Sinopse: Quando o destino junta as suas vidas tudo muda. As vidas podem mudar. E tudo o que achamos certo e verdadeiro pode seguir outro caminho. Opções surgem e dúvidas, também. Será que escolhemos o caminho certo?
O Encontro Sangrento
A noite estava fria e pequenos flocos de neve surgiam a deslizar suavemente pelo ar.
Um grupo de seis pessoas irromperam do nada e embrenharam-se na escuridão da noite. Os seus rostos estavam ocultos por enormes carapuços negros e apressavam-se inacreditavelmente. Entraram e saíram de ruelas sem levantar o mínimo barulho.
De repente um membro do grupo, que parecia o líder, fez um sinal a todos os outros e pararam em frente a uma velha casa. Casa essa cheia de mistério, decadência e abandono.
Ficaram os seis em puro silêncio durante longos minutos como se temessem falar.
Por fim, um membro do grupo quebrou o silêncio e em longos e pesados passos dirigiu-se à porta da casa e rodou a maçaneta. Em meros segundos foi projectado para o chão e a queda do capuz revelou um rapaz ruivo e cheio de sardas.
- "Por Merlin! Eu vou matar o Mundungus. Porque é que ele não avisou que isto estava protegido por um feitiço estúpido?" – os olhos azuis de Ron Weasley faiscavam de raiva. Levantou-se e olhou para o seu manto imundo de lama.
- Porque se calhar pensou que serias um pouco mais cuidadoso e percebesses que isto não é uma brincadeira." – disse outro membro do grupo ao qual se percebia que era uma rapariga pelo seu tom de voz – "Eu trato disso. Está quieto com o manto. Targeo! Agora está calado Ron, por favor."- O manto de Ron emitia agora um odor de frescura e um brilho de limpeza absoluta.
- "Obrigado Hermione. És um amor de feiticeira. É por isso que gosto tanto de ti."
- "Ronald Weasley… menos, por favor!" – Hermione dirigiu-se para junto da porta. O seu capuz foi arremessado para trás e o seu longo cabelo encaracolado castanho-aloirado soltou-se livremente.
Olhou para trás e encaminhou-se a um rapazinho alto, moreno e de olhos verdes. Tinha uma cicatriz na testa em forma de relâmpago, mas esta era camuflada pelo seu cabelo revolto.
- "Harry esta casa está protegida por uma imensa magia negra. Penso que só poderemos abrir esta porta através de um sacrifício."
Harry caminhou até à porta. Todos os outros desocultaram os seus rostos.
Uma rapariga de belos cabelos ruivos e com tímidas sardas caminhou até Harry Potter e olhou-o nos olhos, revelando a sua preocupação e amor.
Sentindo o receio dela, Harry colocou a sua mão no rosto dela e delicadamente colocou a sua madeixa ruiva atrás da sua orelha.
- "Não te preocupes Ginny. Quando a Hermione disse sacrifício não estava a referir a alguém morrer. É só um pouco do meu sangue que eles querem."
- "Eu sei perfeitamente isso. Não sou auror à toa, Harry. Mas não é o desperdício de sangue que me preocupa totalmente, mas sim o que poderá estar atrás desta porta."
- "A Tonks, esperamos todos nós." – declarou um rapaz alto, moreno e um pouco nervoso, de nome Neville Longbottom.
Nymphadora Tonks, uma auror respeitada e mestre de Hermione, Ginny e Luna, tinha sido raptada por Devoradores da Morte.
Tudo indicava para isso. O seu misterioso desaparecimento, a sua vassoura encontrada destruída nos arredores de Londres, aquela coruja hedionda transportando uma carta a revelar as suspeitas de todos:
'Caros feiticeiros e bruxas…
É com alegria imensa que vos declaro que a minha adorada sobrinha, amante de lobisomens e toda a escumalha imaginável está a passar umas óptimas férias com os meus amigos devoradores da morte.
Mas receio que a hostilidade irá acabar em breve se não entregarem o Potter até depois de amanhã. Uma troca simples e que vai fazer o meu amo deliciar-se.
Caso não nos entregarem o Potter acreditem que da próxima vez não vos mando um pouco de cabelo horripilante da Dora, mas sim a cabeça dela.
Os meus amigos estão com sede de sangue.
Depois de amanhã, praça de Godric's Hollow.'
Bellatrix Lestrange
Harry machucava a carta no seu bolso. Quando é que aquilo iria parar?
Depois de tanto tempo, Voldemort continuava a monte e a espalhar o pânico. Tinha escapado daquela que Harry pensava ser a batalha final e morto Dumbledore sem piedade.
Após seis anos, continuava com o objectivo de matar Harry Potter e todos aqueles que lhe faziam frente ou que simplesmente respiravam.
Harry e os amigos tinham terminado a escola e agora eram aurors. Harry lembrava-se que Moddy até disse que eles já há muito que eram aurors, apenas precisavam de mais alguns estudos.
Todos estavam felizes por ajudar a comunidade feiticeira e por fazerem parte da Ordem da Fénix. Até Luna e Neville pertenciam à ordem. E com muito orgulho.
Lutava durante estes anos todos contra o ódio de Voldemort e dos seus seguidores. Tentavam de uma forma rápida apaziguar o terror, mas era algo difícil. Tentavam capturar Voldemort, mas era algo impossível. Voldemort passou a ser um fumo, impossível de agarrar com as mãos. Não se deixava ver. Parecia estar em repouso e escondido à espera do dia certo para o regresso, como fez há vinte e dois anos atrás.
Mas Harry e a Ordem não desistiam. Um dia, Voldemort iria ser capturado, nem que custasse a morte do próprio Harry Potter.
O terror e escuridão iriam acabar.
Voldemort raptava e matava todos aqueles que se atreviam a atravessar no seu caminho. Tantos inocentes tinham já morrido nas suas mãos ou por sua ordem: os pais, o padrinho, Cedric, muggles, Dumbledore e mais recentemente Remus Lupin e Cho Chang e família.
Foi com enorme pesar que estas mortes foram recebidas. Principalmente pela morte de Lupin. Depois do desaparecimento de Tonks, Lupin ficara desnorteado. Procurava noites e noites pela sua mulher, mas em vão. Não dormia, não comia. E quando recebeu aquela carta decidiu partir para Godric's Hollow.
Sem esperar pela data marcada. Nem por ninguém.
E foi nessa viagem que encontrara Yaxley e Lucius Malfoy.
A luta fora terrível e Yaxley foi morto sem piedade por Lupin. Quando Harry, Hermione, Ron e outros aurors chegaram Lupin estava ajoelhado perto de Yaxley e a bater no corpo hirto.
- "Diz-me onde ela está! DIZ-ME ONDE ESTÁ A TONKS! ONDE ESTÁ A MINHA MULHER?"
Estava tão endoidecido de dor que nem reparara em Lucius Malfoy a levantar-se do chão e a apontar-lhe a varinha. Não houve tempo para nada. Não deu para desarmá-lo.
De um momento para o outro Lupin caiu sem vida no chão e Lucius desmaterializou-se, com um sorriso na cara.
Harry recordava esse dia com uma grande mágoa. Se ao menos Harry estivesse mais atento a Lucius a tragédia não teria acontecido.
E o mais triste é que Tonks não sabia de nada. E se soubesse? De certeza que teria sido avisada da maneira mais impiedosa e cruel de sempre.
E agora Harry e os amigos estavam ali. Sim, em Godric's Hollow, mas não no dia combinado por Bellatrix.
Mundungus rondara aquela zona, como se de uma ratazana perdida se tratasse e jurou que tinha vislumbrado Tonks a entrar naquela casa.
Apesar de ser tudo muito estranho tinham que investigar.
Harry retirou a sua varinha dentro do manto e fez um pequeno golpe na palma da sua mão. O sangue pingava delicadamente e Harry aproveitou e tocou na brecha que existia na porta.
A porta fez um leve estalido e escancarou-se demonstrando uma escuridão tremenda.
- "Tenham cuidado. Qualquer problema …gritem." – disse Harry olhando para os amigos.
- "Gritar? Isso é coisa de menina. Eu cá não grito, meu!"
Harry murmurou Lumos e apontou a varinha para Ron:
- "Por vezes consegues tirar-me do sério, Ron."
E em silêncio embrenharam-se mais naquela casa.
Com as varinhas a posto para qualquer surpresa desagradável subiram as escadas. Por serem tão velhas rangiam um pouco, mas mesmo assim todos tentavam não fazer muito barulho.
- "AAAAH!"
Harry desviou a sua varinha para o sítio de onde o som tinha provindo.
- "Quem gritou?"
- "Foi o Ron, quem poderia ser? Ficou com o pé preso num buraco que estava no degrau." – explicou Luna, ajudando Ron a desenvencilhar-se daquele obstáculo.
- "Eu não gritei. Aquilo foi uma exclamação…eu….eu estava..a…"- mas parara de falar depois de reparar nos olhares de desprezo de todos.
Quando chegaram ao cimo do andar repararam num enorme corredor com várias portas.
- "É melhor separarmo-nos. Ron, Luna e Hermione vão por ali. Eu, Ginny e o Neville vamos por aqui. Por favor, tenham cuidado."
Todos assentiram com a cabeça partindo para caminhos diferentes.
- "Vê onde colocas os pés, Ron."
- "Não te preocupes comigo, Mione. Não me aleijo."
- "Não é bem isso. Só não quero que faças barulho." – sussurrou Hermione, deixando Ron petrificado com tal frase.
Não estava preocupado com ele? Que conversa era aquela? Depois de todo o apoio que lhe deu? Depois de ter passado noites e noites no quarto dela a fazer-lhe companhia e a transmitir-lhe calma, amizade e amor, até que ela adormecesse.
Depois de quase ter tido a oportunidade de beija-la, não fosse a sua querida mãe resolver abrir a porta do quarto.
- "Balelas." – sussurrou por fim.
Luna mandou-os calar. Olhando para a escuridão fitava o vácuo à procura de um som que jurara ouvir.
- "Não ouviram? Um murmúrio?"- mas Luna calou-se de novo. Um sussurro agora audível por todos tinha surgido.
- "Vem dali. Daquele lado." – disse por fim, e foi de encontro a uma porta – "Vou abrir a porta. Estejam preparados para qualquer coisa. 1… 2… 3!"
E Luna abriu a porta, mas nada aconteceu.
Entraram numa sala iluminada por velhas tochas e no centro a porta do que parecia ser uma cela.
- "Quem está aí?" – perguntou Hermione.
- "Hermione? És tu? Saem DAQUI! O mais depressa possível. É UMA EMBOSCADA!"
- "Tonks? És mesmo tu?" – inquiriu Hermione deslocando-se até à porta da cela e espreitando por uma pequena grade. – "Oh, és mesmo tu. Nós tiramos-te daí. Ei… está aí alguém contigo?"
- "Sim. É a Lavender Brown. Ela foi capturada. Os pais morreram."
Hermione e Luna levaram as mãos à boca e Ron desviou o olhar da porta. Não acreditavam que havia mais desgraças.
- "Alohomora" – disse Ron e a porta da cela abriu-se.
- "Por favor, saem daqui. Isto é uma emboscada. Eu ouvi os devoradores da morte a falarem no corredor."
- "Nós não saímos daqui sem ti, Tonks. E sem ela, também." – e depois destas palavras, Ron pegou na ex-namorada inconsciente e levou-a nos braços para longe daquela cela fantasmagórica.
De repente gritos surgiram ao longe.
Saíram todos da sala e ao fundo vislumbraram feixes luminosos.
- "Harry!" – gritaram em simultâneo Hermione, Ron e Luna.
Tonks ficou para trás com Luna e Lavender e os restantes correram apavorados para junto dos outros amigos.
De repente um feixe vermelho surgiu do nada e Ron foi projectado para trás.
- "RON!"- Hermione ficou petrificada, não por feitiço, mas por medo.
O devorador da morte sorriu para Hermione e apontou-lhe a varinha.
- "Olha se não é a sangue de lama. Já algum tempo que não te via. Estás muito bonita agora, sabes? É pena o teu sangue ser imundo."
- "Doholov!" – disse Hermione e com um sorriso maldoso abaixa-se e lança-lhe um feitiço. Doholov é projectado pelos ares e aterra brutalmente no chão, perdendo os sentidos.
Ron encontrava-se ainda caído no chão. Hermione caminhou até ele e afastou-lhe os seus cabelos ruivos dos olhos. Este com o seu toque abriu os olhos.
- "Estás bem? Consegues levantar-te?"
- "Oh sim, Hermione. Agora estou muito melhor. Vamos. Eles precisam de ajuda.
E Ron tinha razão.
Quando chegaram junto de Neville, Ginny e Harry estes estavam a combater com um grande grupo de devoradores da morte. Aquilo tinha sido mesmo uma emboscada. Mas agora nada podiam fazer. Só saírem dali, o mais depressa possível.
Hermione e Ron juntaram-se aos amigos e começaram a lutar também.
- "Encontraram a Tonks? Stupefy! " – perguntou Harry, ao mesmo tempo que um devorador da morte era projectado contra a parede.
- "Sim… está com a Luna e com a Lavender."
- "A Lavender?" – perguntou Ginny, sendo atingida por um feitiço no braço e caindo no chão.
- "GINNY!"- gritaram todos em uníssono. Harry que estava mais perto de Ginny, ajoelhou-se perante a sua amada e examinou-a. Esta estava consciente, mas sangrava imensamente do braço.
- "Deve ter sido aquele estúpido feitiço do Snape. O feitiço Sectumsempra. Mas eu estou bem, a sério Harry."
Harry ajudou-a a levantar-se, mas subitamente viu o perigo onde todos estavam metidos. Tinha que sair dali o mais depressa possível. Se queriam viver por mais alguns anos tinham que sair dali. Mas como? Não dava para se desmaterializarem dentro daquela casa. Já tinha tentado. Um feitiço parecido com o de Hogwarts bloqueava a ideia mais rápida de escaparem.
Ron, Hermione e Neville continuavam a combater, protegendo Ginny e Harry que se encontravam atrás. Mas todos sentiam o pânico a dominar os seus corpos.
Como iriam escapar vivos dali? Como?
Hermione estava frente a frente com Lucius Malfoy. Este ria-se desalmadamente sentindo o pânico de todos. Sentindo que todos da Ordem da Fénix e consequentemente aurors sabiam que não tinham como escapar.
Hermione projectou Lucius Malfoy para trás e foi nesse preciso momento que viu.
Viu que a resistência daquela casa era fraca. Que aquele tecto poderia muito bem desabar a qualquer momento. Que podia fazer-se desabar. Era um risco muito grande, mas a única salvação de toda a Ordem.
Olhou para Harry e inclinando-se para ele, sussurrou:
- "Harry, vou fazer o tecto desabar. É a nossa única hipótese. Com a confusão podemos sair. Fora desta casa já podemos nos desmaterializa, algo impossível aqui dentro. Eles não estavam a brincar. Esta casa está muito bem protegida."
- "Mas Hermione, nós podemos ficar aqui presos. Podemos levar também com isto tudo em cima." – dizia Harry, mandando um devorador da morte pelos ares –"Mas talvez seja a nossa única salvação."
- "Quando eu disser, corram para junto das escadas, peguem na Tonks e na Lavender e saem daqui. Eu vou logo de seguida, ok?"
Ron que se desviara de um feitiço de Bellatrix, olhava incrédulo com a ideia de Hermione.
- "É perigoso. Sabes isso, não sabes?"
- "Sei Ron. Sei. Mas é a nossa única hipótese. Tenho que tentar." – e após dizer isso Hermione olhou mais uma vez para Harry e apontou a varinha para o tecto. Lucius Malfoy tinha voltado a levantar-se e estava pronto para recomeçar o duelo a fim de capturar Harry Potter e levá-lo à presença de Voldemort. – "AGORA! CORRAM."
- "APANHEM-NOS. ELES QUEREM FUGIR DAQUI." – gritou Lucius, olhando para Hermione e admirado desta não ter começado também a correr. – "O que vais fazer Sangue de Lama? Vais enfrentar-me sozinha? Só para salvar a pele do teu amigo Potter?"
- "Vou fazer um bem para a humanidade. E espero que morras. Mas lentamente, sabes? Para tu veres o que é sofrer. Tu mereces toda a dor. Tu mataste o Lupin! CONFRINGO!"
O sorriso de Lucius e de todos os devoradores da morte que se encontravam à sua retaguarda desvaneceram-se à medida que o tecto abatia-se sobre eles. Hermione correu pelo corredor fora enquanto a casa estremecia e o tecto caia sobre todos. Não havia sinais dos devoradores da morte. Ela tinha conseguido. Mas agora concentrava-se numa maneira de sair dali.
No fundo do corredor avistara as tochas que iluminava a escada que dava para a saída daquela casa infernal.
Estava quase a chegar lá.
Só faltava correr mais um pouco.
Mais um pouco.
Hermione ouvia gritos atrás de si, ouvia o tecto a cair, ouvia destroços. Ao mesmo tempo que corria fazia curvas e curvas para se afastar de telhas e de madeiras que caiam.
E quando finalmente chegou às escadas um enorme destroço caiu e Hermione desviou-se para a parede.
E foi aí que viu. Viu um feixe de luz azul surgir do nada e atingir-lhe com toda a sua força no seu peito.
Sentiu-se fraca. Sentiu-se a desfalecer. Sentiu uma dor enorme em todo o seu corpo. A poeira e a escuridão não deixavam ver a pessoa que tinha enviado o feitiço, mas o que ouviu fez o seu coração parar por momentos.
- "É aquela sangue de lama reles. Nem acredito que esteja na mesma casa que ela."
- "Meu senhor… quer que a mate? Posso fazer isso com todo o prazer. Foi ela que provocou esta balbúrdia toda. Foi ela que fez com que o Potter fugisse."
Hermione olhou para a silhueta de Voldemort. Nunca tinha estado tão perto dele como agora. Era alto, careca e o seu nariz era apenas fendas. Parecia uma cobra. Lucius Malfoy encontrava-se ao seu lado. Tinha escapado apenas com alguns arranhões e uma cabeça partida.
- "Não a mates. Penso que ainda iremos lucrar muito com ela. Onde está o teu filho?"
- "Estou aqui, meu amo."
Draco Malfoy surgiu do nada e trajava um enorme manto negro. Estava mais alto, mais pálido que o costume e com o cabelo maior. Mas algo continuava igual. Algo que recordava a Hermione os tempos de Hogwarts: os seus olhos cinzas cheios de ambição, ódio, vaidade e solidão.
- "Esta é a melhor amiga do Potter, não é? Ele adora-a?"
Draco olhou para Hermione com desdém como se ela fosse algo nojento e reles. Depois de sorrir olhou para Voldemort e disse:
- "Sim, meu senhor. O Potter adora-a como se de uma irmã tratasse. Já o nojento do Weasley tem outro sentimento por ela. Desde os tempos da escola que ele sente-se atraído..por…essa coisa. Essa sangue de lama."
Lucius e Voldemort riram-se desalmadamente como se Draco tivesse acabado de contar uma piada hilariante sobre feiticeiros.
Hermione abaixou a sua cabeça. Não pelos insultos de Draco, mas pela gargalhada gelada e assustadora que Voldemort emitia.
E o que Hermione mais temia concretizou-se num abrir e fechar de olhos.
Voldemort sibilou um feitiço e Hermione ficou estática como se de uma estátua em plena praça se tratasse.
Seguidamente foi arrastada por Draco pelo que restava daquele corredor infernal e percebeu.
Percebeu que Voldemort tinha regressado.
E percebeu também que o terror e a desgraça tinham igualmente voltado. E que infelizmente Voldemort tinha agora um trunfo para apanhar Harry Potter.
Agora sentia que tinha que fazer algo. Encontrar uma maneira de escapar, de avisar Harry para não a socorrer. Mas também sentia-se petrificada, o que a impedia de escapar das mãos de Voldemort.
Este por sua vez acenou a Draco e este pegou em Hermione ao colo.
- "Que nojo. Nunca pensei ter esta coisa nos meus braços. Meu senhor, não podemos leva-la de uma maneira mais fácil? Por exemplo através de um feitiço de levitação?"
Voldemort parou de caminhar e num ápice dirigiu o seu olhar frio para Draco.
- "Draco Malfoy, achas-te inteligente?"
Draco não entendera o porquê da pergunta. Olhou para o pai, mas este apenas transmitia inquietação.
- Penso que tenho a inteligência necessária para o seguir, meu senhor. E para ser seu escravo."
Lord Voldemort exibiu um pequeno sorriso ou algo parecido com um sorriso.
- "Uma resposta sensata, caro Draco Malfoy. Mas penso que o senhor acha que seja mais inteligente que o próprio Lord Voldemort."
- "Não meu senhor. Não."
- "Então faz como o teu querido e insuportável pai e não levantes perguntas desnecessárias e estúpidas. O que os parvos dos muggles vão pensar quando virem um corpo hirto a sobrevoar o chão? Não pensaste nisso?" – Draco abanou a cabeça –"Pois não… claro que não. Mas pensei eu. Por isso não faças perguntas estúpidas e age como o pedido. Evidentemente que eu não me importava de matar os muggles que se atrevessem a meter-se nos meus assuntos, mas prefiro não dar nas vistas. Agora vamos.. não aguento muito mais este tecto. O feitiço está a enfraquecer-me."
E depois destas palavras caminharam para fora daquela casa infernal e Hermione acabou por ficar inconsciente.
O vento gélido passava ferozmente pelo seu cabelo. Se estivesse as mãos desocupadas tinha com certeza puxado o seu capuz. Por causa do frio que tinha no rosto e também pela vergonha.
E se alguém o visse com aquela miúda nos braços? E porque tinha que ser logo ele a leva-la? Porque não Lucius Malfoy? Ou Avery?
Tentava não pensar muito nesse assunto. Tinha receio. Receio que Voldemort estivesse a tentar entrar na sua mente. Desde o primeiro dia que Draco entrara para o lado de Voldemort que este último não transmitia confiança. O pai dizia que Voldemort levava tempo a confiar numa pessoa e que esperava sempre por um acontecimento que o fizesse mudar de ideias. Que demonstrasse que aquela pessoa era digna de confiança. Mas Draco ainda não tinha feito nada de extraordinário. E o pai estava desapontado com ele.
Até àquele momento tinha feito tudo o que o seu senhor tinha pedido, mas mesmo assim não demonstrava confiança. Mesmo assim arranjava maneira de implicar e de dizer a Lucius que o seu filho era um ovo podre. Uma desgraça para os de sangue puro. E Draco estava um pouco farto. Em toda a sua vida tinha mandado nos outros. Tinha rebaixado todos os outros que ele sabia que eram inferiores. Todos excepto o pai. E agora sentia-se rebaixado por Lord Voldemort e por quase todos os seus companheiros devoradores da morte. E sim, estava farto e revoltado com tudo aquilo.
Voltou ao presente. Tinha se afastado mentalmente, coisa que acontecia muitas vezes. Olhou em frente e percebeu que ainda estava a seguir o seu pai, Lord Voldemort e alguns devoradores da morte sobreviventes.
Olhou para os seus braços e para o corpo que fazia peso neles. Por incrível que pareça, sentia-se quente. E já há muito que não se sentia assim. Aquela miúda estava a aquece-lo suavemente e Draco até gostou desse pequeno detalhe. Mas o que estava ele a pensar? Aquela era Hermione Granger. Uma sangue de lama estúpida e auror.
Desviou os olhos para o rosto dela. Estava todo ferido, assim como todo o seu corpo. Tinha as roupas rasgadas. Estava uma lástima. Muito mais que o normal. Sentia que ela estava fraca e que tinha desmaiado. Apesar de Voldemort a ter enfeitiçado com algo que a fez petrificar, Draco sabia que por curtos momentos ela esteve atenta ao que se passava, mas depois acabou por desmaiar.
Draco pegou com mais força no corpo de Hermione ciente que esta ainda iria passar por muita mágoa e sofrimento.
