O Destino de Padmé

Capítulo 1: Os Anos Perdidos – parte 1

Ele foi conhecido como Senador Palpatine, um nome agora esquecido; os cavaleiros jedis, todos extintos, felizmente, descobriram tarde demais sua verdadeira identidade: Darth Sidious, lorde Sith.

De certa forma, a ironia habitava na descoberta; Anakin Skywalker revelara sua identidade apenas para desencadear uma espiral de traições e mortes. Para os Cavaleiros Jedis, ele traíra a si mesmo, para o Imperador, ele trilhava o seu verdadeiro caminho. O espelho se partira e o reflexo do talentoso jedi era o do lord negro dos Sith, Darth Vader.

Palpatine lançou um olhar desprezível para o seu aprendiz; Vader tornara-se escravo da escuridão, e pertencia a ele, assim como seu incrível poder.Há muito, ele ansiava pela luta que se desenhava perante seus olhos: Darth Vader enfrentava o jovem cavaleiro jedi Luke Skywalker, pai e filho em uma luta pela sua vontade: O último lance da sua vingança iniciada anos atrás teria sua conclusão.

No passado, Anakin dera seu primeiro passo para o lado negro da força, e apesar do Imperador a cada missão ter buscado extirpar os ensinamentos dos jedis e torná-lo seu, o conflito eterno se debatia no seu aprendiz, fagulhas da severa criação de Obi-Wan, surgia e por vezes Vader hesitava, vê-lo hesitar e depois seguir suas ordens tornou-se um cálice saboroso, mais uma vez ele ganhava. Yoda perdia, os odiosos jedis perdiam.

O Imperador revia seu início sem perder nenhum detalhe da luta, sua instigação fazia Vader lutar ainda melhor. Admitia que Vader era um dos melhores espadachins que encontrara, inferior apenas a Yoda, contudo esse problema cabia ao tolo verde que não usava mão de todos os poderes que possuía. Um sorriso sarcástico surgiu no rosto deformado por Mace Windu; Yoda também fazia parte da contagem de mortos e feridos. Uma pena, entristeceu-se Palpatine, ele mesmo não pudera matar aquela criatura repugnante que se sentava como grão-mestre na Ordem Jedi.

As espadas se cruzaram e o brilho delas iluminou seu rosto. Ele tinha de considerar: o garoto era bom. Contudo, inferior ao pai e a Obi-Wan.

Obi-Wan... ele amaldiçoava este nome, exalou a respiração pesarosa, envenenando o ar. Sua mente e seu corpo continham o veneno da imortalidade concedida através do assassínio de várias civilizações; com rancor, o nome surgiu mais uma vez: Obi-wan. Ele odiava aquele cavaleiro, até mais do que a Yoda, pois sabia que apesar de tudo, as palavras de Obi Wan estavam em Vader. E lutavam dentro dele para vencer. Uma batalha inglória, pois seu aprendiz, odiava ao antigo mestre, com o despeito de um adolescente orgulhoso e ferido.

O lord Sith sabia que seu cada vez que Vader lutava seu inimigo era sempre Obi-Wan.A arrogância, característica marcante em Anakin, e força cerne em Vader nunca se perdoara ou perdoara a Obi-Wan, por tê-lo vencido, quando sua força negra despertara descontrolada. O poder daquele momento ainda estava vivo em Vader, contudo Obi-Wan vencera, para o espanto de seu orgulho e vaidade, nem mesmo a morte do envelhecido Obi-wan atenuara essa vitória.

Ele venceu o velho Obi-Wan, esclareceu a mente diábolica, era ao jovem mestre que ele queria humilhar. E ali estava o novo discípulo de Obi-Wan, o último discípulo, o filho de Anakin, Luke Skywalker.

Palpatine fizera da política sua vida, astuto, ele vencera muito mais batalhas com seu talento para intrigas do que com seu sabre, conhecia seus oponentes, e acertamente assimilava suas fraquezas e sua força, no entanto ele subestimara Obi-Wan, crédulo de sua vitória ao ver Anakin ao seu lado, a Força o cegara, e ele não vira àquela verdade: o filho de Padmé estava vivo. O Imperador achara graça na compaixão de Obi-Wan em deixar Anakin vivo, sua mente percebera anos depois o ardil tecido pelo mestre Kenobi, ele se ocupara de salvar Padmé.

O garoto trazia lembranças, confessou o Imperador. Ele pode ver o rosto daquela que os anos transformara em simples névoa, sua opositora mais forte, sua morte até o presente era sua aliada...Padmé.

A menina rainha, a tola de seu planeta natal, ela fora tão útil, a jovem Senadora e finalmente a esposa de Anakin, que o Imperador tecera uma homenagem cruel a antiga rainha de Naboo, o planeta ainda existia, sob as algemas da escravidão o pacífico planeta pagava impostos a Coruscant – Sede do Império e funcionava como colônia turística para seus generais, apenas os Gugans reagiram e a família de Padmé, contudo todos estavam mortos. A boca sarcástica riu-se mais uma vez,ao relembrar os corpos ensanguentados da família de Padmé, eles haviam lutado até o fim. Vader terminara o trabalho. Todos mortos.Exceto o ridículo Jar Jar Binks, este desaparecera de seus contatos. Por que ele haveria de se importar com aquela criatura aparvalhada?

Naboo – seu trunfo. E sempre que Vader hesitava. Sim, ele sentia Vader hesitar, sabiamente o Imperador o enviava para Naboo, aquele paraíso de lembranças. O recanto de Naboo torturava Vader, ele o culpado da morte de sua amada esposa, o maior trunfo do Imperador, de todas as mortes, ele sabia que Vader sangrava por ela. Não havia volta para ele. Não depois dela. Nunca mais depois de Padmé. No final, a tola ainda lhe era muito útil.

Vader procurava pelo rapaz escondido protegido pela escuridão, os passos de Darth Vader corriam lentos, e a respiração mais suave do que o habitual, estaria ele hesitando, perguntou-se Palpatine.

--- não, Obi-Wan e Padmé perderam a luta no passado, o filho de Skywalker não teria a força necessária para vencê-lo, quando Luke vencesse Vader, entregando-se ao lado negro, a vingança do Sith estaria completa. E os anos perdidos, os anos que Obi-Wan estivera ao lado de Luke seriam a sua glória completa, pois Obi-Wan teria sido vencido. Duas vezes.

Tatooine, 20 anos antes

Rústico, distante da civilização e controlado pelos Hutt, gangsters nojentos e imorais. Tatooine, na opinião de Obi-Wan Kenobi, possuía apenas uma beleza: os dois sóis. A força dos sóis gêmeos alimentava a terra deserta, oferecendo um brilho especial, nada deslumbrante como Naboo ou Alderaan, os planetas pacíficos, ou a sofisticada capital da república Coruscant, no entanto os raios dos sóis daquela terra distante ocultava a Força, seu antigo aprendiz, não o encontraria, nem ao filho que ele desconhecia a existência, Luke.

Ele entrou na propriedade adquirida, a natureza espartana de seu treinamento satisfez-se com a casa simples. Seus olhos piscaram, e ele sentiu os seus joelhos fraquejarem; não havia nada de errado com a casa, mas o cansaço e as horas estavam contra Obi-Wan, os fatos eram recentes, mas tudo já era passado. Um doloroso passado. Fazia apenas quarenta e horas horas.Obi-Wan teria o que precisava, silêncio, seu aliado e sua punição.

Pois em seu silêncio não havia paz. Apenas vozes, vozes alegando seu fracasso, responsabilizando-o pelo cruel destino dos jedi. Pelo destino de Anakin, Ani... um dia ele fora Ani... E ele temia o que Anakin se tornaria, fechou os olhos teimando com os sons dominantes em sua mente.

Não, eu não quero ouvir – Obi-Wan replicou em um pedido tolo, no tribunal da sua consciência, ele não teria paz até aprender. Aprender onde errara.

---Eu amava você – Obi-Wan berrou cheio de dor, ao ver Anakin mutilado pelo seu sabre.

---Eu odeio você – respondeu Anakin, mesmo se ele não falasse o seu olhar diria essas palavras, e Obi-Wan foi atingido pelo ódio no olhar de seu aprendiz.

Obi-wan pode ver a si mesmo parado, ferido e indeciso, ele deveria matar Anakin, mas ele não podia. Ele não podia. Por que ele insistira naquela luta? Por que para Anakin era tão importante ser o melhor, vencer sempre... por quê?

Sentiu a Força fluir, salvando-o de sua estupefação diante de tanto ódio. A Força agiu sobre ele, com apenas um pedido.

Salve Padmé.

Padmé.

Padmé. Obi-Wan largou-se no sofá, e apoiou o rosto com as mãos, ele falhara com ela.

---Eu posso sentir, Obi-Wan, ainda há bondade nele.- ela contemporizou, após ver os filhos, mas suas palavras ainda eram sobre Anakin.

---Resista, Padmé. Você tem filhos gêmeos – e ele estava desesperado de novo, ele podia tocar na tristeza dela, podia tocar na dor que tomava conta de Padmé. Ela não podia trair a nenhum dos dois. Nem o amor a Anakin, nem a democracia. A lealdade dela partira seu espírito. Ela se entregara a morte para não trair.

A culpa era dele. Sim, dele. Ela confiara nele.

Perdoe-me, Padmé – implorou para o silêncio, chorando, ele sabia da união do casal, ele esperou que Anakin confiasse nele. E aproximara-se de Padmé, buscando a confiança do casal, quantas vezes leu nos olhos da Senadora de Naboo, o desejo de contar a verdade e ambos permaneceram esperando, esperando... Esperando Anakin...

---Você me traiu, você trouxe Obi-Wan.

---Não. Eu só quero o seu amor.– Padmé recusava o poder e oferecia o perdão, ela poderia perdoar as mortes dos jedi, as crianças se ele voltasse atrás, se ele voltasse a ser Anakin..

---Então você não me ama...- Obi-Wan viu a perversidade dominar os olhos do aprendiz, e sua mãos se moverem habilidosas e distantes, ele estava estrangulando-a usando a Força, a Força Negra.

Obi-Wan ficou assombrado, não podia imaginar, o poder da Força Negra estava envenenando seu aprendiz. Distorcendo, mas ele aceitava, sem questionar, julgando a única que oferecia perdão pelos seus atos. A visão de Padmé aterrorizou o mestre jedi, Obi-Wan utilizou o máximo controle para refrear o ódio que o invadiu naquele instante. Como Anakin podia ataca-la daquela forma. Ele a amava.Desde de menino o elo entre Anakin e Padmé eram fortes.

Menino...

Corpos de crianças no templo Jedi, o cheiro da morte.Crianças sem defesa e proteção. Ele soube ao entrar, que havia a responsabilidade pertencia a Anakin, ou ele estaria lá defendendo as crianças, e a mensagem atraiando outros jedi. A Força era poderosa nele, e ele havia distorcido. Mas só agora ele, Mestre Obi-Wan Kenobi entendeu a mudança, ao vê-la caida, grávida, ele mataria o próprio filho, cego pelo poder. Ele não era mais um Jedi.

Sith, ele era um sith, agora, Anakin estava morto. Ele soube, finalmente Obi-Wan admitiu. Seu aprendiz estava morto.

A questão era poderia ele derrotá-lo, teria a força de matar a quem criara como seu irmão. O protegido de Qui-Gon Jin? .

Obi-Wan liberou as lágrimas, não havia razões para se esconder, ninguém estava por perto. Não havia mais ninguém. O choro convulsivo foi liberto, o choro sentido por tantas mortes. E pelas mortes daqueles que viriam. Ele sabia que viriam.

Dor e desespero...

Obi-Wan sentiu as lágrimas rolarem e ouviu em sua própria voz o sofrimento,assim, ele percebeu o quanto havia se enganado, Obi-Wan percebeu que nunca mais iria parar de chorar. Ele falhara com todos eles, com Qui-Gon, com Anakin, e com Padmé.

Na mente de Obi-Wan, Darth Sidious poderia ter levado seu aprendiz para força negra, mas a responsabilidade ainda era dele. Ele fora rigoroso demais, e na hora errada fechara os olhos. Ele falhara.

As lágrimas brilhavam em seus olhos. E foi quando ele sentiu... aquela sensação de bem-estar sem qualquer motivo. E virou-se, sentindo-se subitamente acompanhado.

Qui-Gon?

O antigo mestre estava lá, olhando-o cheio de compaixão. E boa vontade.

Chore, meu padawan, descanse, ainda não acabou. Nós podemos trazê-lo de volta. Descanse.

Obi-Wan fechou os olhos. Descansar, ele não lembrava da última vez que dormira. Contudo ao som das palavras de seu antigo mestre, ele se sentiu protegido, podia ser uma sensação pueril, mas ele precisava dela.

Descansar. O tempo necessário. Ele o traria de volta. Mas existiria volta para eles?

Enfim adormeceu, e as palavras de Padmé retornou a sua mente:

"---Eu posso sentir, Obi-Wan, ainda há bondade nele."

O garoto entrou em disparada, sem direção, apenas fugindo do castigo do tio, reviu o embaraço de Biggs e Caitlin quando o tio o repreendera; Owen Lars dissera a todos os seus amigos que ele mentira, mas ele sabia que era verdade. Ele só não podia provar.

Eu não estou mentindo. – As emoções dominavam o garoto, entre a vergonha e a curiosidade viu-se na casa do eremita. --- Pronto, eu consegui, Luke reclamou de si mesmo, sua fuga o levara para um esconderijo ainda pior. – O tio ficaria furioso se soubesse onde ele estava.

Luke viu o eremita sério, tomando chá, atentou a visão do eremita servindo mais uma xícara, sem dizer uma palavra, sobre a sua presença a casa, o eremita acenou, convidando-o a se aproximar.

O garoto piscou, bem ele já estava ali mesmo que diferença faria. O eremita sorriu, parecia saber o que estava em sua mente. Luke puxou a cadeira, e sentou-se, viu o eremita empurrar o açúcar, e enquanto temperava a bebida, observou discretamente o homem a sua frente. Ele devia ter a mesma idade de seu tio, contudo seus olhos pareciam de alguém mais velho, e acreditou o garoto, mais sábio.

As recomendaçõe do tio sobre o homem que vivia isolado voltou a sua mente, os pais de seus amigos diziam que ele era louco por viver sozinho. E incivilizado.

A impressão de Luke, mais uma vez se opunha a de seus conhecidos. E ele teve aquela sensação estranha: o eremita sabia mais da sua vida, do que ele mesmo.

Obrigado – disse Luke, encabulado.- Eu invadi sua propriedade, peço desculpas.

Obi-Wan apenas olhou o garoto.

Não há problema, Luke, minha porta está aberta para você. – a voz do eremita era forte e gentil, Luke automaticamente simpatizou com ele, e não estranhou o fato do eremita saber seu nome. A cidade de fazendeiros dependia da ligação entre vizinhos, mesmo os isolados como Kenobi.

O garoto sorriu com a atenção de Ben.

"Não faça comparações, Obi-wan,Limpe a sua mente das recordações dolorosas,não assuste o garoto" aconselhou a si mesmo.

Por que você vive sozinho?

Obi-Wan tinha se esquecido daquela característica infantil, perguntas diretas e inteligentes, raras vezes os adultos fazem perguntas boas como as crianças.

Eu fiz votos a uma ordem,e apesar da Ordem, não mais existir. Não posso ou desejo quebrar o meu voto. A Ordem ainda existe aqui. – ajuntou Obi-Wan apontando primeiro para sua cabeça e depois para seu coração.

Eu entendo- replicou o garoto contendo a curiosidade pelo nome da tal Ordem, colocando sorriso nos lábios de Kenobi – Você sente que é real.

Tem algo em mente, Luke?

Eu sei que o meu pai não trabalhava em cargueiros. Ele era piloto, mas ...

Mas...

Eu não quero feri-los, mas às vezes quando tio Owen olha para mim, tenho a impressão que ele está vendo outra pessoa. Um fantasma. – Luke revelou assustado com sua ousadia, ninguém sabia daquela sensação, nem um de seus amigos: Wedge ou Biggs, e ele estava revelando a um eremita, cujo a única coisa que sabia era o nome.

Luke olhou nos olhos de Kenobi, buscando uma repreensão, contudo eles estavam cercados de afeto e respeito. Seu tio estava certo, ele era estranho, mas assim como Luke sabia que seu pai tinha sido um piloto, ele sentia que podia confiar em Kenobi.

E sua tia ? - questionou o eremita.

Ela é diferente. Ela vê apenas a mim. - Luke sorriu docemente.

Kenobi reviu o rosto da jovem Beru, ele sabia das tentativas do casal em terem filhos, e chegou a se preocupar com a amargura natural que poderia nascer na jovem esposa de Owen; Kenobi agradeceu, mentalmente a escolha de Yoda para Luke; o amor de Beru pelo sobrinho era natural e sem rancores.

E você gosta de morar com seus tios? – perguntou o Mestre Jedi, sabendo do perigo de pergunta, mas ele precisava saber, comentera erros demais com Anakin, deveria tê-lo deixado junto a mãe, Shimi.

O garoto pareceu escolher as palavras com cuidado: - Sim, eu os respeito e amo, eu só não gosto deste planeta.

"Eu também não, Luke, mas em Tatooine, você está protegido, até estar pronto, Luke, este é o melhor lugar para nós." – refletiu Obi-Wan, mas Luke tinha apenas sete anos, estaria ele algum dia preparado para sua história? Qui-Gon dizia que sim, contudo todos esses anos acompanhara o garoto a distância, e pela primeira vez o destino colocará Luke a sua frente. Se a Anakin ele amara como um irmão, o garoto conquistara o seu afeto com rapidez impressionante. Rápido e vivaz como o pai, a Força já se manifestava nele, contudo ele a desenvolvia de forma menos pretensiosa do que Anakin, podia até mesmo entender a intenção de Owen em super proteger o garoto da verdade. No entanto, ele sabia, no momento adequado, a verdade se revelaria. E cabia a eles preparar o espírito de Luke, torna-lo forte para a verdade.

Obi-Wan guardou silêncio de seus pensamentos,eles tinham muito tempo ainda.

Sempre que quiser poderá falar comigo,Luke. – disse finalmente, ao ler a interrogação no olhar do garoto.

Eu voltarei, Ben Kenobi. – Luke sorriu satisfeito, os olhos azuis piscando, ele conseguiu até mesmo esquecer o motivo daquele encontro, Luke sabia apenas que fizera um novo amigo.

Um amigo muito especial.

Próximo Capítulo - Apresentando Lord Vader

Lady Éowyn