Disclaimer: os personagens de Fairy Tail não me pertencem.

Spoiler: os acontecimentos seguintes se passam um dia antes do capítulo 453 do mangá.


Esta fanfic é dedicada a Ika :33


UMA NOITE


"Não é o tempo nem a oportunidade que determinam a intimidade, é só a disposição.

Sete anos seriam insuficientes para algumas pessoas se conhecerem, e sete dias são mais que suficientes para outras."

Razão e Sensibilidade – Jane Austen


Mirajane sempre era uma das últimas, senão a última, a deixar a guilda.

Gostava de se certificar de que tudo estava em seus devidos lugares e de que a louça estava limpa e o estoque estava em um nível saudável antes de finalmente fechar as portas do salão e ir para casa. Sentia-se confortável com seus próprios hábitos e não se importava de sempre perder uma hora ou duas após Elfman e Lisanna terem partido. O silêncio era bem-vindo após um dia atribulado e sentar no balcão enquanto enxugava um copo era relaxante, à sua maneira.

Ao longo dos anos, trabalhar ali deixara de ser uma obrigação, fruto do seu sentimento de inutilidade e de pesar, para se converter numa opção. Era uma pessoa curiosa, acima de tudo, e adorava poder acompanhar de perto o desenrolar das situações cotidianas de seus companheiros.

Fora possivelmente a primeira a perceber, por exemplo, a maneira como Gajeel observava Levy, discretamente e com certa hesitação, como se tivesse medo de ser pego desprevenido, sim, mas principalmente como se tivesse medo do que seus próprios sentimentos representavam. E também fora uma das primeiras a notar que o amor inocente da irmã e de Natsu havia desaparecido por completo, provavelmente antes mesmo que os próprios assimilassem o fato de que estavam juntos de novo. Natsu pertencia a Lucy, assim como Alzack pertencia a Bisca, assim como a noite vem acompanhada da lua e o dia do sol.

Passara a considerar todos e cada um deles uma parte especial e única da sua família. Separar-se de seus companheiros fora difícil e precisar se privar da oportunidade de vê-los foi uma longa dor de cabeça durante o ano em que estiveram separados. Principalmente pelas coisas que sabia.

Sabia sobre como Elfman se sentia a respeito de Evergreen e quão difícil fora a perspectiva de separação, mesmo que os sentimentos nebulosos do irmão ainda o incapacitassem de compreender a profundidade da sua paixão, e sabia sobre como Lisanna passara pouco a pouco a se aproximar de Bickslow, a despeito de toda a loucura que um relacionamento entre eles representasse, e cortar aquele laço foi dolorido como tirar um espinho da mão ou como cortar o dedo com o papel.

Apesar disso, todos eles ergueram o queixo, deram as mãos e partiram sem olhar para trás, alimentando a esperança de que em breve voltariam a se reunir.

A ideia do reencontro partiu de Natsu, mas Mirajane bem poderia dizer que foi dela, tamanha a sua vontade de rever os amigos. Reerguer a guilda foi uma tarefa trabalhosa e cansativa e não era como se não houvesse toda a preocupação do desaparecimento do Mestre Makarov como uma sombra sob suas cabeças, porém trouxe de volta a sensação de segurança e de completude.

Eles não seriam a Fairy Tail, afinal, se não passassem metade do seu tempo tentando consertar os erros do mundo. Não foi com surpresa que todos encararam a perspectiva de encarar Alvarez, mesmo sabendo sobre a diferença entre seus poderes. No que concernia a grande parte deles, aquela era apenas mais uma provação, mais uma pedra em seu caminho, algo que deveriam fazer pelo bem maior, com o objetivo de defender a Primeira e o mundo como conheciam.

A invasão poderia acontecer a qualquer minuto a partir de agora, ela pensou, mordendo o lábio, enquanto pensava em todo o trabalho que haviam tido para evacuar a cidade e projetar medidas de segurança que fossem meramente eficazes contra a massiva força de combate de seus adversários.

– Você está bem? – ela ergueu a cabeça ao perceber que não estava sozinha e se surpreendeu ao reconhecer Laxus.

Relaxou consideravelmente ao notá-lo, apoiado sobre o balcão, os braços cruzados, o cabelo loiro bagunçado, expondo sua natural expressão que era misto de prepotência e segurança, mesclada talvez a um pouquinho de preocupação, dado seu franzir de sobrancelhas.

– Oh, sim – Mirajane sorriu, suavemente, fitando-o por sob os cílios, só então percebendo que já enxugava o copo em suas mãos provavelmente há alguns minutos. Depositou-o no armário, distraída. – Apenas pensando.

– No que, exatamente? – questionou Laxus, empregando uma voz macia que não parecia típica sua.

Mirajane terminou de limpar o balcão e largou o pano de prato que segurava, erguendo outra vez a cabeça para encará-lo. Laxus sempre fizera com que se sentisse paradoxalmente excitada e relaxada. Adorava o som da sua voz, que era grave e profunda, e o som da sua risada, que era baixa e tão rara de se ouvir. Também gostava da sensação das mãos dele, grandes e ásperas, contra as suas, pequenas e mais suaves.

Eles sempre tiveram uma relação baseada pura e simplesmente no reconhecimento da existência um do outro. Nunca foram amigos. Era mais provável que se odiassem. Durante a infância, ambos se consideravam parecidos demais para que pudessem formar laços de companheirismo e, naquela época, não era nenhum segredo que Laxus já alimentava sérios problemas ante a perspectiva de precisar se aproximar das pessoas ao seu redor. A pequena e rebelde Mirajane via sua distância como uma afronta e detestava aquele humor ácido e arredio que pareciam ser característicos seus.

Quando não estavam mutuamente se ignorando, dedicavam-se à exaustiva tarefa de trocar farpas, o que poderia durar horas, não fosse alguém (geralmente Makarov) interrompê-los. Os motivos eram, na maioria das vezes, absolutamente irrelevantes. Mirajane mal era capaz de se recordar de quaisquer deles agora. Uma vez fora por um pedaço de torta, arriscava, e outra porque ela acreditara que ele pusera o pé em seu caminho para fazê-la tropeçar no meio de uma disputa contra Erza.

Infelizmente, enquanto a vida forçou Mirajane a rever todas as certezas que alimentara sobre si mesma, o menino loiro e mal-humorado crescera para se tornar um rapaz ainda mais mal-humorado, beirando até a grosseria, e ela não poderia dizer que ficou surpresa quando sua última incursão mal sucedida para virar Mestre ocasionou na sua expulsão.

Apesar disso, a distância fez Laxus crescer. De um jeito bom. Ele agora se mostrava mais feliz e satisfeito com o mundo ao seu redor, disposto a perdoar e ser perdoado, e não parecia medir esforços para provar sua lealdade, algo que antigamente era tão reticente em oferecer. Seria muito pedir para que virasse um gentleman, ela considerou, divertida, mas já não parecia disposto a decapitá-la toda vez que ela errava seu pedido apenas para provocá-lo.

Ela seria uma mentirosa, a despeito do seu conturbado passado, se dissesse que nunca se vira atraída por sua aparência rude e grande e que os olhos claros e o sorriso torto não faziam borboletas surgirem na boca do seu estômago. Era uma mulher, afinal, e não era surpresa que um homem como Laxus mexesse com sua libido.

– No amanhã – ela admitiu, mais quietamente. – Gosto de pensar que somos capazes, mas a cada dia enfrentamos um inimigo pior. Existe um limite para o quão positiva uma pessoa pode ser. Temo estar chegando perto dele.

– Não vai ser fácil – ele concordou com um gesto de cabeça, observando-a dar a volta no balcão e passar a posicionar as cadeiras sobre as mesas, a fim de que pudesse varrer o local na manhã seguinte. – Mas nós temos Natsu e Erza e eu ainda não vi nada que esses dois não tenham sido capazes de fazer.

Mirajane riu, mas foi obrigada a aquiescer, porque a capacidade de perseverança de Natsu e de Erza superava todo e qualquer limite do óbvio. Embora acreditasse bater o Dragon Slayer em força, por exemplo, duvidava de que algum dia fosse capaz de vencê-lo, dado que ele sempre se levantava quando derrubado. Mirajane adoraria se sentir daquela maneira, tão invencível, porém a instabilidade do próprio poder e suas limitações dificultavam que aquele desejo se tornasse realidade.

Juntou uma fita de cabelo do chão, pensativa. Provavelmente pertencia a Levy. Não raro as garotas perdiam alguma coisa em meio às confusões provocadas por Natsu, Gray e Gajeel.

– O tempo é o que me preocupa – confessou. – Eu sei que parece um pouco surpreendente, dado que somos a Fairy Tail e nada nunca é como o esperado quando se trata da Fairy Tail, mas a perspectiva de ser atacada a qualquer momento me assombra. Eu já falhei com Lisanna uma vez. Tenho medo de ser pega desprevenida e falhar novamente.

– Você não vai falhar – Laxus garantiu, confiança em sua voz.

Ele havia se acomodado num dos bancos altos em frente ao balcão, voltado para Mirajane, e cruzado as pernas e os braços, o que costumava fazer com frequência, pelo que ela costumava se lembrar. Seus ombros pareciam ainda maiores naquela posição, fazendo com que ela tivesse a impressão de que parecia um pequeno bibelô em formato de demônio ao seu lado.

– Como você pode saber? – questionou Mirajane, arqueando uma sobrancelha.

– Eu sou um expert em falhas – Laxus encolheu os ombros, desviando os olhos dos dela, e coçou o queixo, pensativo. Tinha a barba por fazer, de modo que os pelos loiros já estavam perfeitamente visíveis sobre a pele morena. – Eu sei reconhecer um futuro fracasso quando vejo um.

Mirajane parou, encarando-o. Reconheceu seu desconforto, mesmo que ele tentasse arduamente demonstrar indiferença.

– Você errou. Isso não torna você pior do que ninguém – disse, maneando a cabeça em negativa. – Você não foi o menino mais amável do mundo, mas você nunca foi malvado apenas por ser malvado. Nós tínhamos nossas diferenças e admito que inúmeras foram as vezes em que quis fazer você engolir seus fones de ouvido, mas isso não quer dizer que eu gostei de ver você partir. Se o fato de você ter sido expulso foi bom para você? Sim, foi bom. Você cresceu, você melhorou. O que não significa que não senti sua falta.

Nunca dissera tais coisas em voz alta. Sufocara aqueles pensamentos após sua ida e não vira necessidade de expô-los após sua volta. Sua parte racional sabia que, naquela época, Laxus não pertencia mais à Fairy Tail. Suas ações deturpadas haviam convertido a convivência entre eles em algo impossível. Mesmo assim, detestara a perspectiva de vê-lo partir, tão solitário, sem olhar para trás.

Em ressonância à sua própria surpresa, ela viu o choque e logo o calor nos olhos azuis do loiro à sua frente, o que a fez sorrir. Gostar de Laxus não era a coisa mais fácil do mundo, dado seu gênio forte, mas ela não podia dizer que não adorava pegá-lo desprevenido.

– Mirajane – ele começou a dizer, a voz rouca, pronunciando seu nome do jeito que ela gostava e que fazia deliciosos arrepios subirem ao longo da sua espinha.

– Eu não penso menos de você porque você errou – ela continuou, percebendo que era difícil se controlar agora que finalmente havia sido sincera. Mantivera aquelas palavras em segredo durante anos, uma vez que, mesmo após seu brilhante retorno, eles jamais haviam sido próximos, e nem mesmo o ano em que estiveram separados serviu para limar aqueles sentimentos. – E eu gostaria que você não o fizesse, também. Todas as pessoas erram, Laxus.

Houve um curto e repentinamente estranho silêncio entre eles, já que nunca haviam tido uma conversa como aquela.

– Obrigado – ele disse, então, sério, anuindo.

Com o coração palpitando, percebendo todos os sentimentos por detrás do seu agradecimento (obrigado, Mirajane, por não desistir de mim; obrigado, Mirajane, por me apoiar; obrigado, Mirajane, por me mostrar que nem tudo sempre precisa ser ruim), Mirajane sorriu, enfim terminando a aborrecida tarefa de erguer as cadeiras, liberando o espaço no amplo salão.

– Você não precisa me agradecer – garantiu, aproximando-se outra vez. Pousou a mão sobre seu braço desnudo enquanto passava por ele a fim de voltar para trás do balcão. Como de hábito, o contato com Laxus provocava estática. Ela nunca havia descoberto se ela era a única a se sentir daquela maneira na sua presença ou se o calafrio e o choque eram consequências da sua própria atração. – Gostar de você não é nenhum mar de rosas, acredite.

Ignorou o vacilo na expressão masculina, concluindo que, uma vez que estavam indo para uma luta de vida ou morte, não havia porque finalmente não dar vazão a todas as verdades que silenciara dentro de si. Não sabia quando teria outra oportunidade para fazê-lo e, bem, era grande o bastante para lidar com as consequências.

Levou o dedo ao lábio, curvando ligeiramente a cabeça para o lado ao observá-lo.

– Eu choquei você? Certamente parece que você precisa de uma bebida – brincou, abrindo um pequeno sorriso torto. – Acredito que ainda tenho algo do uísque que você gosta. Não é fácil esconder álcool de qualidade da Cana, principalmente antes de uma batalha. Precisei colocá-lo num compartimento secreto.

Relaxada, seguiu para a despensa anexa à cozinha enquanto falava, os cabelos claros dançando atrás de si. Deixando a porta aberta, ligou a luz para que pudesse vasculhar o local ao redor, tentando encontrar a prometida garrafa em meio aos pacotes de comida e garrafas água mineral (todo o saquê havia sido devorado ainda naquela noite). Já que Cana parecia ter um dom natural para farejar bebida, precisara ser muito meticulosa.

– Eureka! – batendo palmas, deu um pulinho no lugar ao encontrar o que procurava.

Estendeu a mão para agarrar a garrafa no fundo da prateleira, sento interrompida antes que tivesse a chance.

– Mirajane – ela conteve um grito quando, virando-se repentinamente na direção da porta, encontrou o corpo sólido de Laxus bloqueando a entrada. Ele se adiantou um passo para que pudesse segurá-la antes que ela despencasse para trás. Circundou seu pulso com uma das mãos, usando a outra para apoiá-la sobre sua cintura. – Você está bem? – indagou, preocupado, franzindo o cenho diante da sua reação.

– Sim – ela piscou, confusa. – Você apenas me assustou.

Tentando não demonstrar como seu toque a afetava, sorriu e fez menção de se soltar do seu agarre. Prevendo seus movimentos, porém, Laxus estreitou mais o laço ao seu redor, rodeando sua cintura com o braço a fim de puxá-la na sua direção.

Com o rosto corando de ansiedade e embaraço, ela conteve a respiração ao se perceber presa contra o tórax masculino, o que fez com que um pequeno sorriso predador, talvez o primeiro da noite, se desenhasse no rosto dele, que adorou descobrir que provocava nela aquele tipo de reação.

– Eu também gosto de você – ele admitiu, a voz grave soando como um sussurro que facilmente poderia se perder na quietude da enorme construção da guilda, não estivessem ali apenas eles naquela noite.

Seus olhos azuis estavam fixos nos dela, que os arregalou, surpresa.

Ser correspondida nunca estivera em seus planos. Laxus não fazia o tipo romântico que nutria sentimentos pelas garotas com quem se relacionava. Havia tido um par de romances, pelo que Mirajane podia se lembrar, mas todos haviam acabado em função da sua falta de interesse.

– Durante todos esses anos, eu... – Laxus vacilou, usando a mão livre para segurar o rosto dela, deslizando os olhos por toda a extensão do mesmo, fome em seu olhar. – Olhar para você é como olhar para um sonho que se tornou realidade. Eu sempre quis você. Como eu poderia não querer você? Eu sei que você é um pequeno demônio travestido de anjo travesso e eu adoro, assim como eu adorava quando adolescente, cada parte demoníaca sua, como se ela fosse uma pequena pincelada a mais de perfeição numa obra de arte.

Mirajane abriu e a fechou a boca por um instante, surpreendida pela sua confissão e pelos sentimentos que ela evocava nela própria.

Sempre duvidara de que alguém fosse capaz de amar seu eu demoníaco. Estava perfeitamente consciente da sua aparência humana, mas não alimentara a falsa esperança de que alguém algum dia se sentisse atraído pela extensão do seu poder ou pela aparência que assumia quando ativava o Take Over. Não era como se pudesse fulgurar uma capa de revista então.

– O quê? – murmurou, lambendo os lábios e franzindo as sobrancelhas. – Mas por que você nunca...?

Ele sacudiu a cabeça com força, interrompendo-a.

– Como eu poderia provar para você que era bom o bastante quando eu mesmo não me sentia dessa maneira? – ele rebateu, o maxilar rijo. – Nunca me senti adequado neste lugar, como se eu não pertencesse ou não merecesse estar aqui. Nós não tínhamos nada em comum, Mirajane. Ainda não temos.

– Você está errado – ela afirmou. Ficou na ponta dos pés e ergueu uma das mãos para que pudesse desenhar o rosto masculino, deslizando o dedo indicador por seus lábios, nariz e sobrancelhas, obrigando-o a desfazer a ruga que havia entre elas. – Nós temos muito em comum. Nós dois cometemos erros pelos quais nos arrependemos. Nós dois temos pessoas que amamos. Nós dois fomos acolhidos pela Fairy Tail. Nós dois queremos proteger este lugar e essas pessoas. Nós dois estamos dispostos a nos sacrificar por isso.

Sorriu, brandamente, ao perceber que cada palavra sua parecia desanuviar ainda mais a expressão de Laxus.

– Vê? É tudo uma questão de perspectiva.

Incapaz de se controlar, ele acabou por sorrir também, devagar.

– Era suposto que você não devesse ser tão sábia. Você é um demônio, afinal. Por que não está tentando me levar para o mau caminho? – brincou, a palma da mão espalmada sobre a base das costas dela, relaxando ao ouvir o som doce da sua risada. Focalizou o rosto suave e delicado tão próximo do seu outra vez, ficando repentinamente sério. – Mirajane, eu detestaria lutar amanhã ou depois sabendo que nunca pude beijar você – murmurou, a voz baixa, roçando seu nariz no dela.

Mirajane ofegou ante sua confissão e fechou os olhos ao contato. Sentiu a respiração quente e ofegante dele contra a sua e ouviu com precisão seu desesperado coração ribombando em seus ouvidos.

– Então vamos remediar esse erro – sugeriu, pousando as mãos sobre seus bíceps, puxando-o para si.

Beijar Laxus era como achar um oásis após anos no deserto, ela percebeu, sentindo a língua dele acariciar seu lábio inferior, procurando por passagem, e as mãos dele rodearem sua cintura, erguendo-a, a fim de que estivessem na mesma altura, o toque quente e o movimento brusco tirando seu fôlego.

Agarrou-se a ele, ansiosa por mais, permitindo-se brincar com sua língua, e deslizou os dedos pelos cabelos loiros, arranhando suavemente sua nuca antes de seguir para a gola da sua camisa, invadindo-a com propriedade e ansiedade, a fim de dedilhar os músculos dos ombros largos e costas duramente talhadas sob suas palmas. Explorou-o, controlando um gemido ao senti-lo levá-la de para fora da despensa e colocá-la sentada sobre o balcão.

As mãos dele obrigaram-na a abrir as pernas a fim de acomodá-lo, logo subindo pelas laterais do seu vestido, empurrando-o para cima, acariciando seus joelhos antes de seguir para a parte interna das coxas.

Ele grunhiu quando ela rodeou sua cintura com as pernas, mordiscando sua boca, e ignorou a risadinha divertida enquanto descia os lábios pelo colo feminino, deixando um rastro de fogo por onde passava, acariciando sua jugular com a ponta da língua antes de deslizar até a clavícula. Em resposta aos seus movimentos, Mirajane tratou de soltar os botões da sua camisa, espalmando as mãos sobre seu tórax nu, e ofegou, curvando-se para trás quando ele empurrou a alça do seu vestido para baixo, expondo o seio macio, rodeando o mamilo com a língua antes de abocanhá-lo.

Degustou um depois do outro por um longo tempo, os dedos então atingindo seu monte de Vênus e logo descendo para seu centro, desviando da barreira do lingerie, sendo imediatamente recepcionado pela lubrificação feminina e pelo suspiro de Mirajane, que se retorceu sobre o balcão.

– Laxus – ela chamou, tentando soltar o cinto da sua calça, mel e carência naquela pequena palavra.

– Sim, meu bem – ele rebateu, subindo o rosto outra vez para que pudesse beijá-la. A boca delicada e macia se abriu contra a sua. Penetrou-a com um dedo depois o outro, acariciando seu clitóris com o dedão em pequenos e ritmados movimentos circulares. – Vamos satisfazer você – disse, segurando seus cabelos com a mão livre a fim de obrigá-la a curvar ligeiramente a cabeça para trás.

Mirajane seguiu seu ritmo, gemendo ante aquela exploração, e mordeu os lábios, quase desistindo da sua tentativa de despi-lo.

O orgasmo veio como um turbilhão após alguns minutos, quando ele tratou de atender outra vez seus mamilos latejantes, e ela conteve um grito que foi calado pela boca dele antes que pudesse perceber. Mordeu-o com força, ainda tremendo, soltando o cinto da sua calça e abrindo sua braguilha, arranhando suas costas.

Laxus a penetrou com um único movimento, deslizando com facilidade em função da sua excitação, e a puxou contra si com um grunhido, as mãos se fechando com força sobre as bases dos seus seios, de modo que pudesse rodeá-los e segurá-los como se fossem seus.

Gemendo outra vez, Mirajane fechou os olhos ante a força dos seus sentimentos, sentindo as pernas trêmulas, e chamou outra vez seu nome enquanto ele gradualmente aumentava a velocidade do seu quadril, martelando-a sem dó.

O turbilhão foi se aproximando devagar, cada vez com mais força, conforme o tempo passava, e ela se agarrou a ele, ofegante e suada, disposta a nunca mais deixá-lo ir, a permanecer ali para sempre, até que tudo se desmanchasse em mil fragmentos, até que ela própria se liquefizesse e logo se reestabelecesse, explodisse em mil partículas, vivenciasse seu próprio Big Bang, que culminou com um grito ou um gemido, ela própria não soube dizer.

Guiado pelos tremores internos e pela pressão que exercia ao redor do seu pênis, Laxus veio logo depois, mordendo-a com força no ombro antes de beijá-la, puxando-a contra si, vociferando que nunca mais iria deixá-la ir, que iria fazê-la permanecer ali para sempre, que ela lhe pertencia, de todas as maneiras possíveis.

Houve luzes, fogos de artifício e explosões por todos os lados, mas de repente tudo o que restou entre eles foi o silêncio ao seu redor e o barulho errático das suas respirações.

– Laxus – ela começou a dizer, um pouco preguiçosa, encolhida contra seu peito, um minuto depois.

Ouviu o cavalgar frenético do seu coração, que teria partido e se atirado nos braços de Laxus se pudesse.

– Isso não foi um erro. Eu não vou desistir de você – ele avisou, baixando a cabeça para que pudesse fitá-la, uma sobrancelha arqueada, como se a desafiasse a contrariá-lo. Segurou o queixo dela, depositando um beijo firme sobre sua boca.

A certeza em suas palavras e a súbita firmeza em sua expressão fizeram-na rir, já que a ideia sequer havia lhe ocorrido. Não fazia o tipo que se arrependia por agir sem pensar. Além disso, Laxus estava certo. Nada que ocorrera entre eles fora um erro.

– Eu não ia sugerir que o fizesse – garantiu, usando a ponta do dedo indicador para secar uma gota de suor sobre sua sobrancelha antes de voltar a beijá-lo. Pousou a testa contra a dele, fechando os olhos por um curto instante, surpresa por constatar quão bem se sentia com relação aos acontecimentos daquela noite. Parecia definitivamente o paraíso. – Na realidade, eu ia perguntar se você acha que agora é uma boa hora para beber aquele uísque.

Ele sorriu, empurrando o cabelo úmido dela para trás, e acariciou seu queixo com o dedão e o indicador.

– Como nós podemos ter demorado tanto?

– O tempo não importa mais – garantiu Mirajane, suavemente.

Não poderiam voltar atrás e desfazer todas as escolhas que os levaram até ali. Talvez tivessem sido mais felizes se houvessem conversado antes, se houvessem discutido sobre seus próprios sentimentos, se houvessem decidido ficar juntos. Assim como tudo poderia ter dado errado e culminado num terrível desastre.

Se havia algo em que Mirajane acreditava, era em destino. As coisas aconteciam porque tinham que acontecer. Do contrário, Laxus nunca a teria interpelado naquela noite em especial, quando restavam apenas os dois na guilda vazia, e ela talvez nunca tivesse guardado para ele uma garrafa de uísque, assim como poderia nunca ter confessado sobre seus sentimentos.

Laxus aquiesceu, sério, voltando a beijá-la.

– O uísque...? – arqueando uma sobrancelha, ela perguntou contra sua boca, repentinamente sapeca ao sentir as mãos ásperas voltarem a se mover contra si.

– O uísque fica para depois – ele prometeu, fazendo-a rir. – Vamos ter bastante tempo para apreciá-lo depois que derrotarmos Alvarez.

FIM