Disclaimer : Naruto e seus personagens não me pertencem. Também,eu nem queria mesmo.

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Sazonal

Cap.1

Esporádico

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Sazonal: refere-se a um evento que acontece em um determinado período de tempo (estação de ano), sem prazo definido para voltar a acontecer e geralmente curto em relação ao todo.

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Hinata não tinha dúvidas do mais profundo amor que sentia por Naruto. Aquela certeza sempre a envolveu, sempre a acalmou nos momentos de desespero, sempre a fez paciente para esperar pelo homem que ela julgava ser o grande amor da sua vida, o único que seria capaz de fazê-la feliz.

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O profundo amor que Hinata sentia por Naruto parecia inquestionável. No entanto, para a sua surpresa, por um momento da sua vida, Hinata amou outro homem. Amou profundamente. E por apenas um relance, no intervalo rápido de uma troca de olhar, ela achou que amava aquele rapaz mais do que a qualquer um. E pensou em largar tudo por ele. Mas não largou.

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E lá estava ela agora. Infeliz? Não, de forma alguma. Se havia uma representação perfeita para a felicidade era Hinata. Ela tinha tudo que sonhou pra si desde pequena. Vivia o que tinha imaginado, e não poderia pedir mais nada. Era um dia agradável de verão, e uma brisa quente balançava as árvores, ora com força, ora lentamente. Um pouco entediada, Hinata resolveu sair para tomar um ar e se movimentar um pouco. Caminhou até a varanda que dava acesso a um belo jardim tipicamente japonês. Equilibrou-se para sentar na pequena escadaria, segurando com cuidado o vestido para que esse não levantasse com o vento. Desajeitada e pouco acostumada com o estado especial que estava, ela bateu com força as costas em um dos degraus da escada, e apesar da dor, não pode deixar de rir de si mesma.

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Uma vez acomodada, olhou o jardim ao redor. Percebeu que ele estava mal cuidado, olhou que o bonsai precisava ser tosado, as folhas e galhos no chão clamavam por uma vassoura. Suspirou, mas se deixou sorriu novamente, de repente a ideia de ter um jardim não parecia tão boa assim. Mas, vida que segue, nada naquele momento poderia tirar a sua alegria. Ela fechou os olhos relaxada, pensando em aproveitar o máximo da brisa quentinha que soprava agora com mais força. Foi quando aconteceu, quando ela sentiu.

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Sentir aquela presença fez um arrepio correr a sua espinha como um choque, a forçando a abrir os olhos imediatamente. Seus olhos claros vasculharam o grande jardim com urgência, até localiza-lo. Seu coração deu um solavanco dentro do peito. Havia um homem parado no meio dos arbustos, encostado em uma das árvores. Ainda que ela não pudesse ter certeza, sabia que ele a encavara, assim como ela também não conseguia desviar seu olhar dele. Hinata levantou-se apressada, porém uma vez em pé, não conseguiu sair do lugar. Esperou pela aproximação dele;

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O homem se aproximou a passos lentos, seu olhar voltado para um ponto fixo do corpo dela.

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- Sasuke...

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Aquele dia de verão não foi a primeira vez que Sasuke aparecia do nada na vida dela. Existiram muitas outras, e aconteciam sempre dessa forma, totalmente aleatórias. E a cada vez que ele surgia, levava embora com ele um pouco da certeza que Hinata tinha em suas convicções, que ela moldou com tanto carinho durante tanto tempo. A situação não era muito diferente para Sasuke. Ele nunca conseguia realmente partir da vida dela. Alguma coisa o prendia a Hinata como nunca o tinha prendido a ninguém.

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Incomodava aos dois o porquê daquela história toda ter começado, provavelmente devia ser uma dúvida constante quando eles refletiam sobre o assunto. Sempre que eles se reencontravam, a memória de como tudo começou ressurgiam, vivas e coloridas, despertando a vontade de ter respostas para uma situação tão incomum e difícil. Mas porque eles? Que mal se falavam...

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Tarde da noite. Hinata não tinha certeza exatamente da hora, mas tinha sabia ser tarde o suficiente para que ruas estivessem desertas, a maioria das casas com as luzes apagadas, e o caminho completamente livre. Era justamente por isso que ela escolhia esse horário para sair e treinar. Tarde da noite não teria ninguém que, por algum acaso, teria o desprazer de ver todas as fraquezas dela em ação. Ela estava tentando recuperar a pouca auto estima que ainda tinha, e não precisava de ninguém para critica-la. Já bastava todas as criticas que ela recebia de graça só por ser ela mesma.

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Assim, Hinata voltava pelas ruas escuras de mais uma noite de treino pesado. Sozinha, ela pensava em coisas habituais, completamente distraída. Ao dobrar uma esquina um vulto rápido e fugaz passou por ela, há alguns poucos metros de distancia, pulando do chão para um telhado. Ela se assustou, e no susto jogou o corpo pra trás, caindo no chão, mas ativando imediatamente o seu byakugan.

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O que viu a deixou mais desconsertada do que o susto inicial. Sabia quem estava ali e era a pessoa mais improvável de estar. Sasuke tinha deixado a vila há mais de seis meses. Levantou-se do tombo e deu alguns passos pra frente, atenta. Não sabia quais eram as intenções do garoto, nem se ele estava sozinho.

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Escondido numa árvore como um coruja, Sasuke não conseguia acreditar na sua burrice. Estava tão absorto nos seus pensamentos que não reparou que alguém vinha. Apesar de ter ficado quieto no seu esconderijo, sabia que era em vão. Tinha sido visto. Com os olhos bem treinados ele facilmente conseguiu identificar quem era a pessoa, era uma garota, que poucos segundos depois ele percebeu ser Hyuuga Hinata. Sentiu que a sorte não tinha o abandonado como um todo. Hinata era fraquinha demais, fácil de apagar, fácil de amedrontar. Pelo menos era o que ele achava.

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- E...e.. – ela gaguejou. – eu sei que você esta aí.

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Ainda empoleirado, Sasuke não acreditou que ela estava o enfrentando. Do pouco que conhecia a garota, não entendia porque ela estava querendo arrumar confusão. Só lhe restava sair da toca. Pousou com graça, se posicionando há poucos metros da menina que permaneceu imóvel, apesar de estar claramente assustada.

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- Você vai me delatar Hyuuga? - disse, num tom ameaçador.

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- Na... não. - ela confirmou. Não tinha sido uma resposta falsa, com medo de uma possível retaliação dele. Ela não pretendia de maneira nenhuma contar que ele estava ali. Se ela contasse, ele provavelmente nunca voltaria e ela não podia ser a responsável por isso. – eu não vou.

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Sasuke desconfiou. Se aproximou dela.

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- Porque não? Sabe quem eu sou,não?

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Ela confirmou com a cabeça.

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- Se você esta aqui deve ter algum motivo...

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- E se for pra invadir a vila?

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O olhar deles se cruzaram pela primeira vez na vida. Eles tinham estudado juntos mas nunca tinham se olhado. Hinata queria poder usar seu byakugan pra extrair a verdade dele. Ainda que não conseguisse, sabia que ele estava mentindo. Desativou os olhos tentando parecer mais confiável.

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- Eu ...eu não acredito que seja isso.

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- E não é. Pouco me importa esse lugar.

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- Então ...o que você está fazendo aqui?

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Sasuke não soube responder. Nunca poderia responder nem pra ele mesmo que estava com saudade. Que queria ver os amigos, que as vezes fraquejava nas suas convicções de vingança, que pensava haver outro modo de se vingar de Itachi. Nunca falaria isso. Ainda mais pra quem... Hinata não significava nada pra ele.

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- Nada.

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Hinata não tinha intimidade alguma com ele, não se sentia a vontade de dizer o que queria, mas ela tinha uma oportunidade que mais ninguém teve de trazer Sasuke de volta, num momento que estava claro que ele queria voltar .Sentiu-se na obrigação de dizer alguma coisa. Tinha que se forçar a isso.

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- Sasuke-san... se você decidir voltar, vai ser aceito novamente com certeza... Sakura e Naruto ...eles ficariam tão felizes.

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- Eu não quero voltar . – ele retrucou, com uma expressão mortal. – como vou saber que não vai sair daqui e contar pra alguém?

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- Vou direto pra casa.

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- Isso não prova nada.

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- Dou a minha palavra.

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Ele lançou um sorriso debochado demais,beirando o cruel. Na penumbra onde eles se encontravam a expressão de Sasuke chegou a ser assustadora .

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- Eu não considero a sua palavra.

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Hinata se empertigou. Ainda que não fosse orgulhosa,jamais ia deixar que a tratassem daquela maneira.

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- Então você pode me acompanhar pra ter certeza de que não vou contar nada. – ela respondeu, continuando seu caminho com uma firmeza que não sabia de onde tinha tirado.

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Sasuke a acompanhou. O porque ele mesmo não sabia. A acompanhou em parte porque sim, ele tinha medo de que ela contasse pra alguém, em parte ele foi pelo simples fato de que ele não queria mesmo ir embora da vila. Ele sentia falta. Sentia falta daquele tempo em que ele quase esqueceu daquele ódio que ele sentia por dentro. Do tempo que ele ainda era realmente uma criança.

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E ele não soube explicar bem o que aconteceu depois. Se foi uma combinação entre a doçura de Hinata com os pensamentos que ele vinha tendo enquanto caminhava com ela. Mas alguma coisa aconteceu quando eles chegaram a casa dela.

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- Eu não vou contar a ninguém que vi você aqui Sasuke –san... eu prometo. – ela disse, apertando os dedos, do mesmo modo como ela fazia quando tinha que responder uma pergunta. – então... se você desejar voltar... mesmo que só para visitar... eu ...eu nunca vou contar a ninguém.

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- Porque...?

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- Eu...eu realmente não sei o motivo pelo qual você saiu daqui. Não sei se vou concordar... mas ...ninguém pode decidir as coisas por você. Quando você achar que é o momento de voltar... eu acho que vai acontecer.

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- Quando eu fizer o que pretendo fazer ninguém vai me querer de volta.

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- Sempre há a oportunidade de se arrepender.

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- Eu não vou me arrepender.

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- Então...sempre há a possibilidade do perdão.

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Então pela segunda vez os olhares deles se cruzaram. E Hinata estava sorrindo. Ela era uma criança,como ele. Mas provavelmente alguém muito mais sensível do que muitos adultos.

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- Adeus.

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Foi tudo que ele disse, e Hinata ficou vendo ele sumir no meio da noite. Imaginou se o encontraria novamente... se as palavras dela tinham servido pra alguma coisa. Sasuke partiu jurando nunca mais voltar. Esperando nunca mais vê-la.

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Mas algum tempo depois, quando ele se sentiu novamente desiludido, ele voltou. Mecanicamente, procurou por ela. E Hinata, sem dizer nada, falou tudo que ele precisava ouvir. Apenas o acolheu, sem questionamentos. E quando ele jurou que não voltaria...ele voltou. De novo.

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- Porque sempre aqui? Porque sempre essa hora?

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- O que? - ela respondeu,sentando-se no chão. Os cabelos estavam grudados na testa molhada de suor. A face estava vermelha demais... não por vergonha, mas por cansaço.

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- Que você vem treinar.

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- Aqui é calmo... nessa hora não tem ninguém... não quero que ninguém me veja... errar . – disse,deixando a voz sumir na ultima palavra.

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Sasuke encarou a garota enquanto ela estava de olhos fechados, ocupada em recuperar as forças. Observou cada detalhe do rosto dela e reparou o quanto o cabelo dela tinha crescido desde a ultima vez que eles tinham se visto .Era estranho que ele ficasse voltando ...e ao mesmo tempo ...inevitável. Havia momentos em que ele se sentia sufocado pelo próprio ódio. E nesses momentos ele tinha que fugir. Fugir era o que ele fazia melhor.

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- Não gosto que me vejam errar também.

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Ela abriu os olhos e sorriu,gentilmente,daquele modo comum nela.

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- Com certeza você deve errar muito menos do que eu.

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- O que você quer dizer com isso?

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- Sasuke – san ...você é um ótimo ninja...ao contrário de mim. Se eu não passo dessa vez pra ser chuun...

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- Você vai passar . – interrompeu, e Hinata o encarou cheia de gratidão. – Não que ser chuunin indique se você é forte ou não.

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- Eu espero... – ela concluiu... com um olhar triste para o chão. Depois se animou e se ergueu do chão. – Obrigada por vir me visitar.

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"ela fala como se eu tivesse vindo apenas para vê-la" ele reclamou mentalmente, enquanto acompanhava Hinata de volta para casa. Apesar de ser praticamente isso mesmo, Sasule nunca ia admitir que veio pra ver Hinata ...e que ela era a única ligação que ele tinha com aquele mundo que havia ficado pra trás. E uma coisa nela o intrigava.

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- Eu não to aqui pra ver você, sabe?

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- Eu imaginei... mas mesmo assim eu me sinto honrada por confiar sua visita a mim. – falou, ficando muito mais vermelha do que estava. – deve ser muito importante pra você...

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- Não é. Venho apenas pelo tédio.

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A garota sorriu, internamente. Não conhecia Sasuke a muito tempo, apenas nas visitas que ele costumava fazer, mas era sensível o suficiente para saber quando alguém mentia. Ele amarrou a cara, olhou para o outro lado e nada mais falou .Nunca ia dizer que sentia saudade. Mas sentia cravado no seu peito o apego pela vila. Naquela vila ele teve a oportunidade de viver várias vidas,de experimentar toda a variedade de emoções. Ele conheceu do carinho, ao medo, do ódio e a esperança. Era estranho que depois de ter experimentado tudo ele ainda não conseguisse diferenciar qual era o melhor. Quando Sasuke fez menção de ir embora então Hinata se apressou para chama-lo:

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- Você...vai voltar?

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Sasuke encolheu os ombros, sem se importar, e partiu.

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Era a terceira visita gatuna que ele fazia a vila em menos de um ano. Não era o que ele queria. Não estava nos seus planos, mas ele não podia evitar. Na primeira vez foi puramente por saudade. As outras duas, ele não ia negar, era pela companhia da garota. Ele estava cansado de lidar com pessoas tão movidas pelo ódio quanto ele. E Hinata era diferente. Ela era... doce.

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Passaram se alguns meses e Sasuke não apareceu. O ano mudou, ele também. Hinata costumava agora freqüentar sempre os mesmos lugares onde tinha encontrado o rapaz nas outras vezes. Quando fazia isso, as vezes pensava em Naruto. Ao encontrar Sasuke e garantir que ele estava (ao menos fisicamente) bem, ela se sentia ajudando Naruto a proteger o amigo, enquanto ele estivesse longe. E ela sentia tanta falta do sorriso dele.

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"ele até poderia acabar finalmente me notando..." pensou uma vez, mas com vergonha de ser tão egoísta, abafou os próprios pensamentos, não queria conhecer essa Hinata. A parte egoísta que tem em todos nós. Não queria estar ajudando Sasuke pensando em receber algo em troca. Ela queria que ele voltasse porque a vila era o melhor pra ele. Ela tinha certeza disso. E alimentava a esperança de vê-lo de novo.

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Até que um dia durante a ronda noturna que Hinata tinha o costume de fazer desde então ela o encontrou. Caminharam pela vila e se embrenharam atrás de grandes arbustos de uma praça vazia, onde conversaram assuntos aleatórios.

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- Por que você nunca me dedurou ?

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Ela ergueu uma sobrancelha surpresa.

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- Você vem aqui sempre... sempre nos encontramos. – ele disse cruzando os braços. A expressão (mais fria a cada dia que passava) desconfiada. – você já poderia ter contato a alguém...porque? Quais são seus planos?

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Hinata se sentiu sufocada com tantas perguntas.

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- Eu não falo porque eu não quero.

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- E porque você não quer? Tem medo do que posso fazer com você? – ele deu um sorriso macabro.

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Hinata endureceu a face.

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- Se eu contar a alguém você nunca mais vai voltar. – disse. Abriu a boca para falar mais alguma coisa mas desistiu, pensando que ofenderia demais Sasuke, e se limitou a descascar algumas lascas da pedra onde estava sentada. Depois, como uma onda de coragem ela falou. – porque eu ia tirar a única coisa que você ainda tem de bom?

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Sasuke se inflou. Sentiu seu orgulho sendo ferido com a lâmina cruel da verdade. Se atrapalhou na hora de responder.

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- Você está enganada. Você acha que isso aqui – ele carregou a voz de desdém – é o que eu tinha de melhor?

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- Aqui estão as suas melhores lembranças...

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Sasuke levantou e caminhou, revoltado.

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- As piores também. – ele disse antes de ir embora.

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Hinata abaixou a cabeça, envergonhada. Não queria ter tocado num assunto tão delicado para o rapaz.

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- Desculpe Sasuke - kun ... não quis tocar num assunto delicado.

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Parado a alguns metros de distância, a árvore aumentava as sombras que envolviam Sasuke. Ele caminhou de volta na direção dela. E por um minuto, Hinata até ficou com medo.

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- Esquece... esta tudo bem.

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"Tudo bem?" Hinata repetiu mentalmente, achando estranha a reação dele. O que ela não imaginava era que aquela reação era porque Sasuke gostava dela. Da sua companhia... de um modo totalmente diferente do que ele gostava de Sakura, por exemplo. Ao mesmo tempo que era importante pra ele desfazer os laços, o laço que ele desenvolvia com Hinata era muito mais livre. Muito mais flexível... ou ao menos ele queria acreditar nisso. Assim poderia continuar visitando a garota.

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- Não se preocupe eu não vou contar a ninguém porque ... – ela sussurrou. – gosto de conversar com você Sasuke.

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O que ela viu a seguir, foi o que mais lembrava parecia com um sorriso de Sasuke. Ao menos foi o que ela conseguiu perceber, na escuridão da noite.

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- Eu vou tirar a mão, se você não gritar. – ele disse, depois que Hinata parou de se debater e pareceu se recuperar do susto de acordar com alguém lhe tapando a boca.

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- Como você entrou aqui? – ela sussurrou, ainda um pouco assustada. Olhou em volta, só pra conferir se ainda estava no quarto.

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Sasuke perambulou pelo quarto dela, olhou as coisas, a vontade. Ficou alguns segundos olhando uma foto, batida a distância e um pouco desfocada, de um rapaz loiro, sacudiu a cabeça negativamente antes de responder a Hinata.

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As pessoas que protegem seu clã estavam dormindo.

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Hinata conferiu se suas vestes. Se estavam decente o suficiente para sair debaixo do cobertor.

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- Como você descobriu onde eu morava?

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Sasuke olhou pra ela como se ela tivesse perguntado pra ele quanto era um mais um. Hinata logo se deu conta da pergunta boba, mas ele fez questão de responder.

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- Não é muito difícil saber onde mora o líder de um clã que tem um bairro. – ironizou - é só olhar a maior casa.

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Hinata ignorou o jeito amargo de ser do garoto. Já estava acostumada. Agora,passado o susto, ela se sentia inteiramente feliz. Ele estava ali pra vê-la. Dessa vez somente para encontra-la. Depois de quase seis meses.

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- Você esta diferente.

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Hinata se olhou, não conseguia ver nada de diferente nela. Mas nele ela conseguia. Ele estava mais alto, mais sério, mais seco. Se é que ser mais seco era realmente possível.

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Pra evitar que alguém visse Sasuke no quarto dela, ela vestiu um casaco e saiu com ele. Ambos tinham percebido uma coisa naqueles encontros esporádicos que tinham. A regra básica era nunca perguntar sobre o que acontecia na vida ninja deles. Era como se naquele momento eles não fossem ninjas, Sasuke não fosse um renegado, Hinata não tivesse a obrigação de entregá-lo a Hokage. Eles eram só Sasuke e Hinata, dois estranhos que por algum motivo mais estranho ainda, conversavam as vezes. Eles rodopiaram pelas ruas, conversando coisas sobre o clima, a arquitetura as estrelas e qualquer outro assunto impessoal.

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- Acho que é o cabelo.

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- O..o o que?

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- você está deixando o cabelo crescer... é isso que esta diferente.

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Hinata inconscientemente alisou o cabelo, muito maior do que ela se lembrava ter usado a vida inteira. Se surpreendeu pela demora pra Sasuke perceber isso.

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- Eu ...eu esqueço de cortar ...e

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- Não esta ruim. Você parecia um menino de cabelo curto.

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Hinata arregalou os olhos prateados. Como era? Ela parecia um menino?

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- Isso não foi muito educado de se dizer.

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Sasuke encarou a garota. Depois suspirou e disse.

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- Eu... – ele fez uma longa pausa, e revirou os olhos aborrecido. Não tinha paciência com essas frescuras. - Só quero dizer que você fica melhor com o cabelo assim.

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E ficou vermelho como um tomate. Ela aceitou a suas desculpas com um sorriso.

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- você também esta diferente... esta mais alto.

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- Não reparei.

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- Fico pensando se Naruto cresceu também...

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Sasuke bufou só de escutar o nome do amigo. Odiava ter que pensar neles. Por isso fingia que eles existiam. Repentinamente se lembrando da foto no quarto dela, Sasuke perguntou:

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- Qual seu problema com o Naruto? Você tem uma foto dele no seu quarto...

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Hinata corou violentamente e depois empalideceu numa velocidade impar. Sasuke identificou aquela reação. Era comum quando estavam na academia. Ou pelo menos nas vezes em que ele conseguiu reparar. De repente tudo ficou muito claro pra ele. Era do mesmo jeito que a Sakura ficava quando queria se declarar pra ele pela milionésima vez.

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- Você gosta dele?

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Ela não respondeu, ao contrário, nem levantou a cabeça. Reunindo coragem, ela encarou o garoto. E concordou timidamente com a cabeça.

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Sasuke franziu as duas sobrancelhas, assustado. Ela gostava do Naruto?

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- Porque? - perguntou, abismado.

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- Po... por.. porque eu gosto dele?

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Ele confirmou com a cabeça,exigente.

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- Bom... – ela sorriu timidamente. – O Naruto é muito dedicado e persistente... ele dá forças a todas as pessoas a sua volta... e sempre esta sorrindo, não importa o que aconteça. As vezes eu queria ter essa força dele...

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- Gosta do Naruto porque ele é idiota e inconsequente? – ele cortou aborrecido.

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Hinata sacudiu os ombros, distraída. Concentrada demais em lembrar de Naruto. Sasuke se calou. Tinha reparado algo diferente algumas vezes, mas agora a confirmação doía, ou ao menos incomodava demais. Observou Hinata de perfil. Achava ela linda... não acreditava que Naruto nunca tinha realmente reparado nela. Ele não acreditava que ele nunca tinha reparado nela. Obviamente, porque o amor não era algo destinado a ele. Nem antes nem agora. E naquele momento que o incomodava tanto saber que ela gostava de outro (e não um qualquer outro, mas sim seu ex melhor amigo) era importante frisar isso. Sasuke começou a achar que as visitas deveriam terminar por ali.

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Não que ele tenha levado a sério a ideia de nunca mais voltar.

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- Hum...

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Sasuke bufou. Estavam admirando a vista, apoiados numa cerca que protegia as crianças, os bêbados e os distraídos de caírem barranco abaixo. Do alto, só se notava a densa floresta lá embaixo. Aquele era um lugar afastado, local para namorados, mas completamente deserta naquela hora. Havia alguns meses que Sasuke não aparecia. E ela costumava sentir falta. Achava que não era propriamente dele, mas não sabia o que era. Só sabia que ficava infinitamente feliz quando ele aparecia. O tempo costumava passar mais devagar desde que ele começou a aparecer e esperar a deixava ansiosa. Quase dois anos depois, Sasuke tinha ficado diferente de tudo que ela imaginava, era alto, elegante, estiloso, e a frieza dele, cada dia mais aparente, concedia ao rapaz um ar adulto e inalcançável. Hinata encarou o garoto, sua expressão perguntando o que o incomodava.

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- Você tem esperanças que eu volte?

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- Volte de vez? – ela perguntou, procurando certeza nos olhos dele. Ela olhou para as estrelas. – Eu gostaria muito.

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- Porque?

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- Porque esta me perguntando isso?

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- Você acha que o Naruto iria gostar de você se você me trouxesse de volta?

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Hinata tinha começado a esboçar um sorriso, imaginando o porque dele estar fazendo aquelas perguntas estranhas, mas o sorriso desapareceu dos seus lábios. Sasuke era frio. Ela sabia que ele camuflava qualquer sinal de sentimentos. Mas ele tinha sentimentos. E tinha noção do que ofendia alguém.

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Ao mesmo tempo, Hinata sentiu um aperto profundo no peito, lembrou-se da única vez que pensou assim. E odiava ter pensado nisso um dia.

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Ela deu meia volta e partiu a passos largos. Sasuke tinha notado assim que a frase saiu da sua boca que ela tinha ficado ofendida, mas não achou que ela fosse se incomodar tanto a ponto de ir embora. Acompanhou a garota com o olhar até ter certeza de que ela não voltaria. E alguma coisa dentro dele pareceu morrer com a possibilidade de ficar sem ela.

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- Hinata! – Ele correu atrás dela, conseguindo cerca- la em certo ponto.

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Ela não quis olhar nos olhos dele. De modo que ficou encarando o chão.

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- Eu nunca... – ela começou, a voz ponderada, tentando disfarçar a raiva, ou a tristeza. – Nunca usaria disso pra fazer o Naruto gostar de mim.

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Depois encarou os olhos negros de Sasuke, olhos esses que costumavam estar na mesma altura que os dela. Agora pra encara-los ela tinha que levantar o rosto.

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- Eu quero que ele goste de mim pelo que eu sou. – Sasuke permaneceu calado. Não tinha o que falar. – Eu... eu gostaria que você voltasse porque... gosto de você. Acho que isso seria melhor pra você.

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Sasuke estremeceu. Não visivelmente. Mas por dentro seu coração pareceu ser enfiado dentro de uma caixa minúscula, de tão apertado. Só de escutar aquela frase inocente vindo dela. Tinha sentido isso uma vez, e por isso mesmo decidiu que nunca mais ia se sentir assim de novo. Desviou os olhos dos dela.

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- Me desculpe. Você não precisa se preocupar Hinata. Naruto vai gostar de você pelo que você é... porque... – ele ia continuar,mas hesitou. – Esquece. Tenho que ir.

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- Sasuke?

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Ele se virou. De longe parecia bem mais velho no quimono sério que ele costumava usar agora.

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- Você vai voltar?

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Voltar pra sempre? Nunca. Sasuke tinha plena noção que seu destino nunca mais seria ter uma vida normal em Konoha. Essa ideia nunca tinha o incomodado antes. Mas era isso. Agora era diferente. Ele gostava de Hinata... tinha passado idéias pela sua cabeça. Provavelmente voltaria por ela. Pra vê-la. Pra gravar seus sorrisos gratuitos. Ele não aceitava que isso tivesse acontecido com ele mesmo depois de todos os esforços para "romper laços". Mas com ela o laço não era igual ao outros. Hinata gostava de outro e era tão impossível pra ele quanto a própria felicidade. Ele nunca ia sentir a necessidade de lutar pra te-la. Sua relação com Hinata era como um mundo paralelo.

- Não sei.

A garota permaneceu algum tempo olhando as estrelas depois que ele partiu. O que era aquilo que ela sentia? Aquele conjunto de sensações que tomavam conta dela quando estava com ele. O que era esse medo imenso de que aquela fosse ser a última vez que o via? Ela sabia que tipo de sentimento era, mas não entendia o porque de estarem se manifestando por Sasuke. Acima de tudo, Hinata sabia de quem era seu coração. Ele batia mais forte só de pensar em Naruto, sempre tinha sido assim. Era fiel ao seu amor por ele. Mas sentia o mesmo coração acelerar dentro do peito como se metade fosse ativado pela presença de Sasuke. Era possível isso? Gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?


Muito obrigado a quem leu! Sazonal é muito importante pra mim, é meu segundo fic e apesar de não ser perfeito tenho muito orgulho dele até hoje. Por isso vim dar uma editada depois de tanto tempo. Nada mudou no enredo. Apenas fiz pequenas correções que só com o tempo fui capaz de perceber. Espero que as pessoas leiam mesmo agora que já esta finalizada. É sempre gratificante (mas gratificante demais) quando alguém favorita ou segue a história mesmo depois de tanto tempo. Quando deixam review então. É demais. Então obrigada! Estamos aqui!

Beijos! o/