Autora: Paula R.
Ship: Harry Potter e Draco Malfoy
Censura: NC - 17 (linguagem imprópria e sugestiva, sexo implícito)

Disclaimer: Todos os personagens pertencem a J. K. Rowling e a Warner Bros.
Avisos: Essa história é AU (universo alternativo), por isso alguns personagens podem fugir de suas características físicas e/ou psicológicas originais. A história se passa em 2012, porém o prólogo se passa em 2006, o epílogo em 2014 e todos os flashbacks são datados.
Sinopse: Draco Malfoy e Harry Potter cresceram juntos em uma pequena cidade da Inglaterra. Ao fim do Ensino Médio, Draco se muda para ir morar na capital, deixando Harry para trás. Seis anos depois, Draco está de volta.
N/A: Antes de qualquer coisa, quero agradecer a Malu D. pelo apoio diário. Mesmo com todas as crises e bloqueios criativos, ela não desistiu de mim e eu serei eternamente grata por isso.

Prólogo

No horizonte distante o sol se punha lentamente, pintando as nuvens bem desenhadas com um tom alaranjado. Gradativamente os pássaros se calavam, o bater de suas asas ecoando rapidamente até por fim morrer. O vento que sussurrava em seu ouvido enquanto embalava seus cabelos loiros diminuía sua temperatura e não havia quem o protegesse do frio dessa vez.

Nem sempre estar sozinho é triste, ele sabia, e naquele momento não era, mas era errado. Havia uma pessoa – a única pessoa – que queria estar ali com ele, e deveria estar, mas ele não permitira. A única pessoa que realmente importava fora empurrada para longe também.

Era o fim de seu último dia e olhando uma última vez o horizonte, Draco levantou-se, fazendo seu caminho de volta para casa sem olhar por sobre o ombro. Ele estava deixando tudo para trás.

Em seu quarto sua vida já o esperava empacotada em caixas de papelão, espalhadas pelo cômodo. Apenas uma mala permanecia aberta sobre sua cama. O resto da casa estava tão vazio quanto o sentimento dentro do peito de Draco. Seus pais haviam partido há dias, deixando-o para resolver seus problemas finais.

Draco pôde ouvir seu nome ser chamado, a voz vinda do lado de fora trouxe consigo um desespero que ameaçava romper suas últimas linhas de pensamentos. Ele duvidava que pudesse lidar com isso agora, ou qualquer outro dia, principalmente se fosse obrigado a olhar no fundo de certas íris verdes que brilhavam tanto quanto esmeraldas.

- Então você vai mesmo?

A voz veio da porta, atingindo-o nas costas como uma pedra jogada contra um pecador. O tremor que subiu por sua espinha não o impediu de virar-se, mesmo que lentamente, para encontrar Harry, que tinha uma súplica no olhar.

- Eu preciso ir. – Draco respondeu com a voz mais sem emoção que lhe era possível no momento. – Se trata do meu futuro.

- E quanto a mim? – Ele deu um passo em direção ao garoto loiro.

- Você vai ficar bem, Harry. – O loiro garantiu, desviando o olhar por alguns segundos antes de voltá-lo para Harry. – Você vai estar com as pessoas que tanto te adoram.

- Você é meu único amigo de verdade, Draco. – O coração de Draco falhou uma batida diante à expressão no rosto do moreno.

- Veja pelo lado positivo, então. – Draco fechou o zíper da mala que restava, colocou-a no chão e olhou para Harry uma última vez antes de se dirigir às escadas. – Quando eu for você poderá conhecer pessoas novas.

- Você não parou nenhum minuto para se perguntar se é isso que eu quero? – Harry passou a falar mais alto conforme seguia em disparada atrás do outro garoto. – Fique sabendo que não é!

- Eu sinto muito pela decepção, Harry, mas as pessoas na vida real nem sempre conseguem o que elas querem!

- Seu pai consegue! – O moreno exclamou com raiva. – Ele consegue fazer de você o boneco dele perfeitamente. Você sempre faz o que ele quer, Draco, sem nunca pensar no que você mesmo quer.

- Meu pai sabe o que é melhor pra mim e é isso o que eu quero. – Ao alcançar a porta principal Draco passou por ela sem hesitar, mas algo automaticamente pareceu diferente.

Draco seguiu até o carro enquanto Harry parou sobre o batente da porta de entrada. Enquanto o motorista do loiro colocava sua mala no carro, Draco olhou para trás, para Harry, para dentro de seus olhos, o mais fundo que ele pudesse chegar.

- Eu vou esperar por você, Draco. – Harry garantiu e sua voz saiu soando estrangulada.

- Eu não sei se vou voltar.

Harry desceu os poucos degraus para o jardim e percorreu a pequena passarela de pedras em passos rápidos, diminuindo a distância entre ele e Draco até que seus lábios estivessem se tocando pela última vez.

Algo no interior de Draco doeu muito, mas ele se jogara nos lábios de Harry da mesma forma que Harry se jogara em seus braços. Parecia errado, por que era um adeus, e não havia nada que doesse mais do que aquele último toque.

Sob a luz da lua como um disco espelhado, Draco e Harry dançaram pela última vez.

- Eu te amo, Draco.

Draco puxou Harry mais firmemente contra seu corpo, fechando os olhos com força, só então notando a presença de lágrimas silenciosas que escoriam por suas bochechas, misturando-se às de Harry. E com essa última lembrança, Draco afastou-se.

- Adeus, Harry.

Um soluço sufocado escapou do fundo da garganta de Harry quando a porta do carro se fechou e enquanto o carro se distanciava, Draco olhou para trás antes que fosse tarde demais.