O Palhaço
Ele observava de longe o outro dançando,
o sorriso de palhaço desenhado em seu rosto se aumentava,
a cada passa que o bailarino dava.
Olhava, admirado, o outro pular e rodopiar pelo salão vazio,
acompanhava os passos dele de longe,
de modo que o bailarino não pudesse vê-lo.
Oh! Quão vergonhoso seria ter que explicar,
o que um palhaço fazia naquele lugar.
Pois o bailarino que rodopiava tão perto,
só estava ao alcance de seu olhar...
Já no picadeiro, era ele quem encantava,
mas sem os olhares atentos de quem antes observava.
Ele não tinha movimentos graciosos e delicados,
passava longe disso,
pois a única acrobacia que conhecia
eram as piruetas que deveriam ser de alegria.
O que diriam todos,
se a verdade soubessem?
Que no silêncio da noite fria,
o palhaço chora de angústia e temor de viver sozinho,
sem nada, nem ninguém para lhe dar carinho.
O Bailarino
O bailarino no camarim se lamentava,
quão triste era sua vida, sem os sorrisos que tanto almejava.
Nos próprios espetáculos, não tinha mais lágrimas para chorar.
E como poderia,
se toda vez chorava, sentia que morreria?
Como queria, assim como o palhaço viver,
sem tristeza e melancolia,
e principalmente sem a preocupação em morrer.
Mal ele sabia, o quanto o palhaço sofria sem poder lhe ter...
Sorrateiro, esquivou-se para dentro da lona colorida,
sedento para conhecer um pouco da vida.
Não agüentou-se de felicidade ao ver o palhaço pular e brincar.
Escondido em um cantinho, ria baixinho
dos gracejos que o outro esbanjava,
mas passou-se um tempo, e já ria escandaloso das piadas,
mesmo as ensaiadas que o palhaço recitava.
De tão risonho que estava, não percebeu que o palhaço,
em um poço de melancolia se afundava.
O Palhaço e O Bailarino
Sorria faceiro em frente à arquibancada,
mas o coração pequeno no peito,
sua tristeza denunciava.
Mas quando encontrou o olhar risonho do bailarino que espionava,
o coração cresceu de tal forma que o peito, pequeno ficara.
O bailarino, encantado com o palhaço sorria
e uma promessa a si mesmo fazia:
"Só riria novamente,
quando o palhaço lhe viesse em mente."
Já no outro dia, no camarim se preparava.
O sorriso em sua face apenas aumentava,
lembrando do palhaço a cada minuto que se passava.
Entrou no palco com alegria,
esqueceu até da peça que encenaria,
na primeira fila seu palhaço amado lhe fitando
e o sorriso mais lindo do mundo lhe ofertando.
O palhaço em sua poltrona vermelha de amor não se continha,
o bailarino querido que para si olhava com grande carinho.
Descobriu ali sentado, que sua felicidade nunca esteve em seu sorriso,
mas sim no do outro que nunca sorria,
com medo que a vida lhe tomasse,
o que ainda não tinha.
FIM.
Nota 1: Eu tive essa idéia depois de assistir 'O Palhaço e A Bailarina' de Charles Chaplin, que me encantou muito, embora não tenha nada a ver com o que eu escrevi.
Nota 2: Vocês com certeza perceberam que eu não especifiquei quem era o palhaço ou o bailarino, mas a verdade é que eu acho que tanto Misha quanto Jensen tem um pouco dos dois, então eu deixei assim pra que vocês imaginem livremente quem pode ficar no papel de um e de outro.
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