Too Late

"Dedico essa fic para meu amigo Pedro Fontenelle que sempre esteve disposto a ficar fofocando no Skype, me ouvindo cantar em japonês e compartilhando histórias. Quando revelamos nossas vidas para um amigo, estamos dando a ele um pedaço de nós mesmos. Espero que você possa manter esse pedaço de mim com você (da mesma maneira que eu guardo o seu comigo) por muito tempo, pois o que HP uniu, ninguém há de separar."

"Nunca era tarde demais para ser o que ele poderia ter sido, ele era humano afinal de contas."

Já estava feito e não havia mais nada que ele pudesse fazer para consertar. Draco baixou os olhos. Ele tremia e observava seu cabelo empapar-se de suor. Logo ele seria questionado sobre a sua covardia e ele não saberia o que dizer. Seu corpo se sacudia em pequenos espasmos ao pensar na possibilidade de algo acontecer consigo ou com seus pais.

Por que para Potter e seus amigos tudo parecia tão simples? Eles eram tão estúpidos, afinal das contas. Um garoto metido a herói, um ruivo imbecil e pobre e uma sabe-tudo sangue-ruim. Ele não devia estar se questionando a respeito disso. Draco deu um riso nervoso diante das peças que sua mente estava lhe pregando.

Minutos passavam lentamente e ele detestava não saber o que fazer. Ele notou que havia perdido o controle de sua vida. Por Merlin, como podia ser tão covarde? Aos poucos ele perdia o controle de tudo, suas mãos, sua vida, sua alma... E por que Potter e sua escória não saíam de sua cabeça? Draco sentia-se fraco.

Ele havia amadurecido ao longo dos anos? Será que ainda era o garoto loiro que sentia necessidade de atormentar alguém a cada segundo por puro prazer pessoal? Não, ele não era o mesmo. Havia desenvolvido sua capacidade manipuladora e sua eloqüência. Além do mais, ele não passara os últimos anos estudando pra nada. Havia se tornado um bruxo mais competente, isso sem falar nos conhecimentos adicionais que adquirira, porém ainda faltava algo...

Draco começou a buscar em si o que o incomodava tanto. Ele tinha dinheiro, poder, contatos, sangue nobre, amigos que lhe faziam qualquer coisa que pedisse...Amigos...ele notou que nunca tivera alguém com quem pudesse partilhar segredos ou desabafar. Na maior parte do tempo, ele estava apenas abusando deles. Recomeçou a pensar em Potter, ele tinha amigos e gente que o apoiava, contudo, ainda tinha inimigos muito poderosos.

Algo borbulhava dentro dele, Draco fechou o punho e socou o ar. Droga, ele não podia estar sentindo aquilo, não agora, não depois do que havia feito. Ele havia traído o local que o acolheu, mas todos deveriam ser capazes de entender suas razões. Ele e sua família estavam sob pressão, eles estavam em perigo. O que mais ele poderia fazer?

Raiva. Dor. Inveja. Quando mais ele tentava controlar-se, mais ele saía fora de controle. Então, vieram-lhe as lágrimas. Lágrimas que alimentavam a alma e esvaziavam a mente e o coração. Draco apreciou aquele momento, finalmente havia notado que precisava desabafar. Draco precisava de alguém, precisava de amigos. No entanto, era tarde demais.

Tarde demais para voltar atrás, tarde demais para recomeçar, tarde demais para viver. Só havia restado sua família e ele devia protegê-los, mesmo que isso custasse sua vida.

Rapidamente, Draco enxugou as lágrimas e empunhou a varinha. Era hora de aceitar seu destino e assumir sua condição. Nunca era tarde demais para ser o que ele poderia ter sido, ele era humano afinal de contas.