Capítulo 1 – A poção
Hermione, Rony e Harry estavam sentados no Salão Principal, para almoçar. Os três amigos comentavam as novidades trazidas pelo Profeta Diário. A Guerra contra Voldemort finalmente chegara ao fim e depois que o bruxo das trevas fora derrotado pelo Menino-Que-Sobreviveu, o mundo bruxo se organizou para voltar à normalidade.
- Héstia Jones foi nomeada Ministra da Magia. – disse Hermione. – Fico feliz que tenhamos, finalmente, uma mulher a frente do Mundo Bruxo.
- Ela merece. – Harry riu. – Depois de tanto tempo protegendo meus tios e meu primo Duda. Merlin sabe que ela e Dédalo Diggle deveriam receber um Nobel da Paz por não matá-los na primeira semana.
Hermione caiu na gargalhada com o comentário de Harry.
- O que é um Nobel da Paz? – Rony não havia entendido.
- É um prêmio trouxa. – Hermione resumiu ainda rindo e depois mudou de assunto. – Soube que o cargo foi oferecido primeiro a Kingsley.
- Foi sim, papai me contou. – O ruivo informou. – Ele recusou porque quer chefiar os Aurores e poder caçar e prender os Comensais da Morte foragidos. Pessoalmente, acho que ele é maluco de recusar.
- Eu também recusaria. – Harry comentou. – Ser Auror é muito mais emocionante do que ficar assinando papéis. O cargo de Ministro é muito burocrático, não tenho paciência pra isso.
- Falando em ser Auror, Harry. – Hermione o lembrou. -Amanhã é sua reunião com a professora Marchbanks para saber como você está indo em suas matérias de N.I.E.M.s e como ela pode ajuda-lo com suas pretensões.
A professora Marchbanks, uma velha bruxa que examinou o próprio Alvo Dumbledore nos N.I. , assumiu o posto de professora transfiguração e de diretora da Grifinória; já que Minerva McGonagall se tornara diretora de Hogwarts.
- Nem me lembre disso. – Foi Rony quem respondeu. – A minha reunião também é amanhã e eu nem sei o que vou dizer a ela. Quais são minhas pretensões? Eu não sei. Além disso, a Marchbanks me dá medo.
- Olhe pelo lado bom, Rony. – Harry riu. – Pelo menos você não é Sonserino. Caso contrário, teria uma reunião com Snape.
Severo Snape, que havia sido inocentado por Harry Potter após a guerra, assumira o velho cargo de professor de Poções e diretor da Sonserina. Hermione havia ficado admirada quando soube das atitudes do professor, como ele era corajoso e honrado. Lutou todos esses anos para proteger o filho da mulher que ele amou e para isso se submeteu a Voldemort e foi condenado a fazer coisas horríveis pelo Lorde, pois não podia arriscar seu posto de espião. Foi mal falado e escorraçado pela Ordem da Fênix, que jamais acreditou em sua inocência. Ele foi o homem que mais fez sacrifícios pelo movimento anti-Voldemort.
- Muito engraçado, Harry. – Rony comentou. – Agora me deem licença que prometi a Ana dar uma volta com ela antes da aula do morcegão.
Rony estava saindo com Ana Abbott há algumas semanas. Hermione terminara seu relacionamento com ele após o fim da guerra. O argumento da menina foi que a mesma não tinha certeza de seus sentimentos e não queria se envolver com ninguém no momento. Rony, alegando também não ter certeza do que queria no momento, visto que sua família estava em luto e ele estava confuso quanto ao futuro, acatou a decisão da jovem sem reclamar.
Os dois amigos chegaram à conclusão de que a Guerra havia confundido um pouco seus sentimentos e que se eles se envolvessem novamente algum dia seria porque realmente começaram a se entender, conviver em paz e desejar um ao outro; não como antes da queda do Lorde das Trevas, movidos por um sentimento de dever se declarar e viver tudo imediatamente porque poderiam estar mortos no dia seguinte. No entanto, nenhum sentimento além de amizade havia surgido entre os dois desde então.
Depois de comerem calmamente a sobremesa, Harry e Hermione seguiram juntos para a aula de Severo Snape. Quando chegaram à sala quase todos os alunos do sétimo ano da Grifinória e da Sonserina já estavam atrás de suas bancadas. Rony, porém, estava ausente.
Snape adentrou a sala com sua capa farfalhante e a carranca de sempre. Nada havia mudado nos métodos do mestre das poções. Assim que ele se sentou na sua cadeira costumeira, Rony entrou na sala, correndo e ofegante.
- Sr. Weasley, não sei o que acha que está fazendo chegando depois de mim para assistir a minha aula. – Ouviu-se a voz fria e desdenhosa de Snape.
- Desculpe, senhor. – Rony disse, ainda ofegante.
- Tenho certeza que ficará feliz em recolher todas as poções ao final da aula e organizá-las na estante dos alunos.
- Sim, senhor. – Disse Rony, com raiva. Nada o deixaria mais infeliz.
- Hoje vocês vão praticar a preparação de Amortentia, poção sobre a qual discutimos nas últimas aulas. – O professor informou. – Devo avisá-los que este trabalho valerá um quarto da nota do trimestre. Abram o livro na página 301.
Todos os alunos começaram a preparar as poções imediatamente. Hermione seguia calmamente as instruções do livro sempre recorrendo às suas anotações das aulas anteriores. Snape era um carrasco, mas as explicações dele eram excelentes e sempre complementavam o livro. A jovem olhava para os lados, às vezes, para ver como os amigos estavam se saindo. A poção de Rony estava desastrosa, mas Harry estava bem concentrado e conseguiria uma poção aceitável no final. Hermione aprovava a recente concentração do amigo nas aulas de Snape, isto era fruto da batalha de Harrry para se tornar Auror.
- Weasley, sua poção parece prestes a explodir. – O professor comentou, desdenhando de Rony.
Rony fez cara feia, mas nada disse. No final da aula, Hermione ficou particularmente satisfeita com sua poção, embora o cheiro fosse diferente. Ainda sentia pergaminho novo e grama recém-cortada, mas havia algum outro perfume que ela não conseguiu identificar. Engarrafou sua poção e a etiquetou com seu nome, os outros alunos fizeram a mesma coisa. Todos deixaram a sala lentamente e Rony ficou para recolher as poções das bancadas.
Sem poder deixar quebrar nenhuma, Rony demorou a levar todos os vidrinhos para a estante. Quando só restava um vidrinho em suas mãos, ele reparou que Snape não estava mais na sala de aula. Aproximou-se da mesa do mestre de poções a fim de bisbilhotar as gavetas e a mesa desorganizada; cheia de papéis, poções e itens mágicos. Abriu cada gaveta, mas havia somente vidrinhos, penas, tinta, pergaminho e alguns livros de poções. Desapontado por não encontrar nada que envergonhasse o professor, Rony saiu da sala.
Ficou esquecido, porém, um último vidrinho em cima da mesa; ao lado de outros dois que continham poções feitas pelo próprio Severo Snape.
Severo Snape havia jantado no grande salão e estava com dor de cabeça de toda aquela conversa dos professores. Só se comentava a posse da nova Ministra, a recusa de Kingsley, entre outros assuntos que envolviam a política do mundo bruxo.
Snape achara realmente que ia morrer na Guerra, ou que seria condenado ao final dela junto aos comensais da morte. Mas ele havia sido gentilmente inocentado pelo maldito Potter e inserido no mundo bruxo, todos olhavam para ele com certa pena pelo que passara como espião duplo.
Ele só havia aceitado o velho emprego em nome de sua consideração pela nova diretora que precisava de seu auxilio, já que não conseguira ninguém para o cargo. Severo estava cansado das pessoas e pretendia aposentar-se em breve, como um velho herói de guerra. Ninguém contestaria.
Ele precisava desesperadamente de uma poção para relaxar e de outra para dormir sem sonhos. Desceu, então, até a sua sala de aula e alcançou em cima da mesa a poção do relaxamento. Ao sentar na cadeira e ingerir o conteúdo do frasco, automaticamente Snape sentiu seu corpo relaxar e fechou os olhos para sentir o efeito da poção.
Ainda de olhos fechados ele estendeu a mão para o outro vidrinho. Tomou a segunda poção em um só gole e percebeu que o gosto estava errado. Abriu os olhos, sentindo seu corpo ficar tenso novamente. No frasco vazio que ele tinha nas mãos lia-se: Amortentia – Hermione Granger.
- Maldito Weasley – Severo Snape sibilou, com raiva.
Levantou-se imediatamente para procurar em sua estante particular um antídoto para Amortentia, mas ao sentir certa tontura ao levantar lembrou-se que havia tomado a poção de relaxamento. Poucas pessoas tinham conhecimento disso; mas ele, como exímio preparador de poções, sabia que a Amortentia, quando precedida pela poção de relaxamento, formava uma combinação tão forte que neutralizava qualquer antídoto. A única solução era esperar o efeito passar, o que duraria duas ou três semanas.
- Eu vou matar esse garoto. – Snape rosnou.
