmente mulherengo, "muito mastiga e deita fora", como dizia Ginny. Não era o tipo de rapaz de se levar para casa e apresenta-lo aos pais.

- Já te pedi para parares de me tratar assim.

- Assim como bela Ginny.

- Por "bela Ginny".

-Mas porquê?! Tu chamaste Ginny e és gira, não tu és linda, não belíssima. O que é que tem de errado bela Ginny. Preferes belíssima Ginny.

- NÃO - quase gritou Ginny. – Quero que me trates só por Ginny. Só Ginny. Pode ser?

-Claro bela Ginny, quero dizer Ginny.

- Bem agora se não te importas tenho que me ir embora – disse virando-se e continuando a andar, deixando Kevin um pouco atrapalhado.

Ginny dirigiu-se para uma pequena sala, que ficava perto da porta de entrada. Era uma sala pequena e escura, apenas iluminada por algumas tochas com alguns suportes para colocar os casacos. Era o único sítio da escola onde era possível aparatar. E foi o que Ginny fez, aparatou para o seu apartamento, que ficava perto de Londres.

Ao entrar em casa espalhou a sua mala e casaco pelo chão e foi para a casa de banho, onde tomou um banho de imersão, com inúmeros sais de banho. Queria ficar perfumada e bonita, para essa noite. Saiu do banho e foi para o quarto. Demorou imenso tempo a escolher a roupa. Queria algo moderno, bonito, sensual e ao mesmo tempo simples. Esvaziou o seu roupeiro todo, cobrindo a sua cama de roupa. Optou por uma saia verde escura, justa nas ancas, que terminava em pequenas pregas, e um pólo branco, também este justo, realçando o contorno do seu corpo.

Olhou-se ao espelho e estava realmente bonita, muito ao estilo muggle. Maquilhou-se colocando um pouco de pó para esconder as sardas e contornou os olhos com lápis preto, realçando-os.

Por volta das 19 horas estava pronta para sair de casa. Aparatou para a Toca, onde iria ter o jantar com toda a sua família e Harry.

Este jantar era feito todas as sextas-feiras e tinha como objectivo reunir todos os Weasley, uma vez que aos poucos e poucos, todos os irmãos de Ginny, foram saindo de casa, deixando o Sr. e a Sra. Weasley sozinhos.

Billy e Fleur tinham-se casado no sesto ano de Ginny e viviam numa grande vivenda junto ao mar, com a filha, uma linda menina de longos cabelos ruivos e olhos azuis, de dois anos, que mesmo sendo ainda muito pequena, já tinha um 

grande poder de persuasão, tal como a sua mãe. Billy continuava a trabalhar no banco dos feiticeiros e Fleur trabalhava no ministério como defensora dos interesses de todas as criaturas belas.

Charly casara-se com Bella, também criadora de dragões. Viviam na Roménia e, até terem um casal de gémeos, aparatavam todas as semanas para o jantar de família Weasley. Os gémeos, agora com um ano, eram fisicamenten parecidos com o pai, cabelos ruivos encaraculados, sardas nas maçãs do rosto e nariz.

Percy vivia agora com Penélope, perto do ministério onde trabalhavam como adjuntos do primeiro-ministro dos feiticeiros. A relação de Percy com a sua família melhorara significativamente durante a luta contra Lord Voldemort, na qual Percy tivera um papel muito importante ao passar valiosas informações do ministério para a ordem.

Fred e George continuavam inseparáveis. A sua loja estava cada vez maior, e planeavam abrir outra em Hosmeade. Contudo o actual director de Hogwarts não estava feliz com a ideia, conseguindo até agora impedir que isso acontecesse. Os gémeos viviam com as suas esposas, Nancy e Prada, duas lindas gémeas com longos cabelos loiros, num prédio perto do Caldeirão Escoante. Com o sucesso da loja, os gémeos decidiram construir junto do seu prédio, de três andares, um laboratório onde passavam a maior parte do seu tempo

Ron e Hermione estavam a viver juntos desde que terminaram o curso de aurores, há cerca de uma ano, numa vivenda de um bairro de muggles, perto da Sede de Aurores de Londres.

Harry também tinha feito o curso de auror, juntamente com Ron e Hermione, e vivia agora no antigo quartel-general da ordem, casa que lhe fora deixada pelo seu padrinho, Sirius, quando este morrera. Continuava a ser alvo de muita atenção por parte do mundo mágico, mas devido ao grande número de feitiços lançados sobre a casa, a sua localização permanecia desconhecida para quase todo o mundo mágico e não mágico. Embora não pertencesse verdadeiramente à família Weasley, esta há muito que o adoptara, indo a quase todos os jantares de família.

Ginny também se tinha mudado. Vivia sozinha num pequeno apartamento alugado de um velho prédio muggle, perto da escola de Médibruxa, na qual frequentava o último ano. Decidira fazê-lo, pois achou que iria necessitar de maior privacidade, coisa que não conseguia ter, vivendo com os seus pais. Mudara-se para lá a meio do seu primeiro ano, quando iniciara os estudos nessa escola. Não era a casa que idealizava nos seus sonhos, mas não se importava, pois mal começasse a trabalhar iria procurar a casa que desejasse.

Aparatou do lado de fora da cozinha da Toca. Antes de entrar passou os dedos rapidamente pelo seu longo cabelo ruivo, de modo a alisá-lo, já que este ficava sempre um pouco esgadelhado depois de aparatar, entrando silenciosamente em casa. Já não a sentia como sendo inteiramente a sua casa, como a sentira há uns anos atrás.



Entrou na cozinha e olhou em volta. Já não entrava lá há algum tempo, pois faltara a vários jantares de família, devido aos muitos exames que tinha tido nos últimos meses. Pouco tinha mudado, de facto, sem ser os ponteiros de um grande relógio, que agora também tinham as fotografias dos filhos e esposas de seus irmãos, nada naquela invulgar casa mudará.

Ao fundo da cozinha, Ginny viu uma pequena nuvem de cabelos ruivos. A sua mãe como sempre, estava ocupada a cozinhar. Ginny aproximou-se dela o mais silenciosamente que conseguiu e deu-lhe um grande beijo na cara.

- Ai credo filha, que susto que tu me pregaste. – Disse a Sra. Weasley levando a mão ao peito.

- Desculpa mãe – disse Ginny dissimulando uma leve gargalhada ao ver a cara da mãe. – Como é que estão as coisas cá por casa?

- Está tudo bem, querida. Estás tão bonita. E estás mais magrinha. Não andas a comer nada bem!, eu sabia que não devias ter ido viver sozinha, sem ninguém para cuidar de ti e …

- Eu estou óptima mãe e não estou nada mais magra. Além disso, já sou suficientemente grande para tomar conta de mim.

A Sra. Weasley olhou para Ginny como se só agora reparasse que Ginny realmente crescera. Suspirou pesadamente. - Podes-me ajudar a acabar de por a mesa?

Ginny assentiu com a cabeça e lançou dois ou três feitiços que fizeram os pratos e os talheres voarem em direcção à grande mesa da sala enquanto a Sra. Weasley controlava o fogão e invocava mais lenha.

Enquanto corria de um lado para o outro, a Sra. Weasley escutava atentamente Ginny contar as novidades da escola, pois ela raramente escrevia aos seus pais. Na verdade Ginny raramente escrevia. Pensava que escrever cartas apenas para dizer que estava tudo bem era uma perda de tempo, por isso só escrevia quando realmente era necessário, coisa que não agradava minimamente a Sra. Weasley, que, praticamente, todas as semanas pedia a Ginny para mandar notícias.

Seu pai chegou pouco depois. Ginny correu para os seus braços e deu-lhe um grande abraço seguido de um beijo na face.

- Boa noite, querida. Estás linda.

Ginny deu um grande sorriso depois de receber este elogio.

A senhora Weasley continuou a correr nervosamente de um lado para o outro, enquanto o senhor Weasley a tentava acalmar. Ginny sabia que a mãe não estava assim por causa do jantar, pois toda a sua vida tivera de cozinhar para muita gente, sem nunca mostrar dificuldade em lidar com essa tarefa. Ela estava assim pela mesma razão que levou Ginny a querer estar linda nessa noite.

Harry ia lá jantar, como já fizera inúmeras vezes, contudo aquela noite era diferente. Hoje ele iria dizer algo muito importante a toda a família Weasley, à sua única família. Ginny sabia, ou pelo menos tinha grandes suspeitas 

relativamente à grande noticia que Harry iria dar. Ela tinha a certeza que Harry se iria declarar. Só podia ser isso.

Passado cerca de uma hora, já a maioria dos Weasleys tinham chegado. Só Ron, Hermione e Harry estavam atrasados, pois trabalhavam até mais tarde, mas não demorou muito até que três estalidos se ouvissem do lado de fora da casa e eles aparatasssem na cozinha.

- Boa noite família. – Disse Ron ao entrar dentro de casa de mão dada com Hermione. Harry foi o último a entrar e Ginny olhou fixamente para ele. Harry continuava o mesmo, com o seu ar um pouco desajeitado, devido ao cabelo que teimava em estar sempre revolto.

- Boa noite, meus queridos. Então, como é que correu hoje o dia – disse a Sra. Weasley, dando um grande abraço ao Ron.

- Muito cansativo – disse Ron, tentando libertar-se dos braços da mãe – Hoje tivemos de ir atrás de um feiticeiro que vendia fórmulas de feitiços de magia negra a muggles, que por norma saíam muito magoados, se não mesmo mortos.

- Sim e o hospital de St. Mungus nunca esteve tão cheio de muggles como nos últimos tempos – disse Hermione também abraçando a Sra. Weasley.

- Meu Deus! Meus queridos, vocês estão bem? – perguntou a Sra. Weasley começando a observa-los para ver se estavam feridos.

- Nós estamos bem, Sra. Weasley – disse Harry, com um grande sorriso. Ele adorava a Sra. Weasley, pois ela sempre mostrara um carinho e uma preocupação com ele, como se ele fosse de facto seu filho, o que para Harry que nunca conhecera a mãe, era algo muito importante.

Quando a Sra. Weasley acabou de verificar que eles não tinham nenhuma ferida, deixou-os andar até a sala, onde os outros Weasley esperavam por eles. Ginny levantou-se rapidamente do sofá e foi ter com Harry.

- Boa noite, Harry.

- Boa noite, Ginny. Estás muito gira hoje – Ginny sorriu e ficou da cor do seu cabelo.

- Obrigado.

- Boa noite também para ti, maninha. E ainda bem que reparaste que eu e a Hermione também tínhamos chegado.

- Ohh, não sejas parvo – disse Ginny dando um grande abraço a Ron, na mesma altura em que também lhe dava um grande beliscão e lhe sussurrou ao ouvido. – Tu pagas-me.

- Mas o que é que eu disse de mal? – Perguntou Ron, sarcasticamente.

A refeição decorreu calmamente. Ginny estava sentada ao lado de Hermione e falavam animadamente, com Nancy e Prada, sentadas no outro lado da mesa. De vez enquanto olhava para Harry que falava com os gémeos sobre as últimas novidades das Mirabolantes Magias Weasley. Ginny não podia deixar de reparar em cada traço do rosto dele e admira-lo.

- … e eu e o Ron fomos até a casa do … Ginny estás a ouvir-me?

- Desculpa?! Sim estou, estavas a falar do Ron, quando ele se desviou e queimou as pontas do cabelo.

- Sim estava a falar disso à meia hora atrás. O que é que se passa contigo, Ginny? Estás estranha desde que nós chegámos – disse Hermione, baixando o tom de voz, de modo a que Nancy e Prada, que agora falavam com Fleur, não as ouvissem.

- Não estou nada. Apenas estou um pouco cansada. A escola é um puxada e …

- E o Harry está muito giro!

- O que é que queres dizer com isso?

- Quero dizer que tu não paras de olhar para o Harry. Quero dizer que ainda estás completamente apaixonada por ele e que ainda não o esqueceste.

- Pois…

- Mas Ginny tem cuidado. Não te quero ver magoada.

- O que é que queres dizer com isso. O Harry nunca seria capaz de me magoar.

- Claro que não. Pelo menos de propósito nunca o faria.

- De propósito? O que é que queres dizer com isso?

- Eu … - Começou Hermione a falar, sendo interrompida pela Sra. Weasley, que entrava na sala com a varinha apontada para várias travessas que flutuavam atrás de si, das várias sobremesa que preparara para o jantar.

Antes que tivesse tempo de começar a servi-las, Harry levantou-se - Sra. Weasley, antes de servir a sobremesa eu queria comunicar-vos uma coisa – o coração de Ginny parou ao ouvir estas palavras. – Só peço que esperem uns minutos.

Dito isto saiu da mesa e dirigiu-se para a lareira onde uma nuvem de chamas verdes o engoliram. Toda a família Weasley ficou a olhar para a lareira. Pouco tempo depois Harry reapareceu coberto de cinzas. Este foi seguido por mais um emaranhado de chamas verdes, das quais saiu uma rapariga também coberta de cinzas. Ginny pode ver que esta devia ser mais ou menos da sua idade. Era um pouco mais baixa que Hermione e o seu cabelo era loiro, quase branco, mas o que mais chamava a atenção eram os seus enormes olhos pretos, carregados de grossas pestanas também pretas.

- Bem a novidade que eu vos queria dar é que eu estou noivo. Vou-me casar com a Carmen - disse Harry, cortando o silêncio da sala.

Todos os Weasleys ficaram sem reacção. Parecia que esperavam tudo menos aquilo. Só passado alguns segundos é que Ron se levantou e foi dar os parabéns ao amigo. Logo de seguida, levantou-se o Sr. Weasley, Percy, Billy e Fleur. Os gémeos ficaram sentados de boca aberta a olhar para Harry, tal como Ginny, que ficara transparente.

Só quando as apresentações foram feitas e todos tinham felicitado Harry e Carmen, é que Ginny deu uns rápidos parabéns a Harry e saiu da sala, deixando todos os outros a acabarem a sobremesa.

Não aguentava mais, pois até ai tinha conseguido impedir que as lágrimas escorressem pelos seus olhos, mas agora já não estava a aguentar mais. Correu escadas a cima até ao seu antigo quarto onde se deitou a chorar na cama. Ela tinha a certeza que Harry se iria declarar, mas pensava que o iria fazer a ela.


Olá. Aqui estou eu com uma nova fic.

Esta fic já a começei a escrever há imenso tempo, há aproximadamente um ano. Já escrevi imenso, mas só agora me decidi a postar.

Eu estou a adorar escreve-la. Espero que também gostem de a ler, tal como espero reviews. :D

Jinhos fofos.