disclaimer: "twilight" e seus personagens não me pertencem (lógico); qualquer outro personagem que não faça parte da série, no entanto, é meu. você pode usá-lo em sua fic ou em qualquer outra situação na qual não obtenha lucro - é só me pedir antes ;)
notas: a fic contém doses MASSIVAS de spoilers do livro 4. leia por conta e risco.
além disso, ela não segue o clima do texto da smeyer - é mais pesado, adulto e conflituoso.
também, não gostei do "fim" do jake em BD. ok, não gostei é pouco. achei pouco digno, um prêmio de consolação idiota, fazendo ele ir contra tudo em que sempre acreditou, blabla, e foi justamente essa insatisfação com os rumos dele na série que me fez ter vontade de escrever uma fic desse fandom.
hm. e fiquei aqui pensando se precisava ou não colocar esse aviso, achei melhor sim, pra evitar qualquer tipo de dor de cabeça futura: AMO o jacob. NÃO sou jake/bella, no entanto. acho mesmo que ela devia ter ficado com o edward (pra ser bem sincera, acho mais fácil eu ser jake/edward antes de jake/bella, mwahaha). então, não quero nem sonhar com flame de shipper e/b motivado apenas pelo personagem principal da minha fic. obrigada.
agradecimentos: à minha eterna, linda, maravilhosa, inteligente, culta, amada e idolatrada beta, morgana black. ao mesmo tempo, também gostaria de manifestar minha indignação com essa mesma pessoa, por ter me incentivado a escrever essa história, quando ela sabe que tô tentando largar o vício :P
--
"Droga."
Ela chutou o pequeno monte branco mas a neve era fofa demais para aplacar sua raiva e frustração. O monte se desfez em uma nuvem de poeira branca e gelada. O vento soprou uma fileira de flocos fofos em sua direção, como que revidando. Neve. Frouxos. Malditos. Todos parados congelando suas malditas bundas no meio do nada por causa de uma tempestadezinha daquelas. Nem mesmo concordaram em alugar um carro. Ela jamais se deixaria deter por qualquer coisa do tipo. Então ela seguia em frente. A pé. Com ou sem tempestade. Ela não tinha nada a perder.
Continuou andando pelo meio das árvores negras e retorcidas e salpicadas de branco até chegar a uma parede de pedra. Também negra. Alta. Intransponível. Praguejou baixinho. Deu meia-volta e tornou a puxar o capuz sobre o rosto, para se proteger do vento frio, e prometeu a si mesma se lembrar de arrumar uma bússola. Seattle havia sido bom, e importante, mas ela não tinha absolutamente nada o que fazer ali. Talvez devesse retornar para o posto. Talvez se insistisse um pouco mais o sujeito que não havia tirado os olhos dela colaborasse. Talvez pudesse "pegar um caminhão emprestado", e seguir em frente quando ninguém mais se atrevia. Não que fosse mais corajosa do que a média; ela era apenas indiferente. Apenas alguém indiferente com uma missão. Ela estreitou os olhos, tentando enxergar alguma coisa que não fosse preto e branco e cinza - as nuvens pareciam apenas se amontoar rapidamente no horizonte, pesadas, num tom de chumbo, sem jamais se desfazer. Podia parecer estranho mas ela se sentiu quase confortável, ali, naquela situação frustrante. Porque a frustração era familiar, e porque ela havia descoberto sua própria forma particular de vencê-la e...
Ela estacou de repente. O som de quatro patas correndo se aproximava. Ela deu alguns passos para trás, apenas porque não queria confusão. Ela detestava confusão. Mas não sentiu medo, surpresa, curiosidade ou sequer houve uma mudança muito grande no nível de adrenalina em seu sangue. Simplesmente levou a mão ao coldre e o abriu, enquanto o animal finalmente entrava em seu campo de visão. Um lince. Cinzento, só para variar um pouco. E era grande, talvez o maior que já tivesse visto. E estava apavorado. Fugindo de alguma coisa terrível. Ela não tinha muita experiência com vida animal, mas sabia que poucas criaturas selvagens eram mais temidas do que linces. Ela não fazia a menor idéia do que poderia estar atrás daquele.
Foi a risadinha que anunciou o perseguidor. A risadinha, seguida por um grito de alegria.
Então, ela surgiu.
O problema não era as roupas leves que a garotinha usava e nem a sua idade, que parecia pouca demais para que ela pudesse estar ali sozinha.
O que podia realmente ser chamado de bizarro naquela cena era o fato de a criança estar correndo atrás do lince. O fato de sua pequena boca estar aberta, deixando ver dentinhos afiados. O fato de suas mãozinhas estarem estendidas para a frente, dela saltar, derrubar o animal e cravar os dentes no pescoço dele. Sugar seu sangue, até que o grande gato parasse de lutar e depois, de tremer. Morto. Foi só então que ela sentiu alguma coisa se acelerar dentro dela, embora não tivesse muita consciência do fato. Era como se estivesse hipnotizada, no piloto automático, sabendo exatamente o que deveria fazer. Saiu de trás da árvore. A criança ergueu a cabeça. Seus traços perfeitos, a pele pálida e os cabelos cor de bronze causavam uma bela impressão, mas por melhor que a impressão fosse, ela ainda parecia não se encaixar em absoluto naquele lugar naquele momento. Ou era o que pareceria para qualquer pessoa que jamais houvesse visto um vampiro na vida.
Embora estivesse à distância de vários passos, ela viu claramente as narinas da criança tremerem, como que a farejando. Mas a menina permaneceu exatamente onde estava, e parecia orgulhosa de si mesma. Riu outra vez ao baixar os olhos cálidos, cor de chocolate, para o animal.
Ela não pensou. Simplesmente agiu. Retirou a pistola do coldre, mirou bem entre os olhos da pequena e atirou. Sem dó nem piedade - era como sempre fazia. O buraco da bala não foi grande, nunca era, mas a expressão de surpresa e riso e orgulho misturados no rosto da criança se congelou quando a pequena cabeça foi jogada para trás com o impacto da bala. Tudo acontecia tão rapidamente mas ela captava todos os menores detalhes, de forma que todas as cenas de morte pareciam acontecer sempre em câmera lenta. E ela gostava de assistir àquilo, gostava da sensação de poder fazer alguma coisa, embora não fosse um pensamento muito consciente. Ficaria até o fim. Sentiu a temperatura subir quando a bala explodiu e as chamas consumiram quase que todo o pequeno corpo. E quando elas se extinguiram, ela viu um rosto chocado espiando por detrás de um tronco negro a vários metros de distância.
Pensou vagamente que nunca havia visto alguém com aquele tom de pele, cor de cobre, empalidecer, e no quanto parecia estranho. Algumas horas mais tarde pensou que ainda mais estranho era o rapaz estar usando apenas uma camiseta naquele frio - mas não naquele instante. Quando descobriu que possuía uma platéia, ela simplesmente girou nos calcanhares e caminhou apressada, depois correu, floresta adentro. Simplesmente detestava dar satisfação a quem quer que fosse... e quem acreditaria que a criança que havia acabado de eliminar era uma vampira? Sacudiu a cabeça. A prisão não parecia realmente uma hipótese melhor ou pior do que qualquer outra; era a parte onde ela tinha de se explicar e se defender que ela queria evitar.
Não havia nascido para aquilo.
Não havia nascido para muita coisa mais, para ser sincera.
As árvores cada vez mais espaçadas lhe indicaram qual direção seguir, e ela não pensou muito ao descobrir as chaves na ignição do segundo automóvel cuja porta abriu, uma pequena van. Quem seria louco de sair dirigindo por aí debaixo de uma tempestade? Louco, ela não sabia. Mas sabia de alguém indiferente o suficiente. Irritado o suficiente por ter ido atrás de informações falsas por duas vezes. Ligou o aquecedor, acendeu um cigarro e pisou com cuidado no acelerador.
Em algum lugar que ela iria descobrir, Bai Hu e sua pretensa batalha contra o demônio a aguardavam.
