- O mundo retratado não me pertence, e sim à Marion Zimmer Bradley, autora de "As brumas de Avalon".

PRÓLOGO

Anoitecia no País das Fadas quando a Rainha convocou a Assembléia. Os mais antigos dentre os Antigos temeram o motivo da convocação; desde os tempos de Morgan le Fay isso não ocorria. Desde que Camelot e Arthur se curvaram para o poder da Igreja Católica que o Povo Antigo vivia isolado, afastado do convívio com os mortais comuns. Apenas os últimos druídas e sacerdotisas da Deusa ainda tinham contato com eles, e ocasionalmente um ou outro mortal simples atravessava o véu do tempo e ia parar no país do Verão. Não se sabia o que a Rainha pretendia, mas com certeza era algo que iria mudar o curso do destino do Povo das Fadas.

- As marés do tempo novamente estão mudando. Eu consigo sentir no soprar do vento e no crescer da relva – falou a Rainha – Os limites estão prestes a serem ultrapassados, as magias antigas prestes a se cruzarem. Há muitas eras nosso povo vive no isolamento, ignorando o Destino dos filhos mortais da Deusa. Chegou a hora de novamente cruzarmos nossos caminhos.

Houve murmúrios e protestos que foram calados por um olhar da rainha.

- Os mais antigos dentre vocês devem lembrar-se de quando enviei minha jovem filha Sianna para Avalon, a fim de ser treinada como Sacerdotisa, e de tudo o que houve depois disso, tudo o que o Sangue Antigo, o nosso sangue, fez penetrar nos corações mortais. Tudo o que desencadeou-se na Britânia, culminando com a traição de Gwydion e o desaparecimento de Avalon nas brumas para sempre... – os Antigos baixaram a cabeça em reverência – Desde então, a magia antiga tem desaparecido gradualmente... Os druidas remanescentes, há cerca de mil anos, passaram sua sabedoria para um pequeno grupo de homens e mulheres descendentes das tribos saxãs da Germânia, que possuíam sua própria magia, criando um tipo... diferente de magia. Eles se autodenominam bruxos, e vivem clandestina e paralelamente ao mundo mortal de hoje. Foram fundadas escolas dessa magia, e graças à Deusa a tradição deles deve perdurar. – a Rainha respirou, fechando os olhos por um momento – É graças a isso que podemos continuar a existir. Enquanto houver um resquício de magia no mundo, podemos sobreviver. O caso, irmãos, é que o Destino crê ser hora de, novamente, o sangue mortal e o das Fadas se misturarem. – ela virou-se para uma de suas filhas, inclinando-se – Mande entrar as donzelas.

As portas do salão da Assembléia se abriram e duas moças entraram. Elas jamais poderiam negar que o sangue dos Antigos lhes corria nas veias, pois eram típicas representantes desse povo. Uma delas era pequena e morena, de olhos amendoados castanhos e doces, talho miúdo e mãos delicadas. A outra também era morena, com olhos castanhos e arredondados, com uma constante expressão de desafio, mas era mais alta que a média do seu povo, superando-os em quase uma cabeça, sendo cheia de corpo, forte e vigorosa. As duas ficaram paradas lado a lado na porta, de mãos dadas.

- Éowin e Arween Symbelmine, a Assembléia as convoca.

As duas adiantaram-se, ficando de frente para a Rainha, que olhou-as com infinita ternura.

- Minhas queridas, filhas da minha amada irmã Ellian, sabem por que as chamamos aqui?

A menor das duas assentiu com a cabeça, timidamente.

- Chegou a hora de vocês deixarem nosso mundo, minhas filhas. Vocês devem cumprir a missão que a Deusa designou-lhes, com amor e bravura. Vocês devem levar sua magia e seus ritos de volta para o mundo dos mortais, e misturar seu sangue ao deles. As fronteiras serão ultrapassadas, os limites entre as magias quebrados, deuses, homens e fadas unidos em um só mundo. – a Rainha ia falando, com os olhos desfocados – Aproxime-se, Éowin, filha de Eillan.

A pequena aproximou-se, entregando a mão direita para a Rainha, que segurou-a e fechou os olhos, perscrutando o interior de sua alma, onde ela guardava os segredos do passado, do presente e do futuro.

- Éowin, primogênita de Eillan, o homem de duas faces e aura dourada virá até ti. Une-te a ele no Grande Casamento, sejam Deus e Deusa um para o outro, como os Antepassados ensinaram. Retoma os rituais antigos com ele, Éowin, mistura teu sangue ao dele e deixa que teus filhos dêem continuidade a duas raças nobres e antigas, a dele e a tua. Os dois poderes ancestrais se fundirão no teu corpo, minha filha. Ele já te é destinado de outras eras, e o amor dos dois será o alicerce de sustentação da continuidade das raças.

Éowin assentiu, calada, e recuou, dando lugar a sua irmã, que repetiu o gesto de dar a mão à Rainha.

- Arween, caçula de Eillan, jóia da nossa raça, – disse a Rainha, os olhos ainda fechados – a ti está destinado um encontro necessário e doloroso... O homem de alma obscura e coração dividido é teu Destino, filha. Ele te fará sofrer, mas te dará um filho poderoso e belo, que também será a fusão de dois poderes diferentes mas ao mesmo tempo iguais. Teu filho terá um Destino entre os mortais, e o teu caminho e o do homem obscuro se cruzarão novamente, graças a ele. Deixa que teu filho siga os passos do pai, deixa que os dois se odeiem e se amem conforme quer a Deusa. Depois de grande sofrimento, grande paz e felicidade. O homem obscuro terá luz novamente em sua alma graças a ti, Arween, jóia do Povo das Fadas.

Arween parecia assustada mas orgulhosa de seu destino belo e sombrio.

- Agora, minhas filhas, busquem seus pertences e partam do nosso país... mantenham seus olhos abertos e seu coração junto à Deusa, que nada de mal poderá acontecer-lhes... vão em paz.

Dessa maneira, as irmãs Éowin e Arween deixaram sua família, seus amigos e seu povo, saindo do País das Fadas de encontro aos seus destinos...

N/A: Esse é o só o começo da história das duas irmãs-fadas, Éowin e Arween. Dedico essa fic a minha irmãzinha caçula Arween, que eu amo muuuuuiiiitooooo, e prometo que farei o possível para que a personagem dela seja feliz, senão nessa fic, ao menos na outra, "Can You Feel the Magic in the Air?". Próximo capítulo: a história de Arween.