Ma Chèrie.

Estranho seria associá-la a outras coisas se não bonecas, chamegos e casinhas quando criança. Lily era, de tão doce, pegajosa – pensando bem, poderia associá-la a um algodão doce, facilmente, e Teddy sempre gostou de algodão doce, por algum motivo. Tinha uma capacidade incrível de deixar a atmosfera cor-de-rosa toda vez que pisava no local, fosse ele qual fosse. O que era também uma contradição, porque alguém tão delicada e menina não deveria ser facilmente associada à força e determinação, como também era. Desde pequena, Lily fora um caso enlouquecedor para Teddy.

Ele, por sua vez, assistia às cenas de Lily, sempre tão doces e sempre tão cheias de personalidade – por Deus, nada poderia ser duas coisas ao mesmo tempo, mas ali estava ela! - com perplexidade. A menina de sorrisos de covinhas e dentes de leite que gritava para todos que o casório entre ela e Teddy, seu querido Teddy, não poderia tardar a sair, era também a menina que jogava quadribol com os meninos à tarde – bem, ela tentava. Lily era, para ele, uma queridinha.

E a queridinha de Teddy, a adorada, era também a menina que às vezes o irritava com os casórios improvisados, com anéis de doce e ternos de pano velho – poxa, ele já era um adolescente, não tinha tempo para essas coisas. Mas sempre que ela lhe vinha com aqueles olhos arregalados demais, como costumava pensar, com os sorrisinhos e as mãos pequenas que se retorciam de vergonha, antecipando o rubor das faces, era irresistível. Não tinha quem o tirasse do sótão, onde se casavam dia após dia, reforçando as juras de amor.

Até que, finalmente, e quase para seu espanto, a queridinha de Teddy tornou-se seu amor-para-a-vida-toda, os anéis de doces tornaram-se lindas alianças de ouro branco e os panos velhos foram retalhados em um longo vestido branco e um terno preto. E foi só então que Teddy se deu conta que a menina crescera e se tornara uma mulher. A sua querida e adorada mulher, de sorrisos de covinhas, de contradições e de doces tons de cor-de-rosa e determinação.