1. O Retorno
Elizabeth se olhava no espelho tentando se arrumar e parecer um pouco melhor do que no ano anterior.
- É meu último ano em Hogwarts. Minha última oportunidade de fazer algo antes que tudo acabe. Eu PRECISO estar bonita, PRECISO!
Seu malão já se encontrava pronto ao lado de sua cama, e ela tentava a todo custo ajeitar o cabelo castanho que, teimosamente, não queria ficar no lugar. Na realidade, Elizabeth já era linda sem precisar de esforço – tinha um corpo magro, cabelos longos e castanhos, olhos verdes brilhantes e pele alva –, mas, como todas as mulheres, em ocasiões especiais, parecia sempre se decepcionar com a imagem que via refletida à sua frente.
- Ah, eu desisto! Se a minha imagem não agradar tanto... Que seja, conto com a minha inteligência!
Nisso a menina estava certa. Aos 17 recém-completados exatamente há 1 mês, era considerada uma das alunas mais inteligentes da escola desde Hermione Granger – sua grande inspiração, que agora havia se tornado Ministra da Magia –, embora não se considerasse com uma mente tão brilhante quanto a melhor amiga de Harry Potter.
Ao lembrar-se de Hermione Granger – que, atualmente, deveria responder ao nome de Hermione Weasley devido a seu casamento recente com Ronald Weasley –, Elizabeth lembrou-se também do seu primeiro dia em Hogwarts: o nervosismo, o frio na barriga, a preocupação com a casa para a qual seria selecionada, o medo devido à guerra que estava próxima a acontecer... E os olhos.
Foram a primeira coisa que Elizabeth reparou ao entrar no salão principal. Olhos lindos, profundos, ameaçadores... Desesperados por salvação e por amor. Lembrando desses momentos, Elizabeth sentia seu coração palpitar e sua mente voar para onde estavam aqueles olhos, a quilômetros de distância, onde ela gostaria de estar o mais rápido possível.
Fechou os olhos e imaginou-se chegando no salão principal, seus lindos olhos profundos lhe esperando e sentiu uma paz que nunca achou que fosse possível alguém sentir... Imaginou-se entrando, os dois lindos olhos vindo ao seu encontro, suplicando por alguém que os salvassem, que os amassem... E essa pessoa era ela, Elizabeth, que agora dava tudo de si, esquecia os medos e corria a abraçar seu único e grande amor, seus olhos encontravam-se com os olhos profundos e aos poucos se fechavam para que suas bocas também tivessem o prazer deste encontro... Era perfeito, era tudo que ela sempre desejou, ele era seu...
BIIIIIIIIIIIII
Elizabeth deu um pulo e, inevitavelmente, soltou um xingamento: "mas quê... ?"
Olhou pela janela e percebeu que o som irritante vinha da buzina do carro de seu melhor amigo, Eric Darcy, que já esperava por ela para irem para a Estação de King Cross, estava na hora, o trem já iria partir. Elizabeth sentiu-se, ao mesmo tempo, feliz por ver Eric, mas irritada pois o amigo a tinha tirado do melhor de seus sonhos...
- Já vou descer! – gritou da janela.
Elizabeth pegou seu malão e despediu-se de seu pai, beijando-lhe a testa – era sua única família, pois sua mãe, que era também bruxa, havia desaparecido anos atrás, sem deixar qualquer sinal de para onde iria. Seu pai, William Austen, era trouxa, e relutantemente, concordava que a filha continuasse seus estudos em Hogwarts, pois não queria magoá-la. No fundo, tinha a esperança de que, após concluir seus estudos, Elizabeth iria voltar para casa e esquecer do mundo bruxo, arrumando um bom marido e vivendo uma vida normal.
Tudo que Elizabeth menos desejava.
