Esta fic é a adaptação de uma outra criada sobre o universo de MeruPuri. Em síntese, os irmãos Uchihas são os herdeiros de um reino. Itachi (adolescente) é meio mulherengo e tinha a mania de dar rosas às damas que via e Sasuke é um bebê.

Disclaimer: Nem Naruto nem MeroPuri me pertencem ... (T.T)

Legenda: pecado - nome do demônio correspondente

Pecados de um príncipe

Inveja – Leviatã

Dominava o seu ser. Aquela vontade de trocar de lugar com ele, de ser o que ele era, de possuir tudo o que o outro possuía, que fora roubado dele impiedosamente.

Desejava apenas que parte da incomensurável atenção deposta a ele se tornasse sua. Que alguém olhasse para ele, e não para seu otouto¹.

Ele tem sorte, muita sorte. Se um décimo das pessoas que babam por ele se voltassem a mim eu me sentiria o próprio rock star.

Ele tem sorte, muita sorte. E o pior é que nem vai se lembrar disso quando crescer.

Ou pior, vai se acostumar a ser sempre tão mimado. Vai se tornar uma péssima pessoa.

Apesar de disfarçar seu desejo com intenções zelosas, ele sentia inveja de Sasuke.

Aquele recém-nascido cheio paparicos. Não sei porque todos gostam tanto dele. Ele só baba, suja a fralda e chora (não necessariamente nessa ordem, na verdade, costuma ser aleatório; quem sabe o que se passa pela cabeça de um bebê?).


Gula – Belzebu

Mas tenho de admitir que ele é..fofo. Extremamente fofo...

Sua pele é macia, cor de porcelana, e pura. Uma pele desejável, apesar de tudo. É estranho que aquele ser tão pequeno emane de si uma delicadeza tão contagiante.

Uhmm... deve ser por isso que todos gostam dele. Todos, inclusive eu mesmo.

Não sei explicar mas me sinto bem perto dele. Ele me faz rir com seus movimentos sem coordenação, ainda inexperiente ao seu próprio corpo. Eu me sinto o irmão mais feliz de todos quando ele sorri daquele jeito, um sorriso que só pousa em seu rosto quando ele está comigo. Somente comigo.

E eu retribuo, sem pensar, com outro sorriso igualmente especial, que ninguém nunca vê. Somente ele.

Quero que este momento nunca acabe, que fique só entre nós dois, que seja memorável. Não quero ser afastado dele, nunca mais. Quero que ele continue sempre assim, pequeno, adorável...meu...


De repente ambos os sorrisos se desfazem com a entrada de criadas, amas de leite e outras mais no quarto do meu otouto.

Era tão curto o tempo que tínhamos sozinhos.

Elas me expulsavam sem escrúpulos. Será que ninguém mais respeitava o herdeiro do trono naquele palácio?

Aparentemente não.

Fui empurrado para fora por uma criada (forte, devo admitir) e as grandes portas bateram em minha cara quando tentei voltar para o quarto.

Sem opção, fui ao jardim observar as flores que nasciam no início da primavera. A temperatura agradável, o céu azul e as infinitas cores das pétalas me forçaram a perambular sem rumo pelo jardim, por entre as plantas.

Rosas de um lado, orquídeas de outro, e, finalmente, lírios. Meus adoráveis lírios. As flores mais belas que já encontrei. Um deleite aos olhos de qualquer um. Um dia, o pequenino também conhecerá esses lírios.


Avareza – Mammon

Mas...são os meus lírios. Meus e de mais ninguém! Não quero dividi-los! Não quero...perdê-los para ele. Se ele quiser flores, que vá plantar! Ou mande alguém fazê-lo!

Essas são só minhas.

Eu as vi crescendo, nascendo toda a primavera e morrendo todo o outono.

Eu zelo por elas toda a vez que a neve cai.

Eu rezo para que nasçam lindas em sua plenitude toda a vez que o gelo derrete.

Eu me irrito com os jardineiros toda a vez que os vejo plantando-as em lugares impróprios.

Eu dizimo as ervas daninhas toda a vez que elas ameaçam atrapalhar seu crescimento.

Por que, então, ele deve usufruir delas às minhas custas?

Já que nada mais me pertence, não posso nem mesmo ficar com meu irmãozinho, deixe-me sozinho com os lírios.

Ao contrário dele, estes me entendem. São amigáveis, estão sempre lá, não irão fugir e não me farão esperar pela minha vez de adorá-los. Não há nenhuma fila na porta de seu quarto e posso vir aqui quando quiser, eles esperarão por mim.

Mas eles não sorriem como ele..


Ira – Satã

Arghhh!! Não agüento mais! Ele faz algo comigo! Mesmo sem fazer nada, mesmo sem saber! E isso me tira do sério!

Queria que ele fosse embora, que nunca mais tornasse a me atormentar.

Por que ele nasceu, de qualquer forma? Não precisavam dele, já tinham um herdeiro.

Ele era...dispensável.

Mas, ainda assim, idolatram-no, consideram-no uma obra de arte raríssima.

Ainda não entendo por que.

Ele pode ser fofo, carismático, ter um sorriso contagiante mas, no fundo, é o segundo filho. É só o plano b para caso algo aconteça com o primogênito, ou seja, eu.

Mas nada vai me acontecer. Não vou dar a ele o gosto de ser rei! Nunca direi que preciso dele! Será seu destino: ser inútil! Ninguém nunca vai precisar dele. Muito menos eu!

Estou muito bem sozinho. Nunca vou deixá-lo saber que poderia ser importante. Ele vai se sentir um ninguém, uma pessoa rejeitada por todos..


Vaidade – Lúcifer

Enquanto eu serei venerado por todos! Porque, afinal, eu mereço. Sou o príncipe herdeiro de Aster² por direito.

Eu: Uchiha Itachi!

Sou muito mais bonito do que ele jamais será.

Sou um príncipe muito melhor do que ele jamais sonharia ser.

Ele só é bonitinho agora por ser um bebê. Quero ver quando ele crescer e estiver na puberdade! Hunf! Aí sim, todos verão como eu sou muito mais digno de atenção do que ele.

Só preciso esperar até que esses plebeus se dêem conta de que eu sou: mais inteligente (pelo menos eu sei escrever meu nome), mais forte, mais capacitado, mais educado (afinal, não faço minhas necessidades em público), mais romântico, com um cabelo mais macio e brilhante (Seda liso perfeito), com dentes mais brancos (Colgate professional clean), uma pele mais macia (protetor solar + creme anti-rugas), melhor na esgrima, mais esperto, mais carismático, mais amoroso, mais fiel (não troco uma pessoa por uma chupeta) e, finalmente, melhor rei do que ele.

Eu sou simplesmente perfeito. Sim, simplesmente isso. Nem sei porque me preocupei tanto, está tudo tão claro agora..


Luxúria – Asmodeus

Sinto muito, querido botão de lírio, mas você será arrancado. Detesto fazer isso. Detesto ter de arrancar flores para dá-las a damas mas me sinto bem quando vejo seus rostos se iluminarem ao receberem uma flor de minhas mãos.

Considero-me galanteador por natureza e sinto-me tentado a presentear toda e qualquer dama que vejo.

Com uma espécie de detetor, avistei uma bela jovem andando pelo jardim.

Aproximei-me com cuidado para não assustar a dama que não parecia ter-me notado.

Pele clara, cabelos loiros claros e olhos azuis. Muito delicada. Muito bonita.

Entreguei-lhe o lírio e ela sorriu para mim. Sua beleza cada vez mais pujante.

Ela o pôs em seus longos cabelos dourados e foi embora.

Observei-a deixar-me novamente em companhia das flores e sentei sob uma árvore de cerejeira.

Não conseguia parar de pensar nela. Parecia mais um anjo.

Trocaria todas as damas com quem estive e com poderia estar por, simplesmente, ela.


Preguiça – Belphegor

Tirado de minhas promessas de fidelidade eterna, voltei minha atenção ao criado que me dizia que mamãe queria que eu retornasse ao quarto de meu irmão.

Nem ao menos uma resposta por educação dei ao coitado.

Estou cansado. Essa vida de incertezas esgota a minha beleza. Uma hora, ele é a coisa mais odiosa no mundo. Em outra, não me imagino sem ele. E, de repente, a avassaladora imagem da jovem mais bela que tive o prazer de ver leva o resto de minha sanidade embora.

Já não tenho mais forças para agüentar por muito mais tempo.

Preciso urgentemente de um spa.

Uma boa massagem com óleos exóticos também não seria nada mal. Meditação é sempre bom também...

-Que bom que está aqui, meu filho.

Minha expressão facial naquela hora deve ter sido extremamente cômica, e constrangedora, pois tenho absoluta certeza de que minha boca se abriu tanto a ponto de quase chegar ao chão. O poder de controlar os meus próprios músculos foram brutalmente retirados de mim.

Todo esse drama porque lá, ao lado da Rainha de Aster, vulgo: mamãe, estava ela...a garota que conseguiu retirar de mim fidelidade...

-Este é Deidara, o pajem de Sasuke.

O.O

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É isso...eu desisto...não tenho mais motivos para competir...se ele quiser ficar com tudo o que eu tenho, que fique...já não me importo mais...

Como se a decepção em ver que minha primeira grande amada era homem já não fosse o bastante para um único príncipe, ainda terei de assistir meu irmãozinho receber todas as atenções dela, digo, dele. Convenhamos, Sasuke não sabe nem a diferença entre homem e mulher...se bem que, depois de tudo, creio que eu também não saiba.

Tá aí, algo em que combinamos...afinal, irmãos consangüíneos não poderiam ser tão diferentes assim...

A única coisa que me animou naquela hora foi um riso vindo do berço. Um riso inocente e não satírico à minha situação, tenho certeza. Caminhei até ele, peguei-o no colo e minha surpresa não poderia ter sido maior quando eu ouvi:

-Ita..chi.


Notas da Autora:

¹: irmão mais novo

²: Aster é o reino que, nessa fic, pertence aos Uchihas

Tentei fazer a fic engraçadinha mas vê-se claramente que essa não é a minha área XD espero que tenhas sido pelo menos alegrinha (o diminutivo é só pra enfatizar o eufemismo, humildade é uma virtude neah? :D )

Reviews? :3