Era um dia frio de inverno. Tímidos raios de sol tentavam atravessar as nuvens naquele final de tarde. Draco estava sentado atrás do balcão observando os segundos passarem. Era 30 de dezembro e ele não via a hora de sair daquele lugar que tanto odiava.
Após a queda de Voldemort, os Malfoys perderam todo o prestígio. Draco tinha conseguido aquele emprego na Borgin e Burkes por "caridade" do Sr. Borgin que, de alguma maneira, havia escapado do Ministério.
Como se fossem séculos, os últimos minutos se passaram. Durante a próxima semana, Draco estaria livre daquele lugar.
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-Ginny, eu tenho que ir. Você compra o que está faltando? - perguntou Fred, largando as sacolas em um canto do depósito.
Ginny tinha se formado há seis meses e ajudava os gêmeos nas Gemialidades Weasley.
-Vai logo. Eu cuido de tudo.
-Muito obrigado! - disse ele beijando a irmã no rosto - A lista está presa no quadro de avisos. - ele desaparatou.
Após arrumar a bagunça deixada por seu irmão, Ginny foi pegar a lista. Os gêmeos, como sempre, estavam preparando novas invenções para sua loja, que fazia muito sucesso.
-Vejamos... - ela disse para si mesma pensativa - OK, definitivamente não vou encontrar nada disso aqui no Beco Diagonal... Droga! Vou ter que ir à Travessa do Tranco.
O lugar não era mais tão perigoso, uma vez que a maioria dos Comensais estava fora das ruas, presos ou escondidos. Contudo, a idéia de ir ao local ainda era capaz de causar à ruiva alguns arrepios, além de trazer certas lembranças de um passado não muito feliz.
Ela afastou rapidamente os pensamentos que passavam por sua mente, pegou a capa e saiu decidida sob o capuz. Comprou tudo o mais rápido que pôde pois já era tarde, as lojas logo iam fechar e ela não queria começar o ano tendo de voltar ali.
Aconteceu tudo muito rápido: Ginny ouviu um barulho e antes que pudesse se virar para procurar a origem deste, um homem encapuzado a empurrava junto com ele para dentro de uma loja.
-Quem é você? - perguntou a menina puxando a varinha.
-Silêncio. - ele não demonstrou raiva, apenas uma leva surpresa, como se não tivesse dado conta de que ela estava ali até aquele momento.
-Não me diga o que fazer.
-Abaixe a varinha e o tom de voz. Quer virar refém?
-Mostre seu rosto.
-Já disse pra parar de gritar. - ele retirou o capuz.
-Malfoy! Saia da minha... - Ginny não foi capaz de completar a frase sendo amordaçada por panos conjurados por Draco, que se aproximou e retirou o capuz da ruiva por completo.
-Weasley - ele falou em um tom baixo mas desdenhoso - eu deveria ter adivinhado...
Um feixe de luz vermelha atingiu a janela, porém esta parecia estar protegida por algum feitiço que impedia que ela se quebrasse. Passaram-se vários minutos até que Draco voltasse a falar.
-Acho que já dá pra sair - ele tirou a mordaça de Ginny.
-O que foi aquilo? - ela perguntou irritada.
-Você não sabe? Pensei que você estivesse do lado deles... O Ministério aparece por aqui de vez em quando procurando algum comensal escondido. Quando eles encontram, maldições tendem a voar para todos os lados. Diga "obrigada", Weasley: salvei sua vida.
-Tenho certeza de que não foi intencional. Só me arrastou até aqui porque coincidentemente eu estava em seu caminho, mas obrigada mesmo assim. - disse ela secamente.
-Muito bem, agora pague sua dívida e suma da minha frente.
-O prazer será meu. - ela se dirigiu à porta e girou a maçaneta, o que fez com que ela levasse um choque que a arremessou a uns dois metros de distância.
-Que isso, Weasley? Esqueceu como se abre uma porta?
-Se você é tão esperto, tente abrir. - ela retrucou se levantando.
Draco não teve mais sorte que Ginny. De fato, seu choque foi mais forte e ele foi arremessado por cima do balcão. Ele xingou alto.
-O que foi? - perguntou a menina, ligeiramente alarmada, torcendo para que ele apenas tivesse se machucado e não fosse dizer que...
-Estamos trancados. Não tem como sair.
